Quantas dúvidas escrita por DiHen Gomes


Capítulo 8
8 - Valéria




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Graças a Deus os enjoos praticamente acabaram. Karla me ajudou muito com os remédios que trouxe. Mesmo assim esse desconforto é enorme. E minha situação está cada vez mais apertada; está ficando tudo apertado, inclusive aqui, o peito e até a barriga. Estou ficando toda inchada por causa do bebê. Parece que a cada dia estou mais cansada. Fazer o serviço de casa está pesado, e o pouco tempo que tenho depois do trabalho só quero ficar na frente da televisão me enchendo de macarrão com leite.

E hoje, domingo, é o dia todo nessa.

Recebo um áudio assim que acabo de me jogar no sofá.

Você (10h52): Oi, meu amorzinho, gato lindo, você pode me dar uma mãozinha? É que, sabe, só tem água na minha gela…

Opa, áudio errado. Essa é a mensagem que eu mandei. Rio dela. Rio de mim. Gato lindo, aquele magrelo dos cabelos de microfone? Jamais.

Mô (15h31): Val, vê se me esquece. Já não te falei que tô em outra, tá? Se liga, pô. Pede grana pra tua mãe, mulher. Ah!

É um desgraçado mesmo esse… nem vou mencionar o nome dessa criatura. No começo era amorzinho, kawaii, gatinha… Depois que conseguiu o que queria, me usou, me jogou fora como um lenço usado. Um lenço cuja sujeira, como uma cola, grudou nos dedos da pessoa que usou e não quer sair mais. Um lenço idiota. Como ele. Se ele fosse um por cento do homem que era o Felipe, seria totalmente diferente.

Mas não consigo parar de pensar naquele idiota.

Você (15h33): Escuta aqui, Elton… (áudio cancelado)

Quem bate palmas essa hora da tarde de domingo? Vou até a porta e abro-a. Um centésimo de segundo antes de perceber quem é, me lembro de qual é o único grupo que bate de porta em porta domingo a tarde. Agora já foi, já me viram aqui. Minha vontade é bater a porta e fingir que nem vi. Mas, pelo menos, educada eu sou. Um pouco.

— Valéria! — diz a obreira Bia. Conheço-a faz tempo. — Quanto tempo! Como você tá?

— Tô ótima, Bia. Olha — miro os olhos para baixo, e a Bia os acompanha. — Ele tá começando a treinar pra ser jogador de futebol já!

Bia mexe o braço para frente e volta para o lado do corpo rapidamente, como se quisesse tocar no bebê e desistisse no meio do caminho. Que menina tonta! Já não gosta de tocar em homem, e nem mulher, nem ninguém? Esse povo de igreja é tão antissocial, credo!

— Bem, mas você sabe porque estou aqui, certo?

— Sim, imagino — respondo com a expressão mais doce possível.

— Nós estamos com saudade de você. Vem sábado com a gente, Val.

— Ah, não sei, Bia. Tenho tanta coisa pra fazer sábado. Cuidar da casa não é fácil.

Como ela saberá disso, morando ainda com os pais nessa idade? Pelo menos ela não é tão chata, pois pensa um pouco olhando para minha barriga.

— Imagino. Mas fique à vontade. O convite tá feito. Se você for, vou gostar muito, amiga.

— Tá, vou tentar ir, Bia. Obrigada, tchau.

Ah, tá! Fecho a porta e jogo o convite de qualquer jeito na mesa, tanto que ele cai debaixo dela, mas não tenho tempo para limpar a cozinha agora. Daqui a pouco começa o jogo de futebol e preciso deixar a pipoca preparada.


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