Diário de um Mordomo escrita por The Mistoclis


Capítulo 20
E agora, josé?


Notas iniciais do capítulo

Sentiram minha falta?



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Fazem poucas horas que me confessei para Sophie. Ela foi com um sorriso enorme e doce para a escola, mas eu estou preocupado. Por que fiz isso? Profissionalismo em primeiro lugar! Ela é a filha do meu mestre! Eu sirvo a casa Greenfield e deveria me limitar a isso, mas por que decidi isso agora?

Isso estava desde o começo planejado para ser uma novela onde o pai da garota não está ciente do interesse amoroso da filha? Eu já nem sei mais se a fic é de comédia, vida cotidiana, drama, romance.

Entrou em hiato de um ano e esqueci até que meu escritor tinha preguiça de amarrar as pontas soltas.

Eu deveria tomar as rédeas dessa história. E a primeira coisa que quero fazer é... Não sei ao certo. Tenho tanto para resolver, a administração da casa, o mal desempenho de Peter, o outro mordomo, a inquietude de Sophie perante essa decisão tola e precitada de declarar um sentimento precoce. 

Por que o meu escritor precisa ser um jovem adulto entusiasmado que cria tantas pontas soltas? Por que eu não fui escrito por Shakespeare ou Machado de Assis?

Muito bem, vamos lá. O entretenimento do leitor é o mais importante.

Ah! Minha leitora! A quanto tempo não nos encontramos? Sinto ter que presenciar essa cena horrenda da crise existencial de um personagem fictício, porem preciso por a cabeça no lugar. Vamos começar com a tarefas da mansão, esse lugar está sem receber uma limpeza desde o ultimo OVA. 

Retiro meu paletó, ficando apenas com a camisa branca e o colete, pego o material de faxina e limpo o interior da casa, de almoço preparei uma boa quantia de macarrão ao molho Pesto e retiro da adega uma garrafa de vinho (Uma de não tanto valor) para acompanhar a massa.

O calor do vinho me ajuda a relaxar para que eu raciocine melhor minhas atitudes a partir de agora. O doce sabor do vinho e a sensação do álcool na garganta são divinos para uma alma atormentada.

Fico imaginando como Sophie deve estar agora, será que espalhou pela escola que está namorando?

Ou simplesmente parou para pensar, como eu, e também começou a encontrar os problemas dessa provável relação?

Termino de lavar as louças e sigo para a sala de jogos, onde minha adorada mesa de sinuca me aguarda. Enquanto jogo sozinho, coloco meu celular na borda da mesa enquanto musicas vão tocando para alegrar o ambiente. 

Começa a tocar "Can't help falling in love" do Elvis.

Por que justo essa musica justo agora, Deus?

A preocupação começa a se esvair de meu peito, um sorriso bobo aparece em meu rosto e começo a pensar em Sophie. Seus cabelos loiros, seu doce sorriso, sua pele macia. Imagino seus lábios rosados, qual deve ser o sabor deles...

Aquilo no ano novo? Aquilo foi um especial, não foi canônico. Sim, eu também quero matar o escritor, foi o MEU beijo que ele apagou da linha cronológica!

Minha mente está perdida em Sophie. Cada jogada demorada é por entre uma tacada e outra paro pra pensar nela, graças a essa musica.

Sr. Greenfield entra no salão.

—Mais uma vez você e suas musicas.

—Sim, senhor.

—O que essas mensagens dizem para você?

—Como assim? São romances, dizem o mesmo que dizem para qualquer um.

—Sim, mas você não ama. Você ama seu trabalho, ama jogar, ama a bebida, ama até o Sinatra, mas não ama a uma mulher.

Meu estomago gela.

—Verdade. - Disfarço meu desconforto dando uma tacada, mas a executo de forma terrível.

—Minha filha só pensa em entretenimento e compras. Mas com certeza já deve estar começando a se sentir uma mulher.

Meu estomago some deixando no lugar um iceberg.

Minhas mãos não estão mais firmes.

A mesa e as esferas em minha frente começam a ficar embaçadas.

Vai começar de novo.

Não pode começar!

Não agora!

Por favor!

—Mas se fosse para ela escolher alguém, gostaria que fosse alguém como você.

Tudo volta ao normal, embora o frio continue.

—Alguém igual a mim, senhor?

—Um homem que apesar da pouca idade já deve ser muito mais responsável que os homens que conheço da minha. Conseguiu um emprego cedo, foi atras do sonho, não traz problemas ou entra em badernas. Se você não fosse um empregado, fosse um rapaz da vizinhança ou até da escola dela, eu ficaria feliz em ceder a mão de minha filha no futuro.

Se eu não fosse um empregado? Então... isso já confirma que não tenho a permissão?

—Mas só o futuro pode dizer... Se minha filha gostar de você algum dia, só venha falar comigo.

—Entendido senhor.

Sr. Greenfield se retira da sala, nunca senti tanto medo na vida.


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