Em tempos normais, Ino estaria chorando no quarto e se recusando a fazer qualquer coisa sem ser ficar de luto pela morte repentina de seu relacionamento com Sai, mas ela havia decidido ser forte. Ela não poderia viver o luto por um assassinato que ela cometeu em legitima defesa, até porque, ela tinha mais o que fazer do que sofrer!

A Yamanaka já havia ido ao cemitério pelo aniversário do pai, regado todas as flores do jardim e agora estava colocando uma mistura para a fortificação das mudas selecionadas que ela levaria para a floricultura, depois ainda tinha tantas coisas para fazer que com toda a certeza não iria ter tempo para ficar triste.

— Ino, precisamos conversar... — novamente a voz arrastada chamou a atenção da loira.

— Fala rápido então porque eu tenho mais o que fazer. — Ela nem se deu ao trabalho de olhar para o amigo, continuava espirrando a mistura nas flores com todo cuidado do mundo.

— Você não me falou o que estava fazendo ontem à noite... — ele suspira, pegando uma das mudas e olhando — você e o Sai brigaram de novo?

— Claro que não! — Agora ela solta uma risada depois da fala — Nem precisou de briga e nem nada do tipo... — ela aponta para a mesa do jantar da noite anterior, ela estava arrumada do mesmo jeito.

— Ele esqueceu do jantar de um mês de namoro? — Era impossível Shikamaru revirar os olhos com aquilo, lembrar de datas assim era problemático para qualquer um.

— Não, ele teve um jantar ótimo e agradável com OUTRA, mas para me consolar por ter sido trocada, eu ganhei uma flor... — a fala saia irritada, até que ela suspira — mas já cuidei disso. — A voz agora era mais calma, acompanhada de um sorriso.

— Ino, você não está exagerando e nem... — antes de completar a frase, a loira começou a falar de novo.

— Para de ser preguiçoso e me ajuda a trazer essas coisas! — Ela começa a andar, levando algumas mudas em um caixote.

— Que saco... — apesar de resmungar, Shikamaru pega outro caixote com o resto das mudas e vai atrás da amiga — Deve ter sido tudo um mal-entendido, ontem à noite ele... — novamente é interrompido.

— Não me importo com gente morta, já falei antes! — Aquilo mais parecia uma pirraça por parte de Ino — Eu não quero saber mais nada dele, eu prefiro me concentrar na floricultura, no clã, nos meus treinamentos...

.

.

.

Enquanto a amiga falava, os dois continuavam a andar, saindo do jardim Yamanaka para irem até a floricultura na área comercial. Ela parecia comunicativa e animada como sempre, mas Shikamaru conseguia notar que o fim repentino do termino foi um golpe duro para ela. Apesar de não acreditar que Sai faria algo como trocar Ino por outra garota, ele conhecia a amiga bem o suficiente para saber que ela jamais admitiria aquilo se não tivesse certeza.

— Ei, Shikamaru... — Choji comia suas tão adoradas batatinhas enquanto se aproximava deles — A Temari já está quase no portão, você deveria ir se despedir... — ele sorri, colocando a última batatinha na boca.

— Droga! Eu tinha esquecido dela... — aquele olhar nervoso indo das flores para a rua principal era um claro sinal de dúvidas da parte do moreno.

— Eu ajudo a Ino com as flores. — O rapaz "fofo" sorria da forma mais gentil possível, pegando o caixote das mãos de Shikamaru.

— Obrigado! — Ele fala enquanto já começava a correr.

— Diga que mandei um tchau! — a loira fala divertida, olhando Shikamaru ir apressado enquanto desviava das pessoas. — E você, Choji, quando você vai arrumar uma namorada?

— Quando eu visitar Kumogakure... — o rapaz fala um tanto corado, pegando as flores.

— Só eu estou solteira agora!? — Ela chega a deixar as chaves da floricultura caírem — Tanto faz, eu não tenho tempo para essas coisas. — Acena negativamente a cabeça, pegando as chaves e se focando mais uma vez na floricultura.

— Você e o Sai brigaram? Que péssima época para terminarem, vocês já iam fazer um mês juntos... — apesar da intenção de Choji não ser tocar na ferida, ele praticamente a abriu de novo. — Eu sempre achei um tanto confuso vocês começarem a namorar no dia do casamento do Naruto, porque antes disso vocês dois já estavam saindo juntos e... — a fala é interrompida pela amiga.

— Ele está morto e eu não ligo para pessoas mortas... — apesar da fala tentar sair descontraída, o riso nervoso do qual ela foi seguida indicava claramente que a loira estava desconfortável quanto aquilo. — Traga as flores para dentro! — a voz estava irritada e autoritária — Se alguma outra pessoa me perguntar sobre ontem à noite, eu mato também! — ela ameaça enquanto entrava na floricultura.

— C-Certo! — ele obedece. — Mas o que te deixou assim? — ele não estava só curioso, também estava preocupado com Ino.

A loira contou toda a história enquanto arrumava as flores para se distrair, apesar de não derrubar mais nenhuma lagrima, o olhar dela estava triste por pensar em Sai. A atenciosidade de Choji foi bem além de querer saber o que havia acontecido, enquanto a loira desabafava, ele pensava em algum modo de ajudar.

— Eu já sei o que vou fazer! — o Akimichi sorri — Fique aqui enquanto eu vou pegar tudo o que você precisa! — ele dá um sorriso alegre, enquanto saia da floricultura.

— Como assim? — a fala sai confusa — Choji, o que vai fazer!? — ela chega a ir até a porta, mas o rapaz já estava longe.

.

.

.

Enquanto isso, pouco além dos portões de Konoha, Shikamaru finalmente havia alcançado Temari. Apesar de ter se esquecido de levar algo da floricultura, ele achou algo perfeito no caminho enquanto corria até ela.

— Dentes de leão. — a loira olhava um tanto corada — Para mim?

— Sim — o Nara sorria enquanto estendia as flores amarelas na direção dela. — São espetadas como o seu cabelo... — ele comenta gentilmente, tentando parar de arfar.

— Só por isso escolheu me dar elas? — ela olhava o presente com cuidado, notando que uma delas estava cheia de sementes.

— Bem... — ele respira fundo, tentando pensar em uma explicação melhor — Elas podem ser um sinal de união e lealdade, acho que é isso que a Ino iria dizer... — ele sorri de canto, passando as mãos no cabelo.

— Então elas não são da Ino... Pegou elas no caminho? — Temari não parecia irritada quanto a isso, pelo contrário, ela segurou cuidadosamente as flores e separou a que estava com as sementes.

— Peguei... — Shikamaru agora soltava um riso um tanto nervoso.

— Liberdade. — a fala é tranquila é seguida de um sorriso.

— Liberdade? — ele olhava para a flor e para a namorada, tentando analisar aquela constatação e encaixar ela naqueles atos.

— Eu acho que destes de leão significam liberdade. — ela assopra as sementes, que se dispersam no ar — Eu gosto delas, porque elas são livres como o vento... — depois de assoprar mais uma vez, espalhando o resto das sementes, ela dá um sorriso largo.

— Elas são mesmo iguais a você. — o moreno também sorri.

Não foi um presente estrategicamente escolhido, mas Shikamaru acertou em cheio.