Nos apaixonamos por almas escrita por Karina A de Souza


Capítulo 1
Veja-me


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoinhas. Queria agradecer o pessoal que tá acompanhando os contos, comentando, favoritando... É bom saber que estão gostando.



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Entrei no cofre, sendo saudada pelo som de Missy tocando piano e por Lua, que correu para se esfregar nas minhas pernas.

—Olá, fofinha. -Sussurrei, coçando atrás das orelhas dela. -Hey, Missy! Está pronta?-Parou de tocar, fazendo uma nota horrível soar, como se tivesse batido nas teclas. -Tudo bem?

—Estou indisposta. Lamento, mas não vamos sair hoje. Pode ir para casa.

—Ah, fala sério. -Me aproximei. -Nós podemos ficar aqui, até que se sinta melhor. Eu não me importo...

—Eu, sim. -Franzi a testa. -Vá para casa, Sol.

—O que tem de errado? Você parece... Chateada.

—Não estou chateada!-Gritou, se virando, então suspirou. -Prefiro ficar sozinha.

—Não vou sair até que me diga. -Cruzei os braços. -O que aconteceu?

—Você se divertiu com o Mestre ano passado? Eu acho que sim.

—Ah... Droga.

Eu tinha esquecido, por algum tempo, que Missy era uma versão futura do Mestre, e o que acontecia com ele, ela saberia, pois tinha suas memórias. Então ter dormido com ele no ano anterior tinha sido totalmente estúpido.

—Eu... Hum... Só aconteceu... -Murmurei. -É que...

—É que o que? Você não consegue ver, Sol, não consegue ver que eu e ele somos a mesma pessoa!

—Vocês não são! São diferentes! Você não entende... É... Estranho, é... Confuso pra mim. Eu não sou uma Senhora do Tempo, eu não cresci entendendo sua cultura, pra mim é diferente!

—Claro que é. Vocês humanos, com suas mentes estreitas, sem conseguir pensar fora da caixa, tão patéticos e cheios de preconceitos tolos. Não sei por que ainda nascem com um cérebro se não o usam!-Recuei. -Eu... Não devia ter dito isso...

—Então é isso o que pensa da gente? É o que pensa de mim? Quer saber? Talvez não sair para a droga do seu aniversário seja uma ótima ideia.

—Sol...

—Aproveite e chame seus amigos Senhores do Tempo. Ah, espera. Você não tem amigos. -Fui para a porta, encarando Missy por cima do ombro antes de sair. -Feliz aniversário.

O Doutor estava do lado de fora, sentado numa cadeira de praia, com os óculos escuros e um pacote de jujubas em mãos. A cena parecia tão irreal, depois daquela briga no cofre, que eu travei por alguns segundos.

—Ouvi a gritaria daqui. -Comentou. -Jujubas?

—Quero ir para casa. -Suspirou.

—Um ano atrás, eu te fiz uma pergunta. Lembra disso?

—Lembro. Mas eu não tenho uma resposta.

—É claro que não tem.

—Você acha que pode me julgar? Desculpe se pra mim é totalmente diferente! Desculpa se eu não sei como lidar com isso! Eu não sei como posso transferir o que sinto pelo Mestre para Missy!

—Eles são a mesma pessoa. Mestre mudou, se transformou nela. É assim que funciona. Você sabia das regenerações quando se apaixonou por ele. Ninguém nunca disse que é fácil amar um Senhor do Tempo.

—Bem... Talvez... Talvez eu não ame mais.

—Certo. -Ficou de pé, colocando o pacote no bolso e tirando os óculos. -Vamos te levar para casa.

***

Eu estava chateada. E irritada. E confusa. E perdida. Deus, nunca pensei que podia sentir tanta coisa ao mesmo tempo. Quanto mais eu pensava nisso, mais parecia que a minha cabeça ia explodir.

Entrei na TARDIS, e me aproximei dos controles. Provavelmente era minha última viagem.

Olhei para o Doutor, ele estava prestando atenção na tela a sua frente, com uma expressão estranha.

—Tem algo errado com a nave?-Perguntei, preocupada.

—Não. Com a nave não. -Franzi a testa e me aproximei. Na tela, a imagem de Missy no cofre. Ela estava no piano de novo, tocando algumas notas sem muito entusiasmo, uma das mãos apoiando o rosto. E ela estava...

—Chorando. Ela... Por que ela está chorando?

—Você não chora quando tem o coração partido?-Lágrimas começaram a encher meus olhos. -Você não choraria caso a pessoa que ama olhasse pra você e não te visse? Imagine abrir seu coração... Corações, no caso, pela primeira vez, e ser deixado por que a outra pessoa não te entende. Não é apenas Missy chorando, Sol. É o Mestre. A alma dele está ali. Você pode ver?-Recuei lentamente, algumas lágrimas escorrendo pelo rosto. -Ainda quer ir para casa?

***

Me sentei ao lado de Missy no banco sem falar nada. Ela ainda estava tocando, fingindo que não tinha me notado.

—Lembra quando a gente se conheceu?-Perguntei, tentando ignorar a pressão na garganta e nos meus olhos. -Você quase me matou de susto. Toda aquela paranoia com aliens na Terra, e quase sou atropelada por uma nave. -Olhou pra mim, parando de tocar.

—A culpa foi daquela nave estúpida. Sempre pilotei muito bem.

—Ah, claro. Como da vez em que fomos para a Grécia antiga e você bateu numa estátua?-Riu.

—Foi o vento!

—Certo, sempre o vento. Acho que ele tem algo contra você.

—Deve ser, nunca pensei nisso. Será que eu insultei algum deus do vento?

—Me diga quem você não insultou. -Rimos. -Sempre com uma língua afiada.

—Você não fica muito atrás, corujinha!

—Okay, admito que é verdade.

Paramos alguns segundos, curtindo as lembranças. Nostalgia, mais uma vez.

—Desculpe ser incompreensiva. -Pedi, encarando o chão. -É uma coisa nova... Mas eu devia ter lidado melhor com isso.

—Você não precisa se desculpar, Sol. -Entrelaçou os dedos nos meus. Não parecia estranho, era como quando ela o Mestre. -Sol.

Ergui a cabeça, encarando-a. Ela aproximou o rosto, então segundos depois seus lábios estavam nos meus. E não parecia errado ou estranho. Era certo. Era... Bom.

Acho que o Doutor estava certo. Nós nos apaixonamos por almas.

Me afastei, desviando o olhar.

—Ainda se sente indisposta para sair?-Perguntei.

—Sabe que não?-A encarei, ela estava sorrindo. Tive que sorrir também. -Acho que fui curada milagrosamente. Bem que um doutor me receitou um pouco de sol. -Rimos.

—Certo. Então vá se arrumar. -Fiquei se pé. -Não queremos perder o dia, não é?


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Notas finais do capítulo

O próximo conto se passa nesse mesmo dia. Achei melhor dividir.
Bem... Parece que as duas estão começando alguma coisa.
O que acharam? Digam aí. ♥



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