Fitou a fachada que parecia erguer-se a sua frente conforme se aproximava do seu destino. Sua visão, turva pelas sombras confusas do crepúsculo que pareciam envolver os arredores, distinguia apenas a grande mansão. Não tinha certeza da cor. Branca, talvez, pois se mostrava completamente mutável de acordo com a luz. Por exemplo, agora adquiria uma coloração rosada exatamente como a que manchava o céu. Com toda certeza, branca, ou talvez uma cor tão clara quanto.

Repreendeu-se mentalmente.  Estava sendo deveras estúpida ao tentar refletir sobre algo tão ridículo como a cor da casa onde moraria. Por que não estava observando os arredores, colhendo informações para uma possível fuga caso fosse necessário? Ou melhor, por que ainda permitia-se sorrir com a visão imponente da grande mansão? Aquilo, de fato, não era um prazer. De forma alguma. Uma punição do destino, talvez, mas nunca um prazer.

Tinham lhe retirado o livre arbítrio, afinal.

Ergueu o punho com certa relutância, que logo fora abandonada ao chocá-lo com determinação contra a madeira. Segundos depois, fitava com ligeiro interesse seu novo tutor. Ergueu os olhos e inclinou o pescoço em uma tentativa de conseguir melhor visão de seu rosto encoberto pelas sombras, trabalho dificultado por aparentar ter alta estatura. De fato, era muito mais alto que a pequena mulher parada a sua frente. Pode notar músculos salientes, marcados pelo tecido fino da camiseta, mas nada além disso. Seu novo tutor ergueu a mão pacientemente, em um convite mudo para acompanhá-lo ao interior da casa.

Isabella recusou o convite com um olhar fulminante.

Ele suspirou, cansado, virando as costas para a mulher e entrando no acolhedor hall de entrada. Ela seguiu-o, sem deixar a expressão emburrada vacilar no rosto belo. A iluminação interna era tão fraca quanto a luz abafada pelo crepúsculo, mas pelo menos agora podia fitar o rosto de seu novo tutor.

O rosto era composto de traços angulosos, tornando-o extremamente belo. A pele alva criava um contraste incrível com os lábios finos e rubros, quase andrógenos, e os olhos verdes pareciam ligeiramente ocultados por fios cobre rebeldes. De fato, o homem mais belo que Isabella já teve o deleite de apreciar com os olhos.

- Seja bem vinda – a voz máscula, rouca, do homem que a mulher  praticamente devorava com os olhos ecoou pelo cômodo, tirando-a de suas reflexões – como já deve ser do seu conhecimento, sou Edward Cullen, seu novo tutor.

- E você acha que estou feliz com esta situação? – ela perguntou, franzindo levemente o cenho com irritação – me recebe como se estivesse me fazendo um grande favor.

- Eu estou. – ressaltou, erguendo as sobrancelhas com a ousadia da nova hospede.

- É claro – Isabella ironizou, revirando os olhos de forma debochada – porque ser tratada como uma criança é extremamente prazeroso para mim, não é mesmo?

- Está agindo como uma criança.

- Não estou não! – cuspiu as palavras, cruzando infantilmente os braços contra os seios fartos.

Definitivamente, estava agindo como uma criança.