Crime das Flores escrita por LaviniaCrist


Capítulo 18
Cactos




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O dia havia começado com certo alvoroço, todos pareciam agitados e entusiasmados... Ou talvez Ino quem estivesse mais lenta depois de passar praticamente uma noite em claro arrumando toda a floricultura.

O que ela queria era dormir até um pouco mais tarde, mas foi tirada da cama por uma cliente um tanto especial que foi pedir uma ajudinha. Não era de costume da Yamanaka atender alguém em casa, principalmente quando ainda se encontrava de pijamas e o cabelo desgrenhado, mas Tenten parecia tão aflita que a senhora Inoichi resolveu que era um caso de emergência e acordou a filha.

— Ino! — a morena sorriu e ficou com os olhos brilhando assim que a viu — Eu não sei mais o que fazer! A florzinha não abre e ela está meio murcha! Eu não levo jeito com flores e essas coisas, quem estava cuidando dela era o Lee, mas daí ele teve que sair e deixou ela comigo só que... — a Mitsachi falava sem parar, mostrando o pequeno aquário arredondado e transparente com um botão de flor dentro.

— ... Bom dia.

— Ah, bom dia! — novamente, a morena sorriu, mas agora um tanto sem graça — Será que a flor está com saudades do Lee?

— Você quem está com saudades, já a flor eu duvido muito. Ela tem sorte de ter sobrevivido a vocês dois por tanto tempo... — o mau humor matutino de quem dormiu pouco não estava sendo escondido com facilidade.

— Sobrevivido?

— Mesmo sendo uma planta aquática, não precisam colocar ela em um aquário... Eu vou replantar ela e colocar fortificante, não sei como ela ainda teve forças para nascer folhas novas.

— Certo...

Enquanto colocava a plantinha sobrevivente em um novo vaso com água, terra argilosa e adubada, o mau humor de Ino foi passando e ela começou a sorrir e puxar assunto como sempre. Cuidar de flores era quase uma terapia relaxante.

— Obrigada! — Tenten sorriu radiante, com o novo vaso de flores nas mãos.

— Deixa ela no sol pelo menos algumas horas, tá? E nada de ficar balançando ela para lá e para cá, elas não gostam.

— Vou avisar ao Lee...

— E avisa a ele que você gosta de armas e não de flores.

— Eu vou avisar... — quando finalmente notou, a Mitsachi ficou vermelha — Ei! Ele não me deu a flor!

— Mas eu tinha dito para ele dar como pedido de desculpas. — Ino sorriu de canto.

— Como se ele precisasse me dar algo como desculpas... — a morena revirou os olhos castanhos — Ele só precisa parar de fazer coisas que depois tenha que me pedir desculpas.

— Isso nenhum deles faz, Tenten! — a Yamanaka deu uma gargalhada, acabando por fazer a outra rir também.

.

.

.

Clientes entravam e saiam a todo momento, comentando sobre as mudanças e como o lugar parecia maior agora. Outro comentário que não passou despercebido não tinha relação com flores e sim com uma reunião entre os Kages que iria acontecer pela tarde: possivelmente havia um “perigo” de que uma organização formada por algumas pessoas influentes que via o mantimento de técnicas secretas de alguns clãs como algo que ameaçasse a paz finalmente instaurada no mundo ninja.

— Ei, você soube? O Kazekage chegou agora a pouco...

— Ele é tão legal!

— Pode até ser, mas a Mizukage deve ser mais importante porque ela chegou antes.

— Para mim, ele continua sendo mais legal...

— Ela é mais legal!

— Só diz isso porque acha ela bonita, né? — risos.

— Também... — mais risos.

Este foi o pequeno trecho de uma conversa entre alguns alunos da academia que passavam em frente a floricultura. Não é como se a Yamanaka quisesse ouvir conversas alheias enquanto colocava mais flores do lado de fora, aproveitando a clientela ter dado uma pausa, mas era impossível que estas conversas passassem despercebidas. Rapidamente os risos deram lugar ao silencio.

Estranhando a súbita mudança, Ino olhou ao redor e entendeu o motivo do silencio: o Kazekage, Gaara, acompanhado de Kankuro, passava despreocupadamente pelas ruas parecendo procurarem algum lugar em especifico. Eram raras as vezes em que os Kages andavam por Konoha sem um guia, mas ela se lembrou de que Lee estava fora e, talvez por conveniência, os dois resolveram andar sozinhos.

— Ei, Gaara. — o rapaz de roupas negras acenou com a cabeça em direção a floricultura.

— Sim... — o ruivo concordou.

Por alguns segundos, Ino poderia jurar que viu Gaara sorrir e parecer animado com algo, mas assim que ele se aproximou da floricultura com a mesma “tranquilidade apática” de sempre, ela julgou ter visto mal. O Kage ignorou as pessoas olhando-o, ignorou Ino na entrada do estabelecimento e ignorou até mesmo Kankuro, que resmungava algo enquanto o seguia.

A Yamanaka deixou a arrumação das flores do lado de fora inacabada mais uma vez e foi atender os clientes.

— E aí? — Kankuro olhava para o irmão que, por sua vez, olhava minuciosamente para as flores.

— Estou procurando...

— Deveria deixar a Temari comprar, jaan.

— Ela compra aqui.

— Mas e se chegarmos atrasados na reunião?

— Se não queria vir, era só ter ficado na pousada — nem mesmo para esta “cortada” Gaara olhou para algum outro lugar sem ser para as plantas.

— E deixar você receber todo o carinho das suas fãns sozinho? Nem pensar, jaan! — o mais velho falou um tanto risonho.

— Em que posso ajudar vocês? — Ino sorriu, indo para a parte de trás do balcão.

— Ele quer plantas gostosas.

— Suculentas, Kankuro. Suculentas... — mais uma vez, Ino jurava ter visto a feição “tranquila e apática” de Gaara se desfazer para dar lugar a irritação, mas foi apenas impressão dela.

— Tanto faz! Não sei como você consegue achar aquela coisa cheia de espinhos gostosa, jaan.

— Suculentas são só uma família de plantas que armazenam mais água que as normais, por isso tem a raiz, talo ou folhas mais grossas — apesar de toda a paciência contida na explicação, por dentro Ino estava rindo do diálogo entre os irmãos.

— Hun... Então os cactos são suculentos?

— É... — a loira pareceu pensativa — Mas nem toda suculenta é um cacto.

— De qualquer jeito... — Gaara finalmente direcionou o olhar para ela — Não estou vendo nenhum aqui.

O motivo era bem simples: Temari sempre avisava a Shikamaru quando iria para Konoha e pedia para que Ino separasse alguma coisa diferente para que ela levasse como lembrancinha para o irmão. Normalmente, os cactos ficavam em uma prateleira mais como decoração, mas com todas as mudanças na floricultura, a maioria deles estava em “reabilitação” e os poucos que sobraram já haviam sido vendidos por não terem sido reservados antes.

— Bem... — ela não poderia simplesmente falar que não tinha nenhum — Tenho esses dois aqui, eles andam em falta, sabe? — ela sorriu um tanto sem graça, mostrando dois pequeninos que estavam em cima do balcão, como enfeites.

— Achei que não estavam à venda — o ruivo olhou em volta mais uma vez, tendo a certeza de que eram os únicos — Vou querer os dois.

— Deveria tentar controlar seu vício e levar apenas um. Deixa o outro no balcão para dar boa sorte. — Kankuro olhou em volta de novo — Tem umas plantas mais coloridas, por que não leva?

— Porque elas não sobrevivem tão bem em Suna quanto os cactos. — Gaara olhou sério para o irmão — Vou levar os dois.

A loira acenou positivamente, arrumando as duas pequeninas plantas para a viagem.

— Na verdade... — ela falou baixo, quando os dois rapazes se aproximaram do balcão — Cactos significam proteção, por serem considerados guardiões. Claro, significam muitas outras coisas, mas imagino que este significado combine mais com a sua defesa absoluta, certo? — ela sorriu simpaticamente, olhando para Gaara.

— Hun. — um sorriso leve surgiu no rosto do Kage e, desta vez, Ino tinha certeza do que estava vendo.

— E ele tem algum significado como boa sorte? — Kankuro olhava um tanto curioso para as plantas, imaginando que ele só poderia ser usado como proteção se fosse espetando uma pessoa.

— Significam fortuna também, por isso deixo do lado do caixa! — a Yamanaka respondeu risonha.

— E funcionam? — Kankuro sorriu, começando a se interessar pelas suculentas.

— Foram eles que nos trouxe aqui, não foi? — Gaara comentou enquanto deixava o dinheiro pelos seus tão preciosos cactos.

— Quando tiver mais deles... — o rapaz vestido de preto falou em um tom de mistério — deixe um ou dois separados para mim, jaan. — ele falou baixo, como se fosse um segredo.

— Vou deixa-los separados — ela sussurrou entrando na brincadeira, feliz por ter mais um cliente.

— Também vou querer mais alguns, mas vou deixar a lista com a Temari.

— Certo! 

.

.

.

Enquanto Ino acompanhava os dois clientes até a porta da loja, os três ouviram uma barulheira do lado de fora. Vasos quebrados, coisas caindo e uma voz feminina praguejando... Era Tenten!

— Está tudo bem? — Gaara foi o primeiro a sair e tentar ajudar a morena a se levantar.

— Eu acho que não, jaan... — Kankuro se abaixou, pegando os restos do vaso onde a lótus havia sido plantada mais cedo, com a pobre flor pendurada pelas raízes.

— Minhas... Flores... — Ino sussurrou encarando todo o estrago: dois vasos grandes caídos e quebrados, Tenten caída em cima de algumas flores pequenas que a Yamanaka estava arrumando antes e, como cereja do bolo, uma das floreiras foi arrancada da janela provavelmente porque a garota tentou se segurar ali para não cair. — Tenten! — ela bradou irritada, se abaixando ao lado da morena — ... Tenten? — a irritação foi embora e um ar de preocupação tomou conta de Ino.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
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