Palácio de Ilusões escrita por Raíssa Duarte


Capítulo 31
Capítulo 31




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Voltaram para casa antes do amanhecer.

Após devolver o cavalo ao estábulo real, Edric e Rowen encaminharam-se até o portão traseiro do palácio.

—Bom dia. - Cumprimentou alegremente. 

Os guardas do período noturno ficaram obviamente encabulados com o sorriso da princesa, enquanto abriam passagem para o casal.

Quando aproximaram-se dos quartos, uma indecisão instalou-se em ambos.

—É nosso quarto, agora. - Reafirmou Rowen, entrelaçando sua mão na dele.

Entraram no maior, que pertenceu á Edric antes de cedê-lo para a moça, e agora era dos dois.

Engolindo um bocejo, Rowen retirou a capa do marido e seu robe. Estava exausta por conta da atividade anterior. Não dormiu um segundo.

Não abraçou Edric ou deitou a cabeça em seu peito, não querendo apressar demais as coisas. Mas deitaram-se bem próximos um do outro.

                      ♧♧♧

Alguém batia na porta.

Edric esfregou os olhos, despertando aos poucos. Rowen ainda dormia.

Levantou-se com cuidado para não acordá-la. Hugh certamente o procurou em sru quarto e quando não o encontrou, supôs, corretamente, que estaria no quarto da esposa, depois da agitação no castelo.

Não sabia bem o que fazer. Não dava a mínima para fofoca, mas ela, sim. Hugh não manteria a boca fechada sobre o que veria.

Já seriam assunto por semanas mesmo...

—Alteza. - Começou seu valete quando a porta foi aberta. - Sua presença é requisitada nos aposentos do rei.

Edric entrou no próprio quarto e deixou Rowen dormindo enquanto se preparava.

                     ♧♧♧

Surpreendentemente, seu pai estava na própria cama, coberto e de mau humor, com um médico examinando-o.
     -O que houve? 
    Kayla aproximou-se;
  -Seu pai acordou sentindo-se mal. Ele insiste que está bem, mas o físico pediu que ficasse de cama por hoje, pelo menos até ter resultados.
    -É grave?
  -O medico acredita que não, mas por via das dúvidas...
   -Edric – Edward o chamou. Quando seu primogênito foi até ele, ergueu a mão em um gesto brusco, dispensando o profissional. – Aparentemente serei forçado a permanecer nesta cama imprestável até amanhã. O reino é seu por hoje. Acha que consegue não destruí-lo em um dia?
     -Não pode mandar o conselho reger? 
    -Você ainda precisa me provar algo, não precisa? Vou mandar que fiquem de olho em você e corrijam suas bagunças.
     -Quer tanto assim me ver fracassar?
     Outro gesto brusco de mão. 
   -Não estou com paciência para isso. – Ajeitou-se sobre os travesseiros - Saiam, vocês dois.
     Do lado de fora, reencontrou sua esposa impecavelmente arrumada.
     -Seu pai está bem?
     -Talvez sim. Mas eu não estou.
     -O que foi?
  -Eu vou ficar responsável por tudo. Aqueles emproados irão me engolir vivo! Esta é a oportunidade que estavam esperando para vingança. Especialmente o pai de Cecile.
     -Então vai provar que estão errados.
  -Eles vão dificultar cada passo do caminho.
   -Você já está contando com a derrota. Precisa tentar. Não é isso que pedimos? Uma chance de mostrar sua mudança?

                      ♧♧♧

Edric tentou. O dia inteiro.
   Durante a reunião, perguntaram sua opinião para tudo, até mesmo o mais simples dos assuntos. Ficaram surpresos quando disse o nome de cada um deles, e quando preparou-se para resolver as pendências mais urgentes do reino, eles esperavam cada pessoa sair para questionar se aquilo era ‘sábio’ ou ‘prudente’, e quando tomava alguma decisão, diziam que deveria pedir a permissão do rei.
    -Eu estou no comando, milorde. – Afirmou em certo momento, apertando o punho. – Quer perturbar o repouso do rei cada vez que uma pessoa entrar neste salão?
   O homem finalmente calou a boca e deixou Edric finalizar seu trabalho.

                       ♧♧♧

Infelizmente, não havia quase nada que Rowen pudesse fazer. Aquela batalha era de seu marido.

Sem querer permanecer ignorante da situação, ordenou que suas damas descobrissem o que pudessem em conversas ou mexericos, que tipo de recepção Edric estava tendo.

Ela mesma ouviu algumas coisinhas; damas da corte felizes por ela e seu marido terem se acertado. Não disseram diretamente, mas Rowen sabia ler entrelinhas.

Quem provavelmente estava mais feliz com aquilo tudo era seu sogro. Se é que algo o fazia feliz. Rowen se perguntava o que o deixou tão amargo, embora ela tivesse uma resposta quase certa.

Ao entardecer, retirou-se para seu quarto, encontrando o livro sobre a cômoda.

Mairi lhe perguntou absolutamente tudo. Sobre o livro, e sua noite. Rowen se recusou a falar qualquer coisa sobre as experiências.

O livro era assombroso, de certa forma. Causaria uma apoplexia em Constance.

Mas em Rowen causava coisas diferentes.

A variação de formas para o sexo a teria chocado há um ano atrás. Agora a deixava... curiosa.

Não queria nem imaginar que tipo de aventura entregara aquele livro nas mãos da irmã de seu marido.

Cruzou as pernas, sentindo um pequeno desconforto.

A porta abriu-se e fechou-se, assustando-a.

Edric.

Olhou pela janela. Novamente, perdera a noção do tempo. Já era noite.

O homem franziu o cenho.

—O que aconteceu?

—Nada. - Fechou o livro suavemente para não chamar atenção. Cobriu-o com sua saia vermelha.

Ele não pareceu convencido.

Rowen sentiu-se ruborizada.

Por que ele tinha que ser tão bonito?

E por que tinha que ter costas tão largas? Pensou quando o viu tirando o gibão.

Lembrou-se da noite passada, e o calor aumentou.

—Eu só estou com um pouco de calor. - Tranquilizou. Onde estava seu leque? Por que as janelas não estavam mais abertas?

Sim. Calor na primavera, depois de um inverno.

Edric agachou-se diante dela, apanhando sua perna. O toque a sobressaltou. Os dedos dele passearam por sua panturrilha, quase sem tocar.

—Onde você sente calor, exatamente? -Provocou. Os olhos azuis bem escuros.

Rowen mordeu o lábio.

—Eu não...

—Se não me disser onde, não vou poder ajudá-la. - O maldito sorriso estava lá de novo.

Sem coragem para colocar em palavras, Rowen subiu sua saia, desnudando suas pernas.

—Aqui? - Beijou sua coxa.

Subiu mais, até o ponto desejado.

—É bem aqui. - Murmurou de olhos fechados. Grande descarada.

Rowen esperou pelos dedos hábeis, como na noite do bordel, mas sabia que Edric estava sendo suave com ela, com medo de levá-la ao limite. Mal sabia ele...

Ainda de olhos fechados, sentiu algo. Mas não eram dedos.

Nada de pânico, Rowen.

Não houve nenhum pânico.

Conforme a sensação de nervosismo se esvaía em meio a excitação, e a excitação em meio ao prazer, Rowen entendeu que haviam vários tipos de beijos. várias formas de usar a língua.

                     ♧♧♧

—Sempre achei que o melhor fosse irritar meu pai desobedecendo-o, mas estava enganado. - Confessou Edric após terem ficado juntos. Depois de contar tudo sobre seu dia. - O melhor é irritá-lo obedecendo-o.

—Eu juro que não entendo. – Disse Rowen. – Você finalmente está diferente, como ele pode querer vê-lo fracassar?
   -Acho que o motivo seria o fato de meu comportamento anterior lembrá-lo de minha mãe.
   -Oh. – Murmurou e ficou em silêncio. Ouvira boatos nem um pouco agradáveis sobre a Rainha Clarisse, mas ninguém se atrevia a sequer mencionar seu nome na corte, onde o rei poderia ouvir.
  -Ele provavelmente acha que minha mudança é repentina e passageira, portanto, uma hora ou outra vou retornar ao meu velho eu.
    -Eu não acredito nisto. - Não mais, acrescentou em pensamento.
   -Se fosse você, acreditaria. Se eu acabar decepcionando-a, ao menos já vai ter se preparado.

Rowen não quis iniciar uma disscussão, agora que estavam indo bem.

                    ♧♧♧

Depois de um mês, Edric passou pela maior humilhação de sua vida ao pedir por 'instruções' ao instrutor de seu irmão. 

O homem, que havia sido seu instrutor também, mal se conteve de felicidade ao deixá-lo ainda pior. Mas era necessário. Havia muitas coisas que ele esquecera. Ou ignorara.

Naquele meio tempo, mais rumores sobre o leste surgiam. A corte permanecia inabalável, mas Rowen soube por seu marido que o Rei Edward iria pessoalmente analisar as melhorias militares.

                  ♧♧♧

—O reino do leste está se preparando para atacar. Meu palpite seria aqui. – Apontou Lorde Evermont no mapa. – Eles já lutaram contra nós antes, não virão por mar. Conhecem nosso reino e podem tentar algo diferente. Nossa armada é melhor do que a deles, e quando a nova ficar pronta... Eles com certeza virão por terra. Precisamos fortificar esta parte do reino, ou vão se aproveitar dela. A milícia já está nesta fronteira. Querem testar o limite.
   O rei Edward analisou o mapa, pensativo.
   -Eu concordo. – Afirmou. – Mandaremos os canhões para lá, mas manteremos os navios preparados mesmo assim. –  Olhou para Edric. – O que você acha?
   -Quer me mandar verificar o porto outra vez?
    -Não. – O rei o encarou. – Preciso de você para outra tarefa. O povo precisa saber que vamos protegê-los, e que todos lutaremos pelo que é nosso.
   Edric acenou.
   -E é por isso que enviarei você á milícia, para que lute também, se preciso for.
   Todos os lordes concordaram e olharam para Edric, que empalideceu.
   -Você queria uma chance de provar que ama o país. Aí está.


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