“Quando foi que nós arrumamos tanta gente?”

Era sábado, duas da tarde. Alexy pode ou não ter ouvido Sam e Nathaniel discutindo sobre comprar roupas novas no dia anterior e imediatamente se interessado. Acabaram decidindo que não faria nada de mal deixá-lo ir junto.

Ele também podia ou não ter decidido convidar mais algumas pessoas.

Então ali estavam: Sam, Nath, Alexy, Violette, Iris e Rosalya. E sim, Sam havia acabado de se apresentar formalmente para essas últimas três.

Rosalya havia se interessado imediatamente em conversar com Samuel, por acaso:

“Eu fiz um grande esforço para ajudar nosso querido representante de turma Nathaniel aqui a comprar roupas novas há mais ou menos um mês!” Ela dizia, claramente não fazendo o menor esforço para não deixá-lo ouvir. “E olha só o que ele faz com a minha criação! Ao menos estou orgulhosa que alguém mais nessa escola se interessa em moda além de mim.”

“Valeu!” Protestou Alexy, alguns passos atrás deles.

“E Alexy, claro.” Deu de ombros. “Bem, tenho certeza de que podemos dar uma melhorada no visual do nosso modelo do dia e ainda sobrará bastante tempo para outras coisas...” Ela continuou, em um tom levemente sonhador. Sam lançou um olhar de desculpas para Nathaniel. Realmente não estava esperando tomar o dia inteiro dele.

“Só espero que isso não tome tempo demais, eu adotei uma gata hoje e...”

“Você adotou uma gatinha?” Sam imediatamente se aproximou de Nathaniel, os olhos brilhando. “Você tem fotos? Como ela é?” A curiosidade estampada em seu rosto.

“Bem, sim...” Nathaniel tirou o celular do bolso, abrindo algumas fotos de uma filhotinha de pelos claros. Todos se aproximaram para ver. Filhotes realmente possuem um charme inigualável. “O nome dela é Branca. Ela é bem novinha, mal chegou em casa e começou a arranhar os móveis. Eu deveria voltar cedo para ter certeza de que ela não está destruindo demais as coisas enquanto estou fora.”

Sam ainda parecia bastante distraído com as fotos, alisando a tela do celular levemente, evitando deixar marcas, enquanto murmurava algo sobre as patinhas dela serem adoráveis e parecerem meias branquinhas.

“Não acho que demore a tarde toda.” Alexy deu de ombros. “Além disso, Kymo e Armin também me querem em casa antes do anoitecer. Aparentemente eles tem alguma coisa pra me mostrar. Espero que seja algo útil dessa vez...” suspirou.

Iris concordou, dizendo que tinha que buscar o irmão na aula de guitarra. Violette apenas disse que gostaria de ter algum tempo para desenhar no parque mais tarde. Rosalya parecia um pouco impaciente.

“OK, OK. Nós vamos então passar por algumas lojas, cuidar do nosso desastre natural,” Nathaniel revirou os olhos. “Comprar mais algumas coisinhas, e passar na praça de alimentação para comer alguma coisa. Parece um bom plano. Certo?” Todos apenas deram de ombros ou assentiram com a cabeça. “Certo. Então vamos! Eu sei onde ficam as melhores lojas!”

“Bem, desde que não nos distraímos muito, tenho certeza de que vai dar tempo!” Alexy respondeu, e Sam deu de ombros, concordando.

Sam e Alexy foram os primeiros a se distrair.

Na primeira loja que entraram, eles devanearam diretamente para as roupas que lhe interessavam. Alexy já havia pegado vários acessórios e jaquetas coloridas e posto por cima de suas próprias roupas, enquanto Samuel parecia decidir qual das várias camisetas listradas monocromáticas lhe interessava mais.

Sinceramente, Nathaniel era o que mais parecia desapontado com ambos.

“Sam, você decidiu isso. Teoricamente você deveria ser o mais interessado.” Ele protestou.

“Bem, talvez você ficasse ótimo com listras!” Respondeu, colocando uma grande camiseta listrada em preto e cinza na frente do rapaz. “Não… Você não combina com o emo-gótico.” E voltou a se distrair com todas aquelas camisetas que definitivamente pareciam muito com a que ele já estava usando.

“Samuel Marie Roux, se você não vier logo, eu nunca te chamarei pro meu apartamento para ver Branca.” Nathaniel insistiu, a voz firme e os braços cruzados.

Sam parou imediatamente.

“Quer dizer que eu tenho essa permissão?” Perguntou, os olhos brilhando.

“Não se você não vier agora.”

“OK, Sr. Amigo Representante.” Disse, colocando as várias camisetas praticamente idênticas de volta ao seu lugar. “Aliás, como tu sabe o meu nome completo? Não me lembro de já ter lhe dito isso.” Continuou, com um olhar desconfiado, enquanto andava com ele até outra área da loja.

“Sam, eu tenho a sua ficha escolar.” Ele revirou os olhos. “Você sabe disso.”

“Ah, é. Eu tinha esquecido disso.” Decidiu apenas dar de ombros. Acabaram se reencontrando com Rosalya, que aparentemente já havia escolhido algumas várias peças de roupa para Nathaniel. Violette e Iris pareciam estar apenas conversando sobre algo completamente sem relação a isso em um canto próximo.

“Nathaniel, você está de volta! Ótimo. Bem, é bastante útil que eu ainda sei todas as suas medidas. Aqui, dê uma olhada nisso.” Ela sorriu, entregando uma pequena pilha de roupas nas mãos dele.

“Oh, isso parece interessante.” Sam comentou, pegando a camiseta do topo da pilha. “Essa aqui tem coisas nerds, realmente combina com você.” Sorriu.

“Sam, não.”

“Estou apenas brincando! Em parte.” Deu uma olhada nas araras de roupa próximas. “Por outro lado, você provavelmente ficaria ótimo usando um suéter...” Parou por um momento, imaginando como ele realmente ficaria usando um.

“Samuel, por favor.”

“Tá bom! Parei!. Mas, sério, considere um suéter.” Tirou um deles do cabide. “Olha, esse aqui tem um gatinho.” Ele disse, sorrindo.

“Certo então.” Ele suspirou. “Coloque em cima da pilha.”

Sam apenas sorriu mais uma vez e obedeceu. Nathaniel então disse que iria começar a experimentar as roupas, e Rosalya o lembrou de sair do provador sempre que trocasse algo para que eles pudessem ver — e provavelmente julgar o quanto elas combinavam com ele.

“Sam, você pode por favor parar com isso?”

“Desculpa, desculpa!” Ele respondeu, finalmente ficando realmente parado após os últimos cinco minutos. “Eu só estou realmente feliz que você tenha comprado o suéter com o gatinho! Você fica adorável com ele!”

Ele corou levemente, mas não falou mais nada.

“Bem, nossos planos incluíam comer alguma coisa antes de terminarmos tudo, certo?” Rosalya lembrou.

“Sim, claro!” Sam concordou. “Teremos tempo de conversar assim também.”

“Ótimo! A praça de alimentação fica lá em cima.” Ela apontou.

Todos a seguiram. Cada um comprou alguma coisa para comer antes de irem se sentar num círculo de sofás no meio do local. Sam comprou um mil folhas de frutas vermelhas — duas de suas coisas favoritas juntas, doces e frutas vermelhas! Nathaniel foi o único a não comprar algo salgado.

“Eu realmente não sou um grande fã de doces…” Ele comentou.

“Se apenas eu tivesse lhe conhecido há alguns anos…” Sam começou. “Eu teria doces em dobro no Halloween.” E então riu um pouco.

Samuel se sentou entre Nathaniel e Violette em um dos sofás, enquanto Alexy, Rosalya e Iris sentaram-se em outro. Usaram o terceiro para descansar todas as suas compras — que não haviam sido apenas de Nathaniel, mas sim também umas várias roupas novas para Alexy e, sim, Sam decidiu comprar uma das várias camisetas listradas para si mesmo — Elas nunca são demais.

Iris e Alexy pareciam bastante distraídos conversando sobre música, e Violette havia começado a desenhar após terminar a sua própria comida, e parecia bastante distraída em seu próprio mundo. Ainda assim, a curiosidade de Sam lhe venceu:

“Hey, eu posso ver?” Sam perguntou, bastante interessado em ver o que ela estava fazendo.

“Ah… Sim…” Ela respondeu, o tom de voz muito baixo e tímido, e então deixando que ele visse o seu desenho atual. “Eu comecei esse aqui essa manhã…”

“Oh! É muito bonito.” Respondeu honestamente. Sam sabe do que ele está falando, sendo também um artista. Ainda era um rascunho, mas muito bem detalhado. Era um bonito cenário que cobria quase toda a folha, com um casal sentado em uma sombra. Assumia que ela estava aperfeiçoando os detalhes antes de, quem sabe, colorir tudo.

“Ah, obrigada…” Violette sorriu, corando levemente. “Eu costumo preferir desenhar no clube de jardinagem ou no parque, mas está tudo bem desenhar aqui se eu posso sair com meus amigos…”

Samuel apenas concordou, antes de lembrar de algo que havia ouvido há mais ou menos uma semana.

“Ah, sim! Jade me falou sobre você. Ele disse que você desenha flores muito bem.”

“Ele disse? Oh.” Ela corou mais um pouco. “Bem… Você está no clube de jardinagem, certo? Poderia dizer para ele que eu agradeço?”

“É claro.” Sorriu. “Sem problemas.”

Os seis passaram uma meia hora conversando antes de decidirem seguir seus caminhos. Ainda falaram um pouco no ônibus de volta para as proximidades do parque, onde Violette, Alexy, Iris e Rosalya se despediram deles. Sam acabou andando com Nathaniel até o prédio dele.

“Eu moro do outro lado da cidade, mas ainda está cedo. Tenho certeza de não vou ter problemas voltando para casa!” Sam insistiu, após Nathaniel continuar a dizer que ele não precisava andar com ele. “Além disso, você tem sacolas demais.”

“Você está carregando três sacolas e uma delas é sua.”

“Ainda é uma ajuda!” Deu de ombros, com um leve sorriso. “Quase parece que você não me quer por perto, Nathi.”

“Quando foi que você começou a me chamar por ‘Nathi’?” Ele levantou uma sobrancelha, rindo de leve.

“Oh, eu ouvi Kymo te chamar assim e decidi que soava legal. Posso continuar?”

“Bem, se você realmente quiser…”

“Nesse caso, eu vou te chamar de Nathi pelo resto de nossas vidas.” Respondeu, com um largo sorriso.

Eles continuaram rindo e conversando até chegarem na porta do prédio, onde Sam devolveu as duas sacolas de Nathaniel. Já estava quase se despedindo dele quando o rapaz lhe chamou a atenção uma ultima vez.

“Sam… Isso pode parecer um pouco rápido demais, considerando que não faz bem exatamente duas semanas que nos conhecemos, mas…” ele corou fortemente. As palavras eram quase idênticas ao que ele mesmo estava tentando dizer há pouco menos de uma semana, mas dessa vez parecia que era algo digno a se sentir um tanto quanto envergonhado para perguntar. “Eu… Posso te beijar?”

“Ah?” A pergunta lhe atingiu com certa força. Seus olhos arregalaram de surpresa, e quase que de imediato seu rosto se tornou tão vermelho quanto o dele. “Eu… Bem…”

“Está tudo bem se você não quiser…” Ele desviou o olhar. “Eu provavelmente só estou sendo impulsivo demais…”

“Bem, nesse caso… Acho que a minha impulsividade deve ser contagiosa.” Ele riu, se aproximando. “OK. Você pode.”

Nathaniel se inclinou para compensar a diferença de altura entre eles, antes de realmente se beijarem. Não era nada mágico, muito menos perfeito ou inesquecível, mas também não poderia de nenhuma maneira dizer que era ruim. Sam poderia aceitar muito bem que aquilo durasse mais alguns segundos, talvez um minuto inteiro, mas, infelizmente, não durou muito.

Quando eles realmente se separaram, os dois continuaram se olhando nos olhos por mais alguns segundos, um tanto quanto ofegantes. Samuel foi o primeiro a quebrar o silêncio.

“Bem, parece que agora eu tenho a resposta para aquela pergunta.” Ele riu. “Você de fato beija bem.”