“Eu quis o perigo e até sangrei sozinho.
Entenda - assim pude trazer você de volta prá mim,
Quando descobri que é sempre só você
Que me entende do inicio ao fim
E é só você que tem a cura pro meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.”  - Índios: Legião Urbana.

- Rose, nós precisamos conversar filha. Você não pode ficar assim. – minha mãe dizia da porta de meu quarto.

Meu nome é Rosalie Líllian Hale, tenho 17 anos. Sou filha da John Hale e Mary Evolet Hale. Meus irmãos são Lucky e Marco. Moro em Nova York. Agora vou contar pra você o que realmente está acontecendo comigo.

Quando eu tinha 3 anos, um garoto da mesma idade veio brincar comigo no parquinho do prédio onde eu morava. Desde esse dia eu e esse garoto nunca mais nos desgrudamos. Seu nome é –ou era- Emmett, ele tem –ou tinha- 17 anos. Emmett crescera junto comigo e sempre fora meu melhor amigo. Se me perguntassem sobre ele eu saberia responder que seus olhos eram azuis como o céu, que seus cabelos negros e cacheados pendiam em pequenos cachos sobre sua testa, que seu nome inteiro era Emmett McCarty Cullen, que ele tinha 17 anos e nove meses, que ele era o capitão do time de futebol da escola, que sua cor favorita era verde. E se me perguntassem se eu o amava... Eu mentiria.

Todos os melhores momentos da minha vida, eu tinha vivido junto de Emmett. Meu primeiro machucado havia sido brincando com ele, meu primeiro ano de escolinha, a primeira vez que eu me lambuzara inteira comendo chocolate, a primeira vez que eu fora ao parque de diversões, a primeira vez que eu dormira fora de casa e passara a noite toda chorando porque queria minha mãe, a primeira vez que eu fora á um acampamento, a primeira vez que eu quebrara alguma parte de meu corpo havia sido jogando bola com ele, a primeira vez que eu fora ao cinema, a primeira vez que eu ganhara um beijo na boca de algum menino... Enfim, ele fazia parte de toda a minha história. O que acontece é que ele está morto. Sim, morto. Ele morreu de leucemia há exatamente 24 dias, 12 horas e 39 minutos.

Desde que isso aconteceu, eu não saio mais do meu quarto. Não tenho mais vontade de fazer nada, nem de comer... Muito menos de sair. A única coisa que permanece em minha mente é Emmett. Emmett e todas as suas lembranças boas. Todos os seus sorrisos, todos os seus olhares, todos os seus carinhos, todos os seus beijos. Tudo o que eu queria de volta. Eu queria sentir seu olhar á me observar da forma apaixonada como só ele fazia. Queria sentir seus braços quentes e protetores em volta de mim. Queria sentir seu sorriso que tocava no fundo da minha alma. Queria sentir seu corpo musculoso colado ao meu. Queria sentir o gosto doce de seu beijo. Queria sentir o toque gentil de suas mãos a me acariciar. Queria sentir o som de sua voz grave dizendo que me ama. Ah, eu ainda o desejava tanto.

- Rose, abre a porta filha. – minha mãe pedia em mais uma de suas tentativas diárias de me tirar do quarto.

- Não mãe, eu não quero abrir. – respondi forçando muito minha voz para sair.

- Filha, se você não comer alguma coisa vai acabar morrendo. Já faz dias que você não come. Aliás, dias não, semanas.

“Você vai acabar morrendo.” – isso soava perfeitamente bem em minha cabeça. Para dizer bem a verdade, isso era exatamente o que eu queria: morrer.

Ignorei minha mãe que ainda dizia coisas nas quais eu não prestava atenção alguma, levantei de minha cama com muito esforço e peguei minha caixinha de cartas que eu havia guardado em baixo da cama. A maioria das cartas guardadas lá era de Emmett. Peguei uma delas, abri com cuidado e li:

“Rose,

Ah, minha Rose.

Eu te amo muito meu amor. Mais que tudo e todos. Porque você é tudo pra mim, meu inicio, meio e fim. E cada dia que passa, a cada sorriso seu que eu vejo, eu te amo mais e mais.

E eu sei que esse amor vai durar pra sempre... Nem a morte vai conseguir nos separar.

Quero que você sempre lembre que eu te amo; você foi a única garota que tocou meu coração... Foi a única que eu amei. Minha eterna namoradinha.

Eu poderia ficar aqui horas escrevendo tudo o que eu sinto por você, mas tudo se resume á uma única frase: Eu te amo Rosalie Líllian Hale. Mais do que minha própria vida.

                                                    Com amor,

                                                                          Emmett McCarty Cullen.”

Depois que terminei de ler a carta, eu a dobrei de novo e guardei na caixinha. Limpei as lágrimas que escorriam por meu rosto, segurei a caixa junto de mim e deitei novamente na cama.

Toda vez que eu lia alguma carta era como se eu ouvisse a voz dele me dizendo todas aquelas palavras. Abri novamente a caixa e achei várias tulipas vermelhas já secas dentro dela. Sorri ao lembrar que todos os dias Emmett me mandava uma única tulipa vermelha. Ele sempre me dizia que os homens de séculos atrás mandavam tulipas vermelhas ás mulheres jurando amor eterno á elas. Ele me dizia que fazia isso para provar que seu amor por mim seria eterno.

Peguei uma tulipa e segurei apertado contra o lado esquerdo de meu peito. Antigamente eu diria que estava segurando a flor junto de meu coração, mas hoje não, não porque eu não tinha mais coração... Emmett tinha o levado embora junto dele.

E mesmo sem meu coração, eu sabia que continuaria amando Emmett, pra sempre.