O Mistério da torre de cristal escrita por calivillas


Capítulo 3
Garota de sorte!




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Mesmo antes de saber, eu era consciente que não teria a mínima chance com um homem como aquele, contudo, jamais imaginaria qual seria a verdade identidade do meu cavalheiro misterioso, afinal, o importante senhor Victor Rahner só estava sendo gentil e educado com uma funcionária em apuros. Embora, pensasse assim, de vez em quando, eu continuava a elevar os olhos e esticar o pescoço na tentativa de dar uma furtiva espiada só de relance nele, um breve instante de felicidade, porém, quase sempre em vão, então, dava de ombros e fingia que não ligava, que era melhor deixar para lá.

Semanas se passaram, aquela história ficou para trás, quando em um fim de tarde fria e chuvosa, eu saía da empresa, irritada comigo mesma, porque havia esquecido o guarda-chuva e o casaco, por isso, andava bem depressa e encolhida, querendo me proteger o melhor possível, mas, para chegar em casa ainda precisaria pegar duas conduções e demoraria um bom tempo com as roupas molhadas e os sapatos úmidos, estava tão absorvida nos meus pensamentos de auto piedade, que não percebi o carro diminuir a marcha e quase parar ao meu lado.

— Lívia, quer uma carona? – Eu me assustei ao ouvi a voz já conhecida, que vinha da janela aberta.

— Senhor Rahner! Obrigada, mas não precisa.

— Como não precisa, olhe só o seu estado. Você está encharcada, vai acabar doente.

— Eu não posso entrar no seu carro desse jeito, estou toda molhada e, com certeza, não iremos para o mesmo lado.

— Acha que eu deixaria você ficar doente, por causa do carro. Além do mais, eu posso fazer um pequeno desvio do meu caminho, para deixá-la em casa.

— Não será só um pequeno desvio, senhor.

Durante o nosso educado embate, o carro dele boqueava a rua e os outros motoristas, irritados, começaram a buzinar.

— Venha logo, porque estamos parando o trânsito.

Eu olhei para um lado e para o outro e, mesmo hesitante, entrei no carro.

— Para onde vamos?

— O senhor pode me deixar ponto de ônibus logo ali adiante, na esquina.

— Isso não. Eu quero levá-la até a sua casa.

— Mas é muito longe! Você pode se perder!

— Simplesmente, não posso largá-la assim no meio da rua, na chuva. Quanto a me perder, é para isso que serve o GPS – ele me deu um sorriso confiante.

Assim, chegamos em um impasse, com certeza, ele não estava disposto a ceder, era um homem bastante determinado, que aquela poderia ser uma longa batalha, então me rendi.

— Tudo bem – E lhe informei o meu endereço.

Sem titubear, nem parecer arrependido, ele o digitou no seu telefone.

Em seguida, mexeu no termostato, senti o ar agradavelmente aquecido sob a minha pele gelada, e com a música suave tocava ao fundo, comecei a me sentir mais relaxada e confortável. Por alguns instantes, ficamos em embaraçoso silêncio, eu escolhia as minhas próximas falas com muita cautela, afinal, apesar de gentil e educado, aquele homem era o meu patrão.

— Eu estou muito constrangida com esse trabalho todo. Realmente, pode me deixar no próximo ponto de ônibus.

— Já disse, Lívia, vou levá-la até a sua casa, apenas aceite e relaxe, que eu cuidarei de você.

— Cuidar de mim? – Aquilo me espantou, pois fazia um bom tempo que ninguém cuidava de mim. Eu que vivia sozinha, estava gostando dessa ideia, ser levada para casa, confortavelmente, em um carro de luxo, dirigido por um homem rico, bonito e poderoso, aquilo era novidade para mim. Ou ele teria outras intenções?

— O que está pensando? – ele me perguntou, de repente, quando fico calada, meu rosto queima, espero que na penumbra, ele não repare a minha face corada.

— Como é estranho estar aqui nesse carro com o senhor?

— Por favor, nada de senhor, só Victor.

— Victor? Eu não vou conseguir, é muito inconveniente.

— E pessoal? Só tente.

— Você é um tanto controlador.

— Força do hábito da minha função. Mas, não posso negar que gosto do controle – Ele me deu um sorriso sério. – Também, sou bastante persistente, quando quero algo vou atrás.

Aquelas palavras foram um tanto intimidadoras, engulo em seco, sem ele perceber o meu incômodo, imaginado o que será que ele quis dizer com isso. Seria uma indireta para mim? Ou uma bem direta? Será que estou entendendo errado? Ele sorriu diante do meu perplexo silêncio.

— Sendo assim vou direto ao assunto – Segurei a respiração, esperando o que viria dali. – Você quer sair comigo? Por favor, não pense que seja alguma proposta imoral ou assédio, não sou um homem dado a isso, não me aproveitaria da minha posição para constrangê-la, seria um simples jantar. Você pode dizer não, se quiser.

— Você está dizendo um encontro? Um encontro de verdade?

— Sim, seria um encontro de verdade, sem outras intenções escusas – Seu tom de voz era suave, mas firme.

— Eu não sei o que dizer.

— Simplesmente, diga sim.

— Mas, você é meu chefe.

— Sou, mas só na empresa, fora dela, podemos sair para jantar e nos conhecermos melhor como qualquer casal.

— Como um casal? – Aquela conversa estava me deixando cada vez mais confusa, nem sei como chegamos ali.

Ele parou o carro, nem percebi que já estávamos em frente do meu prédio, sinto-me tonta e dividida entre um seguro não ou um audacioso sim. Victor espera uma resposta, sem desviar os olhos de mim, encarei as minhas mãos sobre o meu colo, devia confessar que estava bastante inclinada em aceitar aquele convite, mesmo colocando tudo em risco, principalmente, o meu almejado emprego.

— E então? – Ele cansou de esperar.

— Sim, eu aceito jantar com você.

— Ótimo. Eu a pegarei na sexta às 8.

— Sexta, às 8? – Repito automaticamente, querendo gravar aquelas palavras e abro a porta do carro – Obrigada pela carona...Victor – Para mim, é difícil chamá-lo pelo primeiro nome.

— Até mais, Lívia.

Saio do carro e vou em direção a portaria, estou indecisa se devo olhar para trás e acenar ou não. Resolvi e olhei para trás, antes de entrar na portaria e sorriu, antes do carro de Victor partir.

— Lívia! – Eu me volto ao ouvir o meu nome.

— Oi, Eduardo. Boa noite. – Sorriu, relaxada, ao ver o rosto do meu amigo. Ele está voltando da escola onde dá aulas.

— Oi, Lívia! Você veio de carona? – Ele me encarou de um modo estranho.

— Sim, com um amigo do trabalho.

— Carro bacana.

— Sim, é mesmo.

Cinco minutos depois que eu entrei em casa, Monique bateu na minha porta.

— Eduardo já contou para você – afirmei com um sorriso cínico, assim que abri a porta para ela entrar.

— Contou e parecia preocupado com você. Disse que você chegou em um carrão de um colega de trabalho.

— Ele não precisava ficar preocupado, foi só uma carona.

— Você sabe que ele gosta de você como se fosse seu irmão. Espera aí! Uma carona? E você não ia me contar nada?

— Sim, eu sei disso, mas não tenho nada para contar, por enquanto?

— Como assim, por enquanto?

— Ele me convidou para sair na sexta.

— Nossa! Que demais! Mas, quem é ele?

— Victor Rahner.

— Quem? Victor Rahner? Espera aí! Rahner, o chefão? O dono da empresa? – Eu assenti com a cabeça e ela arregalou os olhos. – Garota de sorte!

— Eu ainda não sei se é sorte. Não estou entendendo o que está acontecendo.

— O que tem para entender? Ele apenas gostou de você e pronto.

— Mas, por que eu?

— Porque você é uma garota inteligente e bonita e pronto.


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