Love Circus escrita por Overwatch


Capítulo 1
Primeira parte


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas, como se eu não tivesse uma fic pra atualizar, resolvi escrever essa nova one, na qual nossos amadinhos aparecem numa história completamente diferente da original. Se passa em um universo circense, imaginem só!? rsrsrs Eu realmente espero que vocês gostem e curtam bastante. A história vai se dividir em dois capítulos por que já tem mais de cinco mil palavras e eu não quero que fique muito cansativa, então o segundo capítulo eu estarei postando até o fim de semana.
Só mais uma coisa. Nanda, obrigada por essa capa maravilhosa, amo tu ♥
Sem mais delongas, boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/753268/chapter/1

— Papai! Papai! Espera um pouquinho, não vai ainda.

Parei em frente à porta e vire-me para olhar minha estrelinha saltitante que descia as escadas correndo a fim de me alcançar.

— O que o papai disse sobre correr quando estiver descendo as escadas, Luna? – A repreendi ao mesmo tempo em que me abaixava para recebê-la em meus braços. – Você pode se machucar correndo dessa forma, estrelinha.

Luna tinha acabado de completar seis anos, estatura pequena, magra, cabelos compridos e levemente ondulados como os da mãe e de cor clara, como os meus, seus olhos também eram azuis iguais aos meus. Luna é fruto do meu relacionamento com Laurel, nós ainda estávamos na faculdade quando Laurel descobriu estar grávida. Quando estava no último ano da faculdade de direito e após acabarmos de ficar noivos devido sua gravidez, Laurel entrou em trabalho de parto. Foi uma noite longa, dolorosa e angustiante. Desde que descobriu estar esperando um bebê, Laurel teve diversas complicações e acabou tendo Luna antes do tempo, estando apenas com sete meses de gestação. Após finalmente Luna vir ao mundo, Laurel teve uma sequência de paradas cardíacas, juntamente com mais algumas complicações que surgiram durante o parto, que acabaram por resultar em seu falecimento.

Naquela noite, quando ainda tive a oportunidade de segurar minha pequena princesa nos braços, aproximei-me da janela e olhei para o céu, constatando o quanto a lua estava linda, completamente redonda e brilhante, rodeada por diversas estrelas, cada uma mais linda que a outra. Era o céu mais lindo que eu já tinha visto! Então eu olhei para o frágil bebê que descansava em meus braços e decidi que seu nome seria Luna e ela seria tão linda e tão brilhante quanto aquela enorme esfera que emitia sua luz através da janela de vidro do hospital.

Luna permaneceu na UTI neonatal por pouco mais de um mês, por ser um bebê prematuro, ela precisava ganhar peso. Ainda em seu leito de morte, Laurel me fez prometer que cuidaria da nossa pequena e a amaria por nós dois. Eu achava desnecessário fazer esse tipo de promessa sendo que já a amava e sabia que faria isso por toda a minha vida, mas vendo a fragilidade de Laurel e o quanto ela precisava daquela confirmação de minha parte para em fim poder partir em paz,eu lhe fiz a promessa.

Apertei ainda mais minha pequena em meus braços, sentindo o perfume infantil que exalava de seus cabelos. Ela trazia um enorme sorriso ao se afastar para me entregar um panfleto que trazia em sua mão.

— Olha papai, é o circo e está na cidade. – disse com um sorriso ainda maior, ela se balançava para frente e para trás, seus olhinhos brilhavam em expectativa. - Nós vamos, não vamos?

Olhei do papel para minha filha que ainda sorria e esperava por uma resposta positiva de minha parte e com um suspiro frustrado, eu presenciei seu sorriso de desmoronar quando neguei seu pedido.

— Querida, o papai adoraria levar você para o circo, mas não será possível dessa vez. Tenho uma reunião às seis e o espetáculo começa às sete.

— E amanhã? Ou depois e depois? Ele vai ficar por uma semana, papai.

— Eu sei estrelinha, mas eu estou bastante ocupado esses dias na QC, os sócios estão na cidade e estamos tratando de negócios. Você entende, não entende?

— Mas você prometeu.  – continuou, ignorando minha pergunta- E você disse que nunca quebraria uma promessa. – fez bico.

— Você tem razão, princesa. – segurei suas mãos. Eu havia prometido que a levaria em um espetáculo quando o circo estivesse na cidade e eu havia me esquecido dessa promessa. – E eu falei sério quando disse que jamais quebraria uma promessa feita à você. E como bom pagador de promessas, você vai ao circo. Talvez Raísa possa levá-la por mim?- olhei em socorro para minha fiel governanta que me olhou de volta em desespero. – Ou quem sabe a tia Thea? Tia Sara?

— Não. – Luna se negou puxando suas mãos das minhas. – Você prometeu que me levaria e não Raísa e a tia Thea não está na cidade e a tia Sara está na segunda lua de mel com o tio Tommy. E eu só vou se for com você, papai.

Luna deu-me as costas e correu de volta para as escadas, subindo-as e sumindo na direção de seu quarto. Raísa se aproximou com pesar.

— Não se preocupe Oliver, eu tentarei convencê-la durante o dia.

— Nós dois sabemos que ela não é de mudar de opinião Raísa,mas mesmo assim eu agradeço o seu esforço. –dirige-lhe um olhar de gratidão, antes de abrir a porta e sair com o coração em pedaços por decepcionar minha Luna.

Passei todo o dia pensando no que Luna disse. Ela estava certa, minha filha de apenas seis anos estava certa, eu estava quebrando uma promessa, por menor que ela pudesse ser e eu estava decepcionado comigo como pai. Não só por não cumprir uma promessa tão simples como essa, mas também por estar cada vez mais ocupado com o trabalho e dedicar tão pouco tempo à minha filha. Isso fazia com que eu sentisse que estava quebrando minha promessa feita à Laurel também.

Olhei o relógio. 17:50.

Que se dane a reunião. Pensei ao jogar os papéis sobre a mesa e pegar as chaves do meu carro e meu paletó. Eu iria cumprir minha promessa.

— Susan, cancele a reunião de hoje e remarque para amanhã, eu preciso sair. – pedi ao passar pela mesa da minha secretária.

Entrei no elevador sem deixar que ela dissesse alguma coisa e mandei uma mensagem para Raísa, pedindo que arrumasse Luna que eu estava indo buscá-la.

— Você vai vestida de princesa para o circo? – observei quando Luna veio ao meu encontro com seu vestido rosa pomposo e sua coroa na cabeça.

— É o circo papai, todo mundo lá se fantasia. – deu de ombros e eu ri de sua lógica infantil.

— E como pode ter certeza que todo mundo lá se fantasia se nunca foi em um circo?

— Eu vi na TV.- falou soltando-se do meu abraço para correr na minha frente em direção ao carro. – Vamos logo papai, não podemos chegar atrasados.

Suspirei feliz atendendo ao pedido da minha pequena e a coloquei em seu assento no banco traseiro do carro. Ela estava tão ansiosa que tagarelou por todo o trajeto até finalmente chegarmos ao circo e ela ficar encantada com aquele mundo mágico.

o Smoak Circus era um dos circos mais famosos que já ouvi falar e mais antigo também, me lembro de meu pai me trazer nesse circo quando eu era criança, mas hoje ele está completamente diferente do que eu me lembro. Sua estrutura é três vezes maior do que a de quando era criança e aparentemente os espetáculos são bem mais atrativos e mais bem elaborados. Com toda certeza esse circo só perdia para o Cirque Du Soleil.

Duas tendas ficavam na entrada, uma de bomboniere, que é um tipo de doceria e a de merchandising, onde eles vendiam sua marca em todo tipo de brinquedo que pudesse interessar à crianças e adivinhem onde Luna foi primeiro? Se você disse a loja de doces, parabéns, você acertou!

Comprei nossos ingressos e fui em busca da minha pequena formiguinha que trazia uma cestinha cheia de doces em uma mão e a outra segurava a mão de uma mulher loira que ajudava ela a pegar os doces que ia escolhendo mais que não alcançava por estar no alto.

— Aí está você, pequena malandra. Espero que todos esses doces não seja para você ou teremos sérios problemas com cáries. – falei me abaixando quando ela se virou para mim.

— Eu prometo que comerei um por dia, por favor papai, me deixe levá-los, sim? – Luna fez sua habitual carinha de gato de botas, me desarmando e impossibilitando de dizer não.

— Tudo bem, mais Raísa ficará responsável por guardá-los e que sua tia Sara não saiba disso ou ela vai querer me matar.

— Está bem. – ela beijou minha bochecha e saiu saltitando em busca de mais alguns doces na outra prateleira.

A moça à minha frente riu chamando minha atenção que até então eu não tinha sequer a cumprimentado.

— Me perdoe a grosseria, mais é que ela sempre toma toda a atenção, chega a ser involuntário. – Me levantei ficando de pé novamente e já estendendo minha mão para ela que pegou de bom grado. Só então pude notar o quanto ela era incrivelmente linda.

—Não tem problema, crianças são sempre assim, estão sempre prendendo nossa atenção. – disse com um sorriso. Ficamos por uns segundos apenas nos olhando, era simplesmente impossível deixar de olhar seus olhos e seu sorriso, aparentemente não era só as crianças que tinham o poder de prender a atenção. Seu olhar baixou para nossas mãos que eu firmemente ainda segurava e com um pouco de relutância, eu desfiz o contato. – A propósito, eu sou Felicity.

— É um prazer, Felicity. Sou Oliver e muito obrigado por cuidar da minha filha enquanto eu estava comprando os ingressos.

— Não foi nada Oliver, ela é muito encantadora, é um doce de menina. – disse se referindo à Luna, agradeci orgulhoso. – Geralmente são as mães que trazem as crianças, nunca os pais, fiquei admirada, você deve ser um pai muito cuidadoso. A mãe dela ficou em casa cuidando das crianças menores?

Eu estava prestes a responder que era pai solteiro quando Luna chegou sem aviso prévio e foi mais rápida que eu em sua resposta.

— Eu não tenho mamãe, ela morreu quando eu nasci. – Luna respondeu sem muita emoção e provavelmente assustando felicity que a olhava com pena. Eu não podia culpar Luna, ela amava a mãe, ao modo dela, mais amava. Eu sempre fiz questão de deixar a memória de Laurel em Luna, sempre falei de como ela a amava e a desejava, mas Luna cresceu sem a presença materna e isso fazia com que ela falasse com naturalidade que não tinha uma mãe. Pelo menos não presente.

— Oh sim. De qualquer forma, ela sempre estará bem aqui. – disse Felicity se aproximando de Luna e apontando para o seu coração.

— Sim, papai sempre me diz isso. – concordou com um sorriso enorme no rosto, beijou carinhosamente o rosto de porcelana de Felicity, e se virou para mim. – Papai, temos que ir, o espetáculo já vai começar.

Luna começou a me puxar, sem dar-me tempo de sequer perguntar Felicity se queria se juntar à nós, com um aceno de mão, observei- a se afastar, sumindo por uma das entradas da tenda.

Fomos para a tenda principal, na qual poderia comportar tranquilamente uns 250 convidados e nos sentamos em nossas poltronas na segunda fileira,o lugar estava completamente lotado. Luna vibrou de alegria quando o primeiro espetáculo começou. Ela gargalhava todas as vezes que os palhaços faziam uma graça durante sua apresentação e até se levantava e pulava chamando sua atenção, quando eles iam até a plateia para interagirem com as crianças.

O segundo espetáculo foi uma encenação de dança que destacava a importância de proteger os animais e as matas contra a desmatação. Luna ficou o tempo todo vidrada, ela prestava atenção em cada detalhe e cada movimento que os atores faziam, nem mesmo piscava os olhos e eu ficava indeciso se prestava atenção em Luna ou na peça.

— Senhores e senhores- o apresentador começou assim que o segundo espetáculo acabou. - Agora eu tenho a honra de lhes apresentar a nossa estrela principal, a mais brilhante e mais inteligente, minha adorável e linda filha, Felicity Smoak.

— Olha papai, é a Felicity! – Luna gritou ao meu lado ao mesmo tempo que pulava e sorria olhando para a figura feminina que entrava no picadeiro.

Meu queixo caiu quando a vi entrar com tanta elegância tendo todos os olhares para si e sendo recebida com uma salva de palmas da plateia.  Ela se curvou em cumprimento e agradecimento quando chegou ao centro do palco. Estava ainda mais linda com uma maquiagem forte, destacando seus olhos e lábios carnudos, um top preto e uma saia longa preta estampada, que ela tirou revelando seu pequeno short cintura alta e na mesma cor do top. Não pude deixar de observar boquiaberto suas pernas bem torneadas e sua barriga lisa e bem definida. Meu olhar foi subindo lentamente por seu corpo, analisando minuciosamente suas curvas, até que cheguei ao seu rosto e meus olhos se conectaram imediatamente aos seus, ela já estava me olhando. Ela sorriu e jogou para a plateia o chapéu preto que trazia em sua cabeça. Acenou para Luna que gritava para ela e então desviou seu olhar do meu, se virando e indo em direção a um tecido que pendia do teto até o chão do palco. O apresentador então continuou.

— Felicity hoje nos presenteará com um de seus números mais complexos, o espetáculo do tecido, ao qual ela fará acrobacias nas alturas.

As luzes do palco e da plateia se apagaram, restando apenas um foco de luz em Felicity que já começava a subir pelo tecido de cor bege, parando apenas quando já estava literalmente no topo.

Eu arfava e quase tive um ataque cardíaco a cada vez que ela se pendurava naquele pano fino. Como ela podia ser tão destemida e tão confiante assim? E sua ousadia não parava, ela ficava de cabeça para baixo, como um pássaro, prendia o tecido na cintura, nas pernas, nos pés e até mesmo em seu pequeno tronco, tudo isso sem nem um equipamento de segurança, tudo isso à uns vinte metros do chão, ou mais. A plateia inteira estava em silêncio, provavelmente todos sofriam pela expectativa e ansiedade que eu estava sofrendo, todos vidrados na loira de corpo escultural que desafiava a morte ao enrolar aquele tecido em sua cintura diversas vezes e em um último movimento, se soltar lá de cima, girando rapidamente como um peão, até quase chegar ao chão. Ela parou exatamente na última volta do tecido, olhou para a plateia ao mesmo tempo em que as luzes eram acesas novamente e sorriu levantando o seu braço naquele habitual movimento circense, que agradecia o público e dizia que era a hora das palmas.

Com graça e elegância, Felicity andou ao redor do palco, recebendo as palmas e gritos de adoração da plateia. Seus olhos pousaram rapidamente sobre mim e logo ela se foi por entre as cortinas.

“E quando a cortina desse circo fechar, ouvirás um só aplauso para esse único ator, pois sempre existiu dois para chamar de nós, foram dois lados de um só você.”

 Os outros espetáculos pareceram bastante entediantes, ainda mais por que eu não voltei a vê-la, nem mesmo na saída quando a procurei pelas tendas da entrada, ela não estava lá e eu fui para casa com a sensação de vazio.Nos dias que se seguiram, aquela mulher não sabia da minha cabeça um só instante e  isso fez com que eu arrumasse um jeito de voltar lá na quarta e na quinta também, com a desculpa de que Luna havia gostado e queria mais. Em todos os dias em que fomos, Felicity se apresentou. E a cada dia era uma apresentação diferente. Na quarta ela se apresentou com um homem, a apresentação também se dava nas alturas e eles faziam uma espécie de dança romântica, o que me deixou muito incomodado e pensando que o rapaz poderia ser seu namorado, mas naquela mesma noite, quando o espetáculo havia acabado, eu lhe joguei uma isca e ela acabou mordendo, o que me permitiu saber que o rapaz em questão era seu irmão e que esse, se chamava Roy.

Na quinta feira, Felicity também se apresentou com seu irmão, mas dessa vez sua apresentação foi feita em Duo Lira, que é uma espécie de arco circular, suspenso no ar e as duas pessoas se apoiam nele quando está lá em cima. Surpreendi-me quando após sua apresentação, Felicity veio e se sentou na cadeira vazia ao meu lado.

Pov Felicity

Eu estava completamente atraída por aquele homem e isso era fato. Desde o dia em que o vi com sua filha no bomboniere, que ele não sai da minha cabeça. Aquele sorriso e aqueles olhos de azul escuro intensos tem me atormentado até mesmo durante os meus sonhos. Em primeiro momento, eu pensei que ele fosse casado, quem em sã consciência deixaria livre um homem como aquele? E passado a surpresa de saber que a mãe da pequena Luna havia morrido, passei a reparar nele. Não havia aliança, nem na mão direita e muito menos na esquerda. Como isso era possível? Durante os três dias em que ele esteve presente no espetáculo, não estava acompanhado de ninguém mais além de Luna e isso me permitiu fantasiar e sonhar com aquele homem que mais parecia ter saído de um sonho, um verdadeiro deus grego aqui na terra.

— Você vai ficar aí babando no bonitão ou vai até lá jogar seu charme nele? –perguntou Helena após me pegar espiando por entre as cortinas o homem que estava sentado na segunda fileira de poltronas assim como nos outros dois dias.

— Ai Helena! Você tem mesmo que chegar como um fantasma atrás de mim? – levei minha mão ao peito sentindo meu coração bater acelerado. – Eu quase caí feito uma batata aqui, todos iriam me descobrir.

— Isso é para você parar de se esconder atrás das coisas e correr atrás do que te interessa. – ela cruzou os braços me olhando feio, esperando a tal iniciativa surgir da minha parte.

— Eu não posso simplesmente ir lá e me jogar em cima dele, Helena. Nem mesmo sei se ele está interessado.

— Você só pode estar brincando, não é? Eu acabei de dar a luz à seu sobrinho felicity, mas isso não me deixou cega. Você já viu como aquele homem te olha?- balancei a cabeça negativamente. - Parece que a qualquer momento ele vai pular em cima de você e já percebeu como ele fica quando você não está em seu campo de visão? – ela perguntou espiando pela pequena fresta, neguei novamente e ela me fez olhar para ele. – Olha o modo como ele descansa a cabeça sobre a mão, indicando o quanto ele está entediado. É assim que ele fica sempre que você some. Não tente ignorar isso, Felicity. E por último e não menos importante, você acha mesmo que ele vem aqui só porque gosta de circo?

— Ele vem pela filha, ela é como se fosse o mundo para ele. – dei de ombros tentando convencer a mim mesmo que Oliver voltou aqui apenas pela filha, eu não queria me iludir.

— Pare de ser idiota Felicity, aquele homem tem vindo aqui única e exclusivamente para ver você naquelas roupas curtas, abrindo as pernas lá de cima para ele.

— Helena! – a repreendi por suas palavras escandalosas, senti meu rosto queimar imediatamente.

— O quê? Não venha dar uma de puritana por que eu sei que você não é. E quer saber? Se eu não fosse casada e não amasse tanto o gostoso do seu irmão, eu iria pegar aquele homem para mim, só para você aprender a lição.

— Eu não sei o que meu irmão viu em você, sinceramente. – revirei os olhos. Helena era tão sincera e tão pervertida!

— Querida cunhadinha, é melhor nem querer saber. – respondeu com um sorrisinho sacana. – Agora vai Felicity, vai dar o que aquele Zeus tanto quer.

— Helena!- a repreendi novamente, ela fingiu inocência.

— Estou falando unicamente de sua ilustre presença, você que tem a mente pervertida e já pensa o pior.

Helena não me deu tempo para mais discussões, suas mãos me empurraram para fora das cortinas e eu poderia dar meia volta e sair correndo pelo caminho contrário, se eu não tivesse chamado a atenção dele com toda a minha movimentação. Respirei profundamente e procurei leveza ao passo que eu me aproximava, me sentando na poltrona vazia ao seu lado.

— Hey.  – disse assim que me sentei.

— Hey. – respondi envergonhada, eu não fazia a mínima ideia do que diria a ele.

— Você estava fantástica lá em cima, foi incrível, parabéns! – falou baixo para não atrapalhar as pessoas que prestavam atenção no espetáculo.

— Obrigada. – sorri sincera. – Eu me sinto exatamente assim quando estou lá, incrível. É como se eu pudesse voar realmente. É uma sensação indescritível. – concluí por fim.

Luna, que até então prestava atenção na apresentação do lago dos cisnes, veio correndo e se jogou em meus braços quando notou minha presença.

— Feliiiicity, eu estava com saudades de você. – disse em meu ouvido ainda me abraçando.

— Fadinha da lua, eu também estava com saudades. Pensei que não iria te ver mais, mas fiquei feliz quando vi você e seu pai aqui. – apertei a pequena ainda mais em meus braços, fazia apenas três dias que eu os tinha conhecido e já estava apegada àquela pequena notável.

Ela soltou uma risadinha fofa e se aproximou mais do meu ouvido, sussurrando para que só eu escutasse.

— O papai queria te ver de novo, então eu tive que trazê-lo outra vez.

— Oh, é mesmo? – perguntei surpresa depois de ouvir sua confissão inocente. Crianças são bastante perspectivas e Luna era especialmente inteligente, não deveria ser mentira que seu pai quisesse mesmo me ver de novo.

Ela sorriu ainda mais afirmando sua informação. Sorri e passei meus olhos rapidamente em Oliver, que nos olhava com curiosidade.

— O que essa estrelinha está dizendo? – Oliver perguntou com curiosidade genuína.

— Nada, coisas de meninas, Oliver. – respondi deixando ele ainda mais curioso.

Luna se sentou em meu colo e se recusou a sair quando Oliver disse que eu poderia estar cansada, eu também me recusei a deixá-la sair. Sua pequena mão segurou minha mão esquerda, enquanto eu tive a outra segurada pela de Oliver. Fiquei absorta em pensamentos, tendo uma vaga consciência de Oliver acariciando o dorso da minha mão com o seu polegar, mas minha mente estava viajando, imaginando por um instante como seria se eu fosse a mãe de Luna e esposa de Oliver, o quanto esses momentos poderiam se repetir? Como em tão poucos dias eu já pudesse estar tão conectada a aquela família? O quão doloroso seria quando eu tivesse que partir? Recusei-me a ter esse pensamento e também me recusei a deixá-los irem embora quando o espetáculo acabou.

— Hey fadinha, que tal se fossemos brincar no picadeiro um pouquinho? Eu posso te ensinar uns truques legais, o que me diz? – dei a ideia com a esperança de ter mais alguns instantes com eles.

— Nós podemos, papai?  Só um pouquinho. – ela dirigiu seus olhinhos pidões à Oliver, que não conseguiu dizer não diante tanta fofura.

— Só por vinte minutos filha, já é quase hora de ir pra cama. – ele disse olhando em seu relógio.

— Oba! Obrigada papai. – a pequena disse quando já saia em disparada para o palco. – Vem logo Felicity, não temos muito tempo. – chamou assim que subiu ao palco com a ajuda de Roy que estava embaixo ajustando algumas travas de segurança.

— Crianças! Sempre tão impacientes!

disse Oliver com diversão antes que eu segurasse sua mão e o levasse comigo.

— Muito bem, vem aqui Luna, deixe-me te mostrar como se equilibrar sobre a corda bamba.

Chamei-a com a mão que prontamente veio ficando à minha frente. Oliver se sentou no chão, apenas nos observando e rindo de nós duas.

— Primeiro, você precisa de uma vara longa. Mas como você é só uma criança, isso aqui vai servir. – Fui até uma parte afastada do palco, pegando um cabo de vassoura e voltei, entregando para a pequena, que passou a me ouvir atentamente.

— Por que eu preciso de um cabo de vassoura para me equilibrar? E por que estou no chão e não na corda bamba?- perguntou impaciente.

— Primeiro por que é nossa primeira aula e você precisa aprender a teoria antes de partirmos para a prática. Segundo, que o que determina o equilíbrio de um corpo é o centro de gravidade. O centro de gravidade é um ponto em que qualquer objeto se comporta como se todo o peso do corpo estivesse concentrado nele. O equilibrista procura incessantemente o equilíbrio, fazendo com que, à medida que ele se desloca, o centro de gravidade se mantenha num plano que contém o cabo esticado. O uso da vara, ou cabo de vassoura no seu caso, é fundamental para fazer com que, através dela, seja mantido o centro de massa acima do cabo.

Pensei que teria que explicar tudo novamente para ela, de uma forma mais clara e menos complicada para sua idade, mas me surpreendi quando ela balançou a cabeça afirmativamente, indicando que havia entendido. Luna era uma criança super inteligente, até mesmo para a sua idade.

— Muito bem, pequena fadinha inteligente. Andar na corda bamba pode até ser um exercício divertido, mas requer muito equilíbrio, força e concentração, portanto. – segurei seu rosto e o levantei, fazendo-a olhar para a frente. – Você deve manter seu queixo elevado e seu olhar sempre voltado para frente, mas você precisa estar ciente de onde seu pés estarão tocando, entendeu?

— Entendi tudinho felicity, qual o próximo passo?

— Bom, já que você foi uma excelente aluna, o próximo passo é a prática. – acenei para que Roy se aproximasse. – Roy, você poderia aprontar a corda bamba para que essa mocinha possa ter sua primeira aula?

— Mocinha de coragem. Acredita que até hoje nunca tive coragem de subir na corda bamba? – ele se abaixou ficando da altura de Luna.

— Você? Mais você ficou lá no alto com a Felicity sem ter medo, porque teve medo da corda bamba?

— Porque só quem tem bastante coragem sobe na corda bamba e eu, bem, eu sou muito medroso.

Roy gracejou deixando Luna bastante orgulhosa de sua coragem e fazendo com que Oliver e eu ríssemos da expressão que ela fazia enquanto Roy buscava e montava o equipamento.

— Ok fadinha, eu vou deixar aqui baixinho para não termos problemas em sua primeira aula, certo? – perguntei já ajustando a corda bem próxima ao chão.

— Ok. – concordou. – Papai, você pode me segurar enquanto eu tento?

— Claro, estrelinha. – disse Oliver já se levantando e vindo pegar Luna, colocando-a sobre a corda e ficando ao seu lado ao segurar sua pequena cintura.

— Muito bem fadinha, ainda se lembra do que eu disse? – Ela balançou a cabeça. – Certo, agora coloque a sua vara na vertical, isso, exatamente assim. – parabenizei quando ela fez da forma correta. – Agora queixo erguido, olhando na minha direção. Um passo de cada vez e sempre um pé na frente do outro.

E assim ela fez, exatamente como eu falei. De inicio Oliver a segurava, mas com ela ganhar confiança, ele a soltou, deixando que ela andasse sozinha e conseguisse chegar ao final, comemoramos todos juntos.

Luna me fez ensina-la alguns movimentos acrobáticos e até brincamos na lira, claro, com o arco quase arrastando ao chão e ela o fazendo de balanço. Brincamos também de pega-pega e Luna acabou dormindo sobre as poltronas da plateia quando por fim se cansou. Os vinte minutos que Oliver havia prometido, acabaram se transformando em duas horas e já era hora de partirem.

— Nos divertimos bastante hoje, graças à você.

Oliver disse, assim que ajeitou Luna ainda dormindo em seu assento e saiu do carro. Seu olhar era triste, assim como o meu. Ele colocou suas mãos no bolso e parou diante de mim.

— Eu também me diverti muito. Há muito tempo que eu não ria tanto, ela é tão cheia de luz! – sussurrei baixinho, ainda tomada pela emoção do momento que passamos juntos e nostálgica pela despedida eminente.

— Felicity, obrigada. – Oliver murmurou ao se aproximar e segurar meu rosto entre as mãos. – Não só por ter feito a minha filha sorrir e se divertir tanto, mais também por ter trago esse sopro de ar fresco para a minha vida. Sabe, desde a morte de Laurel, eu me fechei para o mundo, dia após dia eu vivo apenas para ela e em prol da felicidade dela e tenho me esquecido de como é se sentir vivo com alguém, com uma outra pessoa. Mas você, desde o dia em que te vi, bem, algo de diferente em você me chamou a atenção e eu não sei dizer se é o seu sorriso, os seus olhos, sua luz ou se é tudo isso junto. Eu sei que pode parecer assustador, já que só tem quatro dias que eu te conheço e que não sei nada sobre você e você não sabe nada sobre mim, mas sabe quando parece que você conhece alguém há muitos anos? É exatamente assim que me sinto em relação à você, como se já te conhecesse a minha vida toda. É por isso que eu vim aqui todos esses dias, eu precisava te ver de novo e de novo, como se minha vida dependesse disso.

Ele riu nervoso e eu ri também, por que tudo que ele dizia, era exatamente o que eu estava sentindo. Como se eu tivesse esperado a minha vida toda por esse encontro com ele. Por um segundo cheguei a cogitar a ideia de que eu nunca tinha dado certo com alguém antes, por que eu estava esperando por ele, por Oliver.

 - Oliver, eu...

Ele não permitiu que eu pudesse terminar a frase. Seus lábios encontraram os meus e eu os recebi contente, correspondendo ao seu beijo doce e delicado. Oliver movia gentilmente seus lábios nos meus, me permitindo saborear o gosto de hortelã que ele tinha e me deliciar com sua língua molhada e quente, que acariciava a minha com devoção. Afastamo-nos cedo demais para o meu gosto.

— Felicity... – ele sussurrou baixo com o rosto ainda colado ao meu, seu hálito fresco banhando o meu rosto.

— Isso foi tão incrível. – sibilei baixo com um sorriso no rosto.

— Foi maravilhoso. – ele completou ao se afastar e olhar em meus olhos. – Amanhã após sua apresentação, será que posso te levar para jantar? Ou tomar alguma coisa, não sei, qualquer coisa.

Ri de sua empolgação e desespero.

— Jantar parece ótimo.

— Estamos combinados então? Jantar às... deixe-me ver, você se apresenta às 19:30. Então às 20:30 eu posso te buscar?

Ri sem deixar de me surpreender. Ele havia decorado o horário de minha apresentação.

— Às 20:30 então.

— Agora eu preciso levar Luna para casa, mas a gente se vê amanhã Felicity, boa noite.

Ele disse ao se afastar, mas antes que pudesse chegar em seu carro, ele voltou para beijar-me uma vez mais. Só então ele foi embora.

— Boa noite, Oliver. – respondi com um misto de emoção ao observar seu carro se distanciar até que por fim, virou a esquina.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que me dizem? Eu só espero que vocês tenham amado a pequena Luninha tanto quanto eu amei. Tão beautiful *.*
Até logo mores. Bjo, bjo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Love Circus" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.