Alguns meses se passaram desde quando eu entrei na Sweet Amoris...

Tanta coisa já aconteceu até aqui... Conheci amigos incríveis, vivi aventuras inesquecíveis e momentos específicos que guardarei comigo para sempre.

Lembro-me como se fosse ontem, a minha chegada ao colégio mais agitado que já havia frequentado em minha vida. Tudo passou tão rápido, em um piscar de olhos eu já estava amiga de todos, algo que eu nunca pensei que iria acontecer... Rosalya, Iris, Kim... As meninas em geral (com exceção de Ambre, Li e Charlotte, e Debrah, que por sinal teve uma passagem marcante nesse período em que passei na Sweet Amoris. Não acredito que ela quase colocou todos os meus amigos contra mim!) ... E claro, não poderia me esquecer dos meninos! Ah... Os meninos! xD

Num primeiro momento, confesso ter ficado hesitante em fazer amizades com alguns, na verdade, eu diria, especificamente com Castiel. No começo ele era tão anti-social e na dele. Mas por sorte, ele foi se abrindo com o decorrer dos meses e quando menos percebi já éramos amigos, fico feliz por não termos parado por aí. Estamos namorando! Simmmmm! Não consigo nem acreditar que evoluímos tanto ao ponto de nos tornarmos namorados!

Hoje é o baile de formatura do colégio! Não acredito que passei no vestibular! As provas estavam tão complicadas, e os últimos acontecimentos só fizeram piorar a situação! O aparecimento repentino do Evan, irmão dos gêmeos e coincidentemente amigo do Kentin mudou completamente os meus planos. E isso sem dizer no comportamento extremamente irreconhecível do Kentin, por um instante achei que já não o reconhecia mais, que em algum momento o meu amigo de infância havia morrido sem que eu me desse conta, e deixado para nós uma personalidade totalmente controvérsia da sua habitual.

Enquanto me arrumo para o baile me vejo pensando na última conversa que tivemos, não consigo parar de pensar no que ele disse “Porque... Eu realmente não quero te perder”. Foi a primeira vez que o vi chorar depois dele ter voltado da academia militar. Ao final, todo aquele comportamento grotesco se devia ao fato do próprio querer provar para o Evan de que já consegue se defender sozinho e que não é nem a sombra do garotinho frágil que ele conheceu “E ainda hoje, eu sinto a necessidade de provar a ele que eu não sou mais esse garoto frágil que eu era quando nos conhecemos”. Mas enfim, tudo ao final acabou bem e realmente não quero pensar no que poderia ter acontecido se fosse ao contrário.

Desde o final das provas eu não consigo parar de pensar numa maneira de contar aos meus pais sobre o Castiel. Como pude demorar tanto? Eis que já chegamos ao último dia que porei os pés na Sweet Amoris e ainda não juntei coragem o suficiente para lhes falar. Mas de hoje, definitivamente não passar. Há um bom tempo Castiel vem me pressionando e talvez, esse seja o momento certo. Todos já estão sabendo que existe algo entre nós dois, e não demorará muito para que os rumores sobrepassem os muros do colégio. Não posso deixar de estar nervosa com isso. Qual será a reação do meu pai ao descobrir que a sua única filha está namorando com um rapaz com o perfil como o do Castiel? De fato, isso algum dia iria acontecer, mas seria bobagem minha não temer sua reação após o primeiro encontro entre os dois, que por sinal, não fora em uma condição muito favorável para que ele aceite tudo com tranquilidade.

Olhei para o espelho. Meu cabelo escuro caía sobre os ombros sem esforço, fazendo com que meus olhos castanho-escuros brilhassem. Minha pele era macia e sem marcas. Mas havia uma incômoda e preocupante ruga bem no meio da minha testa. Tomei fôlego e peguei meu curvex. Com o olho que não estava preso pelo o que Castiel chamava de aparelho medieval de tortura, notei um par de olhos dourados que acabara por conferir a movimentação do quarto, antes de adentrar no ambiente que ainda cheirava ao meu spray de cabelo com cheiro de frutas frescas. Era a minha mãe. Ela parecia animada com a ideia de sua única filha se formar e ir para o seu primeiro baile, me atrevo a dizer que um pouco ou muito mais animada do que eu.

Lucia: Você está linda, minha querida. Me faz lembrar eu quando tinha a sua idade... – Minha mãe se colocou atrás de mim. Ela passou as mãos nos meus ombros apertando-os levemente enquanto me observava terminar os últimos ajustes da minha maquiagem. Pude perceber a satisfação em cada poro do seu corpo. Essa história de baile realmente a deixa de ótimo humor. Isso me faz pensar se talvez esse seja um bom momento para tocar no assunto “Castiel”.

Madison: Tenho certeza que sim... – peguei fôlego enquanto guardava tudo o que havia utilizado em minha nécessaire. Tranquila Madison, tranquila... O que de pior pode acontecer não é mesmo? Ela dizer não? Sim, mas ok. Você vai sobreviver a isso... Certo? Ou não. 4...3...2...1... Respira... Vai dar tudo certo... Você é...

Lucia: Algum problema, Maddie? – Minha sessão preparatória foi interrompida por minha mãe que me olhava pelo espelho com as sobrancelhas suspensas. Antes de responder a sua pergunta pude notar a expressão em meu rosto que com certeza fora o motivo pelo qual seu sorriso havia desaparecido dos lábios. Eu estava soando de maneira incontrolável.

Madison: Sim, sim. É só que... – Eu tirei de dentro de uma das gavetas da minha cômoda um pacote de lenços Crystal, utilizando um deles para enxugar o meu rosto de maneira suave dando leve batidinhas. – Mãe, o que você acha do Castiel? – Pronto. Não poderia ser mais direta do que isso. Dias tentando achar a melhor maneira de contar sobre o meu relacionamento com Castiel e assim, no momento em que finalmente arrumo coragem para dizer, eu simplesmente acabo tomando os pés pelas mãos. Que novidade...

Lucia: Castiel? O rapaz que eu e seu pais vimos você conversar na frente de casa outro dia? O que tem ele? – Ela me pareceu confusa, porém a sua expressão durou pouco tempo dando lugar para um olhar desprendido. – Ahh. Já entendi onde você quer chegar, mocinha. – Espera, eu vi um pequeno sorriso brotar no canto dos seus lábios?

Eu soltei o ar mais calma.

Madison: Isso quer dizer que...?

Lucia: Isso quer dizer que você terá que ter uma conversa com o seu pai, mocinha. – Ela passou as pontas dos dedos nos meus cachos modelados perfeitamente pelo baby liss. Mas uma vez na noite a vi admirando o resultado do seu feito. Realmente ficaram muito bons.

Madison: Você acha que ele aceitaria? Quero dizer... Você sabe... O Castiel como genro? – Disse a última palavra em um sussurro que nem eu mesma entendi direito o que havia dito. A última coisa que quero agora é que o meu pai pegue a nossa conversa por alto. Ela atravessou a minha visão e sem nenhuma cerimônia sentou-se em minha cama.

Lucia: A única coisa que eu e seu pai queremos é que você seja feliz, minha querida. Não se preocupe. Aliás... – Ela bateu sucessivamente com a ponta do indicador no seu relógio de pulso. – O “baile” espera por você... – Pôs ênfase na palavra enquanto dava-me pressa.

Madison: Mas e quanto ao papai? Não vou poder falar com ele sobre Castiel? – Levantei de maneira preguiçosa da cadeira em frente à minha penteadeira.

Lucia: Você terá muito tempo para falar com ele... Mas depois. Nada pode estregar a sua noite. – Ela vestiu os lábios com um largo sorriso enquanto insistentemente colocava e tirava um fio de cabelo atrás de uma das minhas orelhas procurando o melhor lugar para ele.

Madison: Você tem razão! – Sorri dando um fim ao seu breve conflito pondo o fio atrás da minha orelha.

Minha mãe me ajudou a colocar o meu vestido. Enquanto ela procurava a minha bolsa dentro do meu guarda-roupas, eu analisava o resultado de quase 2 horas de trabalho duro no espelho.

Meu vestido de melindrosa bordado de lantejoulas num tom suave de cor-de-rosa somavam-se á longas luvas brancas e uma sandália prateada de tiras e salto baixo. Minha mãe tinha gastado uma hora encaracolando meu cabelo escuro em cachos que pendiam alguns centímetros abaixo dos meus ombros. Todas as meninas no baile provavelmente tinham optado por um penteado cheio de laquê, mas Castiel queria poder passar os dedos pelo meu cabelo comprido. E eu me sentia mais segura com meu cabelo solto. As ondas grossas de cabelo castanho emolduravam meu rosto levemente maquiado, e a única indulgência mais chamativa que eu havia me permitido para a festa eram cílios postiços.

Lucia: Aqui está! – Ela apareceu ao meu lado me estendendo a bolsa/carteira/suficientemente grande para guardar alguns pacotes de Juicy Fruits e um batom para retocar os lábios cada vez que for necessário, um pouco mais clara que o meu vestido. Ela percebeu que eu me observava atenta ao espelho sem prestar muita atenção ao que ela dizia. – Você está maravilhosa, não se preocupe... – Ela abriu gentilmente as minhas mãos me entregando a bolsa sem tirar os olhos do espelho. Eu sorri em agradecimento e soltei o ar tirando finalmente os olhos do espelho, voltando-os para o meu celular.

Madison: Acho que essa é a minha deixa. – Após analisar o horário no visor do celular, eu o enfiei dentro da minha bolsa e me despedi dos meus pais antes de sair de casa. 

Fui para o ponto de ônibus próximo ao apê e enquanto me amaldiçoava por não ter pego um casaco para me esquentar do frio fui surpreendida por um Tahoe preto que parou em minha frente. Meu coração parou por alguns milésimos de segundo. As janelas do carro eram tão escuras que me impediam de analisar quem estava a bordo. Dei um passo para trás apertando com força a minha bolsa. Logo em seguida, um rosto familiar desceu do carro e se colocou em minha frente. Era Castiel. Eu soltei o ar aliviada.

Castiel: Vai a algum lugar, garotinha? – Castiel colocou as mãos em volta da minha cintura me puxando contra o seu corpo, enquanto me dava um beijo apaixonado. Meu coração batia tão forte quanto há alguns segundos atrás. Castiel me deixa sem chão quando me beija desta maneira. Eu perco o ar quase que inconscientemente e tenho a impressão de que o tempo congela. Esses momentos são apenas nossos, e nada mais importa.

Quando percebo que o nosso beijo está demorando mais do que o previsto e de que ali não era o melhor lugar para dá-lo, visto que estamos a poucas quadras do meu prédio, eu hesito.

Madison: Espere. Deixe-me ver como você está! – Eu dei uma risada fraca enquanto me soltava dos seus braços.

Castiel: Isso não é mais de uma das suas desculpas para que seus pais não nos vejam... Ou é? – Ele arqueou uma das sobrancelhas com um olhar sério.

Claro que isso não deixa de ser verdade, afinal, não podemos estragar tudo agora que falta tão pouco... Mas Castiel não precisa saber disso, ele anda estressado demais com esse assunto e não quero perturbá-lo justo na noite mais importante das nossas vidas.

Madison: É evidente que não! – Fiz beicinho tentando fazê-lo acreditar no que acabara de dizer. Nem eu mesma acreditei no que disse, o que me deixa nervosa em saber se ele irá acabar cedendo ou não. – Agora deixe-me ver como você está! – Insisti mais uma vez na tentativa de mudarmos de assunto.

Castiel estava muito diferente do que os meus olhos já estavam acostumados a ver, com uma camisa social branca e um colete aberto de cor preta sobreposto a camisa que tinha as mangas suspensas deixando aparente seus bíceps perfeitamente em forma. Uma calça social preta e calçado nos pés um clássico Oxford também preto. Suas madeixas de coloração ruiva, pendiam soltas como de costume, aliás, estavam um pouco menos bagunçados, e tinham aspecto úmido, como se estivessem sido acabados de levar, isso talvez explique o aroma de shampoo sabor laranja que senti tomarem conta de minhas narinas após a leve brisa que acabara de passar por nós.

Castiel: Eu sei que se depender de você, você ficaria me admirando durante mais algumas horas, mas acho que devemos ir. – Ele me puxou novamente para a realidade. É verdade que poderia fica-lo admirando por mais algum tempo, mas ele tem razão, precisamos ir logo.

Madison: Você me conhece tão bem... – revirei os olhos, retribuindo o seu sorriso irônico com um sorriso de canto. Me virei para abrir a porta do carro.

Castiel: Posso? – Ele colocou gentilmente uma das suas mãos sobre a minha para poder destravar a porta para mim. Ao sentir o contato das suas mãos eu senti um arrepio percorrer por todo o corpo. – Você está com frio? – Ele fez uma leve pressão no meu ombro, carinhosamente. Assenti com um pequeno sorriso. – Venha, entre, tenho uma jaqueta dentro do carro. – Ele encostou os seus lábios nos meus rapidamente e me ajudou a entrar no carro logo em seguida.

Há caminho da Sweet Amoris, Castiel e eu fazíamos uma retrospectiva do nosso ano. Foi engraçado tocar em alguns assuntos, a corrida de orientação, por exemplo, no momento, não foi nenhum pouco confortável, mas agora, vendo o que passamos quando ficamos perdidos, longe da vista de todos, percebemos o quanto foi divertido e um tanto quanto proveitoso! xD

Madison: Mas me diga, quanto tempo você acha que esse novo Castiel, preocupado e gentil irá durar? – Eu tentei descontrair o clima após ter, por mero descuido e estupidez extrema, tocado no nome de Debrah e na sua chegada inesperada a Sweet Amoris.

Castiel: Hahaha... Quer dizer que eu não posso tentar agradar a minha garotinha? – Ele parou o carro após o sinal fechar enquanto observava atentamente o trânsito pelo vidro do carro impecavelmente limpo. Ótimo, ele não parecia ter ficado abalado com o meu comentário.

Madison: Claro que sim, e por favor, não pare. Eu só acho que se você fosse assim desde o começo, tudo seria bem mais fácil. – Eu virei um pouco o meu corpo em sua direção procurando uma posição mais confortável para que continuasse a observa-lo atentamente.

Castiel: É um elogio? – Ele me olhou de canto e quando percebeu que eu o observava, virou o seu rosto em minha direção. Ajeitou com uma das mãos a jaqueta que me emprestara e caía sobre os meus ombros. Olhou mais uma vez para o movimento lá fora antes de se virar para mim novamente. Castiel se inclinou para sussurrar algo em meu ouvido. - Quanto mais eu penso, mais eu acho que é uma péssima ideia perdermos o nosso tempo indo nessa festinha de araque. — Castiel sussurrou percorrendo suas mãos em minha coxa, enquanto seus lábios tocavam levemente o meu pescoço.

Madison: E o que você tem em mente, senhor Castiel?— Respondi também em um sussurro e com as minhas mãos acariciei o seu rosto levando-o em frente ao meu para poder olhar dentro dos seus olhos escuros.

Castiel: Não me provoque muito, garotinha... - Antes que eu pudesse fazer alguma coisa, ele colocou os lábios sobre os meus me tomando em um beijo apaixonado.  Meu coração começou a bater forte conforme o nosso beijo fora ficando cada vez mais intenso.

Madison: C-Castiel! O sinal já abriu. – Nos afastamos para pegar o fôlego quando ouvimos buzinas de carro soarem atrás de nós.

Castiel: Ainda não terminei com você! – Ele sorriu de maneira sexy e voltou suas mãos para o volante arrancando com o carro. Dei uma risada fraca enquanto puxava a barra do meu vestido para baixo. Abri a minha bolsa e pelo retrovisor do carro retoquei mais uma camada do meu “mattíssimo”, Mary Kay.

O caminho até a Sweet Amoris foi tranquilo. Em algumas paradas em frente ao sinal, trocamos breves olhares carregados de desejo. Estar tão próxima de Castiel só me faz pensar na aula que tivemos com a professora Delanay, pouco tempo atrás...

Algum tempo depois....

Diretora Shermansky: Alô? Som, som, som... Ah, agora sim.  

A diretora batia com a ponta dos dedos no topo do microfone tentando chamar a atenção de todos para ela que se posicionava em cima do palco principal. Os meninos haviam acabado de tocar, e alguns ainda cantarolavam o refrão da música que contagiou a todos. Castiel desceu do palco e veio em direção a mim e as meninas que aproveitávamos o show um pouco distantes do aglomerado de alunos que havia se formado para poder aproveitar ao máximo do som.

Castiel se posicionou ao meu lado, envolvendo os braços em minha cintura.

Pude notar um sorriso malicioso se formar nos lábios de Rosalya ao nos ver juntos. Ela parecia tão contente quanto eu por toda a história de namoro escondido ter acabado bem. Enquanto todos os alunos prestavam atenção no discurso da diretora Shermansky sobre a organização do baile e os gastos que ela fizera questão em mencionar que a escola teve para proporcionar o melhor encerramento de todos os anos, eu resolvi dar a Castiel os devidos méritos pelo show incrível que ele e os rapazes estavam dando.

Madison: *murmura* Vocês foram incríveis! – Disse me virando para encará-lo.

Ele olhou surpreso, talvez não esperasse por um elogio em pleno pronunciamento “do nosso interesse” que a diretora fazia pondo ênfase a cada palavra.

Castiel sorriu de canto.

Castiel: *murmura* Não sei qual o motivo da surpresa. – Ele respondeu em um sussurro. – Agora, venha cá. Quero te dar uma coisa! – Castiel me puxou pela mão para um lugar mais afastado, fomos para algumas árvores posicionadas um pouco atrás do pátio, onde acontecia o pronunciamento da senhora Shermansky.

Madison: E o que é? Estou curiosa! – Estendi minhas mãos em formato de concha como se Castiel estivesse distribuindo ouro.

Castiel: Feche os olhos! – Disse em um tom autoritário e atraente.

Imediatamente respondi ao seu quase que decreto. Fechei os meus olhos enquanto milhares de possibilidades de presentes pairavam por minha cabeça. É um pouco angustiante esperar um presente vindo de Castiel, ele costuma ser tão imprevisível. Ao mesmo tempo em que o imagino fazer algo extremamente romântico, descarto completamente a possibilidade, por conhecer a fundo sua personalidade desprendida. Me vi algumas vezes abrindo discretamente os olhos para espiar a movimentação, mas logo Castiel percebia o meu pequeno ato de trapaça e me repreendia. Qualquer dia desses acabarei sem um namorado por conta da minha curiosidade excessiva xD

Castiel: Pode abrir. – Castiel disse. Abri os olhos no mesmo instante.

Madison: Castiel? O que é... – Cambaleei em minhas palavras enquanto observava Castiel me estender uma caixinha vermelha.

Continua...