Além de uma vida escrita por Ania Lupin


Capítulo 2
Uma família desmoronando




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Além de uma vida
Uma família desmoronando

Ponto de vista de Carlisle

Os Volturi.

Até hoje, a existência deles não era considerada ruim para mim. Convivera na Itália com Caius, Marcus e Aro por anos, e aqueles vampiros eram o que eu tinha de mais próximo de uma família antes de conhecer Edward e todos que moravam agora em minha casa - nossa casa.

Depois de hoje, pensar neles era totalmente repugnante.

No momento, não conseguia saber o que era mais doloroso: ver meu filho mais velho querer matar seu irmão, ou Edward esperar a morte de braços abertos frente à Jasper. Ele não lutava, não fazia movimento algum: seu olhar não fixava em nenhum ponto específico, e seus olhos pareciam estar se esvaziando completamente de qualquer resto de vida que tivesse sobrado naqueles últimos meses, ao contrário de Jasper, que usava o máximo de sua força para tentar se livrar do aperto de aço que o prendia, seus olhos escuros fuzilando o vampiro que permanecia largado no chão, sentado contra a parede esburacada por um soco.

"Eu te mato, eu TE MATO! Ela era tudo pra mim!" Emmett segurava Jasper com visível esforço, tentando tira-lo da sala antes que o ex-soldado cumprisse sua palavra. Esme tentava tirar alguma reação de Edward, mas o olhar vazio já se prolongava por tanto tempo - desde o primeiro segundo após a notícia - que talvez não fosse mais possível tirar qualquer coisa dele.

"Edward, levante!" Talvez só lhe restasse mesmo a vida. "Fale comigo, por favor!"

As palavras de minha esposa só provocavam uma reação: o aumento da raiva que nosso mais velho sentia, que junto com o forte sentimento de perda e desespero afetava dolorosamente todos na sala. Eu não conseguiria fazer algo nem mesmo se quisesse, como minha vampira ainda não tinha sido tomada por todo aquele ódio era quase inexplicável – mas então, Esme era Esme. Sempre soube que ela nunca levantaria a mão para algum de nossos filhos.

Aquele dia começara de um jeito bom e mau ao mesmo tempo. As notícias de que Alice chegava com Bella nos portões de Volterra vieram ao mesmo tempo em que Edward batia em nossa porta, avançando para cima de mim e me cobrando que tinha o direito de morrer pelas minhas mãos - seu maldito criador. Ao menos era isso que havia entendido – ele não conseguia permanecer muito tempo num discurso coerente, e eu não conseguia prestar atenção sabendo que minha filha e aquela que já considerávamos parte da família estavam tão perto dos mais perigosos de nossa raça, prestes a fazerem o maior dos erros. Só um pensamento vinha em minha cabeça. Não era para ele estar aqui.

E claro que ele entendeu em pouco tempo o que acontecia.

Segundos depois, quando Esme entrou na sala, minhas mãos discavam repetidamente um número no celular prateado, que repetidamente caía na caixa postal. Quando foi a vez de Jasper surgir, junto de seus outros dois irmãos, foi que o inferno começou. Por um momento me vi perdendo mais dois filhos – por mais que ainda não tivesse a certeza de ter perdido aquelas duas. Jasper se lançou contra Edward antes mesmo de proferir qualquer palavra, e fora Rosalie que o impedira de arrancar uma parte do braço do irmão.

"Você quer saber de quem é a culpa de tudo isso?" Via Rosalie quase gritando com Jasper, Emmett se colocando proteticamente entre os dois. "Se Alice não tivesse insistido em dar uma festa para uma patética humana que nem ao menos queria uma, tudo estaria bem!"

"Como você tem a coragem de culpá-la?" E quem estaria no chão agora seria Rosalie se seu marido não estivesse no meio dos dois. "Quem é você para culpar Alice, Rosalie? Você que resolveu ligar para ele, como pode ser tão estúpida? 'Bella caiu de um precipício e morreu', qual a necessidade de contar isso? Se temos que culpar alguém, podemos muito bem culpar você, sua vaca!"

Tentava pensar nas boas probabilidades, naquelas em que Alice teria alguma visão antes de qualquer coisa acontecer a qualquer uma das duas, e por alguns segundos, tudo ficou sob controle para mim. Eu me fiz acreditar que o pior tinha passado, e Jasper também acreditava – ele precisava acreditar – que o melhor aconteceria, e um manto de calma cobriu a todos.

Até o telefone tocar.

Era o número de Alice, mas a voz que ouvi do outro lado da linha me era conhecida há muito mais séculos. Não precisei repetir as palavras vindas de Caius – o silêncio mortal que se fizera na sala foi suficiente para todos ouvirem o discurso no mesmo segundo em que eu o absorvia.

Quebraram as regras.

Se expôs em Volterra.

Levou uma humana, que sabia de tudo.

Precisamos proteger nossa raça.

Inaceitável.

Mortas.

"Você é o culpado disso, seu desgraçado! VOCÊ!" Via Edward continuar no chão, sem mover um músculo, o dom do mais velho afetando a todos naquela sala do pior jeito. Era impossível saber se ele escutava, ou se estava trancado em seu próprio mundo, mas Jasper não parecia se importar. "Se essa ideia absurda de sumir da vida dela nunca tivesse aparecido, eu ainda estaria junto do amor da minha existência! Quem faz isso? Quem deixa o amor ir embora?"

E então todos me olhavam, esperando eu tomar algum partido, o lado de algum dos meninos - o lado de Jasper. Será que eles não entendiam que eu simplesmente não podia? A perda não fora de um só, e por mais que todos pudessem achar que a culpa maior era de Edward, tinha que admitir que ele não obrigara nenhuma das duas a ir até a cidade italiana. As visões de Alice eram inconstantes, todos sabiam disso, algo poderia mudar e a vampira sempre deveria estar atenta a esta possibilidade – e justo naquele momento, naquela cidade, ela não estava.

Se fosse para culpar alguém, que fosse eu o culpado: nunca deveríamos ter deixado Forks. Ter permitido que nossa família se mudasse de lá fora erro meu. Ter permitido Edward se render aos seus medos fora erro meu.

"Me devolva Alice seu filho da mãe, me devolva!" Jasper não queria mais se soltar, e só parecia se angustiar ainda mais por não ter o poder de derramar nenhuma lágrima. Desistira de lutar, e era somente segurado pelo irmão mais novo para continuar de pé. "Eu só a quero de volta. Eu não sei mais viver sem ela." escutava a voz de meu filho sumir mais a cada palavra. "Eu não sei..."

Mais alguns segundos se passaram antes de Emmett soltar o irmão, que mal se manteve de pé sem algum apoio. Seus olhos ficavam parecidos com os de Edward mais e mais a cada segundo, e por mais que eu quisesse negar, já sabia que não perdera somente duas pessoas hoje, perdera quatro. Quatro filhos amados.

Meu mais velho dava um passo para trás, seu olhar já igualando o do irmão. Então, sem falar nada – sem nem mesmo respirar mais –, se virou e abriu a porta da frente da casa.

"Jasper, mano-"

"Deixe." Quem parou Emmett foi sua esposa. A única filha que me sobrou, que no momento, tinha uma expressão que quase nunca tomava conta de seu rosto. Quando nossos olhos se encontraram, vi que ela dividia todo meu sofrimento e angústia, vendo a família diminuir mais a cada minuto que passava. A angústia de não saber o que aconteceria no final de tudo aquilo.

Não havia nem mesmo um palpite do futuro que nos aguardava.

"Deixar? Rose, ele vai fazer merda lá fora, e ele realmente não precisa de mais uma coisa para se culpar! Não agora." Jasper já não estava mais à vista de nenhum de nós, e Emmett não mais demorou em sair e tentar segui-lo.

"Carlisle, faça algo!"

Eu era o patriarca de uma família que havia desmoronado em segundos frente aos meus olhos, e pela primeira vez em muito tempo, não sabia o que fazer.

...

Era noite quando Jasper retornou para casa. Emmett ainda não havia voltado, e Esme permanecia com Rose num quarto tentando arrancar alguma reação de Edward, sem sucesso.

As palavras que vieram logo após a batida na porta de meu escritório não me surpreenderam.

"Eu vou embora."

Ficar junto de Jasper só piorava a dor – todo o sentimento que ele carregava era demais. E o que meu filho me fazia sentir involuntariamente naquele momento era mais forte do que qualquer sentimento de perda que já experimentara. Ao mesmo tempo que queria implorar para ele ficar, queria que saísse dali o mais rápido possível, e quando olhei naqueles olhos negros, vi que o vampiro tinha consciência da contradição em que me encontrava.

E por saber, ele me abraçou. Jasper era um ótimo filho, apesar de tudo que estava acontecendo, apesar da fatalidade que provavelmente acabara com toda a felicidade de sua eternidade, em nenhum momento veio dele o pedido para escolher um lado. Ele sabia que eu nunca poderia fazer isso, e era ainda compreensivo o suficiente para entender.

Como poderia pedir por um filho melhor? Como poderia deixá-lo ir?

"Não consigo ficar na mesma casa que ele, Carlisle. Me desculpe, mas não consigo." Se justificava, enquanto olhava para o chão. "Vai ser melhor para todos, você sabe disso." Eu sabia.

"Já falou com Esme?" Ele negou. "Emmett, Rosalie?"

"Fale com eles por mim."

"As portas sempre estarão abertas para você, Jasper, não importa o que aconteça. Em qualquer momento que precisar de algo, venha até mim." Vi uma tentativa de sorriso que não combinava em nada com a expressão que ele vestia.

E então meu filho se virou, e sumiu pela porta.

...

"Chefe Swan, eu lamento-"

"Minha filha, Carlisle, minha única filha!"

Talvez um dos piores momentos estivesse sendo falar com Charlie. Ouvir alguém do outro lado da linha, que tinha a capacidade de chorar e aliviar um pouco de toda aquela dor. Ouvir alguém que sofria do mesmo jeito que eu sofria, a mesma emoção: a dor de perder um filho.

Ouvir alguém culpar meu filho, que já sofria tanto no andar de cima. Que poderia estar escutando cada palavra.

"Tudo por culpa desse moleque que você chama de filho-"

"Edward não foi o culpado-"

"Minha filhinha está morta! Por causa de um capricho-"

"Charlie, eu sei-"

"Você sabe? Como você sabe? Como você ousa dizer que-"

"PORQUE EU TAMBÉM PERDI!"

Arremessei o celular contra a parede sem pensar, o aparelho eletrônico se desfazendo em milhares de pedaços ao se chocar com o concreto. No mesmo milésimo, o grito mais sofrido que já ouvira em toda vida vinha da garganta de meu filho.

Quando iria imaginar que, naquele minuto, seria a última vez que falaria com Charlie Swan e a última vez, em anos, que ouviria a voz de Edward?

...

Ponto de vista de Alice

Nenhum de nós dois esperava por isso, nenhum de nós imaginava que isso poderia acontecer: que aquela manhã em que saía para visitar Bella seria a última vez que nos beijaríamos e diríamos 'eu te amo' um para o outro. A ideia sempre foi voltar, com todos a salvo, com Edward convencido de que ficar com Isabella era a melhor escolha. Ao lado de meu marido, novamente em Forks. Um final perfeito, como eu havia visto.

O que Jasper sentia agora? O que acontecia na casa onde estava minha família?

Era tão frustrante não conseguir mais ver o que iria acontecer! Eu nem mesmo sabia onde estava, por que de repente tudo estava tão claro? Aquela sala de mármore era tão mais escura, a iluminação dos meus segundos finais fora tão escassa.

Meus segundos finais. Como eu ainda-

Tive a surpresa de minha vida ao ver uma mulher de branco de pé ao meu lado quando finalmente tomei coragem para abrir os olhos. Tudo era branco demais ao meu redor. Tudo era branco. Mas que droga!

"Alice, esperei tanto por você." a estranha me dizia com um sorriso nos lábios. Será que essa humana tinha alguma ideia do que eu era, do que poderia fazer com ela? Por acaso não via o quanto o ser deitado ao seu lado era diferente? Por que não fugia, como todos os outros?

E por que eu continuava viva?

Isso quer dizer que Jasper... Que eu vou poder vê-lo outra vez! Que não acabou!

"Eu entendo que você está confusa. Tenho todo o tempo do mundo para explicar tudo para você. Você está segura agora. Acabou."

"Eu realmente não estou entendendo-" minha voz, eu a escutava diferente. Me levantei, não rápido o suficiente como o habitual e tentei procurar uma saída naquela sala, mas era tudo tão branco quanto minhas mãos.

Minhas mãos.

Eu não conseguia sentir minhas mãos. Ou qualquer outra parte do meu corpo.

Eu não sentia nada.

"Senhora, eu realmente preciso saber o que está acontecendo."

"Alice, olhe ao seu redor. Onde você acha que está?" No lugar mais branco que já estive na vida. "Onde você estava?"

"Na Itália. Dirigindo."

Eu sinto muito. Eu sinto tanto.

Ter os braços arrancados havia doído apenas por um milésimo de segundo.

Meu Deus.

"Eu morri?"

A afirmação que não queria ouvir veio. E então toda a dor voltou. O desespero de não poder dizer adeus a ninguém me atingiu por completo. O desespero de não poder dizer adeus justo para ele.

"Jasper, oh Jasper-"

"Eu estou aqui, Alice. A sua dor é-"

"Ah, cale a boca! Eu morri! Eu o deixei, e eu jurei que nunca o deixaria e agora-" ouvi um soluço sair pelos meus lábios, e então, algo que nunca acontecera na minha vida – ou ao menos, eu não lembrava de ter feito – aconteceu. Lágrimas. Estava chorando. Eu podia chorar. "Jasper."

E aquilo tinha um efeito quase calmante.

Carlisle foi a próxima coisa que invadia minha mente. Alma. Não somos monstros. Ele sempre acreditou nisso, com toda sua força, apesar de nenhum de nós por fé naquela teoria - não sabíamos nem se humanos a tinham, quanto mais nós, seres imortais quase sem nenhum traço de humanidade.

Então era verdade, tudo o que nosso pai sempre nos falava. Era a única explicação para o que acontecia agora.

"Se essa é a sua pergunta, sim. Você tem uma alma, todos nós temos. Desde uma formiga até você, afinal, o que é um vampiro se não um ser vivo? Todos nós somos uma forma de vida, e todas as formas de vida têm uma essência." a estranha na minha frente me explicava, permanecendo irritantemente calma.

Mas não, eu não queria ter uma alma se fosse para viver sem ele! Preferia que tudo isso fosse uma mentira" Que houvesse a morte, e então mais nada, como sempre nos forçamos - ao menos, eu me forcei - a acreditar.

"Tem certeza disso?"

"Do que?"

"De que preferia o nada." Como ela conseguiu- "Você precisa se acalmar, querida." a mulher disse naquela voz sempre calma, se afastando alguns passos, olhando para o infinito branco. "Assim que se acalmar, tudo vai ficar mais claro. Se acalme, e então vai poder vê-lo."

"É sério?" ela fez que sim, e eu senti a calma vir no mesmo minuto. Ver Jasper: eu precisava daquilo. "Mas não vou poder ficar com ele." Por algum motivo, aquilo era uma certeza em minha mente.

"Você tem escolhas a fazer, criança, mas antes de qualquer coisa, precisa ver sua família." Minha família. E Bella, precisava ver Isabella! "Sim, ela também está aqui. Mas talvez não consiga ver você, a dor de sua alma é grande demais para distinguir qualquer coisa, ao menos por enquanto. É uma alma tão nova. Mais uma vez repetindo os mesmos erros. " a mulher terminou de falar, e me deu as costas, então de repente o branco começou a tomar a forma de uma casa conhecida.

Respirei fundo, e passei pela porta aberta. Nada poderia ter me preparado para cena que presenciaria.

"Não! Jasper, não!" Me jogar contra ele foi inútil – o atravessei, era como se eu não estivesse ali. Mas aquilo era um fato: para eles, eu não estava. No mundo físico, eu não estava. As lágrimas voltaram no mesmo instante, enquanto eu via a angústia no rosto de cada um. "Meu Deus, Jasper."

Não queria mais prestar atenção no que estava acontecendo. Não queria ver no rosto de quem eu tanto amava tanta raiva, quanto menos o vazio completo nos olhos de meu irmão. A mulher de branco estava ao lado de Esme, uma mão pousada em seu ombro, e compreendi que ela deveria exercer alguma influência sob minha mãe postiça, pois esta parecia a única não afetada pelos sentimentos de meu marido – até Carlisle parecia tentar se controlar, mal se movendo, distante de todos na sala.

E então meus olhos viram Bella, e no mesmo instante entendi as palavras de antes. Minha quase irmã não percebia nada do que acontecia ao seu redor, focando o olhar apenas em meu irmão, chorando ao vê-lo tão sem vida.

Minha família estava desmoronando, eu sabia. Um flash se passou diante de meus olhos, onde Carlisle discutia com Esme, saindo de uma sala batendo com raiva a porta. Rose e Emmett tristes, mal suportando morar na mesma casa que os pais. Edward se fechando para sempre. E então, Jasper.

"Não, não, por favor não!" Jasper indo até os Volturi. Ele já havia deixado a casa quando saí de meu transe. "Faça alguma coisa, ele não pode ir para lá, não pode!"

Desespero. Nem nos meus minutos finais senti algo tão forte como sentia agora. Ele não estava mais na casa, e eu não conseguia segui-lo naquela velocidade. Olhei para a mulher, implorando por alguma ajuda, alguma forma de arrumar tudo aquilo, mesmo estando naquele estado tão inútil.

"Pense nele. Pense onde a energia dele está agora." Pensar nele era tudo o que eu fazia, ela não tinha entendido isso ainda? "Feche os olhos, criança."

Não tinha nada para se fazer além de obedecer. Fechei os olhos, apenas meu marido em meus pensamentos, e quando voltei a abri-los, estávamos numa floresta, Jasper sozinho, parado, de punhos cerrados.

"Fale com ele." Como se ele fosse me escutar. Eu nem mesmo pude impedi-lo de tentar matar meu irmão! "Você é suficientemente forte para se fazer escutar, Alice. Ele pode não ter a consciência de que é você, mas os pensamentos dele vão mudar. Fale com ele."

Respirei fundo - por que este era um hábito que não morria nunca? Olhar para ele era bom e ruim ao mesmo tempo: a vontade de abraçá-lo era mais forte que tudo, senti-lo só mais uma vez era tudo que eu precisava.

"Jazz." Dei um passo, minha mão mais uma vez atravessando a face que eu tanto queria tocar. "Jazz, por favor," Fechei meus olhos. A imagem dele em Volterra ainda permanecia concreta. "Eu não vou conseguir."

"Se continuar pensando assim, você realmente não vai." E era para eu pensar de que jeito? Meu maior amor estava sofrendo mais do que qualquer vez que já vira, e eu estava completamente impotente ao seu lado, sem poder fazer nada! "Alice, se acalme." Era difícil me acalmar sentindo o que ele estava sentindo. "Você consegue, Alice. Por ele."

Por ele. Só por ele.

"Jazz, me escute." Tentei mais uma vez tocá-lo, inutilmente. "Jazz, não vá! Eu te amo! Você não pode se matar por causa disso, por mais que eu te queira junto comigo, NÃO VÁ!"

Mas o flash de Volterra ainda se repetia num maldito looping em minha cabeça. Não, não queria mais ver aquilo, pare! Qualquer outra coisa, menos aquilo!

"Não vá." Eu só queria toca-lo, só mais uma vez. "Fique comigo, Jazz."

Fechei os olhos outra vez, tentando me concentrar em memórias felizes. De quando Jasper me acompanhava nas compras, sempre com um sorriso maravilhoso em seus lábios. Ele nunca reclamava, bastava eu me divertir que estava tudo bem. Como ele ia para a escola apesar de toda a sede que sentia, apenas para ficar ao meu lado. Como no começo, ele estava receoso em permanecer com os Cullen, mas mesmo assim ficou. Por mim. Ele sempre foi tão bom para mim. Como eu queria ter dito todas estas coisas para ele mais uma vez. Ter dito que o amava tantas vezes mais. Foram tão poucos os anos juntos.

Recordei o jeito que ele manipulava os sentimentos ao redor de todos da família, para deixar tudo sempre da melhor maneira possível. Como ele me acalmava quando eu precisava. Como ele nunca tinha vergonha de admitir o quanto precisava de mim.

Ele precisava de mim.

Eu não poderia deixá-lo.

"Jazz, espere por mim." minha mão tocou sua face, e desta vez, permaneceu ali. "Não vá. Eu vou voltar pra você, mesmo que demore anos. Eu vou encontrar um jeito, meu amor. Mesmo que demore mil anos, eu vou encontrar um jeito de voltar pra você. Só me espere."

Foi um alívio ao ver o flash de Volterra finalmente desaparecendo.

"Então você tomou sua decisão." Sorri. Era incrível a calma que tomava conta de mim no momento. "Crinaça, você sabe que vai voltar sem memória nenhuma desta sua vida de agora, não sabe?"

Voltar. Eu iria voltar. Eu iria poder toca-lo novamente. Conhece-lo novamente.

"Eu vou me lembrar. Vou dar um jeito de me lembrar." Eu arranjaria uma forma, por ele.

"Sim, você vai. De algum jeito, nós todos acabamos nos lembrando quando é preciso. Agora," ela disse, se aproximando de mim uma última vez, sua mão na minha testa. "Tenha uma boa viagem."

E tudo ficou branco outra vez.


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Notas finais do capítulo

E aí gente, o que estão achando? Vi que tem um leitor acompanhando, que bom! Me conta sua opinião!

bejio,
Ania.



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