Palácio de Ilusões escrita por Raíssa Duarte


Capítulo 32
Capítulo 32


Notas iniciais do capítulo

Boa noite ;3



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—Ele não pode fazer isto! – Sussurrou Rowen enquanto estavam em um dos corredores do palácio após a reunião do conselho. – Você é o príncipe herdeiro!
   -Eu sou um fardo do qual ele pode se livrar. 
   -Mas as coisas estavam indo bem, você melhorou – Insistiu ela.
   -Não, Rowen. Eu nunca tive chance. Quando me recusei á concordar pacíficamente com a moção, isto tornou-se um jogo para eles. É a minha punição.
   -Então vou dizer a ele para desfazer o acordo.
   -Ele já tomou a decisão, Rowen, eu vou partir para o oeste. 
   A garota sacudiu a cabeça, incrédula.
    -É culpa minha, eu o chantageei.
   -Não, é minha. Eu fiz todos me odiarem, até mesmo você. 
   -Eu vou falar com ele. – Edric a segurou pelo braço.
   -Não. Rowen, existem chances de que eu sobreviva. Boas chances. Eu tenho treinamento, sei lutar.
  Ela o encarou com olhos um tanto chorosos.
    -Eu não quero arriscar.
   -Se desfizer o acordo e eu abdicar, ou se meu pai remover meus direitos, você fica sem nada. Minha melhor chance é esta.
   -E se você morrer eu também fico sem nada.
   -Não se estiver grávida. 
   -Ainda é cedo para saber. – Afirmou – Por favor, eu posso convencê-lo.
  -Rowen, não! Eu já concordei diante do conselho, não vou correr para outro continente com medo, ou pior, me esconder atrás de você. 
  Ela piscou e algumas lágrimas escorreram.
    Ele a abraçou.
    -Eu prometo que vou fazer o máximo para voltar.

                        ○○○

—Está sem fome, Rowen? – Perguntou seu sogro. – Devo encarar isto como um bom sinal?
   -Uma esposa não pode perder o apetite se descobrir que o marido vai para a guerra? – Perguntou Mairi. Ela também ficara indignada quando soube.
   -Estão sendo dramáticas.
  -Está mandando seu herdeiro para a guerra.
  -Muitos reis já fizeram isto como demonstração de apoio e amor pelo reino.
  -Mas você não está me mandando por isso, está pai?
   -Pensem o que quiser, mas você parte em uma semana, Edric. Se serve de consolo,  Fergus estará na milícia, assim podem refazer seus laços de amizade.
   Quando Rowen arrastou sua cadeira pelo chão para levantar-se, o ruído sobressaltou á todos. Ela jogou o guardanapo sobre a mesa e saiu sem pedir licença.
   Quando entrou no quarto, jogou o vaso mais próximo de si contra a parede. 
   Como um pai poderia sentir aquilo por um filho? Ou melhor, não sentir nada?
   Ela ainda não sabia se estava grávida, e se estivesse, poderia ser uma menina.
  E se fosse uma menina, alguns se oporiam e apoiariam o pequeno Edmond acima de sua filha. 
    E se Edric morresse?
   O aperto em seu coração lhe dizia que o que sentia por ele era mais do que apenas um negócio. Em algum momento durante aquelas semanas, passara a importar-se com ele. Talvez já sentisse aquilo tudo, mas o sentimento estivesse adormecido quando ele começou a comportar-se como um crápula.
   Queria que Lady Caroline estivesse ali, mas ela dera-lhe férias para que pudesse ficar com o marido e o filho. Queria alguém para consolá-la. Mairi não poderia, pois estava igualmente abalada.

Levantou-se e sentou-se na banqueta de sua escrivaninha. Escreveria á seu pai. Edward estava passando dos limites. Aquilo foi uma vil trapaça. 

Abriu a gaveta e não encontrou papel algum. Na verdade, o tinteiro sequer estava sobre o móvel.

—Procurando por isto? - Edric segurava o recipiente.

—Devolva.

—Não. Já disse, não vou me esconder sob suas saias.

—Então é sobre seu orgulho?

—É sobre provar que estou disposto á honrar minha posição. Provar que mudei de verdade. A minha vida toda eu me aproveitei de ser um príncipe, mas nunca obedeci os deveres de um. Eu preciso fazer isto.

Rowen sentiu os olhos arderem ao perceber que ele estava determinado.
   -Prometa. – Pediu ela com a voz abafada pelo tecido da roupa dele ao abraçá-lo.
   -Eu prometo que vou fazer de tudo para voltar.

                      ○○○

O regimento ao qual Edric foi era composto tanto por filhos de alguns nobres tanto como alguns camponeses que tentaram a sorte em carreira militar.
   Ele imediatamente foi alçado á área nobre, onde procurou por Fergus.
  -Você também foi pego no quarto de alguma moça? – Riu quando o abraçou. Ele parecia diferente, agora usando barba e com o cabelo escuro um pouco maior.
   -Vim como mensagem de apoio, para que todos saibam que o rei também está disposto a se sacrificar também. - Acompanhou o amigo nos risos. Era ótimo ver seu companheiro de tantas diversões novamente.
   Caminharam até o que seria a tenda de Edric, que já havia sido devidamente montada. Para quem visse de longe, era claro que ali dormia alguém de alta posição, assim como a de outros nobres.
   -Você me parece melhor do que quando recebeu a notícia de que viria para o exército. – Disse Edric enquanto serviam-se de vinho.
   -Eu acabei me acostumando. Claro, ainda sinto falta das moças e de esbanjar dinheiro, mas aqui tem suas utilidades. Aprendi a cozinhar por mim mesmo, me sinto bem mais forte. Ainda detesto acordar cedo, mas... É o que faço.
   Edric gemeu.
  -Já me acostumei a levantar cedo, também, mas odeio, assim como você.
   -O que fez você fazer isso?
   -Rowen.
  -Desculpe? Perdi algumas coisas enquanto estive fora. – Ele olhou para o cabelo de Edric. – Muitas coisas.
   -É complicado. Em resumo, conseguimos nos acertar.
   -Mesmo até... 
  -Sim, e eu não vou entrar em detalhes sobre isso.
  Fergus levantou as mãos em sinal de rendição.
  -Talvez possamos conversar melhor lá fora, enquanto comemos.

                      ○○○

Em campo aberto, Edric rapidamente foi engolido por nobres que disputaram sua atenção.

Com o canto do olho, percebeu que os plebeus também amontoavam-se ligeiramente para ter um vislumbre do Príncipe Herdeiro. Suas barracas eram claramente mais humildes e pobres.

Edric imaginou o que pensavam dele; 

Mais um arrogante que pouco pensa no povo.

Em vinte e seis anos, Edric nunca interagiu com o povo, com exceção da ocasião com sua esposa.

Rowen passou a maior parte de sua viagem visitando vilas e conhecendo súditos. Boatos corriam sobre sua gentileza e sorriso doce.

Edric ficou ciente de cada olhar curioso e pouco amistoso. Não seria fácil conquistar a simpatia daqueles homens.

Mas ele estava ali para isso.

                      ○○○

Rowen lia um romance, tentando desanuviar sua mente da preocupação por seu marido ter partido para uma milícia, quando a porra de seu quarto foi bruscamente aberta, assustando-a.

—O rei exige sua presença no estúdio real, alteza. - Um guarda anunciou.

Rowen imediatamente saiu do quarto, sendo seguida pelo soldado por todo o caminho.

Quando adentrou o amplo escritório, o guarda finalmente a deixou, fechando a porta, e sogro com nora.

O rei Edward estava em pé, e levantou a mão, segurando uma carta com lacre aberto.

—Seu pai tem problemas maiores para considerar, do que as futilidades da filha.

Não a surpreendeu, seu sogro ter extraviado sua carta.

Ergueu o queixo, recusando-se a se intimidar.

—Vossa Majestade vê como futilidade, eu vejo como minha vida.

—Quando chegou aqui, achei que não me daria trabalho. Mas você me dá quase tanta dor de cabeça quanto Mairi. Ambas mimadas, querendo e demandando coisas, sem se importar com o que está em jogo.

—Eu me importo. E não é futilidade! - Exclamou.- É minha vida! Minha posição!

—Você deveria ter aceitado meus termos. Seria a mãe do futuro rei.

—Com todo respeito, alteza, vim para ser uma rainha. O senhor meu pai e a senhora minha mãe me criaram e educaram com este objetivo.

—Porque sua mãe foi incapaz de conceber um herdeiro. Foi tudo o que conseguiram agarrar. 

O sangue de Rowen gelou.

—Não difame o nome de minha mãe. Ela é uma rainha melhor do que sua primeira esposa jamais foi.

Talvez se não estivesse tão sobrecarregada com a raiva por seu sogro por tanto tempo, teria segurado sua língua.

O rei inchou de cólera.

—Você não sabe a sorte que tem por ser quem é. Saia.

Rowen saiu imediatamente.


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