Joyce pegou as roupas do seu guarda roupa e as dobrou com tamanha delicadeza. No entanto seu interior explodia em chamas. Estava irada, frustrada, chateada e magoada mas ainda mantinha o controle.

   Ela já havia terminado sua mala e agora terminava a de sua filha, Cora. Pegou os shampoos especiais para cabelos crespos e o creme hidrante para pele negra e os encarou por um momento. Como aquilo parecia idiota naquele momento. Enquanto divagou sobre como sua vida estava mudando completamente de novo, Yuri chega a porta.

   _Joyce, me desculpe… - ele olhava para ela sério, mas seus olhos enchiam de lágrimas. Ele amava sua mulher e sua filha, mesmo depois de tudo.

   _"Joyce, me desculpe". É isso que você me diz depois de enfiar um chifre na minha testa? E ainda com outro cara? - Joyce pronunciou as palavras como um contra ataque de espada, mas sem perder a calma. O controle próprio era algo que ela tinha trabalhado duro para obter é o prezava muito.

   _Olha, eu amo vocês duas. Eu-eu planejava te contar... - ele titubeou nas palavras, Joyce notou isso.

   _ Eu planejava ter um marido que envelhecesse comigo, que veria nossos filhos crescerem e se tornarem ótimos seres humanos e que sentisse prazer na minha buceta. - ela começou a o encara-lo com um olhar fuzilador - Mas você me roubou isso quando casou comigo fingindo ser uma coisa que não é. - Ele se calou.

   Joyce pegou o creme e os shampoos e enfiou dentro da mala com força e fechou o zíper, em seguida, Yuri as carregou para o andar de baixo. Joyce estavas atrás com algumas malas de mão e sua bolsa. Colocou tudo no chão e pegou um bloco de notas.

   _Esse é o número da minha mãe caso queria falar com a Cora. No acordo de divórcio vou deixar você passar as férias de verão com ela. Aqui também tem o endereço, se quiser mandar algum presente para ela. - ela ditou todas essas coisas enquanto escrevia no bloquinho. Ofereceu a folha a ele que a apegou e colocou no bolso. A campainha da casa tocou e Yuri foi atender num salto. Joyce se estremeceu de raiva. Ela sabia quem era.

   _Mike. - Yuri soltou o nome como um alívio e abraçou o homem que estava a sua frente. Mike retribuiu o abraço. Joyce encarou tudo de longe e se dirigiu a cozinha.

   _Pode ir dar o rabo, Yuri. Eu lido com o resto. O táxi está chegando e no caminho eu pego Cora na escola.

   Os dois entraram e Yuri fulminou Joyce com os olhos. Ela apenas o ignorou. Já estava machucada demais. Pegou uma garrafa de vinho que estava na geladeira e colocou em sua taça favorita. Bebeu num só gole. Logo depois pegou a taça e a jogou no chão. Os olhos estavam cheios de lágrimas e ela se permitiu perder um pouco do controle. Alguém desceu o lance de escadas correndo e Joyce torceu para ser coisa da sua cabeça, mas Mike estava parado na sua frente, com uma cara assustada e sem camisa. Sua vontade foi de rir.

   _Você. Você é o grande filho da puta. - ela disse, se apoiando no fogão. Ele não foi embora. Ela sorriu - A quem eu estou querendo enganar? Eu fui a grande filha da puta! Eu não pude ver que o meu marido gostava de dar o rabo. - sua voz já estava embargada. Ela se deixou cair no chão da cozinha enquanto chorava. - Eu sou a maior burra de todas!

   Mike a encarou por um momento e se aproximou da mulher caída no chão. Ele se ajoelhou e a abraçou.

   _ Você só vai ser burra se não aproveitar essa chance. Você pode recomeçar e viver a vida que sempre quis. Ter um casamento sem muitas brigas. - ele falou no ouvido dela.

   _Como assim muitas brigas? Como você sabia que brigávamos muito? - ela perguntou, empurrado Mike sem se preocupar com os cacos de vidro.

   _ É normal casamentos assim terem muitas brigas. - ele respondeu.

   _Eu odeio você. - ela começou a chorar mais ainda. Ele a pegou e puxou para perto de si, na manobra a envolveu com um abraço.

   _ Você odeia o fato de que eu represente o fim de seu casamento.