Quantas dúvidas escrita por DiHen Gomes


Capítulo 51
51 - Bruno




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Por quê estou chorando tanto? Ela está num lugar bem melhor agora. Eu deveria estar feliz. Mas não. Só choro, ao lado do caixão, rodeado de parentes e alguns amigos da família que chegam com o tempo. Também alguns colegas da escola, principalmente a Dani, que tenta puxar conversa comigo. Não me importo com eles. Só minha mãe está aqui para mim. Posso vê-la, e nesse olhar não correspondido lembro de tudo que ela fez por mim. As vezes em que me defendeu na escola; as lições que me fez aprender sobre a vida neste mundo; a força para separar os ambientes onde posso mostrar e onde devo ocultar minha fé; perseverar em seguir um sonho, pois uma carreira bem-sucedida dá trabalho… Tudo que norteia minha vida lembra minha mãe. Não me sinto pronto para carregar essa memória todo dia, muito menos para viver sem ela.

Você (18h17): Galera…

Apago a mensagem antes de enviá-la. Não é preciso. Chegam alguns jovens na capela, e um a um me abraçam, exceto Meck, que apenas aperta minha mão. A obreira e o Felipe ficam do meu lado em pé, com palavras de conforto que não entram em mim, e ainda assim sorrio para eles.

Amo meus amigos da FJ, mas nenhum é mais importante para mim do que minha mãe. A pessoa que me incentivou desde que nasci a ir atrás dos meus sonhos e me esforçar para ser melhor. A tarde toda ao lado de seu corpo frio não foi tempo suficiente para lembrar de cada momento que passamos juntos.

É estranho vê-los tão sérios. Ao menos Kawane continua de espírito alegre, o que traz um pouco de brilho ao ambiente. Ela puxa conversa, mas não estou a fim de continuar.

Após o enterro, meus amigos vão se preparar para a reunião. Felipe tenta me convencer a descansar, mas não aceito. Minha mãe foi para o melhor lugar onde se pode estar: nos braços de Jesus. E é para lá que irei também. Acredito que nos reencontraremos no céu! E então direi a ela que segui seus conselhos, fui em frente e conquistei sonhos pela fé.

*

Mais abraços depois da reunião, e até o pastor Carlos veio falar comigo. Não precisa tudo isso, estou bem. Deus não vai me desamparar. Posso não ter experiência de vida, mas ele vai me ajudar, pois creio nele, em todo lugar. Na porta da igreja a obreira me alcança para me passar mais ânimo. Ela sabia um pouco da saúde da minha mãe.

— Queria que ela fosse curada, mas acho que não era o plano de Deus, obreira. Então não tô triste…

— Bruninho, não se esqueça, pode contar com a gente, certo? Somos uma família. Deus é com você.

As horas passam, chego em casa, preparo macarrão instantâneo para nós (pai, irmã e eu). Minha irmã está quieta. Meu pai soluça. Antes de dormir, o que acontece tarde da madrugada, quando meus pensamentos estão mais organizados, minha mente grita que preciso de um emprego, pois só o que meu pai ganha não vai manter nossa casa.

E mais que tudo, agora sei que preciso viver pela fé o tempo todo, em todo lugar. Não importa se um dos meus pedidos não foi respondido, não é do meu jeito, mas do jeito de Deus que viverei.


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