Filhos da Magia escrita por Taetación


Capítulo 20
Capítulo 19 - Um pequeno pedaço do inferno




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A escuridão parece tão convidativa quando é preciso evitar a dor. Sabia que meus momentos inconscientes eram onde eu encontrava a plena paz. Acordar e encarar o que enfrentava fora meu primeiro desafio, depois de um ataque repentino de dor em meu corpo.

O chão estava frio, e meu corpo úmido. Sinto como se estivesse me afogando mais uma vez ao relembrar a água, o estrondo e Stagnum. Levanto apressada e me arrependo em seguida. Minha cabeça latejava, assim como resto do meu corpo ferido. Sentia tão imunda nesse chão sujo, a poeira se misturava com a água em minhas roupas, deixando-me com a sensação de encardido. Respirava fundo ao tentar me levantar. Meus guinchos dolorosos, estranhamente, ecoam pelo local. Cansada, apoio em um joelho lentamente me erguendo. Aos poucos minha visão foi se adaptando. Vejo um pano azul do outro canto junto com um saco com roupas dentro, vejo grossas grades de ferro em minha frente, estava em algum lugar rochoso, uma caverna. Dou alguns passos para perto das grades. Nem me atrevo a tocar, mas vejo que não era a única presa aqui. Outras grandes, prisões, estavam ao meu lado e na minha frente, mas eu não enxergava ninguém.

Tentei usar minha magia para encontrar outros seres como eu, mas não funcionava.

Não, tem que ter uma única pessoa aqui. Onde está Idas?

Meu coração acelera. Inconscientemente me seguro nas grades e sou recebido com um forte choque que me fez cair no chão aos prantos. Me afasto da minha quase saída ainda caída no chão.

Isso era surreal. Novamente pega na armadilha. Recuso acreditar que K’onar me trouxe para isso. O mesmo tinha sumido, o que levantava mais suspeitas. Mas sem ele e sem minha magia… estou praticamente morta.

— Você está bem? —  uma voz se pronunciou em meus devaneios. Não era em minha cabeça e não era uma voz conhecida. Era um homem falando. Fiquei genuinamente feliz por saber que não estava só.

— Fisicamente, não…. —  digo com a garganta dolorida.

— Isso não será uma surpresa nos próximos dias —  respondeu depois de uns segundos — Só é necessário que esteja preparada mentalmente.

—  Quem é você —  perguntei à voz.

— Cortez. Sou seu vizinho da frente.

Fiquei em silêncio. Não tinha nada para falar, ou vontade. Eu me encolhi na parede, abraçando minhas pernas e encostei minha cabeça nos joelhos.

— Então, você é Akemi Nakamura, certo? — olho para escuridão que sua cela se encontrava.

— O que sabe sobre mim?

— Sei o que os guardas contam. O quão poderosa você pode se tornar, se é que já não se tornou. Você e o Idas são extremamente falados aqui.

— Onde ele está? — pergunta rápido.

— Eu não sei. Levaram ele…

— Quem? — eu me aproximo da grade novamente — Cortez, por que estamos aqui?

— Porque ambos são meus inimigos. — uma nova voz se manifestou entre nós.

Vinha do corredor rochoso que separava eu e Cortez. Me atrevo a olhar que me declarava como inimigo. Levanto desajeitada ao ver a figura se aproximando. Meus olhos brilhavam de ódio. Mal conseguia vê-lo com suas com a escuridão, mas seu rosto era pálido, cabelos e olhos escuros com a noite, ele trazia um sorriso escroto no rosto ao olhar para mim.

Só podia ser ele. Francis, o pai de Nicholas.

— Então, finalmente nos encontramos. — digo encarando-o.

Ele sorri e lentamente segura nas grades, olhando para mim com seus olhos perturbados. Não recuo, porém continuo atenta a seus movimentos suspeitos.

— Cara Akemi, você é tão parecida com sua mãe — meu rosto se contorceu ao sentir seus gélidos dedos acariciar minha face — Mas não esconde a desconfiança de seu pai. — ele ri, afastando-se de mim.

— Falando assim até parece que os conhece.

— Não está enganada de qualquer forma. Porém, nunca fui considera...amigo da família. Não, eu não. — ele começou a andar pela sala, balançando a cabeça como se ele não estivesse fazendo nada de errado.

— Se fosse da família eu saberia seu nome antes... Francis, estou certa?

— Estava bem óbvio, não é?

— No entanto, você não se parece com Nicholas... — digo e ele solta uma risada amarga.

— Nicholas, a praga. Um dos motivos de você está aqui. Ele é uma desgraça como ser. Me tirou do meu reinado! Como ainda pedem para perdoar um farsante desses? — ele se vira para mim furioso — Nunca me compare com ele! Tudo de ruim dele veio da mãe. Outro verme. Eu sou melhor.

Minha vez de rir.

— Então porque não tem Swamoris em suas mãos ainda? Não é como se me ter aqui fosse te ajudar. Não há uma pequena alma naquela cidade que me queria, então...

Vi sua íris mudar de preto para escarlate a medida em que eu o provocava. De repente, Francis solta um riso e ignora tudo que falo. Invoca um cajado preto sinistro com uma gema rosa na ponta e começa a passar a arma pelas grades. Olho rapidamente para a cela de Cortez, ele não estava visível. Me pergunto se é por medo.

— Raposinha, você não sabe de nada. — Ele ergueu a mão e me puxa para perto da grade como um imã. Suas mãos que em seguida pararam em meu pescoço, apertando firmemente. Ele riu enquanto assistia minha expressão de dor — Uma vez que entender o que está para acontecer não poderá fazer mais nada a não ser morrer lentamente e dolorosamente. Nicholas, você e quem mais for seus aliados irão implorar por misericórdia no último dia e nada vai me impedir de ter minha vitória. Oh, mas na verdade você não tem aliados, não é mesmo? Sua raça está morta. E eu adoraria matar mais uma você a única Kitsune viva.

Francis me jogou no chão como se eu fosse nada. Fico extasiada no chão, evitando me mexer para não sentir mais dor. Minha garganta latejava de dor, ainda podia sentir a mão de Francis ao meu redor, asfixiando-me.

Estava tão estúpida no chão. Sem arma, sem magia, sem força. Nem ao menos meu colar estava comigo – ele se tornou inútil enquanto estava em Swamoris – mas, agora, seria maravilhoso usar sua corrente para enforcá-lo. Me deito, recuperando o ar que me faltava. Tudo estava silencioso. Ele provavelmente tinha ido embora. Uma solitária lágrima escapuliu de meus olhos. Queria me entregar a escuridão novamente. Esquecer do que estava vivendo.

— Você está viva. Isso é bom — a voz de Cortez atrapalhou meu descanso, contradizendo tudo o que pensava. Suas palavras me irritaram. Como se estar viva fosse um privilégio. Eu nem o respondi — Ele suga a magia de todos já que entraram nessas selas. Acho que já fizeram isso com você. Uma vez que sugar tudo você morre. Então, aproveite esses pequenos momentos em que respirar para pensar em seus familiares.

— Se eu pensar em minha família, tudo voltara para ele. Francis raptou minha irmã.

— Sinto muito. Ela provavelmente está morta. — senti uma pontada no coração.

— Fique quieto! Você fala mais do que sabe. Guarde esse discurso fúnebre para si. Eu não morrerei aqui.

— Estou sendo educado! — disse soando ofendido.

Era com certeza uma das torturas de Francis. Me trancar e ainda ser influenciada a agradecer ele por estar viva. Controlo cada parte do meu corpo que queria xinga-lo em voz alta.

— Você é o ancião daqui? — pergunto irônica e ele não responde — Por que ainda não está morto?

— Não sei realmente. Eu tive uma família em algum momento de minha vida. Mas vivi esse tempo todo aqui, nesta caverna, com ele.

— Você tem algum motivo para viver? Metas, desejos...

— Nenhum. Eu não me permito pensar nisso. É estúpido. Apenas sei que minha hora chegará aqui. E quero que venha de uma vez sem dor e sofrimento.

— Eu duvido — sorrio sinica — É estúpido pensar que ele vai te dar uma morte calma e justa. Justamente você que viveu aqui esperar algo desse tamanho. Você é um infeliz! E se acha que vai conseguir algo arrastando mais pessoas para o seu cantinho da tristeza está enganado. Quer morrer em paz? Saia daqui vivo primeiro. Ponha metas, faça um plano e suma desse lugar. Não encontrará nada além de maldade nesse covil! — minha voz foi se alterando enquanto falava. Acabo jogando minha raiva na pessoa era.

Respiro fundo, passei a mão pelo cabelo de e apertei de pura raiva, sentindo o arrependimento se acumular.

— Mas, quando eu sair daqui, irei te levar para te mostrar o que você perdeu do lado de fora.

Ele não respondeu, e eu não me importe. Fui sincera em tudo que disse e sabia que tinha razão. Agora, o que me restava era criar um plano para sair dessa caverna.

Um barulho de dezenas de pedras caindo me tirou de meus devaneios, como um pequeno desabamento. Em seguida, passos pesados ficaram mais perto, e perto, e perto. Duas altas e fortes criaturas pararam em frente a minha cela. Eram orcs! Suas armaduras eram semelhantes às de antes, porém eram totalmente pretas, sem ombreiras de caveira dessa vez.  Um deles abriu a celas e veio até mim.

Procuro algum armamento do meu lado, mas não havia nada. As mãos pesadas do orc se fixou em meu pescoço, com a outra ele me ergueu e empurrou até a porta. O outro orc ri de mim, diz algumas bobeiras, mas eu não dou bola. Apenas continuar olhando

Eu precisava gravar cada canto desse lugar. Objetos, saídas, seres, poções, feitiços, qualquer coisa que poderia me ajudar a escapar.

O tal barulho de deslizamento foi consequência de um feitiço que separava as suas partes da caverna. Percebi isso quando atravessei a passagem com as pedras jazidas no chão.

Entramos em uma parte maior da caverna onde havia um caldeirão, uma mesa cheia de papéis escritos, uma cerejeira na entrada, uma cadeira de madeira com algemas e Francis de braços cruzados perto da mesma. Sua expressão séria não muda ao me ver. Seus capangas me arrastam para a cadeira e me prendem nela. O mago, ao perceber que o encarava mortalmente, franziu o cenho.

— Está quieta agora. — disse se divertindo com a situação.

— Vai tirar minha magia? — Pergunto com o coração acelerado.

— Talvez sim, talvez não — seus olhos brilhavam maliciosos enquanto pegava um recipiente em cima da mesa — Seja uma boa garota e abra a boca.

“Se é pra desmaiar agora, preciso pelo menos tentar entender o que tem em cima da mesa” eu viro a cabeça com se estivesse negando aceitar a beber.

O mago rosna coloca o frasco em minha boca, mas continuo evitando o contato e me afastando empurrando a cadeira para trás. Ele revira os olhos, claramente irritado, diferente dele, minha visão focava nos pergaminhos em cima da mesa de madeira.

“O portal de Saan

Usará a mais bela cor que verá, um toque de fé e esperança colocará, a lembrancinha da terra é...”

O líquido viscoso fora forçado a escorrem em minha garganta. Começo a tossir, salivar com a ardência repentina que se alastrou em minha boca. Dou uma infeliz risada, questionada até por Francis.

“Do que ela está rindo?” a voz do mago se fez distante a cada segundo e se repetiu enquanto minha visão ficava turva.

A escuridão me atendia de braços abertos novamente. Não estava feliz, meio aliviada, mas com raiva de mim por não ter entendido ou lido completamente aquele maldito pergaminho.


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Notas finais do capítulo

helloooo!
to animada!
tamo entrando numa arco enorme na historia.na real, a primeira temporada está acabando. falta apenas 3 capítulos eu acho.
qualquer duvida só escreva um comentário! Vou responder o mais rápido que puder ♥
Agradeço a todos que estão acompanhando de coração♥
corrijo os erros depois
até outro dia!



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