Roller Coaster escrita por Marih Yoshida


Capítulo 1
Unique


Notas iniciais do capítulo

Hey
Eu sei que eu sumi muuuuuuito tempo, não tenho desculpa
Mas eu realmente espero que gostem dessa one
Obrigada a Mary por todo o apoio de última hora ❤️



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O vapor da água quente do chuveiro naquele banheiro totalmente fechado quase não a deixava respirar. Mas Thalia gostava. Gostava da água fervendo contra sua pele sensível, deixando-a vermelha. Gostava de precisar fazer um esforço pra respirar. De sentir a parede gelada contra a pele levemente queimada. A fazia sentir viva. Real.

Uma briga com Nico não era o fim do mundo. Mas uma sequência de brigas que durava mais de um mês e meio, isso acabava com ela.

Não estava acostumada a amar tanto alguém. Não estava acostumada a amar. Não que fosse fria ou insensível, ela só não tinha experimentado o amor naquela forma, muito menos, experimentara os machucados que ele podia lhe trazer.

Não queria largar. Não queria ir, nem mesmo sabia se conseguia ir. Mas a cada vez que ela tentava consertar o que quebrara, acabava se machucando com os cacos. Ela tentava tapar, esconder de si mesma, mas eles sangravam. Sangravam muito.

Ela sempre fora muito egoísta. Sabia disso, mas não conseguia arrumar isso. Tentava, tentava o máximo que podia, não ser com ele. Era o amor de sua vida.

E mesmo assim, se estava magoada com algo, tentava atingi-lo. As vezes conseguia, e se sentia a pior pessoa do mundo. Quando não conseguia, ficava irritada.

Ela inteira era assim. Se fizesse algo, não conseguia se sentir bem, se não o fizesse, não se sentia bem também. E ela não podia culpar Nico por não entender, ou por se irritar, ou por brigar, ou por não fazer do jeito que ela queria. Nem ela sabia qual era, como ele poderia?

Mas isso doía. A falta de importância que ele dava pras coisas que, para ela, eram o mundo, doía. Quando ele tentava fazer tudo o que ela queria apenas pra evitar brigas, doía. Quando ele rebatia, doía.

Ela era uma confusão.

Por outro lado, Nico já havia visto seu pior lado antes de namorarem, ele estava com ela sabendo disso. Ela lhe deixou entrar completamente por isso.

Que ele a amava, ela tinha certeza. Mas quando não se consegue sentir o suficiente para a pessoa que mais ama, você tenta compensar. Você tenta ser uma versão melhor de si mesma, quando essa pessoa não percebe isso, machuca mais do que você imaginava que poderia.

Saiu do banho, se enrolando na toalha e saindo do banheiro, sentindo o ar mais frio que sua pele como finas agulhas lhe dando picadinhas. Não era ruim.

Olhou seu celular, a falta de mensagens dele doeu, mas ela não culpou Nico, ela provavelmente não responderia mesmo. No momento, o que menos queria, era entrar em uma nova briga.

Vestida, desceu as escadas e saiu. Precisava se mover, se sentir de volta no mundo. Andou, sem nenhum rumo, por muito tempo. Sua cabeça girava com pensamentos, memórias, ideias, sentimentos.

Pensava se conseguiriam continuar por muito tempo com aquilo. Se algum dia, ela conseguiria fazer as brigas pararem. Ou, em outro caso, se conseguiria deixar tudo aquilo. Pensava nela, em Nico, no relacionamento conturbado que tinham.

Pensara algumas vezes em desistir de tudo. Nunca foi sério, sempre só uma ideia. Se empolgava pensando em como deixaria esse mundo. Sua ideia preferida girava em torno de uma música, e cada momento do seu último dia era uma parte dela. Soava perfeito.
No entanto, não faria isso.

Era fácil pra ela colocar a culpa das coisas sobre si mesma, estava acostumada a tratar tudo como se fosse sua culpa. Do mesmo jeito que aceitara o quanto era tóxica. Pra si e pra outros. E, no entanto, não conseguia mudar. Não sabia se mudasse, quem seria Thalia Grace depois. Aquilo era ela.

E talvez, talvez ela devesse deixar Nico ir.

Ele tinha o coração mais puro que ela conhecia, era realmente uma de suas pessoas preferidas no mundo antes mesmo de saber que estava apaixonada. Queria protegê-lo do mundo. Proteger aquela risada, aquela voz, aqueles olhos.

Thalia amava aqueles olhos. Tão escuros, tão profundos. Ela podia ver todo o carinho do mundo neles, toda a bondade. Nem em um milhão de anos, com todas as palavras existentes no mundo, ela nunca poderia explicar o quanto os amava.

Amava o toque, amava a sensação de quando ele a abraçava, dos beijos na bochecha, dos beijos na boca. Amava como ele a amava, como ele estava lá mesmo quando ela tinha uma crise, como ele a fazia se sentir bonita com um só olhar, amava como ele a protegia.

Mesmo que ele nunca fosse conseguir protegê-la de si mesma. Mesmo que ela soubesse que ela deveria protegê-lo de si.

Não deixá-lo ir era o maior ato egoísta que ela já fizera na vida. E, na verdade, talvez ela conseguisse viver sabendo disso.

A montanha russa era horrível. Em um momento, estava flutuando só de ele mandar apenas um “oi”, no outro, chorando sozinha em seu banheiro. Num momento tinha certeza absoluta que eles teriam uma vida inteira juntos, no outro, queria apenas terminar com tudo aquilo.

Se sentou na varanda de um café que encontrou, olhando lá de cima, toda aquela cidade. Todas aquelas vidas, todos os problemas que deveriam passar. Pensou sobre como era bonita a ideia de tantos sentimentos juntos em um só lugar.

Alguém, nesse momento, estava com raiva. Alguém estava sofrendo uma perda, emocionado por um nascimento, alguém se casava e alguém se divorciara, alguém cozinhava feliz, alguém chorava. Talvez, naquele exato momento, alguém não aguentasse mais e estivesse pondo um fim em tudo. Talvez, alguém estivesse tão feliz por alguma coisa, a ponto de chorar.

Ela sorriu.

Talvez em algum lugar tivesse uma garota como ela, sentada na varanda de um café, comendo um salgado qualquer que pedira, confusa sobre o próprio relacionamento, e, mesmo assim, estivesse ligando para seu namorado, pedindo pra ele ir encontrá-la.


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Notas finais do capítulo

E então?
Digam nos comentários o que acharam, é importante pra mim
Nós vemos lá
Byen~