Tudo está lindo e maravilhoso! Nada poderia ser melhor!

Mas sinto que tem algo errado...

Mask não mudou em nada, mas mudou muito ao mesmo tempo; quer dizer, ele continua um grosseirão machista e boca suja, mas ele definitivamente está mais empático e compreensivo.

Se bem que esse também pode ser o verdadeiro Mask.

O Mask que não é julgado pelo mundo de fora, que não liga de expressar-se de forma honesta, que não tá preocupado em se impor, que não tá com saco pra fazer parte de um roteiro bonitinho e arrumado. Ele tá sendo ele, simples assim.

Voltado!

Podemos dizer que nossa convivência tem sido harmoniosa e relativamente agradável. Ele até aprendeu a fazer torta de morango!

É a minha comida favorita! E ele se dispôs a cozinhar!

Tudo bem que ele diz que não é pra ficar saindo e comprando aos pedaços, que são muito caros se você for contabilizar de fato, mas quem liga?! Ele aprendeu a fazer o doce que eu mais gosto pra ele já ter tudo pronto quando eu chego!

AHHHH!!! EU TÔ EXPLODINDO!!!

Voltando!

Apesar de tudo isso, ainda sinto que tem algo errado.

Mas não com ele e sim comigo. Quer dizer, eu baguncei tudo, virei a vida dele de ponta-cabeça, ele se adaptou à mim. A vida dele tinha um roteiro e eu rasguei esse roteiro.

“Mask... Eu queria pedir desculpas”.

Ele estava fazendo café e lendo o roteiro de um trabalho ao mesmo tempo, e ainda, diga-se de passagem, fica um charme com o óculos de leitura quase escorregando do rosto (risos).

Até podia parecer que estava me ignorando, afinal de contas ele tava preocupado com outras duas coisas, mas ele estava me ouvindo e prestando a atenção.

Ele é multitarefa e charmoso, seus fãs o adoram com razão.

Ele estava prestando tanta atenção que parou tudo e me mirou com uma careta. Uma mistura de confusão, medo e raiva.

Ele já sabia que vinha alguma coisa, ele só não sabia o que era.

“Desculpas?! O que você fez agora?”

Depois das fofocas a respeito do nosso falso namoro (que já foram abafadas) e da Athena ter quebrado um copo sem querer (ele ficou muito irritado, mas foi um doce cuidando dela), todas as minhas desculpas passaram a ser um alerta de problemas em potencial.

Mesmo assim, eu tive a cara de pau de sorrir.

“Eu não fiz nada! Quer dizer… Mask, só me desculpa. Eu fui um inconveniente quando nos conhecemos, apesar de meu estado emocional estar em cacos eu não tinha o direito de fazer o que fiz com você. Eu fui infantil, escandaloso, abusivo, teimoso e egoísta, eu nunca pensei nas dores de cabeça que você estava tendo em cuidar de mim e nem o que Shura estava passando para justificar minha ausência. Eu fui uma pessoa horrível e merecia cada sapatada que você me dava, eu fui muito malcriado e eu precisava dos limites que me foram impostos por você… E por isso eu também quero te agradecer. Você me deu limites com sua grosseria, me fez repensar minhas atitudes com suas broncas e ver as coisas de outra maneira quando cuidava de mim, mesmo resmungando. Você foi verdadeiro comigo, sempre dizendo o quanto odiava meus escândalos. E eu sei que você só me deixou ficar porque teve empatia, você é durão por fora pra ninguém machucar o que tem do lado de dentro e eu agradeço por ter me aberto sua armadura sem pensar duas vezes… Agora, penso eu, você se preocupa de verdade comigo, você quer o meu bem de alguma forma com esse seu jeitinho escroto, então… Mask, eu agradeço e peço muitas desculpas, você é a melhor coisa que aconteceu na minha vida e eu só tenho a te agradecer”.

Agora que eu lembro de ter dito tudo isso olhando nos olhos dele, eu tô chorando.

Mas na hora eu não chorei. Medo.

Enfim.

Ele então suspirou e se sentou de frente para mim na mesa, retirou os óculos e segurou minhas mãos com firmeza.

“Não é como se eu fosse uma pessoa exemplar, Afrodite. Mas eu aceito suas desculpas, se você aceitar as minhas”.

Foi minha vez de ficar um pouco confuso.

Ele não pede desculpas, eu já vi isso no trabalho e no pessoal. Ele não pede desculpas nem se for pra salvar a vida dele!

Ele pode ser o mais errado, mas não pede desculpas!

“Pelo que?!”

Preciso ressaltar que minha voz saiu mais fina do que eu gostaria e ele riu disso. Filho da puta…

Ah! A convivência! (pulinhos)

Ele sorria e sorria largamente. Como eu não desmaiei?!

“Por ser como sou… Apenas me desculpa, está bem?”

Eu concordei, eu nem pensei. Raciocínio pra quê?

“Sua inocência é sua beleza, Afrodite”.

Comentou se levantando e fazendo um breve carinho em meus cabelos, apanhou o roteiro, o óculos e voltou a passar o café.

“E obrigado por continuar aqui”.

Eu fiquei sem palavras, eu realmente não esperava que ele fosse pedir desculpas. Quer dizer, ele disse tanto sem dizer nada (mini surtos).

Desculpas aceitas, claro. Mas…

Ai! Para coração! Não veja coisa onde não tem!

É feio nutrir algo que sabemos que não dará certo, mesmo assim eu gosto de pensar dessa forma, nesse amor possível.

Existem milhares de formas de amar, eu quero uma delas, qualquer uma. O importante é ser com ele.

“Hey! Você não tem um roteiro pra ler também?”

Perguntou depois de algum tempo, provavelmente eu estava fazendo cara de tonto apaixonado.

“Tô com preguiça, não quero”.

“Vou chamar o MIB e ele vai te levar embora. Esqueceu a condição?”

“Não quero!...”

Já dá pra imaginar o que aconteceu depois disso...

E eu tô trancado no banheiro até agora porque precisei fugir dele? Talvez.

Fato é que, ainda não chamou o Shura.

Mas ele tá me passando folha por folha do meu roteiro por debaixo da porta, disse que só vai me deixar sair quando eu ler um terço dessa chatice. E ainda disse que se eu fizer birra é do banheiro pro carro.

“Você não me ama!”

Eu precisava manifestar minha indignação.

“Se eu não te amasse eu não tava fazendo isso! Agora lê essa porra que minha bunda tá congelando!”

Tem dia que ele é insuportável. Bom, as desculpas foram aceitas, isso que importa.

Espera!

Ele disse que me ama?!