Um dia desses eu tinha ido comprar mantimentos pro Café, e quando eu cheguei na esquina do Café, vi um caminhão de bombeiros parado em frente e quando fui me aproximando percebi que o Café estava em chamas! Eu soltei toda a mercadoria no chão e saí correndo, eu não sabia o que estava acontecendo, aquilo era tudo que eu tinha aqui! Do outro lado da calçada estava a senhora Choi, que limpava o café. Ela estava desesperada e veio ao meu encontro pedindo perdão, pois ela não prestou atenção e a água que ela jogou no chão acabou indo até uns frios de eletricidade, totalmente desprotegidos e isso causou um curto circuito pegando fogo na fiação toda.
Logo uma emissora de TV chegou, e eu sem saber o que fazer, corri pra longe pois não queria ser gravada nessa situação. Tudo estava perdido. Meus pertences estavam todos lá, eu só tinha meus documentos e alguns trocados no bolso. Era uma quarta-feira e eu estava sem emprego, sem casa, sem telefone e com pouco dinheiro. Eu saí do local e nem quis saber o que se fez depois, eu estava totalmente desolada, minha mente estava um caos, eu não conseguia pensar em nada, eu estava sozinha num lugar onde eu não conhecia ninguém. Foi quando eu parei pra pensar e percebi que eu estava naquela vida já tinha 1 mês, longe de casa, dos meus pais e irmão.
Eu fiquei andando na cidade o resto do dia sem rumo, até amanhecer, tudo passou como num piscar de olhos, tudo rodava, nada parecia real. Quando eu percebi era tarde da noite e eu estava sem saber pra onde ir. Eu passei em frente um parquinho, e caminhei até lá. Eu sentei no balanço e lá eu fiquei. Eu entrei em uma viagem mental, pensando em como as coisas poderiam ser diferentes se eu jamais tivesse vindo pra cá.
O dia passou rapidamente, mas a madrugada durou uma eternidade. Por um momento, eu cochilei no balanço, mas fui acordada por uma voz calma. Quando abri os olhos, tinha uma pessoa de pé em minha frente, olhando pra mim com preocupação. Era o rapaz com cabelos quase brancos. Ele estava com um café na mão e olhava pra mim esperando alguma reação minha.
— Tá tudo bem? - disse ele
— Hum? - eu não estava em mim.
— Está tudo bem, precisa de ajuda?
— Eu... eu estou...
— Você quer que eu chame uma ambulância?
— Não... eu.... - eu estava vagando em minhas palavras
— Ei, você ta me ouvindo? Qual seu nome?
— Meu nome...
— Você quer que eu ligue pra alguém? Você não trabalha no Café que tivemos uma reunião?
— Não mais...
— Ah não? Hm...
— Pegou fogo...
—Quê?!
— Queimou tudo, meu trabalho.... Minha casa... - quando eu disse isso as coisas ficaram mais claras e eu fui sentindo meus sentimentos surgindo... Eu comecei chorar desesperadamente incontrolavelmente.
O rapaz não sabia o que fazer, ele agachou, colocou o café no chão, e colocou uma das mãos em meus ombros...
— Meu nome é Min Yoongi, qual seu nome?
— Park... Park SeoHye, eu perdi tudo! - Eu disse em meio meu choro.
Yoongi não sabia muito bem o que fazer, ele estava apenas dando uma volta na madrugada. Ele perguntou se eu tinha algum lugar pra ficar, mas eu disse que não. Ele então chamou um táxi e me levou com ele até um lugar. Eu não sabia onde era aquilo, Seoul é uma cidade muito grande. Ele desceu do carro, pagou o motorista, me ajudou a descer do carro, pois eu estava meio desacordada. Ele me disse pra fazer silêncio. Entramos em uma casa imensa, estava tudo apagado eu não puder ver muita coisa, mas percebi o amplo espaço diante de mim. Ele me levou pra um quarto e me colocou num sofá. A unica coisa que eu lembro de ter ouvido dele foi:
— Não faça barulho. Quando acordar continue aqui, eu virei até você assim que possível.
Quando ele saiu, fechou a porta e um alarme baixo soou avisando que a porta tinha sido trancada, e eu apaguei.

No dia seguinte, eu acordei atordoada, sem saber direito onde eu estava. Sentei e olhei para as coisas diante dos meus olhos... Teclado musical, computadores, quadros... Parecia um mini estúdio de música. Eu liguei a tela do computador para ver as horas, já que eu não tinha nem relógio e nem celular. Eram 12 hrs, e quando eu me dei conta de tudo que aconteceu, onde eu estava e quem me trouxe, eu tive um surto, mas não pude fazer barulho, já que tinha medo de alguém descobrir que eu estava ali.
De repente, um barulho na porta. Alguém estava acessando a senha para entrar. Meu coração parou, eu congelei. Quando a porta se abriu, ele entrou:
— Você ainda se lembra do meu nome?
Eu não disse nada...
— Min Yoongi, eu tirei você da rua ontem, você parecia precisar de ajuda.
— E eu realmente precisava, obrigada., mas como eu saio daqui?
— Você não vai comer? - Ele tinha um prato cheio de pães, frutas e bolo, e quando eu vi aquilo, meu estômago urrou, como se quisesse me dizer que estava faminto. Eu agradeci a comida e fui até ele. Ele me entregou o prato e continuou a dizer - Você não pode sair agora, está todo mundo em casa, vamos sair em 15 minutos, mas a porta da sala será trancada então você não pode sair daqui. O quarto ao lado é o meu, em cima da cama tem uma toalha e roupas que eu peguei do Taehuyng, elas irão te servir.
— Mas até quando eu vou ficar aqui? Não posso ficar!
— E você tem lugar pra ir?
— Não, mas...
—Então fica ai até você se ajeitar, não vou insistir novamente. - ele tinha um tom frio e sério pra falar as coisas. Mas emanava sinceridade. eu não tinha o que responder, eu apenas aceitei.
E o decorrer daquela semana foi assim... Eu passava algum tempo no cômodo do Yoongi, que tinha gravado na porta "Genius Lab". O lugar era à prova de som, então eu podia tocar o teclado dele, jogar na internet e descansar no sofá espaçoso que tinha lá. Yoongi já não precisava levar comida pra mim, eu mesma ia pegar quando eles estavam dormindo, ou quando saíam. Eu nunca me atrevi a entrar em nenhum cômodo que não fosse a cozinha, banheiro ou o Genius Lab. Eu sabia que estava segura lá, pois ninguém ousava entrar no Genius Lab sem a permissão do Yoongi. Eu vestia roupas confortáveis do Taehuyng e comia o que eu quisesse. A geladeira estava sempre cheia. Nesta altura do campeonato, eu já sabia nomes e características de cada um.
Quando chegou o domingo, todos eles estavam em casa. Mas eles mal interagiam entre si, acho que estavam de saco cheio uns dos outros. Yoongi me contou que eles vivem juntos há anos e eles já não são tão próximos quanto antes. Cada um vive no seu canto. Yoongi também fez questão de dizer que detestava isso, que gosta quando eles todos estão juntos como uma família. Conversas como essas entre eu e o Yoongi aconteciam as vezes no Laboratório, quando ele ia compor algo e eu ficava olhando. Ele também gostava de me ouvir tocar teclado, mesmo eu não sendo tão boa quanto ele. Yoongi e eu tínhamos virado amigos, compartilhávamos várias conversas. Naquele domingo incomum, onde eles estavam em casa atoa, o irmão mais velho, Seokjin, preparou um almoço pra todos, o cheiro estava de dar água na boca. Enquanto eles comiam, eu espiei pela porta, pois estava super curiosa para ver qual era a comida, e acabei escutando uma conversa entre eles:
— Vocês gostaram do novo espaço de dança? - disse Hoseok
— Eu gostei bastante, só acho que deveria ter dois banheiros - disse Jimin.
— É eu concordo, mas pra mim não tem tanta diferença com o antigo. Só é maior e mais iluminado - disse Taehyung.
— O que me incomodou foram as caixas de som, precisamos comprar novas - argumentou Namjoon.
— É verdade, o som não está legal. Acho que os aparelhos estão com defeito. - concordou Hoseok
— Certamente... - disse Jungkook e Seokjin ao mesmo tempo. Quando disseram juntamente, olharam um pro outro e começaram a rir. No meio da brincadeira, Taehyung conversava com Yoongi:
— Você já usou o pendrive?
— Já sim, está no meu laboratório.
— Posso ir lá pegar?
— Uhum... - Yoongi disse isso da maneira mais distraída possível. Rapidamente Taehyung se levantou e veio em direção ao cômodo. Quando Yoongi caiu em si e percebeu que se Taehyung fosse lá, ele me descobriria! Ele gritou o Taehyung - Ya! Taehyung-a, espere!
Mas Taehyung não deu importância pra ele. Com seus passos largos ele rapidamente chegou no Lab, e eu fechei a porta e me escondi. De alguma maneira Taehyung sabia a senha do lugar e entrou. Quando Yoongi o alcançou, já era tarde, Taehyung já havia me visto embaixo da escrivaninha, aquele era definitivamente o pior lugar pra se esconder de alguém. O Yoongi estava evidentemente preocupado, eu pude notar. Logo ele empurrou o Taehyung porta a dentro e fechou.
— Você não irá falar nada.
— O que está acontecendo, hyung? Porque ela está aqui?
— Você soube o que aconteceu, ela não tem pra onde ir, estou apenas ajudando. Se os outros souberem não sei ela poderá ficar, é só até ela achar uma maneira de se restabelecer.
— Eu entendo - Taehyung disse e se virou pra mim - SeoHye-ssi, eu vou te ajudar, não importa o quê, okay?! - O sorriso inocente de Taehyung me trazia um conforto imenso - Seu segredo é meu também! Mas...
— Mas o quê? - eu perguntei preocupada
— Porque está vestindo minhas roupas? - ele me fitou de baixo em cima
— Yoongi pegou pra mim, eu não tenho o que vestir
— Hahaha, você não ficou mal, mas precisa de suas próprias roupas, vou te comprar algumas, não se preocupe.
— Obrigada Taehyung-ssi. - eu fiz uma reverência.
— Me chame de oppa! - ele disse sorridente. Eu senti meu rosto corar.
— Tudo bem, Taehyung-oppa... - eu estava sem graça.
Yoongi totalmente desconfortável expulsou Taehyung do lugar, saindo junto com ele e me deixando lá. Eu acabei de agradecer ao universo por ter sido o Taehyung a me achar e não outra pessoa. Ele não contaria que eu estava na casa.
Ainda naquele domingo, Yoongi e passou o dia no laboratório comigo, brincando com as músicas, e quando ficou de noite todos eles foram dormir, pois eles teriam alguma tarefa logo pela manhã. Por volta das 4h da manhã, eu fui até a cozinha pegar algo para comer. Para ir até a cozinha, eu precisava passar pela sala, e assim eu fiz. Fui até a cozinha, sem acender a luz, peguei um iogurte e fui voltando pro "meu quarto" enquanto comia. Quando eu passava pela sala, uma luz se ascendeu, e no sofá estava sentado ninguém mais ninguém menos que o Kim Namjoon. Ele olhava para mim com a cara mais séria que se podia imaginar e naquele momento me veio na mente um flash de memória de quando eu estava no aeroporto com Jackson Wang e alguém puxou ele pelo braço, esse alguém era o Namjoon. Eu jamais faria tal associação se não tivesse visto aquela expressão novamente. Diante dos olhos de Namjoon, eu simplesmente congelei. Ele, sem se levantar perguntou quem eu era e por quê estava ali, no meio da sala dele. Eu tremia de medo e devido ao meu breve desligamento, eu soltei o pote de iogurte no chão, e por conta do silêncio, o barulho daquilo foi mais alto do que o esperado. Sem resposta nenhuma, debaixo do olhar do líder da casa, eu fiquei parada. As portas dos quartos foram se abrindo uma por uma os rapazes em seus pijamas foram chegando querendo saber porque tanto barulho aquela hora. O primeiro que chegou ainda meio dormindo foi o Hoseok, e quando ele me viu plantada ali rapidamente cobriu sua parte superior que estava nua. Taehyung e Yoongi já prevendo o acontecimento vieram o mais depressa que puderam, com os olhos arregalados olhavam pra mim e pro iogurte no chão sem saber o que fazer, os outros meninos se perguntavam quem eu era e o que fazia ali. Namjoon estava nervoso, muito bravo, mas ainda assim manteve a calma e disse pra que todos se arrumassem rapidamente e viessem para a sala pois precisavam conversar.
Depois que os meninos acordaram realmente, foram pra sala e se sentaram no sofá cinza em formato de ''C'', enquanto eu estava sentada em uma cadeira, com a cabeça baixa, sem dizer uma palavra e o Namjoon me encarava fixamente. quando todos estavam presentes, Namjoon fez a pergunta que todos estavam ansiosos pra fazer
—Quem... é você e porque está aqui? - ele não se lembrava mais de mim.
— Me desculpem, de verdade, eu não sou...
— Eu quero saber quem é você, não quero ouvir suas desculpas! - ele me cortou como se fosse uma faca afiada.
— Eu sou Park SeoHye, eu não sou má pessoa!
— Então não está aqui pra assaltar? - perguntou Jimin.
— Não! - eu respondi rapidamente.
— E nem é uma fã descontrolada? - perguntou Jungkook, aparentemente ele não se lembrava do meu rosto também.
— Não! Eu não sou.
— Então quem? - continuou Namjoon.
— Eu a coloquei aqui. - disse Yoongi determinado.- eu a coloquei aqui pois ela não tem onde ir. - Então Yoongi contou minha história pra eles, todos ouviram atentamente e silenciosamente.
— E eu também sabia e quis ajudar o Suga-hyung, - disse Taehyung - SeoHye-ssi me ajudou muito quando eu precisei de abrigo na tempestade, eu jamais negaria ajuda pra ela. Por favor hyungs, deixe-a ficar, ela esteve aqui todo esse tempo e nunca incomodou, ela tem feito companhia pra mim e pro Suga-hyung, ela não tem pra onde ir.
— Assim que ela melhorar de situação sairá daqui. - Yoongi deu sua última palavra.
— Eu entendo que você queira ajudar Taehyung, mas somos sete homens convivendo com uma unica mulher, não que eu veja problema, mas pode ser desconfortável pra ela. - disse Jimin
— E se o Bang PD - nim souber, jamais deixará com que fique. - disse Jungkook.
— Ele não precisa saber! - Taehyung aumentou o tom de voz.
— Eu não quero causar problemas, nunca quis, peço desculpas irei me retirar. - eu já estava cansada daquela discussão sobre mim como se eu nem estivesse ali.
—E pra onde você vai? - aquela foi a primeira vez que o líder falou tão calmamente e olhou pra mim menos feroz.
— Eu irei achar um abrigo...
— Fique. - Essa foi a ultima palavra de Namjoon. Yoongi sempre me disse que por mais duro que o Namjoon tenta ser, no final ele sempre cede, pois tem o coração muito bom. - Se alguém for contra, fale logo. Eu não colocarei pra fora alguém que está desabrigado, ainda mais sendo uma conhecida de um dos nossos. Se quiserem colocar, coloquem vocês. - com essas palavras ele se levantou e foi para o banheiro. Os meninos se olharam entre si, então Hoseok e Jin levantaram juntamente e me deram "Muito boas vindas!". Aquela tensão se esvaiu aos poucos e eu senti que talvez pudesse me ajeitar.