Um tal Cavaleiro escrita por Sabonete


Capítulo 5
Que ironia


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos a mais um capítulo de Um tal Cavaleiro.
Ou episódio...

Que ironia é um texto diferente dos demais, mas muito importante por alguns motivos que vocês entenderão ao ler este e, nos próximos que virão.

Espero que se divirtam!
Bom carnaval seus bundas suja!



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Mexia na minha barba me forçando a levantar e ir raspa-la. Era um capitão e, a não ser o próprio babaca a ordenar, ninguém em Estherburg me faria corta-la que não eu mesmo.

Pois bem, mais uma manhã com os pelos faciais me acompanhando.

Estava frio, a neve e os ventos castigaram toda a cidade durante a noite. Meu manto de peles tinha um cheiro bom, desde o acontecimento na taverna. O ruim era ver a certeza nos olhos de todos sobre algo que nunca aconteceu. Mas que eu gostaria que tivesse acontecido.

Devaneios de um homem solteiro, talvez.

Levava debaixo de um dos braços o meu capacete, desde os acontecimentos em Turd, nunca mais o deixei para trás. Pharvra é uma mulher sábia.

A própria me aguardava com dois cavalos, um todo negro, belíssimo, seu alazão, que jamais conheci o nome e o meu Peruquito, um animal um pouco velho, mas que me acompanhava desde meus primeiros dias nas forças militares.

Minha tenente tinha classe até quando cavalgava, sempre ereta, com o olhar firme, como uma verdadeira guerreira. Eu deveria estar a sua frente, mas nunca gostei disso, preferia estar ao seu lado. Ajudava a espiá-la em todo seu esplendor a cavalgar.

Íamos para uma vila próxima, mas pouco visitada por sua localização peculiar, as margens de um pântano carinhosamente chamado de Rugoso. Brum era o nome do lugar; mal cheiroso, feio, e com um ar de abandonado, possuía um povo acolhedor e bem humorado, poucas vezes vistos por mim em outros lugares.

Havia um problema e decidi ir pessoalmente par resolve-lo. Afinal, do que adianta ser um capitão se não posso escolher minhas próprias batalhas?

Pharvra estava comigo, como um plano B. Mas no fundo, eu sabia que talvez eu fosse o seu plano B.

O prefeito nos aguardava com olhos esperançosos. Estava de pé ao lado da estátua da deidade das Florestas, a padroeira da local. Ao nos ver se apressou em nos abordar.

"Sejam bem vindos" - Ele dizia. "Por Orthora, sejam bem vindos!" - Ele nos cercou, e nossos cavalos quase se assustaram.

A tenente logo indagou sobre como poderíamos ajuda-lo e a todos ali. Enquanto eu observava o lugar, e era observado por todos que estavam pela praça. Roupas sujas, sorrisos largos.

O burgomestre nos pede para segui-lo até sua residência, um palacete bem construído, cercado de flores de diversas cores. Sentia-me em um conto de fadas, mas sequer me lembrava de algum por completo.

Cheiro de comida quentinha.

Pharvra também fica encantada assim como eu fico. Ela tem bom gosto. O prefeito e sua mestre cozinheira também.

Guisado de pato, batatas, molhos, vinho da melhor qualidade. Um banquete.

Não quero mais voltar para Estherburg e, se não me falha o olhar, minha tenente também pensa a mesma coisa a julgar por seus olhos brilhantes.

Comemos com educação, mas meu instinto de soldado esfomeado a todo o momento me lembra de que é sempre possível por mais um pedaço de pato na boca.

O líder local fala que eles têm um problema. Um dos problemas graves que exigem muita atenção. Nós prestamos atenção, ou fingimos até ouvir a segunda parte do discurso.

Uma bruxa.

Pharvra para de mastigar, enquanto eu apenas arregalo meus olhos. A comida está ali para ser comida, afinal de contas.

Ele nota nosso susto e explica melhor a situação. Encontraram restos de seus rituais, sons estranhos são ouvidos a noite, e os Homens Rato são visto rondando Brum.

Cerro meu cenho. Eu sei onde aquela conversa vai chegar. Em morte. E se não chegou ainda, logo chegará.

Mordo o último pedaço de pato, com molho branco, e a grande batata. Levanto-me. A tenente entende meu gesto pouco sutil, e termina seu prato.

Encaro o prefeito e ele faz o mesmo. É um homem de meia idade, de cabelos grisalhos, meia altura, como eu mesmo, olhos claros, cansados pelo tempo, que transmitem a gravidade da situação. Atrás, tentando se esconder da minha, ou da visão de Pharvra, a mestra cozinheira nos espia por uma fresta da porta entre aberta.

Talvez eu devesse ter vindo com mais homens. Acabava de me questionar se não havia escolhido a batalha errada para enfrentar sozinho.

Ela, do meu lado, não transmite nenhum tipo de julgamento, apenas espera minhas ordens. É um soldado que eu jamais serei. Mas naquela instante, por um segundo, me pergunto o que se passa em sua mente, blindada por sua face impassível.

Assuntos para outro momento.

"Você tem algum guia?" - Pergunto ao prefeito, que acena com a cabeça em concordância. Um pelotão de dez soldados nos aguarda do lado de fora de seu palácio. Ele nós pede que traguemos todos em segurança. Eu garanto que eles voltarão.

Mas logo eu, garantindo a vida de outros soldados? Que ironia.


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Notas finais do capítulo

Estava vendo Ricky & Morty e agora estou com vontade de colocar aliens, explosões e armas de prótons na história.

Aprovado?
Aprovado!

No próximo episódio... Dancan vai ao espaço! E terá um neto....



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