Tarja Preta escrita por Maya


Capítulo 34
Maldito Destino.




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Edgar estava entediado com o conteúdo da programação da televisão e nem mesmo os interessantes canais adultos conseguiam prender sua atenção. Seu coração estava apertado e por duas vezes tomou remédio para gases, mas nada aconteceu, continuava sentindo um peso violento no coração e a certeza de que algo ruim aconteceria em breve.

Não sabia dizer se era por conta do silencio que a casa estava ou se era nervosismo pelo casório. Ele queria sair para beber, mas não queria que Ana se irritasse. Ele até pensou em ir para alguma festa, mas sabia que iria brigar com a noiva do mesmo jeito.

Sem saber porquê, Edgar saiu de casa com o coração na mão, sentindo um mau pressagio. Pegou a chave do carro do pai sabendo que Edson certamente o mataria, mas não ligou para isso. Tentou ligar diversas vezes para Daniel enquanto dirigia, queria sair para aproveitar a noite com o amigo, mas este não atendeu nenhuma de suas ligações. “Será que ele esqueceu o celular na geladeira de novo?”, Ed pensou suspirando e acelerando mais ainda.

Quando chegou à frente da mansão dos Vasconcelos, estacionou o carro e bateu na porta da casa, porém ninguém atendeu. Tentando enxergar pelas janelas, observou que tudo estava no seu devido lugar, a não ser por Tripé. O cãozinho corria de um lado para o outro, uivando e latindo sem parar.

 Assustado, Edgar começou a forçar as janelas, entretanto, estas estavam trancadas, o que o fez imitar Daniel e tentar escalar a casa do amigo até chegar na janela do seu quarto que, por sorte, estava aberta.

— Droga! – rosnou Edgar ao pisar no cocô de Tripé. – Pulguento porco! – ele tirou os sapatos e desceu correndo até a sala, mas o cachorro já não estava mais lá. Nesse mesmo momento, ouviu um latido horroroso como se alguém tivesse obrigado o pobre animal a tomar litros e litros de laxante que estavam fazendo efeito. – Tripé?! Cadê você? – o cão apareceu correndo com suas três pernas e começou a chorar. – O que foi rapaz? – o bichinho correu novamente até a porta dos fundos e começou a arranhá-la freneticamente. Ed o seguiu e abriu a porta para o cachorro passar.

Tripé correu até a piscina e pulou, fazendo Edgar se irritar. “Esse animal fez esse escândalo todo só porque estava com calor?! Tinha de ser um pulguento porquinho!”, pensou rabugento.

— Vamos Tripé! – chamou ele quando o cãozinho voltou à superfície. – Saia já daí antes que pegue um resfriado! – mas o cachorro mergulhou novamente. Edgar suspirou e foi até a piscina buscar o cachorrinho. – SANTA MÃE DE DEUS! – gritou ao perceber que tinha alguma coisa no fundo da piscina. Tripé apareceu novamente fazendo Edgar o tirar da água. – Não pode ser... – Edgar pulou na piscina e nadou até o fundo.

Não se sentiu surpreso quando viu o rosto de Daniel completamente pálido nas profundezas da água. Tentou puxar o amigo, mas algo o estava atrapalhando. Ao olhar para baixo, Edgar pode ver que o corpo de Daniel estava amarrado a uma pedra enorme. Sem saber o que fazer, Ed tentou roer as cordas com o dente, desistiu e correu até a cozinha em busca de uma faca. Pulou de novo na piscina e começou a cortar a corda, depois segurou Daniel e nadou com toda a sua força para cima, jogando o amigo no chão.

— Droga Daniel! – ele berrou sentindo as lagrimas começarem a rolar pelo seu rosto. Pensou em ligar para a emergência, mas tinha esquecido o celular no carro e não podia perder mais tempo. Lembrou-se que sua mãe é médica e que ensinou várias coisas para ele, então se aproximou de Daniel e constatou que o rapaz não estava respirando. – NÃO! NÃO! NÃO! – gritou checando o pulso do amigo. – Graças a Deus! – disse quando descobriu que o coração de Daniel ainda batia. Sem mais escolhas, Ed começou a fazer respiração boca a boca e massagem cardíaca no amigo. Por sorte, Daniel começou a cuspir toda a água que tinha em seus pulmões e abriu os olhos. – Estou aqui Dan... Estou aqui... Fica comigo, ok? – falou abraçando o rapaz.

— Ed... – ele começou com a voz embolada. – Não...

— Shi, não diz nada!

— Eu... Não...  – nesse mesmo momento, Daniel começou a tremer e a espumar pela boca. Edgar percebeu que ele estava tento uma convulsão então pegou a coleira de Tripé, objeto mais próximo, e amarrou a língua de Daniel para que ele não a mordesse.

— Eu vou te salvar! – disse ele desesperado carregando o amigo com muita dificuldade e correndo até o carro. O colocou deitado no banco de trás, depois sentou-se no bando do motorista e começou a dirigir aceleradamente. Sempre olhando para trás, Ed viu que Dan ainda estava tremendo e que vomitou o carro todo. 

 Para a sorte de ambos, o hospital era perto da casa de Daniel, então Ed acelerou mais ainda, fazendo com que o amigo caísse do banco. Edgar olhou para trás e tentou concertar-lo, no exato momento em que um motorista bêbado bateu de frente com o carro deles. O automóvel do bêbado perdeu a direção e saiu da pista. O carro deles, porém, capotou.

Ed ficou confuso, tudo foi muito rápido. Ele estava com o cinto de segurança, mesmo assim estava muito machucado. Olhou para o banco de trás, porém Daniel não estava mais lá. Sem o cinto de segurança, Dan foi arremessado para fora do carro e se encontrava sangrento na pista.

 - DANIEL!

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Gabriela estava aflita na sala de espera juntamente com os pais de ambos os garotos. Segundo as testemunhas, o acidente tinha sido muito feio, porém nenhum médico ou enfermeiro se dera o trabalho de vir falar com a família para explicar o ocorrido.

— Isso é tudo culpa do Daniel! – esbravejou Edson ressentido.

— O meu filho não estava dirigindo! – respondeu Sérgio chateado com a postura do homem. – A culpa foi do Edgar!

— Ninguém teve culpa alguma! – disse Jéssica. – Somente o destino! – Foi a primeira e única vez que Gabriela concordou com a mulher, mas a discussão entre os homens continuava calorosa.

— Moço, moço! – berrou Edney segurando o médico que passava pelo corredor. – O senhor pode nos dar noticias do Edgar Espínola e Daniel Vasconcelos?!

— Sinto muito... – disse o homem. – Mas não tenho nenhuma informação do senhor Vasconcelos. Quanto o senhor Espínola, ele está fora de risco, teve apenas algumas contusões e distensões pelo corpo, mas nada que chegue a preocupar... Provavelmente será liberado amanhã.

— Graças a Deus! – disse Jessica.

— E quanto ao meu filho?! – berrou Sérgio desesperado. – Como ele está?!

— Tudo que sei é que ele foi mais atingido, está muito ferido e seu estado se complicou por conta da tentativa de suicídio.

— Tentativa de suicídio? – perguntou Sérgio aflito.

— Sinto muito, parece que o rapaz tomou uma grande quantidade de remédios. É um milagre que ele tenha sobrevivido enquanto esperava socorro, alguém lá em cima deve gostar muito dele.

— Onde ele está?! – Ana Carolina chegou à emergência do hospital desesperada. – Como ele está?!

— Está bem! – disse Jéssica abraçando a nora. – Está terminando de fazer os exames... Mas segundo os médicos ele está pronto para outra!

— Graças a Deus! – disse a menina – E por que estão todos com essa cara?!

— O Daniel está sendo operado. – respondeu Edney. – Estamos esperando noticias.

— O que ele teve?! – perguntou a menina pálida – Ele vai ficar bem?!

— Ele é teimoso e forte. – respondeu Gabriela. – Ele vai ficar bem... Ele sempre fica.

— Com fé em Deus. – Ana murmurou começando a fazer uma oração.


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Notas finais do capítulo

Seria Daniel um garoto sortudo ou azarado? Aguardo as respostas de vocês!



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