Invincible escrita por Geovana Oliveira, Ana


Capítulo 6
Torre de Astronomia




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Minha cabeça estava latejando e meu corpo todo doía. Eu estava meio
confusa, me lembrava de ter perdido o equilíbrio e ter desmaiado devido ao
choque de ver Malfoy despencar de sua vassoura, mas não fazia ideia de onde
estava nesse momento. Tentei abrir meus olhos, contudo, eles pareciam mais
pesados que o habitual. Eu podia ouvir vozes ao meu redor. Várias delas.
— SOPHIE! — ouvi alguém gritar em meio ao barulho.
— Relaxe, Malfoy. Sophie está sendo bem cuidada agora — outra voz
masculina dizia calmamente. Essa eu reconheci de imediato; Charles. Ele parecia
mais calmo que o normal.
— Como vocês puderam deixar isso acontecer com ela? — um Malfoy
zangado quase gritava a plenos pulmões.
— Não estávamos lá para sermos babás dela, ela já é grandinha. Além do
mais, você deveria se preocupar consigo mesmo, Abraxas — Andrômeda disse
com aquela voz enjoativa, provavelmente fazendo cara de desgosto, como
sempre.
— É, cara. Relaxa, nós ganhamos!
Houve uma comemoração entre os vários alunos ali, até que todos ficaram
em silêncio repentinamente e pediram desculpas às pressas.
— Vou ter que pedir para os senhores saírem. O Sr. Abraxas e a Srta.
Blanche devem descansar agora — provavelmente a enfermeira, uma senhora
quase de idade avançada, disse expulsando os alunos da Sonserina do lugar.
— Abraxas, cara, recupere-se logo. Blanche precisa de você inteiro logo.
Todos ali fizeram um "Hm" arrastado em conjunto e saíram rapidamente
rindo.
— Ah, por Merlin. Tenham respeito! — Malfoy gritou, rindo logo em seguida.
— Sr. Malfoy, irei engessar o seu braço agora, por favor, não se mova.
Pude ouvir uma reclamação de desespero de Malfoy antes de adormecer
novamente. Acordei algum tempo depois, sem saber que horas eram ao certo.
Olhei ao redor, e a ala hospitalar parecia mais calma que o normal. Estava escuro,
exceto pelos poucos cantos iluminados pelas luzes vindas dos candelabros nas
paredes. Fitei através da janela por um instante e pude ver a lua já alta no céu.
Levantei-me devagar da cama, algumas partes do meu corpo ainda doíam,
e eu me sentia fraca, provavelmente por causa do tombo. Não havia ninguém em
volta, então saí da ala hospitalar sem esperar por uma liberação. Precisava de um
banho e da minha cama, eu ainda vestia o uniforme de quadribol da Sonserina, e
ele parecia mais limpo agora do que eu me lembrava na hora do tombo.
Segui em silêncio pelo corredor, não querendo chamar muita atenção, nem
ser obrigada a voltar para a enfermaria quando já estava tão perto das masmorras.

Ao virar um corredor, pude ouvir vozes e parei rapidamente em choque. Estavam
vindo em minha direção, por isso dei um passo para o lado e me escondi atrás de
uma pilastra.
— Você é um fraco — ouvi uma voz masculina, provavelmente de alguém
mais velho, dizendo com certo desgosto.
— Papai, me escute — era Abraxas. Ele parecia desesperado.
— Te escutar? Por favor, não me faça perder o meu tempo — ele deu um
riso nasal, e seus passos cessaram.
— Pai, eu posso explicar — Abraxas disse, dando um longo suspiro.
— Explicar o que? Que você é um fraco? Que não consegue nem ganhar
um jogo por conta própria? Eu te fiz Capitão, posso mudar isso — Malfoy mais
velho ameaçou quase num sussurro.
— Eu não sou fraco! — Abraxas respondeu entre dentes. Então, um "Ploft"
alto ecoou pelo corredor quando o pai de Abraxas deu um forte tapa em sua
bochecha esquerda. Levei a mão à boca, abafando um grito, e me abaixei
sentindo-me abalada pelo tapa que Malfoy levou.
— Deixe de ser um tolo, Abraxas. Não me decepcione mais — sua voz
estava carregada de raiva.
— O que você está fazendo aqui? — Abraxas perguntou calmamente, seu
tom parecia mais sério.
— Ora, como você...
Levantei-me e fui de encontro a ambos temendo que Abraxas recebesse
outro tapa daqueles.
— Sophie! — Abraxas me olhou, surpreso por me ver de pé ali no corredor.
— O que faz aqui? — disse, engolindo em seco. — Você deveria estar na
enfermaria, descansando.
Concordei com a cabeça e sorri de canto.
— Estou bem — disse, voltando minha atenção ao pai de Abraxas, que me
olhava intrigado. — Prazer, Sr. Malfoy, sou Sophie Blanche. — Estendi minha
mão. O Sr. Malfoy me olhou e sorriu de canto.
— Srta. Blanche — cumprimentou num tom de voz estranho, como se
estivesse curioso. — Devo dizer que você se parece bastante com sua mãe. Além
de ter os olhos de seu pai. — Ele olhou para a minha mão ainda estendida e
finalmente a pegou, abalançando-a brevemente.
— Sim, já ouvi isso antes — tentei soar o mais simpático possível, mesmo
querendo retribuir o tapa que ele dera em Abraxas pouco antes.
— Abraxas não me falou que a senhorita estava estudando em Hogwarts.
—Ele lançou um olhar raivoso de canto a Abraxas, que se encolheu e fingiu não
perceber.

— Cheguei há pouco tempo, fui transferida para cá. Intercâmbio — disse,
dando de ombros.
— Vocês são... amigos? — ele perguntou, interessado demais para o meu
gosto. Abraxas abriu a boca para dizer algo, mas eu o interrompi, falando
primeiro. 
— Sim, Abraxas é como um melhor amigo para mim. — Dei o melhor
sorriso forçado que poderia.
— Que bom, preocupo-me com as amizades de meu filhos.
Concordei com a cabeça, ainda sorrindo. Claro, claro que se preocupa.
Resisti à vontade de revirar os olhos ou vomitar ali mesmo com tamanha falsidade.
— Bom, tenho muitas coisas a fazer. Preciso ir agora, mas seria bom tê-la
em nossa casa algum dia, Srta. Blanche.
Dei um passo para o lado, permitindo passagem ao Sr .Malfoy.
— Seria um prazer. Por favor, me chame de Sophie — disse, vendo-o se
afastar. Acenei com a mão. 
Abraxas suspirou e se virou, caminhando em direção às masmorras.
— Abraxas, espere — disse alto a fim de que ele me ouvisse, mas o garot
apenas me ignorou, continuando a atravessar. Ele não parou nem quando
adentramos a Comunal, simplesmente seguiu até seu quarto e fechou a porta em
minha cara
Bati várias vezes, mas quando não tive resposta, desisti e fui para o
dormitório feminino, provavelmente era hora do jantar, já que ele estava vazio. Não
tinha nem um pingo de fome, então não me dei ao trabalho de ir ao Salão
Principal, só tomei um banho e desci para a Comunal.
A lareira no canto estava avessa, crepitando sem parar. Sentei-me no
tapete, observando o fogo. Sentia falta de casa, falta dos meus pais e até mesmo
do pirralho do meu irmão ingrato, que desde que chegara e fizera novos amigos,
não havia mais me procurado. Dei um longo suspiro e abracei meus joelhos, eu
estava ficando com um pouco de frio apesar do fogo aceso. 
Estava quase adormecendo novamente quando passos apressados
atravessaram o Salão. Ergui os olhos a tempo de ver uma cabeleira loira
atravessar a entrada. Levantei-me rapidamente e o segui. Estava com medo de
Abraxas fazer algo estúpido, de estar tão triste que pudesse arrumar confusão, já
que isso era bem a cara dele.
O segui de soslaio, mantendo uma boa distância entre nós. Às vezes ele
parava e olhava para trás, o que fazia eu ter que me esconder atrás de alguma
pilastra ou em pontos escuros. Quando eu achei que já não poderia mais segui-lo
devido ao cansaço, este adentrou a torre de astronomia. Tentei entrar também
sem fazer barulho.
— Está uma bela noite, Sophie — Abraxas disse sem se virar para me ver.
Ele se aproximou do parapeito da torre e começou a observar o céu noturno
repleto de estrelas.

— Como você...
— Como sei que estava me seguindo? Por favor, te conheço melhor do que
ninguém — ele deu um riso abafado, sua voz estava estranha. Aproximei-me de si.
— Malfoy?
Ele ainda continuava de costas para mim.
— Você está bem? — perguntei, preocupada.
— Claro, por que não estaria? — ele respondeu, cerrando os punhos.
— Eu vi o que o seu pai fez, você não precisa mentir para mim, Malfoy.
Ele pareceu surpreso, virou-se para me encarar rapidamente e foi então
que notei seus olhos repletos de lágrimas. Aqueles olhos cinzentos profundos,
completamente banhados de dor, surpresa e angústia.
— Você estava nos espiando? — ele perguntou, franzindo a testa. Neguei
rapidamente.
— Não, eu juro. Eu só estava passando e acabei ouvindo vocês. Juro que
minha intenção não era presenciar aquilo.
Abraxas me encarava, ele olhava direto nos olhos. Permaneceu assim, em
silêncio. Até que desabou. Ele caiu sentando no chão, apoiando os cotovelos nos
joelhos e cobrindo o rosto com as mãos enquanto as lágrimas tomavam conta de
si silenciosamente.
— Esqueça o que houve, Sophie. Você não viu nada — sussurrou baixinho,
sua voz completamente abafada pelo choro.
— Malfoy — sussurrei de volta, o observando de longe. Eu não sabia o que
fazer, particularmente, não costumava consolar as pessoas. Mas eu tinha que
fazer. — Abraxas. — Aproximei-me, me ajoelhado ao seu lado. Levei minha mão
ao seu cabelo, passando-a pelos fios sedosos loiros platinados, e sorri.
— Está tudo bem. Você não confia em mim? — soltei um riso nasal. —
Estou com você. — Apoiei minha cabeça em seu ombro como sempre fizera,
sentindo o seu perfume invadir minhas narinas. — Você sabe que não te acho um
fraco. Na verdade, te acho às vezes até mais forte que ranzinza do Riddle.
Dei um riso nasal e ouvi uma gargalhada abafada de Abraxas. Ele ergueu a
cabeça para me encarar, seus olhos agora completamente vermelhos.
— Não me acha um fraco? — ele perguntou com seriedade, sem desviar
seus olhos dos meus ou sequer piscar.
— Não, eu não acho. E você sabe muito bem disso.
Levei minha mão ao seu rosto, acariciando sua bochecha com meu polegar
direito. Abraxas se aproximou mais, e eu pude sentir sua respiração bem próxima
de mim.
— Obrigada, Sophie — ele sussurrou baixinho e se aproximou mais, até
que não houvesse espaço entre nós dois, seus lábios macios sobre os meus.

Abraxas me beijou de surpresa, um beijo calmo e molhado devido às lágrimas. A
mão do loiro foi até minha nuca, puxando-me mais para si enquanto sua língua
pedia passagem. Quando cedi, ela invadiu minha boca, aprofundando o beijo. A
mão livre de Abraxas acariciou minha perna e subiu por minha cintura e barriga.
Seus lábios foram descendo por meu pescoço em direção ao ombro enquanto
suas mãos iam de encontro aos meus seios.
Abraxas estava quase lá quando parou e se afastou, meio ofegante.
— Melhor ir para a cama, Sophie — ele disse baixinho, sem me olhar.
— Abraxas...
— Está tarde, logo Riddle irá fazer a ronda. Se ele pegar você andando por
aí, talvez te faça voltar à enfermaria. Você não quer isso, certo?
Concordei com a cabeça e me levantei, sentindo minhas pernas bambas
por um instante. Dei um longo suspiro.
— Bom noite, Abraxas.
— Boa noite, Sophie.
Abraxas me encarou novamente, e vi um resquício de outra coisa em seu
olhar desta vez. Prazer.
Senti minhas bochechas arderem de leve, fiz um gesto de cabeça e saí dali
o mais rápido que pude. Eu não podia acreditar no que ocorrera a poucos minutos.
Passei o caminho todo de volta para a Comunal completamente submersa em uma
mistura estranha de vergonha e euforia.
Abraxas havia me beijado, e por mais que eu não tivesse imaginado que
isso aconteceria um dia, não podia dizer que não havia gostado.
Demorei para pegar no sono naquela noite, e quando finalmente adormeci,
foi pensando naqueles olhos cinzentos profundos, cobertos de desejo, e o beijo
molhado que trocamos naquela noite.


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