Orgulho e Preconceito - Os rumores que nos separam escrita por Mirytie


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem



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Muito antes do matrimónio entre Elizabeth e Mr. Darcy ter lugar, as pessoas já falavam e prossupunham quão horroroso seria o futuro de Elizabeth. Ou que o nome de Mr. Darcy seria manchado pela família de Elizabeth.

É preciso mencionar que, pelas redondezas, ainda se acreditava que Mr. Darcy era um dos mais orgulhosos homens que já tinham pisado aquela terra. E era extremamente desagradável. Portanto, a única conclusão a que podiam chegar, era que Elizabeth aceitara o casamento por causa da sua fortuna, conexões e uma perspetiva vida bem confortável em Londres. Mrs. Bennet também devia ter tido alguma coisa a haver com aquele arranjo, era o que se dizia, pois ela não mais queria do que ver as filhas bem casadas.

Como Mr. Darcy se tinha deixado iludir por tal família, ainda lhes era um mistério. Afinal, apesar de esperta e energética, Elizabeth não era uma menina extremamente bonita. Não o suficiente para atrair alguém como Mr. Darcy que não demonstrara qualquer interesse durante a sua estadia, anteriormente. Algumas pessoas mais próximas à família Bennet atreviam-se a dizer que não era só a falta de interesse de Mr. Darcy que devia ser notada. Na altura, a segunda filha dos Bennet mostrara aversão ao caracter de Mr. Darcy.

Já à perspetiva de ver Jane casada com Mr. Bingley, ninguém se opunha. Pelo contrário, achavam um facto muito estranho a data do dia em que Miss Bennet se tornaria Mrs. Bingley. Estavam todos muito felizes por Jane, que era extremamente bem-educada e tinha um bom coração. Para adicionar a todas essas vantagens, Jane era muito bonita nas suas feições e maneirismos. Ninguém duvidava que ela tinha nascido para se casar com um gentleman igual ou superior a Mr. Bingley.

— Percebo porque duvidam do grande amor que a minha cara irmã e Mr. Darcy sentem um pelo outro, pois nós, não faz muito tempo que duvidávamos da boa personalidade do seu noivo. – disse Jane, um dia, para Elizabeth – Mas deviam ficar contentes pela sua felicidade. Se observarem com atenção, tenho a certeza que todos verão a honestidade dos seus sentimentos.

— Minha adorada Jane. – disse Elizabeth – Já deve saber que o que os outros dizem pouco me interessa. Podem dizer de mim o que bem imaginarem. Tenho a certeza que Mr. Darcy também não perderá um minuto do seu sono por causa de tais rumores.

— Então, querida irmã, apague as dúvidas que me afligem o coração. – pediu Jane – Porque você parece ficar magoada sempre que a mamã menciona o que dizem da sua união com Mr. Darcy. Deve, com certeza, haver uma razão muito forte uma vez que você, minha irmã, nunca se deixaria levar por palavras que não fazem a menor justiça à verdade. Conheço-a bem demais.

— Sim, com certeza que me conhece. – disse Lizzy, com um sorriso – No entanto, vou ter que pedir que não se aflija mais comigo, pois também não lhe posso revelar os motivos para a minha preocupação.

— Vai então deixar a sua adorada irmã a perguntar-se o porquê da sua aflição? – perguntou Jane – Sabe muito bem que ficarei magoada.

— Tenho a certeza que não o ficará durante muito tempo e espero que não fique chateada comigo quando digo que também a conheço muito bem. – disse Elizabeth – As várias afeições que o seu prezado Mr. Bingley lhe vai dirigir nos próximos dias chegarão para a fazer esquecer todas essas preocupações e tristezas que imagina que eu sofro.

— Se fosse só minha imaginação, eu bem que poderia ser levada a esquecer tudo pelas distrações que Mr. Bingley sempre me oferece. – disse a irmã, contente só por dizer o nome do seu futuro marido – Mas não tenho a certeza que seja só isso. No entanto, se me diz que não é nada, não consigo desconfiar de si, minha irmã. Vamos pôr fim a este triste assunto e esperar que amanhã já não hajam mais complicações.

Elizabeth sorriu e, tal como Jane, começou a preparar-se para se deitar. Havia razões para a desconfiança da irmã mais velha. Elizabeth estava realmente constrangida e preocupada com os rumores que rodavam pela cidade.

Não temia por si. Sabia que as pessoas podiam ser enganadas ou até demasiado teimosas para admitirem uma verdade obvia, tal como ela já tinha feito, em relação a Mr. Darcy. Mas a sua vontade de desmantelar a ignorância das pessoas em relação à sua suposta “malicia” contra alguém tão importante quanto Mr. Darcy aumentava quando pensava em Mary e Kitty.

Jane nada tinha a ver com aquilo. Mas era de conhecimento geral que a sua irmã mais nova, Lydia, tinha sido tola e leviana ao fugir com Mr. Wickman e ao viver com o último durante 10 dias sem perspetivas de casamento. Isso tinha manchado o bom nome que Mr. Bennet tinha-se esforçado para criar para as filhas, que nem o eventual matrimónio entre os dois fugitivos tinha limpado.

Após terem noticias do noivado de Jane com Mr. Bingley, no entanto, as pessoas começaram a esquecer-se de Lydia, de Mr. Wickman e da sua pequena aventura.

Elizabeth tinha tido até o gosto de observar uma inveja saudável e moderada a instalar-se.

Para o bem das irmãs mais novas, Jane esperava que isso continuasse assim, pois era pouco provável que Lydia voltasse a casa tão cedo e, portanto, seria de Jane e de Bingley que os seus queridos vizinhos e conhecidos se lembrariam quando falassem sobre a sua família.

As noticias do seu noivado com Mr. Darcy, trouxe um efeito anulativo ao noivado de Jane com Mr. Bingley.

Depois de deduzirem que Elizabeth era uma criatura tão manipulativa a ponto de enganar um senhor como Mr. Darcy, lembraram-se que era só normal porque, naturalmente, a irmã mais nova devia ter aprendido a ser tola e leviana com as irmãs maiores. Excetuavam sempre Jane, dessas conversas, uma vez que sempre a tinham visto com olhos bondosos.

Mr. Bennet pouco se importava com o que diziam, concluindo que, uma vez que era mentira, as pessoas nada tinham a ver com o futuro de Kitty e Mary. Elizabeth queria acreditar cegamente no seu pai, mas não era da sua natureza fazê-lo, por muito que o amasse.

Depois do casamento, certamente que Jane mudar-se-ia para longe, tal como ela própria e, por isso, não estava preocupada com ela própria, mas sim com as queridas irmãs. Pois que senhor respeitável aceitaria Kitty ou Mary depois de ouvir que criaturas horríveis eram as suas irmãs?

Mrs Bennet era quem tomava mais ofensa ao que se dizia de Lizzy, pois, como ela garantia sempre o assunto vinha ao decima, tinha sido o honrado senhor a declarar-se à sua filha. E que Mr. Darcy tinha tido muita sorte em encontrar uma menina tão bem-educada e bonita quanto Elizabeth.

Lizzy queria acreditar que a mãe a defenderia, mesmo se o seu noivo não fosse um dos gentleman mais rico de Londres, mas tinha pena em admitir que conhecia demasiado bem a sua mãe e que isso não aconteceria se o homem com quem se fosse casar, não fosse alguém de tanta importância.

Mrs. Bennet não se permitia a conversas prolongadas, no entanto. Como pessoa tão doente que dizia ser, não podia deixar-se enervar num período tão importante na sua vida.

Mr. Darcy, que visitava frequentemente a sua residência, depois de ter ficado noivo de Elizabeth, também tomava ofensa aos ocasionais insultos que ouvia, direcionados a Lizzy mas, ao contrário da noiva, este limitava-se a pensar que não faltaria muito até a levar para longe dali e, naturalmente, não abria a boca para debater o assunto.

Um dia, enquanto reunidos na sala de visitas, Mr. Bingley anunciou que ele e o amigo teriam de partir para Londres durante alguns dias, para tratar de negócios que caiam naturalmente nos seus ombros.

— Mas com certeza que não se vai esquecer outra vez de nós. – comentou Mrs. Bennet, envergonhando Lizzy – Não quando tem a sua noiva a esperá-lo com a maior das ansiedades.

Depois de prometer que não se tardariam a voltar, Jane e Mr. Bingley foram dar um passeio pelo jardim. Mrs. Bennet achou então natural deixar a sala, acompanhada por Kitty e Mary, para deixar Elizabeth e Mr. Darcy sozinhos.

— Tenho a certeza que não estou errado em deduzir tal coisa. – disse Darcy, despertando uma ligeira curiosidade em Lizzy – Mas corrija-me se estiver errado, pois vendo-a tão deprimida, não consigo deixar de pensar que se deve aos variados comentários que foram feitos ao nosso futuro matrimónio.

Elizabeth, incapaz de mentir ao seu futuro marido, disse que as suas acusações eram verdadeiras e este mostrou-se chocado, porque pensava que ela não era dessas mulheres que se deixa levar por pessoas mesquinhas.

Lizzy garantiu que não o era e que não era por ela que estava preocupada mas, com medo que Darcy tomasse o assunto como seu, como tinha feito com Lydia, não disse que o assunto da sua preocupação eram as suas irmãs mais novas.

— Se não mo quer dizer, também não a obrigarei. – disse Darcy, um pouco insatisfeito – Tenho a certeza que tem um bom motivo para o seu mau humor, pois não espero menos da senhora a quem confessei o meu amor.

— Vá na sua viagem de negócios sem preocupações que o distraiam dos seus deveres. – pediu Lizzy – Garanto-lhe que, quando voltar, estarei de muito melhor humor. Sabe muito bem que não deixo pequenos insultos perturbarem a minha pessoa.

Findo a conversa, eles despediram-se com os habituais cortejos e Mr. Darcy partiu.

No dia seguinte, os dois cavalheiros partiram para Londres, com promessas de voltar o mais depressa que pudessem. Jane então informou a família que, na sua última conversa, ela e Mr. Bingley tinham decidido o dia em que Jane se tornaria a mulher mais feliz daquele planeta.

Toda a família alegrou-se, mas nenhum dos membros alguma vez se poderia comparar às demonstrações de Mrs. Bennet.

— Minha querida filha! Como fico feliz por si! – disse Mrs. Bennet, abraçando Jane – A única coisa que me agoniza é à distância que certamente ficará da sua querida mãe.

Jane informou que tencionavam ficar alguns meses na residência de Mr. Bingley, em Netherfield. Pois assim, pedia à mãe que não se adiantasse a sentir as dores da sua separação.

Mrs. Bennet então perguntou qual era a razão para Mr. Bingley não querer levá-la imediatamente para Londres, depois do casamento. Teria ele vergonha da sua bela filha?

Jane apressou-se a negar essas acusações e a explicar que tinha sido ela própria a pedir a Mr. Bingley para ficarem em Netherfield durante alguns meses, para que a separação entre mãe e filha não fosse apressada.

Mrs. Bennet replicou o quão tola a filha tinha sido ao pedir tal coisa, mas o assunto não se prolongou durante muito tempo. Mudando imediatamente para outros detalhes do dia tão esperado.

Parecendo muito espantada, Mrs. Bennet perguntou então à segunda filha porque é que Mr. Darcy ainda não tinha marcado uma data para o casamento, tal como o amigo.

— Por favor, não os apresse, mamã. – pediu Jane, mas em vão.

Mrs. Bennet fez alusão às acusações que atiravam contra Elizabeth e que, se ela marcasse a data do casamento e se mudasse para Londres com Mr. Darcy, não teria de defender a filha com tanta frequência.

Elizabeth apercebeu-se que, sem Mr. Darcy por perto, Mrs. Bennet punha em causa a sua verdadeira personalidade quantas vezes queria e, os três que sabiam o quanto ele tinha feito pela família, ficavam constrangidos e um pouco embaraçados.

— Não ponha o noivo da nossa querida Lizzy sobre uma má perspetiva. – disse o pai, tomando coragem – Eu próprio tenho muito respeito por ele e, como Mrs. Bennet já deve saber, não é com falta de observação ou informações que digo isto.

— Muito bem, Mr. Bennet. – disse a mulher – Instrua-me então, para que eu o possa respeitar tanto quanto o senhor.

Por momentos, Elizabeth teve mesmo medo que o pai contasse o que Darcy tinha feito por Lydia, mas este recusou-se a responder à mulher, mencionando apenas que ela devia também observá-lo com mais cuidado, antes de falar com tanta convicção sobre as suas más maneiras.

Mrs. Bennet disse que não tinha tempo para tal mas não se prolongou nessa conversa e, quando, no dia seguinte, uma carta chegou para Lizzy, da parte de Mr. Darcy, a mãe ficou entusiasmada.

Mr. Darcy tinha encontrado uma data propicia para o transformar no homem mais feliz do mundo e pedia a Elizabeth que concordasse com o dia que tinha escolhido, apesar de ser tão próximo do dia atual.

A única queixa que Mrs. Bennet teve a fazer contra aquilo era que ele não devia ter usado uma carta para propor a data para um matrimónio tão importante. Que indelicadeza para um homem da sua classe.

Mas foi imediatamente silenciada quando descobriu que o verdadeiro motivo da sua viagem a Londres tinha sido a preparação para o tal dia, pois não tinha negócios pendentes, ao contrário do amigo, Mr. Bingley.

— O que é que está a fazer, Lizzy? – perguntou Mrs. Bennet, completamente satisfeita por saber que Elizabeth se ia casar ainda antes de Jane – Vá escrever ao caro Mr. Darcy, que tamanho amor mostra por si. Que bom homem.

Elizabeth achou graça à maneira como a mãe se contradizia a si própria tão frequentemente. Mas, para infelicidade das duas senhoras, Lizzy já tinha decidido ficar naquela casa até conseguir limpar o seu nome.

Portanto, a carta que escreveu em respondeu, não levava uma resposta favorável.


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Notas finais do capítulo

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