Estava sentada na sombra, já era de tarde. Como sempre fui repreendida por Gal e servi de exemplo do que não se deve fazer em uma aparição pública. Tudo tinha sido bem legal até agora, mas eu estava bem cansada desse mundo. Ele já tinha me destruído sem eu nem fazer parte dele. Não sei se consigo aguentar mais pelo Brian. Ainda não tinha tido uma oportunidade perfeita para dar a porção ao Justin. 

—Oi. — Justin falou se sentando do meu lado. Sorri para ele. — Está melhor? — neguei com a cabeça. 

—Seu mundo é difícil. — falei e ele riu. 

—Muito, você não faz ideia. — Ele falou — Qual o problema? — Justin me olhou e eu suspirei. 

—Não sei, sinto falta de casa, Justin. Da minha mãe, por mais má que ela seja, das minhas amigas, da minha vida simples. — falei sentindo meus olhos se enxerem de lagrimas — Aqui tem tantas regras e eu estou sempre as quebrando.  

—Você é bem difícil de lhe dar. — Ele riu, mas eu não, o que fez ele engolir a seco — Podemos resolver tudo isso, tenho certeza de que não é a única com saudade de casa. Agora sobre as regras... — ele me olhou receoso e eu ri. 

—Você não pode fazer nada. — falei e ele assentiu — Tudo bem, acho que irei sobreviver até sei lá quando. — ele me olhou triste. 

—Quais regras anda quebrando mais? — perguntou me olhando atentamente. 

—Principalmente a de ir na cozinha de noite, eu tenho cede, as vezes fome. Não tenho culpa se não tem nada para comer no meu quarto — disse fazendo ele ri. 

—Isso dá para resolver também, o que mais? — ele perguntou se aproximando.  

—Falta uma academia aqui — falei — Eu sempre foi ativa e aqui não tem o que fazer.  

—Vai usar isso como sua atividade extra? — perguntou arqueando a sobrancelha.  

—Pode ser, até hoje não escolhi nada. 

—Por que? — Justin perguntou desconfiado. 

—De verdade? — perguntei rindo — Quero fazer de tudo, não consigo escolher só um. — ele riu e passou seu braço pelo meu pescoço me puxando para mais perto.  

—Por enquanto, não tenho como te autorizar outra aula. Talvez quando tiver menos garotas. 

—Tudo bem, Justin. — falei tranquila, mas pulei ao notar que o chamei pelo nome. —Descul..  —  Ele me interrompeu. 

—Eu disse que podia me chamar por Justin, está tudo bem. — Ele me tranquilizou e pediu para eu me sentar do seu lado, assim fiz e pousei minha cabeça em seu ombro.  

—Como você vive aqui? Tantas regras, tudo monitorado. — falei cansada e ele suspirou. 

—Não sei, nunca conheci outro mundo. — Ele falou em um tom cansado, levantei meu rosto e o olhei.  

—O meu é divertido, mas não tem tanto luxo. Não tenho tantas roupas como aqui ou produtos ou tecnologia, essa pulseira foi bem difícil de entender. — falei olhando a pulseira em meu pulso.  

—Como era sua vida? — ele perguntou me olhando atentamente. 

—Melhor não falarmos disso. —falei sorrindo triste. 

—Tudo bem, falamos disso no encontro. — Ele sorriu malicioso. 

—Que encontro? — perguntei confusa. 

—Tenho que ter encontro com vocês, para conhece-las melhor. Já comecei a alguns dias. — senti uma ponta de ciúmes por não saber disso.  

—Não sabia — falei olhando para o jardim, ele riu.  

—Vou resolver seus problemas, depois nos vemos — ele beijou minha testa antes de ir.  

[...] 

—Senhorita — Astra falou entrando no quarto sorrindo largo. 

—Que foi? — perguntei estranhando seu jeito.  

—Coloque aqui o endereço dos que a senhora quer falar, para entregarmos um notebook a eles. — Arregalei os olhos pegando o papel da sua mão e coloquei o endereço la de casa, o endereço do orfanato para deixar o notebook para as meninas.  

—Posso entrar? — uma voz totalmente desconhecida.  

—Oh claro, desculpe. — Astra abriu a porta — Pode colocar naquele espaço, por favor — olhei confusa para o cara carregando algo desconhecido por mim. Outro entrou logo depois e eu olhei para Astra — Agora não precisa ir até a cozinha no meio da noite — sorri involuntariamente, tentei esconder, mas foi impossível. Justin era incrível. —Obrigada, meninos — os dois saíram e eu continuei a olhar para os moveis.  

—O que são? — perguntei olhando para Astra. 

—Uma mini geladeira e um armário pego para guardar a comida. — explicou — Terminou? — assenti entregando o papel — Kayla está trazendo o estoque.  

[...] 

Acordei com Kayla me balançando. Abri meus olhos assustada, olhando para a menina.  

—Que foi? — perguntei me sentando na cama, minha cabeça doía.  

—Você tem uma ligação. — ela falou e vi ela veio com o notebook, colocando na minha frente. Pisquei algumas vezes até ter certeza de que estava vendo minha mãe.  

—Ai meu Deus! — falei me ajeitando e pegando o computador — Oi mãe — disse sentindo meus olhos enxerem de lagrimas.  

—Kylie, como você esta? A casa é tão diferente sem você aqui. — sorri largo e deixei algumas lagrimas caírem.  

—Estou bem, e a senhora? Eu sinto tanta falta. — disse e vi ela derrubar uma lagrima.  

—Estou indo, querida. Como é o palácio? Vi que está em Saffron, é verdade? — ela perguntou com certo medo, o que me fez estreitar os olhos.  

—Sim, estou. Pelo que entendi, o rei não queria 37 mulheres em seu palácio. É outro mundo aqui, nunca tinha visto um notebook, ou essa pulseira que tem várias funções. Parece ser magico aqui.  

—Quando volta? — ela ficou séria e eu suspirei.  

—Não sei, estou me dando bem com o príncipe. — Ela revirou os olhos. 

—Preciso ir, Kylie. Depois nos falamos. — ela encerrou a ligação e eu abaixei a cabeça. Deixando o resto das lagrimas caírem.  

—Está tudo bem? — Justin perguntou me surpreendendo, olhei para o loiro e dei de ombros.  

—Sim, apenas minha mãe sendo minha mãe. — disse ainda com as lagrimas caindo.  

—Quer me contar? — ele perguntou e eu sorri de lado. 

—Você falou que isso era para o encontro. — disse e ele assentiu sorrindo. 

—Você é boa de memória. Queria ver você na sua primeira ligação com a família e vim te chamar para um jantar comigo, mais tarde, pode ser? — Justin sorriu sem mostrar os dentes e suas bochechas ficaram levemente vermelhas. 

—Claro, alteza. — disse fazendo ele ri. 

—Te vejo mais tarde. — ele se levantou e deu um beijo na minha testa antes de sair do quarto.  

[...] 

Era de tarde e eu estava em meu quarto, ansiosa para falar com as meninas. Então a ligação foi atendida.  

—Meninas! — gritei quase que pulando na cama ao ver Alex e Jasmine do outro lado da tela.  

—Não acredito. — Alex falou levando a mão até a boca.  

—Que saudade de vocês. — falei colocado minha mão no coração.  

—Também estou — Jasmine falou, seus olhos brilhavam e logo uma lagrima caiu confirmando minha teoria.  

—Quero tanto abraçar vocês, nem acredito que estamos nos falando. — disse fazendo as duas sorrirem. — como vocês estão? Como está tudo? Me contem — implorei fazendo Jasmine ri.  

—Tranquilo — Jasmine falou alegre. 

—O que é bem estranho — completo Alex, assenti.  

—Ele não deu sinal? — perguntei mordendo meu lábio infeiror. 

—Até agora não, vi Logan a dois dias, mas ele não falou nada. — Fechei meus olhos com força e respirei fundo. 

—Se algo acontecer me avisem, por favor. Essa calmaria está me deixando aflita. — disse suspirando e elas assentiram.  

—Como é o Castelo? — Alex perguntou sorrindo largo. 

—E o príncipe? — Jasmine perguntou de forma maliciosa e eu ri. 

—O castelo é incrível, coisas que nunca imaginamos. Tanta tecnologia que eu levei dias para aprender. Tem tanta comida e produto. É magico, só que cheio de regras. — Revirei os olhos — O príncipe, é um doce. A prova está aí, estamos conversando.  

—Você pediu isso a ele? — Jasmine questionou surpresa. 

—Sim, não diretamente. Não sei se viram que eu estava jogando bola com as crianças do hospital — elas assentiram — minha assistente me deu uma bronca por isso e eu falei o quanto estava cansada de tudo isso, como sentia falta de vocês e ele acabou escutando, então ontem ele perguntou o que eu queria, do que sentia falta e falou que iria resolver. Poucas horas depois vocês receberam o notebook.  

—Você é a favorita? — Alex perguntou. 

—Não sei, não falo com as outras selecionadas, elas são estranhas. Devem me achar estranha, por ter chegado aqui com o cabelo roxo. Então não sei como ele é com as outras.  

—Você faz falta, Kylie! — sorri para elas, triste por só poder vê-las de longe.  

—Vocês também, é difícil está aqui. Eu vivo errando tudo e servindo de exemplo para as outras. É humilhante, mas vou aguentar até ele não querer mais.  

—Está tentando conquista-lo? — ela perguntou e eu neguei.  

—Estou sendo eu. Ele parece gostar, assim como a princesa. Quando não estou na aula de etiqueta, estou no meu quarto, nunca vi ele com outra selecionada.  

—Isso é estranho, você precisa conhece-las. 

—Não quero, 90% é falsa. Prefiro ficar na minha, conversando com minhas ajudantes.  

Assim continuamos a conversar sobre tudo no castelo e o príncipe. A conversa parou quando Astra disse que eu precisava me arrumar para meu jantar especial.