Hart escrita por Ste


Capítulo 10
Dia 33




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Os barulhos de trovões ecoavam por todos os lados e chacoalhavam as janelas da casa. Aart segurava seu tablet nas mãos com afinco, os últimos episódios da sua série favorita passavam um atrás do outro tão rápido que seu coração batia forte e havia suor entre seus dedos. O barulho intenso da chuva fez o garoto aumentar o volume do vídeo e aproximar o rosto da tela. Puxou o cobertor que o envolvia. Olhou o relógio na parede. Já era quase uma da manhã. Segurou a respiração até o fim do episódio e passou para o próximo num piscar de olhos. Entretanto, sua atenção foi logo atraída pelo barulho da porta sendo escancarada. Seus olhos se arregalaram para a figura na porta.

— O que diabos você está fazendo? — Sjors censurou enquanto seu peito subia e descia rapidamente.

— Assistindo os últimos capítulos de CSI? — arriscou depois de pausar o vídeo.

— Não atende o telefone. — o homem andou até parar na frente de Aart e foi só então que o jovem percebeu os cabelos molhados do outro.

— Tá carregando. No meu quarto.

— Não atende o interfone.— o homem pôs as mãos no quadril.

— Tocou?

Sjors franziu o cenho.

— Aart... — murmurou o nome do garoto como se não acreditasse no que estava ouvindo.

— Sjors, — o garoto devolveu o olhar. — eu estou bem. Sério. 

O homem suspirou e deu as costas para o outro, mas Aart não queria que ele se fosse.

— Sjors, — o chamou. — talvez devesse ficar... passar a noite — o homem abriu a boca pra dizer que não era uma boa ideia, mas o garoto foi mais rápido. — caso falte energia. — ele olhou para a janela e pôde constatar o temporal que caía lá fora. — É bem provável. — arriscou.

Sjors o encarou por um tempo que parecia interminável, depois deu um suspiro de derrota, fechou a porta, retirou os sapatos e as meias e sentou-se ao lado de Aart, porém relativamente longe.

Aart ficou em silêncio pelo tempo que conseguiu se segurar, o qual na verdade não fora muito.

— Onde nos conhecemos? — virou-se para o homem. Sjors o olhou cansado, como se já estivesse exausto daquelas perguntas. — Sabe, eu fui ao psicólogo.

Sjors franziu o cenho.

— Lembro perfeitamente de ter acordado com o Dr. Maurits que as sessões fossem aqui no seu apartamento.

— É, eu fui em outro.

— Se não gostou do método dele, poderia ter me dito e eu teria...

— Fui em outro que não tivesse passado pela sua peneira antes. — Aart o interrompeu e arqueou a sobrancelha. Lá fora, a chuva ficava mais forte.

Sjors o encarou.

— Qual o nome dele? Que hospitais ele atende?

Aart tombou a cabeça para o lado e o olhou desafiante. Não iria responder, obviamente.

— De qualquer forma, — o ignorou. — ele me explicou umas coisas sobre traumas e bloqueios. E eu imagino que a Dr. Fleurtje tenha te dito o mesmo.

Sjors desviou o olhar.

— Meus amigos estiveram aqui na semana passada. E diferente de você eles não têm papas na língua.

— Mas deveriam.

Aart o encarou.

— Você não quer que eu me lembre, não é? — o jovem não o esperou responder. — E se isso realmente acontecer? Já pensou nisso?

— Todas as noites. — Sjors quase o interrompeu. — Aart, talvez seja melhor assim.

— Você é bem egoísta, não é? — o garoto sorriu tristonho.

— Mais do que imagina.

Aart o encarou e os barulhos dos trovões e da chuva eram incessantes.

— Eu vou me lembrar, Sjors, você querendo ou não.

— Eu sei, — ele se levantou. — nunca consegui te impedir de fazer qualquer coisa que quisesse. — andou para sua frente.

— Então me ajude. Eu quero me lembrar. Me diga se era importante pra mim. — seu coração batia forte e ele se inclinou para Sjors.

— Eu não posso. Qualquer resposta minha seria potencialmente tendenciosa.

— Mentiria pra fazer com que eu me sentisse melhor? — Aart o encarou ansioso.

— Sem hesitação.

Aart abaixou os olhos.

— Então não me respeita. — murmurou.

— Não, Aart, tudo o que faço é porque te respeito. E é por isso que não posso te dar certas respostas. — suspirou. — Aart. — chamou, mas o garoto continuava cabisbaixo. — Aart. — e não havia sinal de que ele voltaria a olhá-lo. Por essa razão, Sjors dobrou os joelhos e os encostou no chão. Encarou as sardas que decoravam o rosto do garoto e pôs uma mecha do seu cabelo ruivo crescido para trás da orelha. — Me desculpe, Aart. Eu sou uma decepção quando se trata de você.

O garoto aproximou seu rosto do dele.

— Sjors, me diga, eu sou importante pra você?

O homem não conseguiu sustentar seu olhar, abaixou a cabeça até pousá-la nos joelhos do outro.

— Tanto. — Sjors admitiu num murmúrio fraco. Conseguia ouvir seu coração nos ouvidos. — Tanto.

— Então, — Aart engoliu a seco se livrando do lençol que o protegia do frio. — me faça sentir isso.

Sjors levantou a cabeça por um momento, os lábios vermelhos de Aart na pele branca o chamavam como uma sereia. Uma sereia conhecida.

O homem abaixou a cabeça novamente e ficou por quase vinte minutos parado, apenas ouvindo sua própria respiração e a chuva lá fora. Aart se inclinou e beijou a testa dele. E foi nessa hora que algo dentro de Sjors despertou. Começou com uma carícia leve, um roçar de lábios na calça do jovem. Logo as grandes mãos de Sjors estavam apertando as laterais das coxas de Aart e o garoto não sabia muito bem o que fazer. Sjors roçava os dentes pelas coxas e depois pelo quadril do garoto, inesperadamente subiu a camiseta dele e beijou uma por uma das cicatrizes deixadas no seu abdômen, com carinho e dedicação; depois voltou-se para sua mão direita e beijou e mordiscou um por um dos seus dedos, lentamente como se os namorasse; a palma da mão de Aart fora tomada como uma noiva, logo os dentes desceram para o pulso, o antebraço, o cotovelo, os bíceps.

— Sjors, eu estou com frio. — o garoto sussurrou.

Seu rosto afundou nos ombros dele e as mãos de Sjors cravaram no traseiro de Aart como se aquele território já tivesse sido reivindicado por si, colou seus corpos num puxão e Aart pôs as pernas ao redor da cintura do outro. Seu sangue era quente e corria como louco. Os dentes de Sjors subiram para o pescoço do jovem e fizeram os pelos da nuca dele se arrepiarem, um choque saiu de seu cérebro, desceu por sua espinha e esquentou todo o corpo de Aart. A boca de Sjors subiu agora para o maxilar, ele passou a língua por toda aquela extensão e sentiu o outro estremecer sob seu toque. Mais para cima e seus lábios pairaram sobre os de Aart, vorazes. Sjors engoliu a seco.

— Não vai faltar energia. — sussurrou.

— Você não vai me beijar, né? — o garoto se inclinou, porém tudo o que aconteceu foi seus lábios se roçarem.

— Aart, — ele sussurrou. — eu te respeito. — lambeu os próprios lábios. — Você não está em condições...

— As vezes eu sonho com você. — o garoto o interrompeu, movendo agora seus lábios para a bochecha de Sjors. — E eu nunca sei é um sonho pervertido ou uma memória boa. — murmurou no ouvido dele e mordiscou seu lóbulo da orelha. — Me diga — ele se afastou um pouco. — o que eu devo fazer com isso agora. — apontou para o volume em suas calças.

Sjors seguiu a indicação e engoliu a seco. Fechou os olhos e deu passagem para Aart. Meio segundo depois o garoto se levantou e o homem pôde ouvir a porta do banheiro bater com força. Sjors afundou a cabeça na almofada e respirou fundo


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