O Mistério da torre de cristal escrita por calivillas


Capítulo 8
Minha nova casa




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Mesmo tentado me convencer, que só vi o quadro da parede refletido no espelho, que foi simplesmente uma ilusão de ótica, sai do lavabo com uma sensação estranha, como se houvesse algo errado. Na sala, Victor e seus convidados continuavam a conversa, animados, sem sinal que terminariam tão cedo, porém, eu me sentia cansada, queria voltar para minha casa e dormir.

— Querida, Verônica está se oferecendo a nos ajudar com os preparativos do casamento – Victor revela assim que me vê, dou um sorriso falsamente amável, mas por dentro estou xingando um monte de palavrões, ao ver como ela olhava para o meu noivo.

— Victor, já está ficando tarde, acho melhor eu ir para casa.

— Por que não passa a noite aqui, querida? Assim, começará se acostumar com sua nova casa – meu noivo propõe.

— Mas, eu não trouxe nada.

— Tenho certeza que Victor poderá providenciar tudo que você precisar, Lívia – Alex faz uma das suas poucas intervenções naquela noite, pois, ao contrário da irmã, ele é muito na dele.

Estou dividida, queria ir embora daquele lugar intimidador, porém, sei que não posso fazer essa desfeita ao meu noivo, ainda seria mais uma oportunidade de passarmos outra noite juntos, nem o deixaria sozinho com a tal de Verônica. Assinto com a cabeça e Victor dá um sorriso vitorioso.

Só quase meia-noite e muitos copos depois, Alex e Verônica vão embora, Victor desaparece por algum tempo, me deixando sozinha na sala. Não consigo ficar parada por muito tempo, começo a olhar os detalhes da decoração, as antiguidades e peças de artes, imaginando quando aquilo valeria, cada uma delas deveria custar muito mais do que o meu salário de um ano ou mesmo o valor do apartamento, onde moro, que minha avó levou a vida toda para comprar, dando aulas e fazendo economia. E olhe agora, onde eu estou! Naquele lugar maravilhoso, cercada por todas aquelas coisas lindas, nem dá para acreditar na minha sorte.

Victor reapareceu.

— Está gostando da sua futura casa?

— Sim, é tudo tão lindo!

— Que bom, porque eu prezo muito por todos esses objetos. Desculpe-me por deixá-la sozinha, por tanto tempo, mas estava providenciando algumas coisas para o seu conforto. Mas, agora, é hora de você conhecer o resto do apartamento. O meu quarto, o nosso futuro quarto fica lá em cima. – Ele me guiou pelas escadas e pelo corredor, abrindo a porta dupla no final.

— Seus aposentos, senhorita – disse, se curvando em falso tom cerimonioso, com um sorriso travesso.

 Eu lhe devolvi o sorriso, entrei e perdi o folego, pois só havia visto algo parecido em revistas, era enorme e muito, muito chique, quase todo em branco, pontuado por peças antigas. Eu nunca gostei de coisas velhas, nunca entendi as pessoas pagarem tão caro por objetos antigos, que foram de outras pessoas, mas Victor me mostrou como isso podia ser bonito. Todas as peças se encaixavam a perfeição.

— É lindo! – Lembrei de respirar. – Você tem muito bom gosto, Victor! – Parei em frente a um espelho todo trabalhado, passando meus dedos de leve nos seus relevos.

— Obrigado. Acho por ter sido criado por uma mulher tão exigente, como a minha avó, desde criança frequentei leilões, museus e galerias de artes.

— Você não ficava entediado?

— Às vezes, mas, com o tempo, fui aprendendo a conhecer e apreciar, enquanto minha avó me explicava a procedência e o valor de cada objeto vendido.

— Minha avó era professora, ela me ensinou o amor aos livros – sinto-me emocionada ao recordar de ela me levando a primeira vez a uma biblioteca.

— Agora, Lívia, gostaria de experimentar a cama? Ela é muito confortável – sussurrou no meu ouvido, um arrepio percorreu meu corpo, aquele era o homem que eu gostava, quente e sensual, que me levava a loucura.

Acordei na manhã seguinte, sem vontade de abrir os olhos, estava tão bem acomodada entre aqueles lençóis macios de algodão egípcio, que não queria despertar, mas ouviu suaves sons, então, abri os olhos e levantei a cabeça, Victor estava pronto para o trabalho, havia me esquecido que era um dia de semana comum, já que, agora, estava desempregada.

— Estou saindo para o trabalho, querida – ele me avisou, se inclinando sobre a cama para um suave beijo. — Fique à vontade, durma o quanto quiser e se tiver fome, dê uma olhada na geladeira. Esse é um edifício inteligente, todos os empregados são do condomínio, qualquer coisa que precisar e só pedi pelo interfone, que a governança providenciará.

Ele saiu, eu fechei os olhos e tentei dormir de novo, mas não consegui, mas, fiquei ali, deitada, por um bom tempo, apreciando o quarto, pensando que, muito em breve, acordaria naquela cama, todos os dias, quando ouvi sons do interior do apartamento, me assustei, não sabia o que fazer, por isso, me levantei e vesti o roupão de Victor, esquecido sobre uma poltrona. Abri a porta e caminhei, pé ante pé, na direção do barulho, até chegar na sala de jantar vazia, sobre a mesa, os resquícios da refeição de ontem à noite, foi no exato momento que uma mulher atravessou a porta, eu e ela soltamos um grito de susto.

— Oh! Desculpe-me, senhora, não sabia que havia alguém no apartamento – a mulher jovem, usando um uniforme azul claro e com os cabelos escuros cuidadosamente presos, se desculpou, com humildade. Ela devia ser da equipe de serviço do edifício. – Perdoe-me se eu a acordei. Posso voltar mais tarde.

— Não, por favor, você não me acordou, pode continuar o seu trabalho.

— Obrigada, senhora. Deseja alguma coisa?

— Que não me chame de senhora, não me casei ainda. Meu nome é Lívia.

— A senhorita é a noiva do senhor Rahner, fomos informadas da sua presença aqui. Eu me chamo Teresa, cuido do seu apartamento. Deseja que eu prepare o seu café da manhã?

— Sim, obrigada.

— Alguma preferência?

— Não.

 Teresa foi para a cozinha e eu a segui, não havia entrado lá antes e fiquei espantada como era moderna e prática, com muitos aparelhos que nem sabia para que servia. Observei que ela colocou uma cápsula de café expresso na cafeteira, começou a pôr a mesa.

— No futuro, se tiver alguma preferência pode pedir a governança?

— Quer dizer que esse edifício funciona igual a um hotel?

— Em parte, sim.

 — Puxa! Eu nunca imaginei que houvesse algo parecido com isso. Você trabalha aqui, há muito tempo, Teresa? – perguntei, enquanto ela me entregava a xícara de café e eu colocava açúcar

— Há alguns meses. Eles são muito exigentes quanto a contratação do pessoal, mas, não há muitos moradores permanentes. A maioria dos apartamentos fica fechada, porque os donos têm outras casas – ela falava, enquanto, continuava a limpar o lugar.

Podia aproveitar a oportunidade para xeretar um pouco sobre o meu futuro marido.

— E o senhor Rahner dá muito trabalho? – quis saber, de um jeitão brincalhão.

— Não, ele é muito tranquilo e organizado, só temos que ter cuidado por causas dos objetos de valor.

— E ele trazia muitas mulheres aqui? — Fui direta, ela me olhou com uma expressão de espanto. – Pode falar! Só estou curiosa com o passado do meu noivo.

— Não. Eu nunca vi nada de mais – ela falou, em um tom mais baixo, duvidei se falava mesmo a verdade.


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