-Sua blusa... –Tara percebeu a mancha vermelha que repentinamente surgira na blusa branca de Willow. Em seguida, sua visão ficou completamente negra, e ela não viu mais nada. Caiu no chão.

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Ela abriu os olhos. Tivera um sonho confuso e assustador, que terminava com sua própria morte. Tara tremeu ao se lembrar do sonho, mas acalmou-se ao perceber sua própria respiração, bem como o colchão macio sob seu corpo. Ela virou-se na cama, procurando Willow com a mão. Ainda que aquilo fosse apenas um sonho, Tara ainda estava assustada, e precisava de todo o conforto que sua namorada pudesse propiciar-lhe.

Mas Willow não estava ao seu lado.

“Deve ser bastante tarde...” Tara pensou.

Ela se sentou na cama. Com os pés procurou suas pantufas, escondidas debaixo da cama. Finalmente as achou; calçou-as e se levantou. Foi quando deu a volta na cama e reparou que havia algo errado: seu corpo estava caído no chão, com uma mancha de sangue no peito, e estilhaços de vidro por todo o chão.

Uma onda de pavor tomou conta da jovem bruxa, que não conseguia compreender o que estava acontecendo. Como seu corpo podia estar caído no chão, se ela estava de pé, vendo tudo aquilo?

Não fazia sentido...

A bruxa abaixou-se, e estendeu a mão, para tocar no seu cabelo loiro... ou, melhor, no cabelo loiro de seu corpo caído no chão.

Hesitante, ela se aproximou lentamente do corpo, até que seus dedos chegaram aos fios dourados. Mas, ao invés de senti-los, Tara, assustada, viu seus dedos pálidos atravessarem os fios.

Pavor e medo tomaram conta de todo o seu corpo, enquanto uma única verdade surgia em sua cabeça:

“Estou morta.”

Ela levantou-se, sentindo-se nauseada. Era difícil lidar com a situação.

Como ela podia estar morta se havia acabado de voltar para a mulher que amava?

-Willow...

A imagem da ruiva se formou na frente dos olhos de Tara. Desesperada, ela saiu correndo do quarto. Foi pelo corredor, passando pelos quartos de Buffy e de Dawn, descendo pela escada, indo para o hall de entrada. Foi então que ela ouviu a sirene da ambulância.

“Vieram me socorrer! Vão me reviver!” Ela pensou esperançosa.

Os paramédicos abriram a porta, e passaram direto por Tara, Mas, ao invés de subir as escadas, eles foram para a cozinha.

-Não, eu estou lá em cima! –Ela gritou para os homens, mas eles não podiam ouvi-la.

Ela ficou alguns minutos parada, esperando que os paramédicos voltassem e subissem a escada, e encontrassem seu corpo caído no chão do quarto de Willow. Quando eles finalmente voltaram, carregavam o corpo de Buffy.

-Buffy! –Tara exclamou, mas a outra loira não disse nada.

Os paramédicos saíram da casa, carregando Buffy, sem nem ao menos olhar na direção da escada.

-E eu? Vocês não vão me socorrer? –Tara perguntou para o paramédico que fechava a porta, mas suas palavras não surtiram efeito.

Colocaram Buffy na ambulância, e dispararam pela Revello Drive, com a sirene berrando, pedindo passagem.

Desolada, Tara percebeu que estava só. Ninguém conseguia ouvi-la. Ela nunca mais poderia se comunicar com aqueles que amava...

-Willow... Ela disse, e então uma sensação estranha tomou conta de seu corpo imaterial.

Sentiu-se sendo puxada para frente, irresistivelmente. Não havia como lutar contra aquela sensação. Tara desistiu de lutar, e deixou que a sensação a guiasse. De repente, estava sendo levada –essa era a única forma de exprimir o que acontecia naquele momento- para frente, cada vez mais rápido. Ela mal distinguia as ruas pelas quais passava, desapercebida, a velocidade aumentando cada vez mais até que ela parou. Rapidamente reconheceu o local. Estava na frente da Magic Box.

Dirigiu-se até a porta, e estendeu a mão para abrir a porta, mas sua mão transpassou a maçaneta.

-Parece que realmente sou um fantasma. –Ela percebeu, tristemente, enquanto atravessava a porta, resignada.

Um segundo depois estava dentro da loja. Olhou em frente e viu a única pessoa que podia fazer seu coração bater mais rápido, mesmo que Tara estivesse morta: Willow Rosenberg.