O Sangue do Mestiço escrita por Júlio Oliveira


Capítulo 14
Entre o sacro e o profano


Notas iniciais do capítulo

Esse foi um dos capítulos em que eu mais gostei de ler e reler o diálogo entre dois personagens específicos. Espero que o embate a seguir também divirta você que está lendo :D

Boa leitura!



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Padre Marcus explicou com calma sobre como funcionavam as coisas na igreja.

— Ali fica a despensa — dizia enquanto acariciava sua cadelinha. — Lembre-se de colocar a comida de Selvagem daqui a algumas horas.

David prestava atenção a todas as palavras ali ditas. Tendo a pequena igreja como sua moradia, ele era grato por poder contar com uma cama simples, mas confortável, além da companhia da simpática cachorrinha. Ela foi em sua direção e lambeu seus dedos. O garoto retribuiu acariciando sua cabeça.

— Compreendido, chefe — brincou ao falar com o padre. — Pode repetir para onde você vai?

Marcus respirou profundamente, como se fosse dar alguma notícia pesada. Comunicou:

— Irei à casa de Edward Muller. Vou tentar estabelecer um contato com ele. Tentar trazer um pouco de consciência à sua cabeça.

— Você acha que adiantará? — David questionou.

— Não — Padre Marcus apresentou um evidente pesar em suas palavras. — Ainda assim, não posso ficar parado sem fazer nada. Você deve conhecer bem a sensação, David. Se eu conseguir fazer Edward repensar uma só coisa, isso já será uma imensa vitória. Reze por essa conversa.

— Pode deixar.

Com aquelas palavras ditas, o padre partiu de sua casa e igreja enquanto deixava David e Selvagem para trás. Alguma coisa o fazia confiar no garoto, que apesar do bom humor, trazia dentro de si um verdadeiro compromisso com a justiça. Ou ao menos era assim que Marcus enxergava. “Ele pode ser muito útil para trazer uma verdadeira melhoria para a vila. Talvez para a ilha como um todo”, pensou.

Já do lado de fora, caminhou lentamente pela vila enquanto era interrompido repetidas vezes por crianças e mulheres que pediam sua benção. Era um homem não só respeitado, mas muito adorado no lugar graças a sua flexibilidade para com as pessoas e sua deveras simplicidade. Ou ao menos era assim como todos o viam. Evidentemente ninguém sabia do compartimento secreto da igreja. “Ninguém, com exceção talvez do David”, lembrou-se. Aquele pensamento fez o padre questionar sua atitude de não dar uma explicação mais concreta, ao mesmo tempo em que também indagava o motivo de um jornalista não ter lhe enchido de perguntas a respeito do que fora visto. “Um padre saindo de um compartimento abaixo do altar não é uma das coisas mais comuns por aí”, ele bem sabia. E se o garoto também tivesse segredos? E se o silêncio que se surgiu após aquele flagra fosse quase como a assinatura de um contrato silencioso em que os principais termos eram lealdade, confiança e segredo? O fato era: nada dos eventos recentes fazia o padre questionar a idoneidade moral do garoto. “Dá para ver em seus olhos”, concluiu.

Estava ainda perdido em pensamentos quando se deparou com a mansão de Edward Muller. O homem se colocara em um silêncio perigoso após o fatídico discurso no bar. Ninguém sabia o que ele realmente planejava, pensava ou sentia. Mas Marcus podia pressentir: o futuro seria danoso para todos se os desejos daquele poderoso homem fossem concretizados. Alguém deveria bater de frente, nem mesmo que esse alguém fosse um simples padre.

— Edward — chamou do lado de fora e deu três batidas na porta. — Sou eu, Padre Marcus.

Após poucos segundos de espera, o homem pôde ouvir pesados passos advindos do lado de dentro da residência. Não tardou para a porta ser aberta e uma enorme figura se fazer presente.

— Padre? — Era Muralha, o segurança gigante do ricaço. — O que faz aqui? Acredito que Edward já deixou sua religião faz um tempo.

— Não estou aqui para evangelizar, Muralha — Marcus falou com paciência. — Tudo que quero é ter uma conversa tranquila com o seu chefe, Edward Muller.

— Olha, ele anda querendo ficar meio sozinho. Não sei se você sabe, mas um segurança dele morreu recentemente. Morto pelos índios. O homem está muito triste ainda.

O padre conseguia sentir bem uma mistura de desprezo, ódio e sarcasmo na voz de Muralha. Aquele homem sempre parecera ser deslocado do resto da vila, mas recentemente assumira um caráter odiável. Talvez fosse a sensação de poder crescente, o conhecimento de que em breve poderia matar por diversão em decorrência de um possível conflito com a tribo indígena. Claro, tudo isso não passava de pensamentos de Marcus, e ele sabia bem que não deveria cair em preconceitos. Precisava ter certezas, mas aquele grande homem realmente não lhe passava confiança alguma.

— Se ele está triste, então este pode ser um momento ainda melhor para me receber — Marcus argumentou. — Estou aqui para ajudar, Muralha. Antes que questione, irei repetir: não estou aqui para evangelizar. Não vim falar de Deus, da vida após a morte, de nada disso. Mas quero ter uma conversa séria com seu chefe a respeito do futuro da vila. Eu acompanhei o discurso dele no bar e acredito que caminhamos por uma estrada cheia de perigos e infortúnios.

— Sabe o que é perigoso? — Muralha falava em um tom prepotente. — Selvagens se reproduzindo por aí. Por mim, nós já teríamos acabado com eles. A verdade é que Muller é muito mais misericordioso do que pensa, padre.

— Interessante. Mas sabe o que é mais interessante ainda? Não me importo com o que pensa. Estou aqui para conversar com Edward, não contigo — Marcus deu um leve sorriso de desprezo, algo que incomodou intensamente o guarda.

— Cuidado com as palavras e seus gestos, Marcus — Muralha cerrou o punho, mas manteve-se em seu espaço. — Nem todos vão ter pena de ti por ser um padre.

— Eu não busco pena e nem conforto. Busco salvação. Mas agora você me deixou curioso: o que busca, Muralha?

O gigante rosnou de raiva e se preparou para soltar um impropério contra o padre, mas logo foi interrompido pela voz áspera de seu chefe.

— Marcus? — Ela era pesada e profunda. Indubitavelmente a voz de Edward Muller.

— Chefe? — Muralha se virou para trás e pôde ver que Muller caminhava a passos lentos pela sala de estar, ao mesmo tempo em que apertava os olhos para enxergar o padre barbudo e negro. — É aquele padre infortunando tudo.

— Deixe-o entrar.

— Opa — provocou Marcus enquanto adentrava a casa e encarava o rosto raivoso do guarda.

Edward Muller aproximou-se e apertou cordialmente a mão do padre.

— O que te traz aqui, Marcus? — Disse o ricaço.

— Bom ver que não perdeu os modos, Edward — brincou o padre. — Não posso dizer o mesmo de seu segurança.

Muller deu uma risada rara de se ver. Marcus estranhou. O poderoso homem estava mais tranquilo do que em qualquer outra ocasião. Parecia leve, quase como se não existissem milhares de demônios o atormentando 24 horas por dia.

— Muralha não tem esse nome por acaso — Muller permanecia rindo. — Agora vamos para um lugar mais reservado.

Deixando o gigante para trás, a dupla passou pela mesa de jantar, onde Joseph comia uma fatia de bolo e observava a cena sem questionar. Subiram as escadas e foram até o quarto mal cuidado de Edward. Lá, o padre pôde observar uma garrafa de bebida quase vazia sobre o criado-mudo ao lado da cama. “Será o motivo para tanta felicidade?”, questionou mentalmente.

— Finalmente a sós — disse Muller logo após fechar a porta. — O que te traz aqui, padre?

Marcus respirou fundo antes de começar a falar. Ainda que o ricaço estivesse afetado pelo álcool, o padre sabia que deveria escolher bem cada uma de suas palavras. Começou:

— Eu soube de seu discurso no bar. Bem forte, devo dizer — ele caminhava pelo quarto enquanto soltava cada uma de suas palavras. Estava verdadeiramente tenso. — E sem falar da entrada triunfal da esposa do falecido. Aquilo foi planejado, Edward? Confesso que foi de um peso tremendo. Você conseguiu afetar a vila.

— Quando não consigo? — Muller respondeu com uma pergunta. — E não, não foi combinado. Eu nem sabia que encontraria a moça por lá. Coitada dela, sofreu demais. Sabia que ela que suplicou para que matássemos o marido? Ele sofria uma dor terrível. Eu nunca vi alguém sofrer tanto, padre. Menos mal que agora ele pode repousar em paz. Soube que sua esposa está seguindo em frente, aos poucos, claro. Os filhos ainda não compreendem direito, mas quem é que compreende a morte? Até hoje eu não entendo.

— Cedo ou tarde todos entenderão. A morte é algo natural, inevitável. Faz parte de nossa passa... — o padre fora interrompido.

— Não me venha com sermões, Marcus — a voz de Edward começou a mostrar sua antiga grosseria, ainda que timidamente. — Já faz tempo que suas palavras de fé entram por um ouvido e saem pelo outro. Falemos de coisas concretas.

O padre ignorou o apelo do ricaço e continuou exatamente de onde havia parado:

— Faz parte de nossa passagem por este mundo. Mas existe um outro fato: o poder sobre ela não nos pertence. Não devemos provocá-la, usá-la contra nossos irmãos, independente de fé, cultura ou cor — disse com calma.

— Engraçado. Aparentemente sua igreja não pensava assim há alguns séculos — Edward Muller provocou.

— Erros horrendos e que não devem nunca se repetir. Ainda assim, não apagam as verdades das minhas palavras. Edward, você sabe aonde quero chegar.

Dando um sorriso sarcástico, Muller afastou-se do padre e se virou para a janela por onde a luz do sol entrava. Encarando o horizonte lá fora, disse:

— Acha que fui muito agressivo em minhas palavras? É isso?

— Acho compreensível tudo que sente e diz, Edward — o padre caminhou e ficou lado a lado do ricaço. — Mas o caminho de suas palavras só leva a mais morte e sofrimento. Você não quer mais pessoas chorando por perdas como você. Quer?

— Padre Marcus — a voz de Muller agora adquirira uma profundidade ainda maior do que o costumeiro. — Você não compreende absolutamente nada. Você já amou uma mulher? Pelo que sei, a resposta é não. Desde cedo recebeu o “chamado divino” e logo soube que sua vocação era promover missas, batismos e casamentos. Sem dúvidas, cada uma dessas suas experiências tem o seu valor. Mas você não sabe como é amar alguém com toda sua alma e perder essa pessoa. Essas pessoas.

Edward parou de falar por um momento e chegou a encarar a garrafa quase vazia de bebida. Marcus percebeu isso, mas permaneceu em silêncio. O poderoso homem prosseguiu:

— Sarah era a pessoa mais incrível desse mundo. Calma, inteligente, única — ele esforçava-se para segurar as lágrimas. — E a Jessica? Que menina doce, meiga, inocente. Chegava a ser ingênua às vezes.

— Conheci ambas — o padre falou. — Duas pessoas excelentes, Edward. Não me admira que fale tanto delas.

— E ainda assim acha que fui agressivo — Muller deu um sorriso triste.

O padre estava desapontado com o rumo da conversa, mas não havia surpresa alguma. Ele tinha a esperança de trazer um pouco de luz à cabeça do ricaço, mas também sabia que o homem era extremamente inflexível e com crenças sedimentadas como rochas. Não era algo fácil de mudar. Ainda assim, Marcus também sabia que tentar não era só uma opção, mas uma obrigação moral. Mesmo vendo que o diálogo não iria mais para canto algum, ele prosseguiu tentando.

— Duas pessoas incríveis, sim — disse ele com grande calma na voz. — Você acha que ambas ficariam felizes em ver a cruzada que você está empreendendo? Que isso as traria paz?

— Não há mais paz para trazer para elas. Os amores da minha vida se foram, Marcus! Elas estão acabadas! Mortas e enterradas, você não vê? O corpo despedaçado da minha filha sendo devorado por vermes. Essa é a verdade absoluta — Edward pegou a garrafa que estava sobre o criado-mudo e a atirou contra o chão. Cacos de vidro voaram, mas sem machucar ninguém. — O erro delas foi confiar, você não enxerga isso?

— O que enxergo é que você tem uma grande oportunidade diante de si: aprender. Aprenda com o amor que Sarah e Jessica tanto cultivavam. Você é maior que uma vingança, Edward! — Pela primeira vez o padre falou de maneira mais enérgica.

Muller ficou em silêncio. Não esperava aquela força advinda da voz do religioso. Antes que pudesse pensar em qualquer resposta, no entanto, ouviu os passos pesados de Muralha aproximando-se do quarto. O gigante escutara o barulho do vidro se partindo e logo subiu para descobrir o que se passava. Bateu na porta com força e chamou pelo seu chefe.

— Está tudo bem, Muralha — disse Edward pausadamente. — A conversa está encerrada por hoje.

A porta era aberta quando o Padre Marcus falou apressadamente:

— Pense, Edward. Você é melhor que tudo isso. Não é só a vida dos índios que você põe em risco, mas de todos da vila. Tenha certeza que todo mal que você propagar voltará para você.

— Nisso eu acredito, padre — o ricaço respondeu com a voz calma dessa vez. — Na verdade, farei exatamente isso: devolverei aos índios todo mal que causaram. Poético, não?

E, com aquelas palavras, Padre Marcus se viu obrigado a se retirar da casa. Lentamente, o homem de Deus caminhou frustrado rumo à igreja. “De nada adiantou meu esforço. Os tempos ficarão ainda mais sombrios”, refletiu enquanto dava passos curtos.

Longe dali, entretanto, havia quem conseguisse algum progresso. David aproveitava a solidão na igreja para investigar as esquisitices que vira ali há pouco tempo. “Uma câmara subterrânea. Deve haver algum mecanismo para acessá-la”, pensou enquanto andava ao redor do altar. O lugar não contava com nenhum luxo real. Como que um sistema aparentemente tão complexo poderia habitar aquela igrejinha? Pior, por que o padre utilizaria? Quem teria construído? Quando? Os questionamentos eram muitos, mas o pequeno jornalista ainda não tinha resposta alguma.

Selvagem acompanhava-o cautelosa. A cachorrinha sabia que o garoto iria aprontar alguma coisa que não deveria. E ele conseguia sentir isso. “Quem mandou atiçar minha curiosidade?”, refletiu com bom humor. Além disso, havia uma outra justificativa para toda essa intromissão: deveria preservar sua segurança. Sim, o padre até então se mostrara um homem bom. Mas ainda assim, David sabia que não podia confiar totalmente em ninguém daquela ilha. Bastava lembrar em como o xerife mudou de lado rapidamente. “Supondo que ele realmente mudou de lado”, lembrou. Talvez o padre não fosse totalmente bom, afinal. “Quem é que é?”. O que poderia haver escondido abaixo da igreja? Uma imagem oculta referente a um culto satânico? Armamento pesado para tempos sombrios? Esqueletos? Os pensamentos do pequeno jornalista viajavam por áreas sombrias, o que o fez decidir por simplesmente parar de especular. “Vamos aos fatos”, procurou se concentrar.

Os elementos eram básicos: havia o Cristo pregado na cruz na parede e o altar com uma bíblia em cima. David foi até o homem crucificado e investigou a imagem. Era uma representação tradicional do filho de Deus. Tentou tocar na imagem, mas a baixa estatura do garoto só o permitiu alcançar os pés pregados na cruz. Buscou algum tipo de botão ou alavanca. Nada. “Por que diabos teria algo aqui?”, pensou e refletiu sobre a péssima escolha de palavras. Voltou-se então para o altar. “Seria muito clichê encontrar uma alavanca aqui...”, seu pensamento foi interrompido quando ele encontrou. Sim, havia uma alavanca ocultada pelas sombras logo abaixo do altar. O pequeno jornalista hesitou antes de acionar o mecanismo. Olhou para os lados, para a porta da igreja, para Selvagem. “E se alguém me ver? Pior: e se alguém curioso me ver?”, lembrou de si mesmo ao enxergar a imagem do padre saindo da passagem secreta. “Dane-se”, concluiu.

Acionou a alavanca e, como num passe de mágica, o altar afastou-se de sua posição original e o garoto viu surgir a sua frente as escadas que davam acesso ao subterrâneo da igreja. Selvagem soltou um curto choro, como se pedisse para que o garoto não acessasse o local. David percebeu que o lugar estava totalmente escuro, afastou-se para pegar uma vela e retornou preparado.

— Você irá me perdoar — disse para a cadelinha. — Mas a verdade não pede desculpas.

“Isso fez sentido?”, questionou-se enquanto descia as escadas. A luz trêmula da vela fez as paredes de pedra do lugar parecerem ainda mais sinistras. “Lugar antigo, hein? O padre não construiu isso aqui. Definitivamente não”, refletiu. Finalmente chegando ao fim da descida, o garoto se deparou no que parecia ser um largo salão.

— Alô — testou esperando se deparar com o eco, mas se decepcionou.

Caminhando lentamente em meio a poeira e sombras, David começou a enxergar os primeiros elementos que davam vida ao compartimento secreto. Uma das paredes estava cheia de mapas, folhas antigas e anotações incompreensíveis. Havia ainda uma mesa onde o garoto viu o que pareciam ser diários, livros de estudos, entre outros. “Tudo mais velho que minha bisavó”, concluiu. Nada parecia fazer sentido. Letras e números se misturavam e o garoto quase chegou a sentir dor de cabeça só de imaginar tudo que se ocultava ali. Entretanto, o mistério aumentou quando ele se deparou com um quadro esquisito. Aproximou a vela e pôde identificar: era o retrato de um homem. Trajava vestimentas negras, tinha a pele pálida e contava com uma longa barba branca. “Merlin, é você?”, brincou David. Aproximou-se ainda mais para procurar por alguma assinatura ou a indicação de quem poderia ser aquele senhor, mas não obteve resposta.

“Certo, definitivamente isso é muito mais do que eu esperava. Descobri que nada sei”, refletiu enquanto tentava absorver toda a carga de informações ali presentes. Não havia apenas um mistério sobre quem seria aquele homem, mas também sobre todas as anotações, diários, mapas, além da própria existência daquela câmara. “Será que esse velho que construiu esse lugar? Talvez seja algo passado de pai para filho, não sei. Talvez seja uma espécie de base dos cruzados. Cruzados aqui na América? Nada faz sentido”, pensou. Esforçando-se para encontrar informações compreensivas, começou a mexer nos diários. Abriu um por um. Apenas encontrava números, mensagens claramente criptografadas e fórmulas químicas. “Um estudioso? Um químico? Talvez alquimista pela época”, refletiu. Até que o garoto encontrou algo interessante dentro de um dos diários. Era um mapa, mas de fácil compreensão.

— “Novo Mundo” — leu em voz alta com atenção.

O mapa era simples: mostrava a Europa, com um enfoque especial na Inglaterra. Um trajeto de navios era exibido e iria até uma “mancha” denominada “Novo Mundo”. Abaixo do mapa, o garoto viu um símbolo esquisito, sendo ele semelhante a um número sete prolongado e, abaixo dele, dois zeros. “Certo, algum sentido está se formando. Então esse rapazinho do quadro deve ter algum envolvimento com a colonização das américas. E certamente encontrou alguma coisa muito importante aqui em Roanoke para ter toda essa base de informações. E mais: devia esconder isso de muita gente com medo do que poderia sair dessas informações. Por isso toda essa criptografia. Mas ainda deve existir algo que eu possa entender imediatamente”, pensou enquanto continuava sua busca incessante. Até que finalmente se deparou com um diário compreensível.

— Zero criptografia? — Disse com estranheza enquanto folheava e compreendia as palavras lidas. — Vai servir. Mas vocês todos vão me esperar.

Despediu-se dos livros e mapas deixados para trás e saiu da câmara secreta. Carregava consigo o diário livre de criptografia. “David, o jornalista sempre produtivo”, vangloriou-se quando fechou a câmara secreta e retornou à sua cama para devorar sua nova aquisição literária.


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Notas finais do capítulo

Obviamente David é um exemplo de leitor.

Muito obrigado por ter lido mais este capítulo ♥

O que achou e quais suas previsões para a história?

Ah, uma coisa importante: o homem do quadro existiu. Vou postar mais informações sobre ele (e o próprio quadro em si) nos capítulo seguintes. Não quero entregar possíveis spoilers. Mas os links para consulta já estão guardados para os mais curiosos :)

Até o próximo o/



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