Como Domar o seu Eu Interior escrita por Tyr


Capítulo 9
Tomo I - Astrid




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O sol, rompia, com sua luz magnífica e imponente, a escuridão da noite que dia após dia passava a ser ligeiramente mais curta, indicando à todos o desabrochar de uma nova primavera, se manifestando pelas pequenas florzinhas que desabrochavam aqui e ali, as pequenas plantas que surgiam em meio aos pequenos montes de neves que se juntavam ao canto das ruas e das casas. 

Na verdade, que se juntava em todo lugar.

A neve durante o inverno de Berk não possuía nem um pouco de misericórdia. Caía em peso sobre a cabeça e os tetos de todos, não seria raro que durante o pico invernal se atingisse temperaturas que poderiam ser consideradas de em torno de vinte e cinco graus negativos. Para eles, porém, não havia muita diferença entre qualquer temperatura abaixo do que a que congelava as águas que se encontravam à seu redor.

Houve uma vez em que quase todo o oceano ao redor ficou ligeiramente congelado em volta da ilha, impossível dizer quão frio ficou a atmosfera naquela época, mas o que é certo é que, as pessoas que ali moravam eram resistentes. Mas isso não fazia que eles não ficassem felizes quando vissem uma florzinha desabrochar perto do fim do inverno. A primavera renasceria, e com ela, as flores, as plantas, toda a vida voltaria a desabrochar! É a estação certa para que se renasça a esperança!

Renascia a esperança e com ela, a academia de Dragões.

Esse era o grande evento do dia, toda a população afluiria para a academia para ver as portas reabrirem. Toda essa pompa e reputação que eles tinham conseguido cinco anos atrás, agora tinha dobrado! Derrotaram Drago! Eram os heróis! E todo mundo iria querer participar dessa tropa de heróis que estava com as portas abertas para admitirem novos treinadores de dragões.

A lista dos que se inscreveram era imensa, nunca dariam conta de treinar tanta gente, a maioria que estava ali não iria aguentar a primeira semana de treinamento.

E Astrid com certeza sabia disso.

Havia acontecido a mesma coisa com a primeira tentativa de se treinar novos recrutas para a academia, apenas uma pequena parte dos que entraram realmente triunfaram como parte da equipe auxiliar de domadores de dragões.

E provavelmente aconteceria o mesmo agora.

Havia uma coisa porém que preocupava a jovem general. O assunto sobre a antiga equipe auxiliar era algo intocado depois do ataque que Berk sofreu. É claro, precisavam de toda ajuda possível para que conseguissem deter seus inimigos, e os auxiliares que montavam a segurança da ilha enquanto Astrid e Soluço estavam fora, além do pequeno exército, se prontificaram a contra-atacar. 

E o resultado foi desastroso.

Por mais que eles estivessem se submetido a treinamento e missões por alguns anos, a guerra é algo impossível de se definir, impossível de se preparar suficientemente, pois dela advêm as formas mais cruéis de matança e de sofrimento. Como poderia ser, humanamente possível alguém se preparar para algo assim?

Astrid se orgulhava com certeza da decisão deles e da coragem de irem de cabeça contra seus inimigos, mas por mais que não gostava de demonstrar sentimentos, por mais que tentasse ser a mais dura possível a maioria do tempo, a lembrança deles ainda umedecia seus olhos. Não foi só Stoico que caiu aquele dia.

Gustav. Sven, o mudo. Mulch*. Bucket*. Gothi.

Todos se foram na primeira leva de ataque.

O único que conseguiu sobreviver foi Spitelout. Não se sabe como, se foi sorte, se ele deixou de lutar, difícil de dizer, o que importa é que ele se salvou, e nunca mais montou num dragão novamente.
Mas agora diante da jovem líder se encontrava uma leva maior de pessoas que estavam se sujeitando ao seu treinamento, não só maior, mas muito mais animada e disposta. 

'Essa disposiçao durará quanto tempo?' Pensava ela com um leve sorriso.

Mas o que mais ocupava seus pensamentos era a preocupação quanto à sorte e o destino desses novos recrutas, não poderia e não iria falhar novamente com eles, seria mais dura, mais exigente, mais intransigente possível! Faria todos desistirem se precisasse mas com certeza treinaria eles pro pior.

x

O dia raiou, e com a luz do dia, vieram para a academia todos que estavam esperando ansiosamente esse momento. Do lado de fora, uma multidão de espectadores como nos antigos dias de lutas de arena contra os dragões, na época de Stoico. Estavam animados. Muito animados.

Um barulho ensurdecedor ecoava de todos os lados para aqueles que estavam dentro da arena. Do lado de dentro se encontravam os membros atuais da academia de dragão, e uma grande quantidade de dragões novos sendo segurados e acalmados por eles, afinal, há apenas um dia atrás eram animais selvagens, dóceis, mas selvagens, não estavam acostumados com multidões. Todos estavam muito cansados diriam, apenas Astrid apresentava uma grande energia ali. 

O mais estranho de tudo é que Soluço e os membros do Conselho não haviam chegado.
A general estava no canto, de pé, ao lado de Perna-de-Peixe e Eret, batendo o pé, furiosa e impaciente com a demora de Soluço, ele afinal, viria? Não havia dito, não havia deixado claro!

"Muito bem", disse de repente, bufando, a jovem. "Não vamos esperar por eles, toda essa multidão vai começar a ficar impaciente e entediada". 

"Mas Astrid, como vamos reinaugurar a Academia sem Soluço?", respondeu Perna-de-Peixe.

"Ele e o Conselho devem estar muito ocupados com todo o circo que eles estão montando", murmurou com raiva a líder, mas alto o suficiente para Eret e o outro viking olharem para ela um pouco espantados. "Deixem eles virem quando conseguirem, a ordem do Conselho é, 'abram a academia', não, 'esperem a gente para reabrir a academia', então vamos seguir a ordem deles". Finalizou ela, se dirigindo para o meio da arena. 

Astrid olhou em volta, havia realmente muita gente ali. Muito mais do que ela havia esperado. Insegurança não era uma palavra que fazia parte do vocabulário dela. Mas não negaria a si mesma que estava com uma pontada 'disso', no seu íntimo.

Aos poucos as pessoas viam a jovem parada ali no meio e iam diminuindo o volume da conversa e da gritaria que parecia vir de todos os lados. Um percebia e apontava que ela estava ali no meio provavelmente para dizer alguma coisa e o outro ficava quieto, aos poucos um grande silêncio se fez.

Seus olhos fixos na parte de cima da arena, seu coração palpitando levemente, e uma sensação de que havia tomado um murro no estômago se manifestou ali em apenas alguns instantes antes de começar a falar. 'Pelo amor de Thor Astrid! Se recomponha!', se reprimiu silenciosamente, respirando fundo e tomando a postura da guerreira que ela sempre foi, pronta para qualquer tipo de situação, seja lá qual fosse ela.

"Bem vindos a todos", disse num volume audível de qualquer lado da arena. "Estamos aqui hoje para reabrir e tornar melhor a academia que fez parte de toda a história recente de Berk. Tudo o que temos em nossa volta, nós devemos a essa academia de dragões, que não só fez as pazes com eles, como tornou possível que eles pudessem virar nossos melhores amigos hoje em dia", se virou sorrindo levemente para Tempestade. "Vocês estão sendo convidados para que possam fazer parte e aumentar essa tropa de defensores, que tão bravamente lutou contra Drago na nossa última batalha. Nós precisamos de vocês, e vocês sabem como é importante para todos nós que a nossa Academia seja reaberta". Fez uma pausa, satisfeita, era só isso que tinha a dizer. Não transformaria numa cerimônia. "Peço para que todos que se inscreveram entrem na arena".

E a multidão entrou, uma grande leva de pessoas que saiu das arquibancadas desceu a rampa da academia e foi entrando e se ajustando apertadamente na arena. Astrid apenas observou levemente preocupada a movimentação, se movendo do meio da arena para trás, enquanto Melequento e os Thorstons vinham silenciosamente se juntar à ela e aos os outros dois membros que já estavam lá, observando igualmente preocupados a multidão que se espremia para dentro da academia.

"Astrid você ficou maluca?", sussurrou Melequento perto dela. "Como você quer treinar toda essa gente? Aqui deve ter mais de cem pessoas!".

"Você não sabe contar Melequento", respondeu ela simplesmente.

"Verdade, mas não pode negar que tem muita gente aqui".

Ela apenas assentiu com a cabeça.

"Imagina se a gente puder treinar todas essas pessoas", disse rindo a Thorston. "A gente vai ter o exército mais destrutivo do mundo". O que foi seguido da resposta do seu irmão, também rindo.

Astrid apenas revirou os olhos, não adiantava dizer um milhão de vezes para eles levarem isso a sério. Os gêmeos seriam sempre, os gêmeos. Uma força destrutiva para ser lidada.

Quando a multidão se acomodou e aquietou, de frente dos seis membros atuais da academia, o silêncio reinou novamente, todos os olhos se viraram para a jovem general, que deu dois passos a frente, olhando a grande massa de recrutas que estava a sua frente.

"Vocês que vieram até aqui, muito obrigado", disse inesperadamente a jovem. "Mas não achem que vocês estão entrando numa colônia de férias e gincanas".

A general se abaixou, pegou uma maçã que estava jogada no chão e equilibrou ela sobre sua cabeça, calmamente. "Tempestade, tiro certeiro". A Nadder que estava deitada no canto, levantou rapidamente, estendeu sua longa cauda, e lançou um de seus espinhos venenosos que atingiu em cheio a maçã, voando da cabeça dela e indo parar a metros de distância.

Todos ali que estavam de frente à ela se entreolharam. 

"Todos aqui querem ser heróis, todos aqui querem ter feitos enormes de bravura, e lutar com sua coragem inabalável contra o mais cruel dos inimigos, mas saibam senhores, eu não vou ser gentil com vocês", falou serenamente a líder, ela sabia que muitos teriam que desistir, não ia dar conta de tanta gente. "Vocês vão querer desistir diversas vezes, assim como eu quis, assim como eles atrás de mim quiseram desistir, e se você não for forte o suficiente, você vai sair correndo para voltar para sua vida calma e pacata". O silêncio que reinava em todo o lado era quebrado por algumas pessoas que respiravam profundamente, o ar se tornava um pouco preocupado. A estratégia da Astrid estava funcionando.

"Vocês querem ser heróis?", perguntou quase que gritando a líder. "Vocês querem montar nessas criaturas magníficas e dominar os céus?" seu tom um pouco mais baixo. "Então façam por merecer", finalizou ela.


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Notas finais do capítulo

**O nome deles não achei a tradução então deixei em inglês.
Ufa! Finalmente postei esse capítulo, peço desculpas pela demora, mas as vezes a criatividade some, e o tempo também.
Espero que gostem!



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