Novos X-men: A cólera do Éden escrita por Andrew Ferris


Capítulo 2
A muda é desafiada


Notas iniciais do capítulo

Vocês foram apresentados ao palco desta história, agora vamos conhecer novos personagens desta saga!!!



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Por toda a parte os jovens e os velhos nos admiram e nos encaram curiosos. Desde nossa primeira refeição aqui no Éden as pessoas nos transformaram nos holofotes da turma. Não gostávamos nem queríamos essa atenção, mas era algo que tínhamos de aturar. Durante o café da manhã em nosso terceiro dia na colônia, um garoto de peso médio dois anos mais velho que eu e com cabelos curtos enrolados nos contou que sempre é assim com os novos atendidos, mas que deixam de agir com tanta surpresa a partir do momento que revela seus poderes.
— Qual é o seu poder? - Perguntou o garoto com interesse.
— Ser muda - Ironizou uma colega da turma dele com uma expressão convencida, o que me deixa irritada a ponto de me levantar para encará-la de perto. A jovem se levanta e descubro que ela é bem mais alta do que eu. Uma ruiva folgada de cabelos até as pernas e uma cara feia e redonda de nariz curto que me olha feio como se pudesse me intimidar. Eu não queria feri-la, não muito, mas Rictor me afastou usando sua habilidade de mover objetos, no caso eu, para longe da garota estúpida.
— Perdoe minha amiga, ela está muito abalada por tudo o que aconteceu - Esclareceu erguendo a mão em sinal de cumprimento, mas a jovem se recusa a apertá-la, voltando ao seu lugar enquanto a grande maioria dos presentes o aplaude inexplicavelmente. Apenas quando o garoto se dirige outra vez a nós que enfim compreendemos a situação.
— Agora eles conhecem sua habilidade. Meus parabéns, agora será ignorado pelo resto de sua vida - Eu dou risada com o jeito debochado de falar do garoto, então retomo meu lugar quando Rictor me puxa pelo braço.
— Controle-se Laura, não estamos mais no meio da selva - Assim que ele volta ao seu lugar, pego um pedaço de carne com a mão e o devoro ansiosamente sob os risos de nosso novo colega engraçado.
— Isso tudo é fome?
— Não sei por que vocês usam essas coisas - Comentei indignada - Não dá pra pegar muita coisa.
— Isso é verdade e essas coisas se chamam talheres. Essas coisas são usadas por questões de etiqueta.
— Etiqueta?
— Educação. Não é educado comer com as mãos.
— Pelo menos eu termino a comida mais rápido - O garoto volta a rir enquanto percebo o senhor Petros nos observando de longe - Queria saber o que ele quer comigo.
— Por que acha que ele está olhando pra você? - Perguntou o garoto curioso - Tem algo a ver com seus poderes?
— Sim. Não. Talvez, não sei ao certo. Queria que tivessem me contado mais a respeito deles mas tudo o que sei é que machucam as pessoas. Que eu machuco as pessoas.
— É difícil não conhecer um poder mutante que não possa machucar alguém. Não tenha tanto medo de você mesma - Sugeriu o jovem com um sorriso bondoso.
— Como você se chama?
— Frederick. Dizem que era o nome do meu pai, mas não sei dizer por que nunca o conheci. Fui escondido em uma torre M até alguns meses atrás.
— O que é uma torre M?
— Não sei ao certo. Um tipo de abrigo para mutantes que entrou em desuso. A questão é que quem comandava o lugar acabou sendo morto e fomos dispersados, mas e você? Qual é o seu nome?
— Não importa - Afirmei entristecendo-me repentinamente, o que desperta a curiosidade sem limites de Frederick.
— Certo, vou te chamar de "muda" igual a Jack te chamou - Declarou Frederick em tom de ameaça.
— Me chame de muda e eu cortarei você do pescoço até a barriga - Ele engole em seco, voltando-se ao almoço enquanto me delicio com risadas animadas que não soltava há semanas. Ansiosa por voltar ao meu cantinho onde ninguém costuma me incomodar, decido terminar meu prato o mais depressa possível e sair da mesa tão rápido quanto, não fosse Frederick me seguir, obrigando-me a mudar de curso. Escalei um cano e esperei ele chegar ao final de um corredor para surpreendê-lo incomodada.
— O que pensa que está fazendo me seguindo pelos cantos?
— É que eu não tenho muitos amigos, pelo menos não amigos verdadeiros. Alguns deles costumam zombar de mim por conta do meu tamanho.
— Zombam de você? Mas você não é grande, é fofo - Afirmei confusa.
— Obrigado, mas não quero ser um peso a mais pra você. Já tem seus amigos.
— Eu... eu não estou muito afim de ficar com eles agora.
— Por quê? - Encarei Frederick com desconfiança. A curiosidade dele me irritava, mas meu faro indicou que ele não tinha intenções negativas. Pelo contrário, almejava adquirir um laço verdadeiro como aquele que perdi.
— Eles sabem de tudo que passei, mas insistem em enxergar como se eu fosse diferente.
— Eu entendo como se sente, na maior parte do tempo é difícil lidar com qualquer um que não tenha passado por situações complicadas.
— Quer ir para outro lugar?
— E tem outro lugar para ir?
— A laje do meu quarto. É o único lugar que ninguém me perturba - Seguimos pelos corredores até os quartos quando somos parados por um trio de jovens um pouco maiores do que Frederick e obviamente maiores do que eu.
— Olha se não é a bola de boliche da área. Devíamos rolar com você nas partidas de futebol, seria bem fácil marcar um gol - Fiquei parada sem compreender uma palavra sequer, mas pela cara de Frederick devia ser algo bem insultante.
— Deixem ele em paz - Mandei tomando a frente do garoto com uma feição irritada.
— Olha só, o gorducho tem uma namorada.
— É bom ir namorar com seus amiguinhos bem longe daqui se não quiser minhas mãos namorando sua cara.
— Isso me pareceu interessante - Zombou o líder dos garotos colocando a língua para fora da boca de forma escrota - Vem cá baixinha.
— Com toda a certeza - Pulando na parede para tomar impulso, esmurrei com força o garoto maior e fechei minhas pernas sobre o pescoço do segundo, acertando-lhe um chute entre as pernas antes de partir pra cima do líder, que agora mija nas calças tentando fugir do que poderia ser um jeito terrível de morrer. O derrubei no chão com uma rasteira e mirei meu punho em seu pescoço, sentindo minhas garras retráteis escorrendo dolorosamente por entre meus ossos à medida que minha raiva e instintos se intensificam, restando ao garoto a sorte de Frederick estar por perto.
— Não perca seu tempo com esses cretinos, os líderes da base podem colocá-la em regime de isolamento - Deixei os garotos saírem correndo para longe dali, mas ri com ironia enquanto limpo o sangue em minhas mãos na blusa nova onde havia um grande traço marcado sem me importar com a qualidade do tecido.
— Isolamento? Eu passei a vida inteira isolada - Afirmei com revolta antes de decidir deixar aquela história de lado - Vamos esquecer isso - Seguimos em direção ao meu quarto e de meus amigos, mas o senhor Petros surge e interrompe nosso progresso.
— Droga - Murmurou Frederick com espanto.
— Boa tarde meus caros. Laura, se bem me lembro, não?
— Sim senhor Petros.
— Poderia me seguir, se não for pedir demais?
— Posso sim senhor - Olhei para Frederick, que estava inteiramente preocupado, ao contrário de mim. O que poderiam fazer comigo que seria pior do que o que eu passei antes?
Caminhamos lado a lado até sairmos da vista dos outros, subindo alguns lances de escadas até um andar elevado da platafoma. Ele passa seu crachá vermelho em um leitor digital e a porta metálica é destravada, sendo puxada em seguida por ele, pedindo com gentileza para eu entrar. Fiz sua vontade sem questionar, observando a série de frascos, gráficos, paineis informativos e estranhos organismos minhocudos dentro de aquários especiais ao longo da grande sala branca. Dominic me guia até o fim do corredor e entramos em uma segunda sala, menor, repleta de imagens em um painel e algumas pilhas de papéis sobre mesas prateadas. Ele oferece uma cadeira para mim e se senta com uma expressão amigável. Pelo cheiro, ele estava mais intimidado comigo do que eu estava me sentindo intimidada por ele, e seu olhar não negava que sabia o mesmo.
— Analisamos os resultados preliminares de seus exames e a senhorita não apenas está bem como se cura com uma velocidade fora do normal, o que presumo ser uma de suas mutações.
— Sim senhor Petros - Respondi sem pretenções.
— Parece que há um virús mortal em seu corpo, mas cada vez que ele ataca seu corpo suas células revidam com mais força ainda.
— Sim senhor Petros.
— Eu fiz uma análise de seu DNA com amostras que temos disponíveis em nosso banco de dados por conta de suas semelhanças com um indivíduo em particular. Atualmente não há muitos mutantes, ainda mais mutantes com habilidades como as suas - Declarou o sujeito com cada vez mais pretensão.
— Sim senhor Petros.
— Os exames indicaram que você é filha de um dos grandes X-men, James Howlett, mais conhecido como Wolverine. Penso que saiba que ele foi.
— Sim senhor Petros.
— Veja bem Laura, te peço para que evite se expor por aqui. Algumas pessoas tem objetivos particulares com este paraíso e pretendem usá-lo em benefício próprio.
— Está dizendo que esse lugar não é seguro? - Perguntei receosa.
— Estou dizendo que algumas pessoas não são confiáveis e que por isso pessoas como a doutora Summers precisam manter suas identidades em sigilo.
— Sim senhor Petros. Ninguém vai descobrir quem eu sou de verdade.
— Boa menina. Quanto aos garotos malcriados, eu protegerei você quando questionado a esse respeito. Não se preocupe mais com aqueles garotos. Podemos fazer esse acordo?
— Sim senhor Petros - Afirmei apertando sua mão sem jeito antes dele me levar de volta à saída.
— Laura, antes de você ir, vá ao trocador na segunda porta à esquerda e vista essa blusa - Ele revela uma blusa azulada com o traço vermelho idêntica à minha, que pego sem entender ao certo o objetivo daquela troca - Não podem ver esse sangue na sua roupa.
— O senhor não tinha nada mais bonito do que esse traço para colocar na blusa?
— É um I, senhorita, não um traço.
— I? I de que?
— I de Irmandade - Assim deixei a companhia do senhor Petros para trocar de blusa no vestiário e retornar ao meu quarto quando encontro com Frederick no meio do caminho.
— Você me esperou até agora?
— Claro.
— Obrigada.
— De nada, é o que fazem os amigos, mas o que o senhor Petros queria? - Pensei nas instruções de Dominic com certa apreensão. Não queria me esconder de Frederick, mas também não tinha razões para contar a verdade.
— Ele me falou a respeito do que você disse, que caso me peguem, serei colocada em uma sala de isolamento por um tempo.
— Eu avisei. Aprenda a me escutar que vai se dar bem.
— Mas afinal de contas, como você sabia dessa regra? - Perguntei intrigada.
— Acha que eu nuna tive vontade de bater nesses moleques quando me incomodavam? Antes eram outros garotos, mas eu acabei usando meus poderes neles e fui setenciado a três semanas longe de tudo e de todos.
— Seu poder deve ser bem perigoso - Afirmei com admiração.
— Por isso evito arrumar brigas.
— Não se preocupe, nada de arrumar brigas comigo por perto.
— O que você vai fazer além de começar a briga por mim? - Questionou Frederick rindo de leve.
— Então vamos fazer um acordo, você me impede de arrumar brigas e eu te impeço de arrumar brigas - Sugeri rindo envergonhada.
— Para mim parece uma proposta justa.
— Então trato feito.
— Trato feito, "muda".


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Notas finais do capítulo

Quem serão essas pessoas a quem Dominic se referiu?



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