Equinox escrita por Angel Carol Platt Cullen


Capítulo 26
Capítulo 106


Notas iniciais do capítulo

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Capítulo 106

19 de fevereiro de 2008 – Thursday

Eu e Esme estamos no meu quarto e como quase sempre eu estou deitada em seu colo me preparando para dormir, pois amanha tenho que acordar cedo porque tem aula. Já estou acostumada com o frio e a dureza do corpo dela. Eu não quero calor humano físico, quero calor humano sentimental e isso ela tem.

Parece que foi feito para mim, esse é o lugar em que eu deveria estar desde que nasci. Eu fui feita para ela. Quando Esme passa a ponta dos dedos em meus lábios com tanto cuidado que é apenas um roçar de leve, como uma brisa. Como se fosse um beijo:

— Mamãe! – eu exclamo maravilhada quando ela recolhe a mão ao perceber que estou sentindo tanto.

— O que foi querida? – Ela passa a afagar meus cabelos.

Ela pergunta não com vergonha ou receio pelo que fez, mas com segurança do que fez e sabia que iria atingir o objetivo que atingiu.

— Isso é... Bom – não é a melhor palavra para descrever essa sensação, mas ela compreende que foi a primeira que me ocorreu.

— Eu sabia, e foi por isso que eu agi dessa maneira. Foi intencional. Você sabia que os lábios são tão sensíveis quanto a ponta dos dedos? Ao menos para os humanos. Era o que eu pretendia, pois você é humana e eu queria lhe fazer esse carinho.

Esse carinho parece um pouco ousado de mais, quase chega a ser sensual.

— Sim, mãe eu já sabia disso. Mas você não sente nem com a ponta dos dedos?

— Não. Eu só sei o que você está sentindo através de sua reação, por meio do batimento de seu coração principalmente.

— Você não sente nada?

— Não, através do tato eu não sinto mais nada. Mas sinto o calor que irradia de sua pele, por exemplo, que as pessoas geralmente não percebem. Os outros sentidos são tão aguçados que não sentimos falta do tato.

De repente tenho um estalo mental: Quer dizer que quando ela e papai estão juntos ela não sente...? Isso deve ser bem esquisito... (Na verdade vampiros sentem um ao outro como dois seres humanos sentem seus toques entre si. Apenas ela não me sente como eu a sinto devido a nossa diferença de temperatura e o fato de sermos de espécies que não deveriam manter muito contato, a não ser na hora das refeições deles e nós seríamos seu alimento.)

‘Ahen, Carol, não pense nisso’— me autocensuro. ‘Tarde demais eu já pensei,’ ainda bem que Esme não pode ler meu pensamento como Edward, se pudesse eu estaria mais que vermelha, estaria roxa como uma berinjela.

— Não quero que pare – penso que ela pode ter entendido minha resposta rápida como rispidez. – Eu não posso fazer o mesmo? – quero retribuir o gesto e fazê-la se sentir tão bem quanto ela me fez sentir.

— Eu não sentiria como você. E também por que meus dentes são muito afiados e poderiam cortar a sua pele fina no mero encostar. Ou meu veneno poderia entrar em seu organismo através de seus poros ou qualquer microlesão...

— Desculpe interromper, mamãe, mas eu queria poder retribuir de algum jeito. – digo com a voz suplicante.

— Você já me retribui ao ver que está feliz com o que eu faço.

— Mas eu queria fazer mais por você, mãe.

— Ainda não, querida. Tenha apenas mais um pouco de paciência, logo você será uma vampira.

‘Como eu dizia pode haver uma microlesão na sua pele, que você nem sabe que tem, pois não pode ver e meu veneno se infiltrar em seu corpo. Não seria muito bom se acontecesse, a quantidade não seria suficiente para transformá-la e eu seria obrigada a mordê-la. Eu não iria deixar você morrer.

Eu cheguei a pensar que o veneno de vampiro poderia ser uma espécie de curativo, mas depois disso que Esme me disse vejo que essa ideia foi estapafúrdia.

— Quer dizer que tem uma determinada quantia necessária?

— Tem; assim como muito pode matar, pouco ou quantidade reduzida e insuficiente pode matar. Não iria demorar mais tempo a transformação, a pessoa iria morrer.

Fico espantada: é mais complicado do que eu pensava. Há uma quantia exata!

— Mas, Carlisle...

— Foi realmente muita sorte que ele tenha se transformado, o vampiro que mordeu meu marido não tinha essa intenção.

Papai quase morreu mesmo! Fico ainda mais estarrecida. Esme percebe a expressão de choque em meu rosto.

— Filha, não fique assim. Já passou – ela sente que é seu dever me acalmar; principalmente depois de ter me dado essa notícia.

— Mamãe! – tento imaginar se Carlisle não tivesse se tornado vampiro, nenhum de nós existiria. A família Cullen teria acabado no século XVII. Isso é estarrecedor!

— Carol, estamos bem. Não se preocupe – ela me abraça contra o peito duro e frio. Ela sabe que eu tenho tendencia a aumentar muito as coisas. torno algo simples em muito mais grave do que realmente é. Acho que ela quer que eu sinta que ela é de verdade, material; não apenas um fantasma como algumas pessoas dizem que os vampiros são.

Procuro não pensar mais nisso e mudo o foco de meus pensamentos:

— Mas como vocês sabem quanto é preciso? Não varia de pessoa para pessoa conforme a idade e o tamanho. Por exemplo, Emmett precisou mais do que você?

— Acho que não; apenas a velocidade da mudança é maior ou menor conforme o porte físico. Minha transformação levou pouco mais de dois dias enquanto Emmett precisou de mais tempo: três dias.

‘Mas eu teria que perguntar para meu marido para ter certeza sobre isso. Não se preocupe filha, eu vou pedir para ele antes de transformá-la, pois não quero correr o risco de perder você.

— Ai, mamãe, obrigada por se preocupar tanto comigo. Eu amo muito você! – qualquer pessoa perceberia a mudança gradual em mim desde o ano passado, mas para mim ainda é impressionante. Agora eu consigo falar o que eu sinto. Talvez porque sei que nem Esme nem Carlisle vão debochar de meus sentimentos.

— Eu também amo muito você, sweetie — ela toca meu rosto delicadamente.

— Eu percebo isso no cuidado que você tem sempre ao me tocar, mãe.

— Sim, é verdade; você sabe que é muito frágil para mim e eu não quero machucá-la, nunca.

— Eu sei, mãe. Como quando nós pegamos algum inseto nas mãos temos cuidado. Ao menos eu tinha.

— Boa comparação. Mas você é muito mais importante do que qualquer animalzinho.

— Que contraste com a minha ‘família’ anterior! Meu pai humano não tinha receio de me ferir, parecia que perderia o controle, como de fato aconteceu. E minha mãe humana não dizia nada, só observava, assistia de camarote, de certa forma é como se ela também me batesse. Ela era conivente, ou ao menos não se posicionava contra; mais valia o marido do que os filhos; no caso só eu que mais apanhava. Ela escolheu, tomou a decisão dela, mesmo sem ter tido consciência, ou se tem é ainda mais cruel o que ela fez; por isso eu não tenho nenhum arrependimento da decisão que tomei. Às vezes eu pensava que iria chegar num ponto em que meu ex-pai iria me matar até.

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Esme me olha admirada pelo meu desabafo:

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— Felizmente isso não aconteceu.

Nos entreolhamos e sabemos que foi por pouco. Muito pouco mesmo.

— Você chegou bem a tempo. Você me salvou, mamãe – não sei explicar o que eu sinto, mas espero que ela entenda com essas palavras.

— Eu sei querida, eu sei. Eu percebo o jeito que você olha para mim entendo a diferença que fiz na sua vida. Para o bem.

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...XXX...

Alguns minutos depois, quando já estou quase inconsciente, Esme me diz:

— Só espero que você não vá querer se vingar de seu pai humano depois que for uma vampira. Você sabe que nós Cullen não somos assim – ela diz para aliviar a própria consciência, pois sente que pode ser culpada se eu fizer isso mesmo. Bom, ela será mesmo, afinal eu serei sua responsabilidade, pois somos responsáveis pelos vampiros que criamos.

Outro motivo para meus pais adotivos me levarem embora do Brasil para os EUA. Se eu vier eles saberão e poderão me interceptar caso necessário. Portanto, é boa ideia que eu não pretenda revidar. Mas eu poderia, seria justo. Eu tenho todo direito. Mas a maior vingança é a felicidade e eu vou ser feliz apesar de meu ex-pai. Vou embora viver minha vida e esquecer dele.

— Mas Rosalie... – tento argumentar.

— A situação dela foi diferente. Ela foi abusada. Ela não pediu, a forçaram. Não é algo que alguém gostaria de ser vítima.

Eu fui tão vítima quanto ela. Meu pai humano não me matou por fora – quase, se não fosse a interferência de Esme e Carlisle eu estaria apodrecendo no cemitério agora. – fisicamente, mas ele me matou psicologicamente/emocionalmente/espiritualmente.

É inegável as cicatrizes que ele deixou em minha alma. E pior ainda, para outros repararem. Isso eu jamais vou perdoar. Quem pode perdoar é apenas Deus, é com ele que meu ex-pai tem que acertar contas. Da minha parte eu nunca vou esquecer. O que ele fez comigo, roubou minha infância e o direito de ter um bom pai, que toda criança merece, não será facilmente apagado como se não tivesse acontecido.

Não é possível voltar no tempo, suspeito que se fosse possível meu pai nem teria se casado, ou ao menos não teria tido filhos. Ele nunca soube ser pai. Deus não deveria permitir que pessoas assim pudessem ter filhos. É mesmo de lamentar que por outro lado pessoas tão boas como Esme e Carlisle que mereciam ser pais não podem ter filhos.

Mas eles deram um jeito e tem filhos adotivos que são como filhos biológicos. Não há muita diferença, de certa forma somos biologicamente filhos de nossos pais, pois é o veneno deles dois, que na verdade é apenas um, o de Carlisle, que nos transformou – exceto Alice e Jasper, que foram adotados de verdade. Eles escolheram estar conosco por afinidade.

— Eu prometo que não vou, mãe – digo semiconsciente.

Apesar de tudo que ele fez. Não vou voltar atrás dele por Esme, não porque ele não mereça ir para o inferno depois de tudo o que fez comigo. Mas ele vai, eu espero, o tempo está ao meu favor, e ele vai para lá quando morrer. Certamente.

A menos que a misericórdia divina o poupe, mas ele tem que se arrepender de verdade. O que acho difícil, pois meu pai humano é muito arrogante e cabeça-dura, jamais se humilharia assim desse jeito, imagino. Mas Deus que lidará com ele, talvez no purgatório. Entrego nas mãos Dele.

— Para mim o importante será viver com você e papai e ir para longe daqui, onde ele não poderá mais me machucar.

— Ele nem poderia te ferir mesmo se a encontrasse depois da mudança, querida. Você não será mais frágil e indefesa.

— Se ele me achasse eu preferiria me esconder, fugir dele.

— Muito bem, meu amor. Tenha bons sonhos – ela beija minha orelha através de meu cabelos sinto seus lábios e seu hálito frio roçar minha pele. Minha nuca se arrepia.

...XXX...

Image 4

Não percebi quando ela se mexeu, mas na manhã seguinte Esme estava sentada na cadeira do meu quarto quando me chamou às 6:30 da manhã para tomar meu breakfast e depois ir para o colégio.

...XXX...


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