Nem esperei a Cabeça-Quente acabar de falar, apenas corri em direção ao Salão, seguido pela Heather e a Cabeça.

Conforme fui me aproximando, ouvia mais gritos e rugidos de dragões. Assim que abri as portas e entrei, me deparei com fogo queimando o outro lado do Salão, dragões voando desgovernados e vikings desesperados.

Astrid percebe minha presença, e vem correndo em minha direção, atravessando o caos.

—Soluço! Você está bem?

—Sim, mas...

—Olha, até onde eu sei, os dragões simplesmente perderam o controle e começaram a cuspir fogo pra todo lado!

—E o resto dos dragões? Estão bem?

—Sim, os que estão no celeiro estão bem. O que fazemos?

—Tira as pessoas daqui, deixem os dragões comigo. Peça pro Bocão apagar o fogo, vou chamar o Banguela.

Astrid concorda com a cabeça e começa a realizar sua tarefa. Vou para o lado de fora, fazendo o Grito de Dragão. Alguns segundos depois, Banguela aparece. Monto nele, e entramos.

—Hora de arrumar essa bagunça, amigão.

Banguela ruge alto, chamando a atenção de todos os dragões que estavam dentro do Salão. Depois de um momento, algumas partes do seu corpo começam a ficar azul, como aconteceu na Segunda Guerra Dos Dragões. Banguela ruge novamente, mais alto que antes. Todos os dragões se curvam, como reverência.

—Obrigado, amigão.

Desço do Banguela, analisando os dragões. Não possuíam nenhum tipo de ferimento e não estavam sendo controlados por ninguém além do Banguela.

—E aí, chefe? – ouço. Me viro em direção à voz, e encontro o Cabeça-Dura e o Melequento, seguidos pela Astrid.

—Onde vocês estavam?!

—Como assim onde a gente estava? – falou o Melequento. - A gente foi naquelas expedições que você mandou a gente ir. – eles passam os olhos pelo Salão, e ficam boquiabertos. – O que aconteceu aqui?

—Algum sinal do porquê dos dragões terem feito isso? – pergunto à Astrid, ignorando o Melequento e o Cabeça.

—Não. – respondeu. – Mas, sabe o que eu estava pensando?

—Espere! – gritou Cabeça-Dura. – Deixe-me adivinhar... Um carneiro assado!

—Não! – disse Astrid. – Quem que nós conhecemos que pode controlar os dragões e que nos odeia?

—Um carneiro assado! – gritou, novamente, o Cabeça-Dura.

—Mas o Viggo desapareceu. Não há sinais dele em lugar nenhum. Se ele chegasse perto do arquipélago com o Terremoto Psicótico, nós saberíamos. – digo, ignorando, mais uma vez, o Cabeça.

—E se não tiver sido o Viggo? E se apenas o dragão nos atacou?

—Mas não tem sentido. Ele era controlado pelo Viggo.

—Sim, eu sei. Mas, e se for apenas o Terremoto Psicótico? E se ele quiser vingança por fazermos seu cavaleiro desaparecer? Não teremos como lutar.

—Gente? Isso é normal? – perguntou Cabeça-Quente, apontando para uma marca de queimado na parede.

Cheguei mais perto. O queimado fazia a forma de uma cabeça de dragão. Mais especificamente, uma cabeça de Fúria-Da-Noite. E, por cima da marca, dois arranhões, formando um “x”.

Meu coração acelerou, e olhei para o Banguela, que estava brincando com a Tempestade.

—Soluço... – disse Astrid. – Quem vamos enfrentar não está de brincadeira. Não acha que está na hora de nos prepararmos? Caso haja outro ataque?

—Sim. – suspirei. – Cavaleiros, vamos nos reunir amanhã de manhã na arena. Precisamos treinar. Há outra guerra no caminho.