Best Friends or More Than This? escrita por SsRoberta


Capítulo 3
Capítulo 3: Ex's and oh's


Notas iniciais do capítulo

Hey! Aos poucos eu vou passando pra cá todas as fics que já tenho postada no wattpad. Espero que tenham paciência comigo hahah.

Aproveitem o capítulo!



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Era a terceira vez que Sirius furava os dedos tentando mexer naquelas minúsculas e agressivas plantas que a professora de Herbologia havia os ensinado a controlar. Porém o garoto não estava obtendo muita sorte no trabalho e talvez só talvez, a culpa fosse de Marlene que estava em uma das primeiras fileiras próxima a professora. Ela parecia concentrada no trabalho que estava fazendo com as plantas, Sirius estava tentado a atravessar a estufa que estavam tendo aula para tirar satisfações com a loira. Até agora não havia entendido o motivo dela ter saído apressada daquele jeito na noite anterior. O que havia de errado com Marlene? Sirius ainda não tinha a resposta, mas não descansaria até obtê-las.

— Cuidado, Sirius, você vai acabar perdendo um dedo se continuar assim! — a voz alarmada de Lily tirou Sirius de seus devaneios, ele encarou a ruiva enquanto chupava o sangue que escorria de seu dedo — Como você tira notas boas se não consegue sequer replantar uma plantinha desse tamanho? — ela apontou para o minúsculo vaso de flor onde estava as plantinhas que Sirius estava comparando com o próprio dêmonio.

— Talento natural, suponho. — deu de ombros fazendo a ruiva revirar os olhos — Por que não está com James? — perguntou correndo os olhos por toda a estufa atrás do amigo, mas ele não estava em lugar algum.

— McGonagall o chamou para uma reunião sobre quadribol, daqui a pouco ele volta. — ela respondeu sem desviar os olhos do vaso que plantava cuidadosamente uma plantinha que parecia sonolenta nas mãos da ruiva, Sirius preferiu não comentar o quanto a garota era muito melhor do que ele para lidar com aqueles pequenos dêmonios.

— E o que faz aqui? — perguntou se referindo ao motivo da ruiva não estar sentada ao lado de suas duas melhores amigas como sempre fazia durante todas as aulas, mas ela pareceu não entender ou fingiu que não entendia do que se tratava.

— Estou fazendo o que a professora nos pediu. — deu de ombros e sorriu satisfeita quando terminou de plantar a pequena planta no vaso. Voltou a encarar o moreno que parecia impaciente com a resposta da ruiva, ela bufou — Tem alguma coisa a me dizer?

— Isso é o que eu pergunto. O que quer me dizer?

Ela lançou um olhar rápido em direção à Marlene que ainda trabalhava com as plantas. Não sabia o motivo de estar ali ao lado de Sirius no dia seguinte após saber de tudo que aconteceu entre sua melhor amiga e ele, mas ela queria se certificar de que a amiga não estava entrando em uma enrascada. Lily sempre percebia quando Marlene ocultava ou mentia para ela, e foi isso que a loira fez na noite passada. Ela sabia que a amiga havia fugido da pergunta de Dorcas, disse que não estava apaixonada por Sirius, e aquela foi a pior mentira que Lily já a ouvira contar.

— Nada. — desviou o olhar dos olhos cinzentos e curiosos de Sirius, nunca conseguira mentir para ninguém enquanto olhava nos olhos das pessoas, então preferiu não arriscar.

Pareceu dar certo já que Sirius não insistiu nas perguntas, mas não demorou muito para ela perceber para onde ele estava olhando.

Seu olhos estavam fixos em Marlene que cantarolava baixinho e continuava com seu trabalho, ela parecia estar gostando do que estava fazendo. Sirius teve de conter um sorriso ao observar a expressão serena e concentrada da amiga. Mas sua expressão mudou completamente quando ele percebeu quem estava se aproximando dela, Amos Diggory estava há poucos metros de Marlene, se aproximava devagar feito uma cobra pronta para dar o bote, Sirius sentiu seu sangue ferver quando ele sussurrou algo no ouvido dela e ela estremeceu.

— Que merda pensa que está fazendo? — Marlene se afasta rapidamente do ser mais indesejado que poderia se aproximar dela naquele momento.

O que Amos Diggory queria com ela depois de tudo o que aconteceu? Ele não possuía um pingo de vergonha na cara para chegar nela daquela maneira sussurrando coisas absurdas em seu ouvido? Ela sentia vontade de acertar um soco no meio daquele nariz perfeitinho que ele adorava empinar.

— Relembrando os velhos tempos? — perguntou com seu maior sorriso cínico, fazendo com que Marlene sentisse vontade de estrangula-lo com suas próprias mãos.

A loira estava surpresa com a quantidade de pensamentos assassinos que tomavam conta de seu corpo quando o assunto era o babaca-do-Diggory, mas ela definitivamente não tinha culpa se ele a irritou tanto que ela teve que chegar a este ponto.

— Vaza daqui, Diggory, não tenho nada pra falar com você. — mas o pedido não foi atendido, Diggory não sairia dali tão fácil assim. Ele ainda sentia os olhares dos alunos em si, sentia aquela mesma onda de revolta e vergonha que a loira o fez sentir. Não conseguia se livrar daquilo e precisava se vingar de Marlene, ele não podia permitir que ninguém o fizesse de idiota, Marlene McKinnon não seria uma excessão.

— Sinto vontade de jogar todos esses vasos na cabeça daquele idiota. — resmungou Lily com a mesma expressão que Sirius tinha no rosto.

— Não seria o suficiente pra fazer com que ele deixasse de ser tão babaca. — Lily assentiu com a cabeça sem desgrudar os olhos da amiga que parecia bastante desconfortável com a situação em que se encontrava — O que Marlene viu nele? — ele perguntou fazendo uma careta e tentando entender o que aquele babaca tinha de tão atraente que deixava as meninas, e consequentemente Marlene, loucas por ele. Ele era só mais um loiro de olhos claros que se achava o máximo quando não passava de um otário e egocêntrico.

— Bom, ele é bonito, tem um sorriso contagiante, a voz chega a dar arrepios, é forte... — Lily contava nos dedos os motivos por todas as garotas babarem quando avistavam Amos Diggory. Sirius olhava para a ruiva de olhos arregalados, não acreditando em uma palavra do que ela dissera.

— James sabe que você acha disso daquele babaca? — a ruiva corou imediatamente, não havia percebido que tinha se empolgado um pouco demais em descrever as qualidades externas de Diggory.

— Eu não acho mais nada sobre aquele idiota. — colocou uma mecha de seus cabelos atrás da orelha, desviando o olhar de Marlene que se controlava para não voar no pescoço do ex namorado — Confesso que antes de saber o quanto ele era um babaca eu até achava isso dele, mas agora sei que ele não passa de um babaca, como você vivia dizendo.

O grifinório sorriu apreciando o fato de que a namorada de seu melhor amigo finalmente concordava com ele em alguma coisa, aquele era um momento épico em sua vida.

— Mas falando sério, precisamos conversar sobre Marlene — a ruiva cruzou os braços e olhou para Sirius fixamente, ele sentiu a intensidade do olhar e seu estômago afundou-se de um jeito bastante desconfortável, não tinha certeza se estava gostando do rumo que aquela conversa estava prestes a tomar.

Lily estava se sentindo mal por estar prestes a revelar o segredo de sua melhor amiga, mas não conseguia guardar aquilo só pra si, e também não pretendia contar a Sirius tudo o que Marlene lhe contou, ele realmente não precisava saber do que Marlene não queria que ele soubesse.

— Conversar sobre...?

— Marlene. Sim. — concordou a ruiva — Eu sei de tudo o que aconteceu naquela noite.

Sirius começou a tossir desesperadamente, o ar parecia ter fugido de seus pulmões o fazendo se afogar. Como Lily sabia daquilo? E por que, de repente, ela queria conversar sobre aquilo?

— Como? — conseguiu perguntar após quase morrer engasgado, Lily o encarava com uma expressão divertida, mas se obrigou a não rir naquele momento.

— James. — deu de ombros e Sirius respirou fundo, compreendendo o quanto o instinto de maricas do amigo não o abandonaria num momento daqueles — Quando vocês pretendem conversar sobre aquilo?

— Nunca. — respondeu rapidamente, não conseguia enxergar motivos para conversar com Marlene sobre o que aconteceu, ainda mais sabendo que ela não se lembrava de nada daquilo.

— Por Merlin, Sirius! — insistiu a ruiva, parecendo bastante aborrecida — É importante que vocês conversem sobre o que aconteceu.

Importante por quê? Provavelmente trazer o assunto a tona só provocaria confusões e muita merda, coisa que a amizade de Sirius e Marlene não precisava naquele momento.

— Nada de importante aconteceu, Evans. — respondeu Sirius voltando o olhar para a loira que ainda estava conversando com o ex namorado.

— O que você acha que eu devo fazer? — perguntou Marlene fixando os olhos no garoto indesejável que, infelizmente, não sairia dali tão cedo quanto ela pretendia — Perdoá-lo e assim voltarmos a ser o que éramos antes de você agir como um idiota? — ela riu negando com a cabeça.

Talvez esse fosse o plano de Diggory, ele já tinha tudo armado em sua cabeça, faria a grifinória pagar por toda a vergonha que ela o fez passar. Mas sabia que não seria fácil convencer a garota, ela era mais esperta do que seria saudável para aquele plano, mas ele não desistiria tão fácil. Ele não voltaria a ser motivo de piadas entre os amigos, não mesmo.

— Eu admito que fui um idiota. — ele ergueu as mãos em sinal de rendição, sorrindo do seu melhor modo sedutor que conseguia, o que não era algo difícil já que foi assim que conquistou a loira em sua frente — É muito tarde para pedir desculpas?

Nesse momento uma risada rouca tirou a atenção da grifinória e do lufano, encontraram Sirius prestando atenção em cada palavra que era dita entre os dois. Ele ria, mas não conseguia esconder o sentimento de nojo e repulsa que sentia ao observar aquela cena.

— Está mesmo falando sério, Diggory? — perguntou encarando o lufano com uma expressão séria e irritada — Achei que já tivesse aprendido a não se meter com a loira aqui, quer passar vergonha na frente de seus amigos de novo?

Marlene teve que morder as bochechas para não soltar uma gargalhada, não podia negar o quanto estava adorando a cena que se desenrolava em sua frente. Agradeceu mentalmente por Sirius ter aparecido e a livrado de aturar o ex namorado mais do que o necessário, já estava se sentindo tentada a lançar uma azaração onde furúnculos apareceriam por todo o corpo do lufano que não tinha o menor senso e pedia para sofrer hematomas.

— Não me lembro de ter lhe chamado para a conversa, Black. — o desprezo foi bastante evidente na voz do lufano ao pronunciar o sobrenome de Sirius.

— Sirius não precisa de convites, ele é bastante intrometido. — Marlene comentou com um enorme sorriso no rosto enquanto observava Diggory bufar em resposta.

— Você me conhece muito bem, Lene. — ele piscou para a amiga que sorriu ainda mais — E então? Se deu conta de que perdeu a melhor coisa que entrou na sua vida e agora pretende recupera-la?

O coração de Marlene deu um salto, sentia o ar escapar de seus pulmões e xingava-se mentalmente por estar sentindo coisas tão estúpidas por palavras que obviamente não tinham o significado que ela estava entendendo.

Amos Diggory abriu um sorriso ao encarar Sirius, estava se divertindo com as palavras do grifinório e adoraria comprovar suas suspeitas.

— Suponho que seja tarde demais, colega. — Sirius lançou uma piscadela em direção ao lufano que sorria diabolicamente.

— Por quê? Vocês dois estão namorando? — ele gargalhou alto com a expressão no rosto dos dois grifinórios.

Sirius não conseguia se decidir. Estava tentado a confirmar as suspeitas de Diggory, mas não havia motivos para que ele fizesse aquilo. E também não conseguia entender porquê queria tanto confirmar aquilo.

Diggory se divertia ao observar a confusão no rosto dos dois, Marlene estava vermelha e parecia querer sair dali correndo. Ele sabia que insinuar aquilo faria um grande estrago, porém jamais imaginou que pudesse ser tão divertido. Nunca gostou da amizade entre os dois, sempre desconfiou que os dois nutriam sentimentos um pelo outro, porém agora estava confirmando aquela teoria.

O que o induziu a fazer aquilo era saber que jamais daria certo. Afinal era de Sirius Black e Marlene McKinnon que estava falando, a fama do grifinório era péssima entre as garotas e ele não acreditava que isso pudesse mudar em relação à Marlene.

Sentia uma imensa vontade de rir ainda mais quando diversas imagens de Marlene chorando e sofrendo passavam por sua mente. Sabia que aquilo iria acabar acontecendo caso sua suspeita, de fato, se confirmasse.

— Não, e não é da sua conta se estivéssemos. — respondeu Sirius por fim, controlando sua raiva para não voar no pescoço do lufano e provavelmente ser expulso por isso.

Diggory não se abalou com a resposta, apenas sorriu e deu de ombros antes de se afastar.

— Idiota. — resmungou Marlene fuzilando as costas de Diggory enquanto ele se afastava.

— Eu não sou idiota! — Sirius ergueu os braços em sinal de rendição, arrancando um sorriso de Marlene.

— Não estava falando de você, mas também serve. — o moreno fingiu indignação.

— O que ele queria? — perguntou após alguns minutos, não conseguia se livrar da sensação de repulsa ao lembrar do garoto próximo à sua melhor amiga como se nada tivesse acontecido.

— Me irritar, suponho. — deu de ombros, ela não se importava nenhum pouco com o ex namorado, só queria distância dele — Graças a você ele não conseguiu. — ela sorriu agradecida.

— Ao seu dispor. — ele fez uma reverência que Marlene classificou como ridícula e extremamente patética.

Foi então que percebeu o quão próximos seus corpos estavam, ela podia sentir seu perfume invadir seus sentidos, seus braços estavam roçando um no outro, ela sentia arrepios percorrerem o seu corpo. Era como se uma sensação de dejavú tomasse conta de seu corpo, ela sentia que estava novamente no dormitório de Sirius, os olhos cinzentos estavam próximos demais e ela se sentia hipnotizada e não conseguia mover um músculo sequer.

Os dois já não importavam-se mais se estavam em uma tenda cheia de alunos, sentiam como se não houvesse ninguém ali exceto os dois, assim como naquela noite que ambos tentavam esquecer.

Eles se aproximavam devagar, os olhos cinzentos e azuis não se desgrudavam em momento algum, era como se estivessem, de certa forma, conectados. Seus lábios estavam quase se tocando novamente quando...

— Acredita que vou ser obrigado a abrir novos testes para batedor no time? Jones decidiu focar nos estudos e... — James parou imediatamente de falar ao alternar seu olhar entre os dois amigos — Vocês estão bem?

Marlene limpou a garganta e sentou-se no banquinho que ocupava minutos antes, suas pernas estavam bambas e sua respiração descompassada.

Não conseguia processar o que quase acabara de acontecer, precisava entender logo o que diabos estava acontecendo com sua mente e seu corpo. Não conseguia mais ficar próxima a Sirius sem sentia aquela vontade insana de estar sentindo seu gosto.

Merlin, como isso soava ridículo!

— Oh, sim. — respondeu Sirius imediatamente, tentando se livrar da sensação estranha que lhe domava — Jones saiu do time, é? — perguntou ignorando a mistura insana de sentimentos e a vontade de matar James por ter, mais uma vez, os interrompido.

Potter ignorou a expressão estranha no rosto do amigo e começou a contar os detalhes de sua reunião com McGonagall a Sirius que fingia estar prestando atenção no amigo, quando seus olhos não conseguiam desviar da loira ao seu lado.

***

— Eu queria morrer! — a loira cobriu o rosto com as mãos, apoiando os cotovelos na mesa que ocupavam na aula de Feitiços.

— Eu deveria matar James! — exclamou Lily encarando o namorado, que estava do outro lado da sala, com raiva. Ela não conseguia acreditar o quanto o namorado podia ser tão insensível a ponto de não perceber o que havia feito, queria bater nele por ter estragado o momento entre a melhor amiga e Sirius.

— Não! Foi ótimo James ter aparecido, não quero pensar na merda que eu teria feito se ele não tivesse interrompido. — Marlene protestou olhando para as amigas.

— Você precisa resolver isso logo, Lene. — insistiu Dorcas pela milésima vez desde que Marlene havia contado o que quase acontecera na aula de herbologia, estava inteiramente arrependida já que suas amigas insistiam em lhe dizer o que ela deveria fazer.

— Não posso fazer isso. — cortou as amigas quando percebeu que elas iriam recomeçar com os sermões novamente.

Merlin sabia o quanto ela estava se torturando por tudo que estava acontecendo em sua vida, não precisava das amigas fazendo o mesmo e esfregando os seus problemas em sua cara. Mas é óbvio que elas não iriam se cansar de tentar fazer a amiga tomar uma decisão, estavam ficando angustiadas de ver Marlene naquele beco sem saída, precisavam ajudá-la a abrir um caminho e resolver aquilo de uma vez por todas.

— Prefere ficar sofrendo do que admitir o que sente? — os olhos castanhos de Dorcas estavam fixos na loira que se sentia esgotada, ela sabia que estava apaixonada por Sirius, sabia disso desde que trabalhou naquela maldita poção na aula de Slughorn. Desde então ela não conseguia mais controlar seu corpo, não conseguia mais agir normalmente quando estava perto de Sirius, não conseguia sequer tirá-lo de seus pensamentos. Era inacreditável o rumo que sua vida havia tomado.

— Eu não sinto nada! — protestou a loira — Aquilo só aconteceu porque eu estava bêbada e ele também, e hoje foi... — ela passou a mão pelos cabelos, tentando clarear sua cabeça — Foi só algo idiota.

Lily e Dorcas trocaram olhares impacientes, mas resolveram desistir de enfiar razão na cabeça da amiga. Sabiam o quanto Marlene era cabeça dura e não mudaria de ideia tão cedo, a não ser que ela mesmo chegasse sozinha naquela conclusão, coisa que estava demorando demais para acontecer, mas não havia nada que as duas pudessem fazer, a não ser esperar este momento chegar e torcer para nada dar errado, já que teriam que consolar a amiga caso isso acontecesse. O que não era algo a se descartar já que elas conheciam muito bem como era Sirius, entendiam e lamentavam a amiga ter se apaixonado por alguém tão arrogante, egocêntrico e idiota como Sirius. Mas o que elas poderiam dizer? Não é como se elas não esperassem que aquilo fosse acontecer, até porque sempre desconfiaram do tamanho de afeto entre os dois, sabiam que era apenas questão de tempo até que eles se dessem conta do que sentiam.

Porém, Sirius não sabia o que sentia. Ele só tinha aquela agitação no estômago e aquelas batidas aceleradas no coração quando estava próximo de Marlene, mas nunca sentira nada semelhante aquilo antes, portanto não fazia ideia do que fazer a respeito ou de qual era o significado pra todo aquele turbilhão de sentimentos que o acompanhava.

E isso estava o sufocando. Precisava descobrir o que aquilo tudo significava, mas não fazia ideia de como ia descobrir isso. A única certeza que tinha, era que queria ir até o dormitório de Marlene, onde ela estava há meia hora andando de um lado para o outro sem parar — não que ele estivesse todo esse tempo observando o pontinho com o nome da loira no Mapa do Maroto, até porque ele não estava, não mesmo -, queria ir até lá e... E o quê? Milhares de idéias borbulhavam em sua pele, mas ele sabia que não teria coragem o suficiente para fazer nenhuma delas, estava se sentindo um covarde, o que era completamente inaceitável, ele era um grifinório afinal. Mas uma coisa era ter coragem para enfrentar Voldemort pessoalmente, correndo risco de morrer assim que erguesse a varinha contra o bruxo das trevas, outra coisa era enfrentar Marlene e o turbilhão de sentimentos que ferviam dentro de si toda vez que estava próximo a ela. Por Merlin! Ele se sentia mais confortável frente a frente com Voldemort do que com Marlene. Já podia imaginar seus amigos rindo e zoando se soubessem desse fato vergonhoso sobre ele.

— Quem você está vigiando? — perguntou Peter se aproximando do amigo e conferindo o pergaminho na mão dele.

— Ninguém. — mentiu Sirius e fechou o pergaminho, não podia se sentir tentado a fazer o que estava em sua cabeça e continuar com o mapa aberto não facilitava em nada as coisas.

— Finalmente. — Remus riu enquanto observava o amigo guardar o mapa no malão — Daqui a pouco Marlene iria sentir que está sendo vigiada.

Sirius ficou branco feito papel e sentiu vontade de apertar o pescoço de Remus até que ele retirasse o que disse, mas ele não era tão malvado assim e tampouco tinha condições de fazer qualquer coisa, já que não conseguia pronunciar uma palavra sequer enquanto era motivo de piada entre seus amigos que riam sem parar da expressão doentia do amigo.

— Sirius Black apaixonado... quando é que íamos imaginar que isto iria acontecer? — perguntou Peter arrancando mais gargalhadas dos amigos.

O moreno parecia que tinha desaprendido como falar, seu rosto tornou a ficar verde e ele sentia que podia vomitar a qualquer momento. Sirius Black não se apaixonava, isso nunca havia acontecido e tampouco aconteceria com ele. Não era de sua natureza se submeter a um sentimento tão idiota como aquele, Sirius Black, definitivamente, não estava apaixonado.

— Nosso bebê cresceu! — a voz de Remus saiu esganiçada de tanto que o garoto ria com James e Peter. Sirius já havia perdido a paciência com aquele circo, estava cansado de ser motivo de risadinhas entre os amigos, era pior ainda quando ele se sentia envergonhado e era acusado de algo tão contra a natureza dele.

Saiu do dormitório batendo a porta, o que arrancou ainda mais gargalhadas dos amigos. Ele revirou os olhos e se afastou, ficar ali ouvindo as bobagens que os amigos tinham a dizer só faria com que ele ficasse ainda mais estressado.

Deixou a Torre da Grifinória e caminhou despreocupadamente pelos corredores desertos, apreciando o silêncio e tentando botar seus pensamentos no lugar. O que estava próximo a ser impossível já que cada vez que tentava, uma nova onda de confusões invadia seu cérebro.

Mas algo o fez varrer tudo aquilo de seus pensamentos e ele pediu a Merlin que aquilo fosse só um sonho ou algo do tipo, pois não estava com cabeça para lidar com as duas gêmeas que pararam em sua frente com sorrisos idênticos nos lábios.

— O que está fazendo andando sozinho pelos corredores após o toque de recolher? — perguntou a de cabelos castanhos que Sirius julgou ser Scarlet.

— Eu...

— Não se preocupe, vamos passear juntos. — Violet sorriu ainda mais e se apoiou no braço de Sirius, o mesmo foi feito por sua irmã.

O moreno não sabia se discutia e as mandava embora ou fingia que elas não estavam ali, desejava ficar com a última opção, mas a voz de Scarlet o interrompeu:

— E então, para onde vamos? — perguntou aparentando estar excitada com a possibilidade de explorar o castelo ao lado de Sirius aquele horário.

— Oh, eu não...

— A Torre de Astronomia seria incrível! — Scarlet deu pulinhos de entusiasmo e olhava Sirius com expectativa.

— Vamos! — Violet pegou na mão de Sirius e o puxou, mas ele não saiu do lugar.

Por que ele iria com elas para a Torre de Astronomia? Já havia deixado claro a elas que não estava interessado nelas dessa maneira. Por que elas não entenderam isso ainda?

As irmãs olhavam para ele com sorrisos idênticos e apaixonados, se ele não soubesse que eram gêmeas diria que era o álcool pregando peça em sua cabeça para que ele enxergasse duas pessoas no lugar de apenas uma, mas ele estava sóbrio e sabia muito bem quem elas eram, até mais do que ele pretendia.

— Vamos, Sir, vai ser romântico! — os olhos de Scarlet brilhavam e ela não conseguia parar de sorrir, as duas ignoravam completamente a expressão de horror e confusão no rosto do moreno. 

— Acho que vocês não entenderam... — ele tentou argumentar, mas elas eram muito mais rápidas e não deixavam que ele formulasse uma frase completa, interrompendo-o.

— Não se faça de difícil! — protestou Violet fazendo um biquinho infantil enquanto encarava o grifinório — Somos almas gêmeas!

— Trigêmeas. — corrigiu a outra e Sirius queria sair correndo dali para procurar um curandeiro, era óbvio que aquelas duas precisavam de tratamento urgente.

— Vocês são loucas. — foi a primeira frase completa que ele conseguiu dizer e se sentiu aliviado com isso, o que não durou muito tempo já que suas palavras fizeram o sorriso das duas aumentar ainda mais.

— Por você. — responderam em coro.

— Olha, eu não sei o que vocês estão pensando, mas...

— Vamos logo, Sir.

O grifinório fez uma careta ao ouvir aquele apelido ridículo que aquelas malucas haviam dado a ele. Estava tentando manter a calma, mas ao olhar para aqueles rostos sonhadores e pirados, ele sentia vontade de amarra-las e despacha-las para o St. Mungus para tratamento psicológico, elas eram malucas.

Ambas o puxavam pelo braço, ansiosas para que ele as seguisse e juntos pudessem observar as estrelas pela torre.

— Não quer deixar suas namoradas tristes, quer?

Ele tentou ficar calmo, tentou mesmo. Mas ao ouvir aquelas palavras ele já não conseguiu manter a calma. Como poderia? Aquelas malucas estavam se intitulando como namoradas dele. Deveria ter escutado os conselhos dos amigos, aquelas garotas eram mesmo malucas.

— Não somos namorados. — disse e viu o sorriso no rosto das duas desaparecer — Não sei qual o problema de vocês, mas eu não estou namorando com nenhuma das duas.

— É claro que está! — as duas o encaravam de braços cruzados, seus olhos o fuzilavam e ele já estava a espera de mais uma explosão, mas esta não veio.

— Nossas almas estão conectadas! — disse a outra com a voz manhosa.

Sirius passou a mão pelos cabelos e respirou fundo, estava pronto para começar a discutir com elas e sair daquela situação bizarra, mas foi interrompido novamente, porém dessa vez ele se sentiu aliviado.

— O que está acontecendo aqui? — Marlene chamou atenção dos três, as gêmeas a olharam com raiva por não estarem mais sozinhas com o possível namorado.

— Estamos levando nosso namorado para observar às estrelas. — respondeu Violet apontando para Sirius que negou desesperado com a cabeça para a loira que foi obrigada a morder a língua para não explodir em uma gargalhada.

Ela desistiu de andar de um lado para o outro pelo dormitório e resolveu ir até a cozinha, pedir aos elfos as sobras do jantar, mas foi tirada de seus planos quando se aproximou daquela cena hilária que acontecia no corredor do quarto andar do castelo.

Fazia o maior esforço para não acabar rolando de tanto rir de cada palavra que ouvia das meninas contra o melhor amigo, ela sabia que ele estava odiando tudo aquilo e teria que fazer seu papel de amiga e tirá-lo daquela furada, apesar de achar que ele merecia aquilo.

Mas imaginar Sirius observando as estrelas ao lado das gêmeas malucas, fazia seu estômago se revirar em desconforto. Ela teria que tomar medidas drásticas para interferir e salvar o amigo seu estômago.

— Namorado? De vocês duas? — perguntou se divertindo quando elas assentiram firme com a cabeça.

Sirius abriu a boca para protestar, mas Marlene o calou com apenas um olhar. Ele esperava que ela não entrasse no jogo daquelas duas e o ajudasse a sair dali sem ninguém no seu pé.

— Acho que há um terrível engano aqui. — Marlene sorriu abertamente.

Sirius concordou rapidamente com a cabeça, evitou olhar para a direção das gêmeas que negavam.

— Não! Sirius está namorando conosco. — explicou Scarlet na esperança de que Marlene entendesse a situação e os deixasse sozinhos novamente.

Mas Marlene apenas riu, negou com a cabeça e se aproximou ainda mais dos três.

— Sirius está namorando sim, mas não é com vocês. — a loira evitou olhar para Sirius, sabia que se fizesse isso agora tudo daria errado, seu foco ali era tirá-lo das garras de duas piradas e esperava que ele colaborasse para o plano insensato que estava formado em sua mente. Então antes que ele pudesse formular uma resposta, ela se adiantou: — Sirius está namorando comigo.

Ele não sabia como reagir as palavras de Marlene. Quando as gêmeas Johnson o intitularam daquilo ele sentiu repugnância e vontade de sair correndo, mas com Marlene, era, estranhamente, diferente. E tinha que admitir que não era um diferente ruim, e isso o deixava assustado.

Antes que ele pudesse reagir as palavras de Marlene, ouviu as gêmeas gargalharem.

— Vocês são melhores amigos. — disse Scarlet revirando os olhos.

Marlene estava começando a odiar aquela definição, sabia muito bem o motivo, mas não se deixaria pensar naquilo no momento. Depois pensaria nas consequências de seus atos, que sem dúvidas confundiria ainda mais sua cabeça.

— Eu te garanto que não. — disse sorrindo para as gêmeas e só Merlin sabe de onde ela tirou forças para caminhar até Sirius.

Parou em frente a ele e encarou aquelas órbitas acinzentadas, recebendo um arrepio em todo seu corpo com a proximidade que seus corpos estavam e na intensidade do olhar que recebia.

Resolveu não pensar demais no que estava fazendo – até porque sabia que já que estava tão próxima a ele, não conseguiria prestar atenção no que seu cérebro lhe alertava –, se aproximou ainda mais e selou seus lábios nos dele que os abocanhou com vontade.

Eles não conseguiram conter um pequeno gemido quando sentiram o gosto um do outro novamente. Se sentiam como viciados em drogas trouxas, saindo de um longo período de abstinência.

Esqueceram completamente que não estavam sozinhos. Quem se importava que as gêmeas malucas Johnson assistiam de camarote? Aquele sentimento que incendiava dos dois era muito mais importante que qualquer pessoa que pudesse estar assistindo o espetáculo que davam.

As gêmeas assistiam tudo com uma enorme carranca no rosto, queriam lançar azarações em direção aos dois que se atracavam sem a menor cerimônia em sua frente, mas não fizeram aquilo, resolveram esperar.

O que demorou quase que uma eternidade. Sirius não sentia a menor vontade de se separar de Marlene, o gosto dos lábios da loira era viciante e ele não queria parar. Era como se estivesse se sentindo completo novamente, mesmo não sabendo que algum dia já se sentiu incompleto.

Quando seus lábios finalmente se separaram, a troca de olhar dos dois foi ainda mais intensa que o beijo, mas eles não tiveram tempo para discutir sobre o que acabara de acontecer.

Scarlet e Violet limparam a garganta, chamando atenção dos dois e os tirando da bolha que haviam acabado de criar.

— Oh... — Marlene suspirou e fez o maior esforço para clarear seus pensamentos e se lembrar de tudo que estava acontecendo antes de seus lábios tocarem os de Sirius — Entenderam agora? — a loira encarava as gêmeas enquanto tentava conter um sorriso que insistia em escapar de seus lábios.


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