Filhos da Magia escrita por Taetación


Capítulo 7
Capítulo 6 - Tem uma menina debaixo da minha cama!




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Pela milésima vez eu me virei para Tyler e perguntei:

 Poderia me explicar mais uma vez como é que eu quebrei a minha mão? — indaguei em meio a um bocejo.

Olho para o relógio, era três e quinze da manhã. Agora eu realmente estava acordada. Já que meu terrível sonho foi interrompido por minha própria burrice. Fui bruscamente acordada por uma imensa dor na mão. Aparentemente, de acordo com Tyler, eu virei sonâmbula e quebrei a televisão do nosso quarto com um soco, e minha mão tinha quebrado. E já tem vinte minutos que Tyler tenta enfaixar minha mão.

O lobisomem revirou os olhos pra mim.

— Tô de mau humor e com sono. Fiquei quieta, se não ... — ameaçou, e eu bufei.

— Você acha que não estou? Acabei de sair de um pesadelo —  passei a mão pelo cabelo e suspirei, ainda surpresa — Foi tão real, que ainda tremo só de lembrar do rosto dela.

—  Dela? —  repetiu bocejando .

— Algo idêntico a mim, mas não era eu. Algo poderoso, devo dizer. —  olhei para janela. 

— Ela sempre está lá? Em seu sonhos e pesadelos? —  perguntou.

—  Yeah, e no mundo real também. —  confessei, estranhando as perguntas.

No instante em que Tyler terminou de enfaixar meu pulso, levantei-me, ainda zonza pelo sono, e me encostei na beirada janela, observando a bela noite de lua cheia e as estrelas brilhantes. Mesmo sabendo que a noite estava fria, me deu uma imensa vontade de abrir a janela. Mas não me atrevi. Apenas admirei a vista.

— Será que não está de mal humor porque vai se transformar daqui a pouco? — supus, sem olhar em seu rosto, mas sabia que estava incomodado, pois me xingou baixo —  É. Esse é o motivo — repremi o riso e olhei para o meu braço —  Sabia que em meia hora meu braço vai ficar normal, né?

—  Vamos falar sobre ela — prosseguiu com a outra conversa, ignorando-me totalmente — Onde ela aparece na vida real? Preciso de detalhes.

— E eu uma pizza ou sorvete —  encarei-o por alguns segundos —  Traga-me comida, então contarei o que quer saber.

Ele olhou para o relógio na cômoda e voltou pra mim.

— São três e vinte da manhã.

— Hora de comer — cantarolei, passei por ele indo em direção a cama, me jogando na mesma com cuidado — Não se preocupe, eles devem estar acordados. Além do mais, é só usar magia.

Claramente entediado, ele ligou para sei lá quem e pediu sorvete.   

— Fala. — ordenou.

Pigarrei endireitando-me na cama, com as costas na cabeceira e as pernas esticadas sobre o colchão.

— Minha mãe dizia para mim, quando era pequena, que não podia olhar para os espelhos porque eu via um monstro nele.

— Parecido com o quê?

— Comigo, só que criança naquela época. Era o meu reflexo... sorrindo, mesmo quando eu apenas o encarava séria… eu sabia que não era certo, e minha mãe me convenceu de que o monstro só tinha minha aparência, mas não era eu. Mesmo assim, morria de medo. Era como a lenda da loira do banheiro —  confessei, sem olhá-lo nos olhos — Não sei o que ela é, mas não é do bem.

— E como ela é agora? — ele se aproximou, sentando perto das minhas pernas.

— Meu reflexo coberto por tinta preta. Loucura, não é?

Fomos surpreendidos pela campainha tocando. Era apenas a nossa comida. Sentei com perninha de índio, animada para saborear a comida do hotel. Foi nos entregado um bandeja com variados potes de sorvetes, dois pequenos potes vazios e duas colheres. Peguei de creme e menta e Tyler de chocolate  e flocos. Comemos em silêncio por minutos - pra minha sorte, pois não queria entrar muito no assunto - até nosso dentes doerem. 

Tyler parecia estar em seu próprio mundo, saboreando o sorvete que comia e olhado para o chão com a testa franzida, pensativo. Só então fui perceber que ele usava um pijama azul e que seus cabelos estavam meio ondulados, era fofo. E eu me vestia da mesma forma, porém mais agasalhada e enfaixada. Depois de todos esses anos evitado espelhos, eu me pergunto, por que os evitava?

O que minha mãe dizia era lei em casa. Todos obedeciam sem exceção. Porém, sempre desconfiei de sua motivação para me proibir de  ver meu reflexo - sentia medo da resposta. Outra, eu ainda não descobri. Mas afinal o que era aquilo?

— Sim, o que era aquilo? — repetiu Tyler, sem olhar para mim.

— Estou falando alto demais... — eu disse num tom baixo.

— Sim, mas é algo que deveríamos falar — insistiu.

— Que tal amanhã? Eu realmente quero dormir agora.

Ele concordou em silêncio, deitou-se ao meu lado, cobrindo ambos com as cobertas bege.

— Boa noite — fiquei de costas para ele, ignorando o odor que vinha de seu corpo — Fedorento.

Acordei ao som de nada - o que estranhei. Abro os olhos e vejo que Tyler não estava mais lá, e sim, um bilhete. O peguei na hora e comecei a ler mentalmente.

Princesa,

Obviamente, está acordada, e deve estar se perguntando aonde estou. Bem, isso não é da sua conta, de qualquer forma, não se importe comigo. Não saia do hotel em hipótese alguma. Eu não sei escrever cartas, então até. “

Sério, Tyler?

Amassei e mirei o papel de folha de caderno no lixo. Joguei-me na cama, suspirando derrotada.

Ficar presa num quarto de hotel é entediante para caramba, experimenta ficar dois dias inteiros. No hotel era calmo, nenhuma aparição sobrenatural me perturbava. Passei noite e dia estudando e revisando alguns documentos que foi-me deixado. Além de minha katana, as cartas que meu pais deixaram e o colar,  foi-me dado um livro saturado de feitiços - esse que me ensinou dezenas de truques.

No meio do dia, após tanto estudar, minha cabeça latejava de repente. O pior era que não tinha nenhum remédio de dor de cabeça em minha mochila, não que eu me lembre. Minha segunda opção era dormir, mas não estava com sono. Decidi dar uma pausa  nos estudos e ir tomar um demorado banho.

Levantei-me até a mochila e preparei minha roupa bem simples: uma legging, um moletom e meias pretas. Andei até o banheiro, liguei a torneira da banheira, despi-me, coloquei o colar em cima da pia e entrei na banheira. Finalmente, tendo um descanso.

Quando meus dedos começaram a enrugar, sabia que era hora de sair da banheira. Relutante, acabei me levantando, encharcando o banheiro todo no processo, e me cobrindo com um roupão rosa que estava pendurado na porta - o mesmo tinha o logo do hotel " Sweet home".

Saio do banho e olho para o relógio. Eram 11:32 AM.

Onde diabos estava Tyler? E por que estou tão preocupada? Ah sim, porque há poucos dias atrás fomos atacados e eu o deixei sair sozinho - mesmo que ele tenha decidido ir sem mim. Desmotivada a vestir minha roupa, sentei na cama, olhando para o nada, depois, suspirei e me deitei na cama de olhos fechados, esperando pacientemente por sua volta.

Boom!

Pulei da cama instantaneamente com o coração acelerado, em posição de ataque. O barulho foi debaixo da cama de madeira em que deitava. Desci, com medo de meu pé ser puxado, e corri até perto da janela, onde peguei minha katana preparada para atacar que estivesse lá. Lentamente voltei para a cama, segurei firme o cabo da katana, me ajoelhei e puxei o lenço que tampava minha visão.

Suspirei de alivio. Não tinha nada.

— Nossa, mana, ‘cê quase me achou — uma voz feminina se manifestou em algum canto da sala.

— Já chega! — gritei por fim, e sem hesitar, finquei a lâmina da katana no colchão até tocar o chão.

A voz gritou de pavor e dor, tal som veio de baixo da cama, algo começou a se mexer na lâmina, ou seja, eu tinha acertado. Ainda em cima do colchão, de cabeça para baixo e na beirada cama, eu vi a dona dos gritos dolorosos. Uma mulher negra encharcada de sangue com a minha katana enfiada em sua barriga. Ela olhou para mim com os olhos marejados, mal pronunciava uma palavra, mas eu sabia o que queria.

— Farei isso se me contar quem é você e do por que está em meu quarto — disse, olhando-a sugestiva — Eu não sei por quanto tempo você aguentaria em seu sangue fora do corpo...   

— Temos... um acordo. — concordou. Ela franzia a testa várias vezes, como se controlasse a dor para poder falar.

Rapidamente, retirei a katana num movimento só. Pude ouvi seus murmúrios e pequenos choros. Precisava examiná-la melhor, então, tive que levantar a cama deixando-a em pé e encostada na parede. Voltei minha atenção a mulher machucada no chão.

— Fale. — ordenei, mas ela deu um riso fraco.

— Se sua mãe te visse, ela ficaria orgulhosa. Impiedosa ... isso vem de família? — não sei o que queria dizer com isso, mas ela parecia ter informações sobre minha família até demais. Seu rosto fechou, de repente — Não quero te estressar, cara.  já vou contar… só … espera — pediu, e eu apenas assenti, curiosa.

Ela pousou suas mãos na ferida murmurou algumas palavras, que fizeram seu corpo brilhar um pouco. Eu me arrepiei quando vi o sangue derramado no chão voltar para a sua ferida. Aquilo era surreal e extremamente legal. A mulher parecia tão calma, como e cada segundo a satisfizesse por dentro - algo que sempre acontecia comigo quando praticava magia. Ela se encostou na parede, respirou fundo e se ergueu apoiando na cômoda, ajeitou seu cabelo cacheado e suas roupas e se virou para mim sorrindo incerta, como se fosse uma entrevista de emprego.

Em nenhum momento eu afrouxei o aperto no punho de K’onar.

— Talvez seja de poucas palavras igual sua mãe — fechei a cara, e ela engoli seco — Assustadora também — riu sem graça — Tô aqui a mandato de Nicholas, da cidade dos magos. Sua presença é mais que necessária, Nakamura, é indispensável.

— Não há tempo para tour de cidade para mim… maga — olhei-a meio incerta. Com tantos tipos de sobrenaturais, o que ela mais se parecia. Era isso ou feiticeira — Estou em uma missão. E pronto.

— Sim, eu sei sobre isso…Oh, você é complicada — ela olhou ao redor — Onde está Tyler?

Ri de escárnio. Que audácia! Mas sinceramente, também quero saber.

— Como sabe dele? — indaguei, dando um passo à frente.

— Nos conhecemos. Posso garantir — disse confiante.

— Sua palavra não vale pra mim.

Ela ofegou surpresa e se afastou.

— Soa tanto com ela — lamentou — Mas confie em mim, cara. Ele vai chegar faminto com o estômago roncando. Sério, você vai ver, eu juro! Só confia. — me olhou com olhos de cachorrinho.

— Vamos tirar isso a limpo. — relutantemente, anunciei.

Estava perto de uma cômoda, onde em cima estava um telefone, estiquei o braço em direção a eles e sussurrei:

— Venite ad me. — qualquer movimento que ela fazia meus olhos seguiam, mas minha mente se manteve atenta ao que eu estava fazendo.

O telefone parou em minha mão, digitei número do celular de Tyler, ainda atenta a mulher em minha frente.Então, começa a tocar por minutos, sem parar.

— O que vai fazer se ele não atender? — Perguntou ela.

— O que você acha? — murmurei.

— Nada imprudente, eu espero. Estou aqui para te ajudar.

— Eu não previ sua chegada. — resmunguei.

— Você não é a vidente — sua voz aumentou, claramente ofendida — Eu sou!

— Oh yeah?  — sorri — Então, confirme sua história.

— Ele chegará em breve e está com fome! — repetiu.

— Ele sempre está com fome. Boa tentativa. —  joguei o telefone no chão e avancei.

— Eu não posso e não vou te machucar, acontece que é minha responsabilidade levá-la até amanhã a Swamoris. Tente entender.

Então parei de me mexer.

Swamoris… isso era familiar.

— Swamoris é a cidade dos magos, certo? — baixei a arma, mas mantive-me atenta.

— Sim! — aplaudiu.

Oh, eu sou tão sonsa. Eu tinha me esquecido do que faria quando chegar lá, apenas seguia o que Tyler me mandava e ele me deixou sozinha. Guardião vira-lata. Isso é que dá depender das pessoas.

— Desculpe pela facada. Tenho estado na defensiva desde que nos atacaram.

Sua expressão foi de contente à surpresa - não das boas.

— Como assim... atacada? — gaguejou.

— Elfos nos atacaram.

— Como eles eram? — estreitei os olhos para ela — Diga-me, é importante!

— Bonitos, bem armados e com ombreiras de caveira muito legais — bufei, incomodada com a mulher em minha frente que começou a andar em círculos murmurando palavras - pareciam nomes - que não conhecia — Qual é o problema? — Toquei em seu ombro, ela congelou, seus olhos tremiam e mudavam de verde esmeralda para todas as cores do arco-íris — Moça?

E boom! Ela caiu no chão, como se eu tivesse nocauteado ela.

— Que porr… — eu a olhei no chão, coçando a cabeça.

Coloquei a cama de volta ao normal, arrumei lençóis e o colchão, depois, me abaixei para pegá-la e colocá-la na cama de casa. No processo, ela murmurava coisas estranhas, talvez feitiços, mas não reconheci nenhum. Respirei fundo, dei a volta na cama, coloquei a katana encostada na parede, coloquei o telefone no seu devido lugar e me deitei ao lado da mulher. Mal pude descansar quando o telefone começou a tocar.

— Fala. — Sua voz soava entediante, como sempre.

— Você está com fome?

— Sim, faminto. — Confere o que a maga tinha dito.

— Você está vindo?

— Sim — Confere. — Algo aconteceu?

— Não. Só chegue o quanto antes.

—  Uau, isso é tudo saudade de mim — Riu.

Revirei os olhos e terminei a chamada.

A maga ainda estava deitada, então, aproveitei para ligar para recepção e pedir um café da manhã caprichado.

— Droga… — ela começou a acordar, resmungando que estava com dor de cabeça.

Fiquei perto dela abanando uma revista em seu rosto.

— Obrigada… Precisamos sair… Vão nos encontrar… — tentou se levantar, mas eu a impedi.

— Não sairemos sem Tyler. Quem quer nos achar?

— Nosso inimigo, Francis — me encarou séria, se esquivou de minhas tentativas de mantê-la deitada e começou a andar pela sala — Temos que ir o quanto antes.

— Okay. Eu vou arrumar minha mochila.

Andei até minha mochila apressada. Arrumei minha e de Tyler, quando ouvi a campainha ser tocada.

— Eu atendo! — abro a porta e me deparo com um homem alto, de cabelos e olhos pretos, com uniforme do hotel e um carrinho de comida — Ah, finalmente. Pode entrar. Coloque perto da cama, por favor.

Tudo estava calmo, até um certo ponto. Por um segundo, não pude assimilar o que estava acontecendo.


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Notas finais do capítulo

esse capítulo tá cheio de informações cruciais para a historia da fanfic.

corrigirei os erros depois.

ODEIO O CORRETOR

comentem e favoritem se quiserem.

Feliz ano novo! ❤



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