Novos X-men: A cólera do Éden escrita por Andrew Ferris


Capítulo 1
A vila dourada


Notas iniciais do capítulo

Iniciando esta fanfic como uma continuação do filme "Logan". Espero que gostem!!!



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Era uma vez um lindo garoto dourado. Ele era de uma beleza inigualável, como ninguém jamais tinha visto. O problema é que ninguém gostava de ficar em sua presença por conta de sua cor diferente dos outros. Eles diziam que havia brancos, negros, pardos e vermelhos, mas dourado não era cor de gente. Aquilo deixou o garoto muito triste, mas jamais abalou sua fé de que as pessoas pudessem aceitá-lo. Ele tentou diversas vezes ser aceito, realizando trabalhos de toda natureza nos vilarejos mais próximos, desde pequenos concertos até escavação de mina. Seus serviços eram úteis, porém eram feitos com tanta qualidade quanto o trabalho dos demais. Com o tempo, a inveja em cima do garoto dourado fez com que ele fosde expulso e mandado para bem longe. Ele perambulou pelo mundo sem saber qual era seu lugar, mas sua fé nunca morreu ou fraquejou, continuava a mesma. Um belo dia, o garoto encontrou uma menina na beirada de um riacho. Ela lava seus pés finos e dourados como os seus sem se preocupar se alguém a veria, mas curioso, o garoto decide conhecer a menina. Ela fica contente por conhecer outra pessoa dourada, então leva o garoto para uma vila escondida onde todos são dourados, e todos ficam contentes por ver o garoto, que não se sentia mais sozinho e excluído, como nunca voltou a ser. Se essa história é verdadeira? Não sei. Se o garoto dourado existiu? Também não sei. Se as pessoas seriam capazes de excluir umas às outras por serem diferentes das demais? Bem, eu vivo isso desde o dia em que nasci.

Há três dias atravessamos a fronteira dos Estados Unidos com o Canadá, e até agora nada de Éden, nada de mutantes, nada de encontrarmos a vila de pessoas douradas que a história cita. Meus amigos e eu não conhecemos muito do mundo além da tragédia. Perdemos amigos, pessoas importantes que para nós eram como mães, mas eu perdi muito mais, sem qualquer exagero. Pessoas que me acolheram foram mortas, assim como meu pai, que morreu tentando proteger nosso grupo de pessoas más, um ato de bravura que pensava ser exclusivo das histórias em quadrinhos. Ao longo dos dias, vemos nosso estoque de comida se esvaziar, assim como nossas esperanças de encontrar o Éden, o que me fez pensar na possibilidade de meu pai estar certo. E se de fato o Éden não existisse? A dúvida é evidente nos olhos de alguns de nós, mas Rictor fica em seu canto isolado, fingindo não pensar ou sentir nada.

Tudo que queremos é um lar, mas a única coisa que conseguimos foi sofrimento. Continuamos seguindo em frente, passando por árvores de troncos enormes, rios com fortes correntezas e destroços do que outrora havia sido uma cidade, mas nada de encontrarmos o Éden.

Há cinco dias estamos na estrada à procura do Éden, mas nossa esperança se esvai mais a cada momento. Não há sinal algum desse lugar ou de qualquer outro. Começamos a escalar parte de uma floresta com relevo irregular. Trechos da passagem estão umedecidos demais por causa da chuva, o que prejudica nosso avanço. Aos poucos percebemos uma série de estruturas metálicas que mantém aquele relevo íngreme, deixando todos curiosos. No meio do caminho, Bob encontra algo que jamais pensamos ver na vida. Em suas mãos estavam um distintivo, ou algo que parecia ter sido um distintivo pertencente a um X-men.
Nos entreolhamos surpresos. Encontrar algo assim no meio do caminho sem dúvidas era um bom sinal para nossa busca, e nos deixou mais empenhados ainda em atravessar aquela floresta montanhosa até alcançarmos uma base. Pouco depois de alguns tufos de mato encontra-se uma cúpula gigante que mais parece um lugar abandonado, embora tenha um aspecto militar e familiar para cada um de nós. Caminhamos precavidos pelo terreno baldio, então algumas pessoas surgem de uma porta redonda no centro da esfera. Não apenas pessoas, mas robôs com mais de dez metros de altura que as protegem enquanto nos aproximamos.
— Então vocês são as crianças do México - Afirmou uma mulher loura, de meia idade, que nos recebe graciosamente com um sorriso.
— Somos - Afirmou Rictor, tomando a frente de nosso grupo.
— Sou a doutora Rachel Summers, é uma honra. Esses comigo são Theresa Cassidy e Dominic Petros.
— E essas coisas?
— Sentinelas. Em outros tempos foram um dos maiores inimigos da nossa espécie, mas agora nos ajudam.
— Quem são vocês, afinal?
— Vocês tem muitas perguntas e pretendo responder cada uma delas, mas agora precisamos entrar antes que nos procurem - Sem pensar duas vezes, entramos na base esférica abandonada acompanhados pela doutora Summers, seus colegas e as tais sentinelas, robôs pintados de roxo e preto, semelhante ao que vi em um quadrinho dos X-men.
— Você é o mais velho? - Questionou Theresa, uma mulher de cabelos ruivos, um pouco louros como os da doutora Rachel.
— Sou - Respondeu Rictor aproximando-se dos desconhecidos.
— Qual a faixa etária de vocês?
— Dos oito aos quinze anos.
— Ficarão surpresos por saber que a maioria dos mutantes que encontramos são bem jovens como vocês, mas a maioria conhece um pouco melhor o mundo. Vocês infelizmente não tiveram a chance - Caminhamos pelo interior da cúpula até uma casa velha na qual entramos, então Dominic aperta alguns botões e o chão começa a descer em direção ao subsolo, passando por longos corredores de metal até um andar fixo. Enquanto o elevador sobe de volta à superfície, nos encontramos admirando a bela base dos mutantes, um lugar coberto por placas metálicas, luzes por toda parte, casas pequenas, médias e grandes com espaços diferenciados, poltronas coloridas e brinquedos. Crianças de todas as idades, algumas mais velhas e outras mais novas do que a maioria de nosso grupo, além de alguns jovens um pouco mais velhos que nos observam com alegria.
— Precisamos realizar alguns exames antes de liberá-los para o processo de adaptação - Explicou Dominic com calma - Nada demais, mas temos de ter certeza de que não contraíram alguma doença ou estão feridos seriamente - Concordamos com a exigência, embora alguns não se sintam muito à vontade com a novidade.
Somos avaliados dentro de uma sala branca, um por um, e nem vejo quando minha vez chega. Colocam uma luz sobre meus olhos, medem minha altura e verificam meu peso. Recolhem meu sangue, o que não me leva a nada, ao contrário de meus amigos, pois estava acostumada a perder sangue. Depois da avaliação, ficamos esperando na sala até o resultado sair, mas nenhum de nós tem real interesse naqueles papéis.
— Os exames preliminares não detectaram nada de incomum além dos genes X provenientes de mutantes que já existiram - Declarou Rachel sorrindo carinhosamente para nosso grupo enquanto Dominic toma a frente da doutora.
— Isso significa que estão liberados. Podem vir comigo, por favor - Todos seguimos os passos de Petros sem reclamar em momento algum, e assim ele nos leva a um casebre de paredes roxas com estrelas coladas nas paredes e no teto, além de muitos brinquedos e um painel eletrônico na única parede sem camas.
— Acomodem-se. Espero que outro de nossos novatos fique com vocês, afinal sobrou uma cama para ele. Os horários das refeições são informados no painel. Boa sorte a todos - Desejou o sujeito nos deixando a sós em nosso novo quarto, o primeiro quarto de verdade em toda nossa vida.
— Esse é o Éden? - Perguntou Bob apreensivo - Não achei muito empolgante.
— Qualquer coisa é melhor do que estar lá fora sob a mira de humanos - Declarou Rictor enxergando uma solução mais óbvia.
— Vocês estão falando isso por que não aguentam uma injeção - Acusou Martine sentando-se em uma poltrona vermelha - Isso aqui parece o paraíso pra mim. Tem tantos brinquedos que não sei qual escolher - Declarou retirando os bonecos da caixa prateada.
— O que acha de tudo isso, Laura? - Perguntou Bob, mas eu ainda não me sentia pronta para falar com meus amigos, e Rictor sabia disso.
— Deixe-a. Vamos arrumar nossas coisas e nos prepararmos para comer. Estou ansioso para ver o que eles tem a oferecer.
— Se for melhor do que essa comida em conserva, eu agradeço sem pensar duas vezes - Afirmou Rebecca com nojo da comida enlatada.
Saio de nosso quarto e encontro uma escada que leva ao teto do cômodo, a qual subo para contemplar cada parte daquele lugar. Esse é o Éden com que tanto sonhamos? É realmente um lugar lindo, mas por alguma razão eu sentia um mal-pressentimento sobre o lugar que procurei por tanto tempo e pelo qual tantos se sacrificaram. Queria confiar naquelas pessoas, mas por que transformar seu inimigo no seu amigo?

Independentemente da resposta, a verdade é que, caso aqueles sujeitos cometessem qualquer ação suspeita, conheceriam uma garota com sede por sangue pronta para rasgá-los sem piedade. Eu faria qualquer coisa por meus amigos, mas agora tudo que eu quero é descansar. Se a história aue nos contaram é verdadeira? Se eles eram confiáveis? Se o garoto dourado enfrentou problemas ao encontrar a vila? O que interessa para meus amigos e para mim é que estávamos entre iguais. Finalmente estávamos na nossa vila dourada.


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Notas finais do capítulo

O que acharam deste começo?



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