O Mistério da torre de cristal escrita por calivillas


Capítulo 4
Um homem perfeito




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Ainda não acreditava naquele convite, possivelmente, ele se esqueceria até sexta. Mas, se ele não se esquecesse, tinha um outro problema, não tinha nada o que usar, nenhuma das minhas roupas estava a altura para sair com alguém como Victor Rahner, afinal, sou uma garota pobre, que mal ganho para me sustentar, não posso me dar ao luxo de gastar com roupas caras. Confessei isso a minha amiga, que coçou a cabeça, pensativa.

— Vamos dar um jeito

— Como? Não tenho dinheiro para comprar nada novo.

— Você pode pegar emprestado.

— Não, Monique. Ele sabe quem eu sou, não tenho porque mentir, vou usar o que tenho.

 Mesmo fingindo estar segura, eu me sentia bastante aflita com a expectativa desse encontro, afinal, não sabia o que Victor desejava de mim. Por fim, Monique me convenceu a usar um dos seus vestidos. Às 8 horas da noite da sexta-feira, o carro de luxo parou diante da portaria daquele prédio simples do subúrbio, chamando a atenção dos moradores que estavam por lá. E eu sai pela portaria, tentando transparecer segurança, mas não estava certa se conseguiria. Ele veio me receber, com um belo sorriso no seu rosto atraente, antes de qualquer gesto da minha parte, ele se inclinou e beijou a minha face, senti o seu perfume gostoso e penetrante, depois, me guiou até o carro, abrindo a porta para eu entrar. Sabia que do alto da janela do seu apartamento, Monique, Eduardo e a sua mãe acompanhavam a cena.

Foi a primeira vez que ele me levou a um restaurante muito chique, eu me senti até meio constrangida por minhas roupas simples, mas Victor parecia que não se importava, como sempre agindo com naturalidade e elegância. Conversamos muito, ele me falou da sua vida e da incrível coincidência, pois ambos perdemos nossos pais muitos cedo, os dele em acidente de carro, e fomos criados por nossas avós. Isso me fez sentir mais próxima dele, afinal, ele sabia exatamente pelo que passei, a tristeza e os medos, mesmo que nossa vida tenha sido tão diferente. E no fim da noite, ele me levou até a porta de casa, fiquei um tanto aflita, esperando o que iria fazer a seguir, se tentaria algum ato mais audaz ou se me proporia algo impróprio e indecente, contudo, ao invés disso, me deu um carinhoso beijo de boa-noite no rosto e me convidou para sairmos de novo. Devo confessar que fiquei surpresa, pois nunca esperaria algo assim.

A partir daí, começamos a sair juntos, constantemente, restaurantes, bares, passeios de barcos, Victor me exibia sem nenhuma restrição, porém, jamais a nossa relação foi além de singelos beijos, ele nunca foi inoportuno ou desrespeitoso, sempre um perfeito cavalheiro.

— Isso é muito estranho! – dizia a minha amiga Monique. – Ele nunca tentar levar você para cama ou algo parecido.

— Você não está acostumada com homens iguais a Victor. Ele é, como dizem, um gentleman, um homem educado, cortês e gentil.

— Mas, é homem. Vocês estão saindo um tempão e ele nem tentou dar uns amassos em você.

— Ele não é desse tipo – rebato e ela dá de ombros.

— E o pessoal da empresa já sabe desse seu namoro com o chefe?

— Eu não sei. Às vezes, acho que não, mas, muitas vezes, acho que sim, pelo jeito que alguns dele me olham, meio desconfiados, talvez, seja só paranoia minha. Ontem, Victor, me convidou para fazermos uma pequena viagem juntos, no feriado.

— Isso é bom, quer dizer que ele está a fim de algo a mais do que alguns inocentes beijinhos. E você aceitou?

— Ainda não, falei que iria pensar.

— Por que esse jogo duro?

— Por quê? Eu não sei, talvez, esteja um pouco assustada com o que virá depois.

— Está como medo que ele seja ruim de cama, tenha que dispensá-lo por causa disso e perder o emprego? – Monique me deu um sorriso cínico.

— Talvez.

— Então, acho melhor você resolver logo essa parada, vai que você não combine – Ela deu de ombros.

— Talvez, seja melhor mesmo. Vou dizer que sim.

 — Ele disse para onde vocês vão?

— Não, ele quer me fazer uma surpresa.

No fim de semana, Victor veio me buscar em um carro com motorista, eu estava ansiosa pelo nosso destino desconhecido.

— Você trouxe um documento de identidade que lhe pedi?

— Sim.

— E roupas para frio?

— Sim, mas, não tenho muitas.

— Poderemos comprar algumas lá, se precisar – ele afirmou de modo casual.

 — Afinal, para onde estamos indo, Victor?

— Eu já disse que será uma surpresa – Ele me deu um sorriso travesso, tentei relaxar, desistindo de perguntar, mas reparei as placas das vias e uma suspeita nasceu, contudo ainda não podia acreditar, até quando estávamos bem próximos do nosso destino.

— Aeroporto? Estamos indo para aeroporto! – revelei minha suspeita, com ar de espanto.

— Sim, se quisermos pegar um avião.

— Um avião?!

— Sim, será mais rápido para chegarmos ao nosso destino.

— Victor, não estou aguentando de curiosidade.

— Você é muito curiosa, Lívia.

— Eu sei. Então, para onde vamos?

— Bariloche, na Argentina – Afinal, confessou e meu queixo literalmente caiu.

Diferente do que eu imaginei, viajamos em um jatinho particular, e eu que nem mesmo havia viajando em um avião de passageiros comum, jamais imaginaria em viajar daquele jeito, com toda aquela mordomia.

Chegamos lá no começo da tarde e um carro já esperava para nos levar ao hotel, um lugar lindo no alto de uma colina cercado por uma paisagem inacreditavelmente beleza, quase um sonho. Victor fez o check-in e fomos guiados até nossa suíte, aconchegantemente, revestida de madeira, com aquecimento central, onde uma grande cama dominava. Por alguns instantes, senti um certo receio, um friozinho na barriga, já que era o prenúncio que nossa relação ficaria mais íntima, ao mesmo tempo, havia um certo desejo latente em mim.

Como estávamos no começo da primavera, já não fazia tanto frio, da janela se descortinava a incrível vista de um lago azul rodeado pela vegetação verde e, ao fundo, as montanhas cinzas-azuladas, com seus picos recobertos de neve, nunca vi nada tão belo assim. Fiquei admirando aquela visão por algum tempo, quando Victor me abraçou por trás e beijou meu rosto, esperei por algo mais, já que estávamos naquele quarto tão aconchegante com aquela cama tão convidativa.

— Vamos, Lívia. Coloque suas roupas mais quentes, para sairmos, porque quero mostrar a região a você.

— Acho que minhas roupas não são quentes o suficiente.

— Não se preocupe, vamos comprar algumas que sirvam, agora.

Um carro nos esperava na entrada do hotel, fomos a rua principal, em lojas de roupas. Victor me ajudou a escolher, com seu incrível bom gosto, sem olhar o preço, insistindo para que levasse tudo que gostei, compramos mais do que o necessário. Depois seguimos para um restaurante bem sofisticado, o melhor da cidade, onde nos foi oferecido uma sequência de pratos deliciosos acompanhados por vinhos, que harmonizavam perfeitamente com a comida servida, como Victor me ensinou. No entanto, não estou acostumada a beber tanto, pois, para cada prato havia um vinho diferente, no total de sete, me deixando alegremente tonta. Já estava escuro, quando voltamos para o hotel, ainda meio zonza pelo vinho, somando a euforia da viagem e a perspectiva daquela noite, pois, afinal, seria a primeira vez que dormiríamos juntos.


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