"Todoroki-san?", ela perguntou ao reparar que o garoto estava pensativo.

"Eu sei que você não fez por mal", ele falou após alguns segundos de silêncio. "Não foi algo ruim também. Toda a vez que você se aproximava de mim por estar assustada, me dava vontade de te abraçar ou fazer alguma coisa que pudesse te acalmar."

"T-Todoro..."

"Yaoyorozu", ele a interrompeu. "Bem... Também houve um momento em que eu olhei discretamente pra você e me deparei com os seus olhos cheios de água. Naquela hora, eu senti uma vontade enorme de secar aquelas lágrimas que estavam prestes a descer. Você secou antes disso acontecer, mas se tivesse deixado elas descerem, eu com certeza teria secado... Foi um sentimento estranho, porém bom..."

Momo ficou muda após ouvir a declaração implícita do menino. Ao que tudo indicava, Todoroki já havia encontrado a resposta que procurava e não sabia ainda. 

"Que vontade de voltar no tempo só pra me impedir de secar aquelas lágrimas..."

"O que acha de irmos comer alguma coisa?", o garoto sugeriu.

"Ah, eu acho a ideia ótima."

Os dois decidiram tomar sorvete, mas antes de irem à sorveteria, Momo pegou o celular para entrar em contato com Jirou e saber onde ela estava. Como a amiga já havia mandado uma mensagem, ela logo ficou ciente do que ocorreu.

"A Jirou-san e o Kaminari-san já foram embora."

"Você recebeu uma mensagem?", indagou olhando para o celular dela.

"Sim", respondeu guardando o aparelho.

"Por isso eu não os vi em lugar nenhum. Enfim, vamos indo."

Na sorveteria...

"Yaoyorozu, seu rosto está sujo de sorvete."

"Hã? Onde?"

"Na bochecha."

"Qual?"

"Eu limpo pra você."

Sem qualquer segunda intenção, o garoto ergueu a mão para limpar o rosto da morena, mas no momento em que tocou o polegar naquela pele suave, ele não resistiu ao desejo de conferir se a boca também era. Assim que terminou de limpar, tocou levemente o lábio inferior de Momo com o dedo indicador.

"É mais suave ainda...", pensou.

"O-o que está fazendo, Todoroki-san?"

Embora a resposta fosse óbvia, a vergonha que ela sentiu na hora a impediu de notar.

"Desculpe, me deixei levar por um instante", disse afastando a mão e lambendo o dedo com sorvete logo em seguida.

Yaoyorozu só conseguiu corar mais diante daquela atitude.

"Me pergunto o que eu teria feito se tivesse sorvete na sua boca...", o menino falou com um olhar distraído.

"E-eu também gostaria... de saber...", ela murmurou.

"Então você também quer saber...", disse apoiando as mãos na mesa como se estivesse pronto para levantar.

"Ah... Vo-você ouviu..."

Enquanto a garota ficava cada vez mais vermelha, Shouto fitava boca a dela. Ambos sabiam que estavam querendo a mesma coisa.

"Yaoyorozu", falou ao se levantar.

"Sim, Todoroki-san?"

Vendo que ele estava mais sério, ela se recompôs o máximo que pôde e também se pôs de pé.

"Nós viemos aqui para descobrir uma coisa importante. Não podemos esquecer disso."

"Tem razão."

"Acho que nós dois já encontramos a resposta, no entanto, precisamos de algo que confirme. Nós fomos ao cinema e agora estamos na sorveteria. Foram apenas dois lugares, mas eu não tenho mais nenhum lugar pra irmos em mente e nem sei o que podemos fazer. Vou deixar isso com você."

O sucesso daquele encontro dependia de Yaoyorozu dali pra frente. O dia já estava chegando ao fim e ela precisava pensar em algo.

"Neste caso..."

Ela reuniu toda coragem que conseguiu naquele momento e sem pensar duas vezes, pegou o pouco de sorvete que ainda tinha na sua casquinha com a colher e passou na boca.

"Mas o que... Não foi bem isso o que eu quis dizer, Yaoyorozu... E o sorvete já está derretido..."

"S-só faça alguma coisa... Isso é embaraçoso..."

"Ela quer mesmo saber o que vou fazer... Não, ela já sabe o que é e quer que eu faça."

Depois de chegar a uma conclusão, ele não se segurou mais. O sabor dos lábios dela estava a dois passos de distância, mas aquele espaço entre eles sumiu num piscar de olhos. O beijo tão desejado finalmente aconteceu, e como esperado, foi literalmente doce. Momo não sabia bem o que fazer, então apenas acompanhou Shouto, que parecia ter alguma experiência.

"Estava... com gosto de sorvete...", ele sussurrou ao se afastar.

"Por um instante... eu pensei que você também tivesse a individualidade de velocidade...", a morena comentou um pouco ofegante.

"Devo admitir que eu estava um tanto desesperado... Eu estava me contendo há algum tempo..."

"Eu percebi isso naquela madrugada. Você se impediu de me beijar... Oh, isso me faz lembrar do motivo que te levou a fazer aquilo..."

"Como eu ainda não sabia se gostava mesmo de você, não fui adiante. Eu prometi pra mim mesmo que só faria isso quando tivesse certeza."

Aquelas palavras foram a resposta que a garota precisava. Todoroki não a beijou só porque estava com vontade.

"Todoroki-san..."

"Eu também gosto de você, Yaoyorozu. Percebi isso momentos antes de te beijar."

"..."

"Você está ficando vermelha de novo..."

"Nã-não olhe pra mim, por favor..."

"Vamos embora agora?", segurou a mão dela. "Já alcançamos o nosso objetivo."

"Ah, s-sim... Tudo bem."

Dias depois, na escola...

"Você tá vendo o que eu tô vendo, Uraraka?!", a menina rosa perguntou.

"Sim! O Iida-kun e ela acabaram de... Será que foi um acidente?"