O Retorno de Tim Drake escrita por Coelho Samurai


Capítulo 3
O Teimoso Soldado Que Trabalhava Sozinho




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Em seu quarto na Mansão/Base dos Titãs, em meio das caixas de pizza vazia, gotas de café secas e papéis para todos os lados, Tim monta uma projeção holográfica de Gotham.

— A.D.A.M.I. (Aparelho De Auxilio Muito Inteligente).

— Sim, Mestre Drake.

— Ativar o mapeamento do Protocolo 112, revisado ontem por volta das 23h.

—Arquivo ativado, salvo em nome de Timothy Drake, Mapeamento Criminal de Gotham, Maio de 2016. – O mapa criado por Tim mostra as principais áreas de criminalidade na cidade.

— Pelo visto, estamos bem. Há quantas horas eu não durmo?

— Meus cálculos indicam 44 horas, 25 minutos e 12 segundos. 13 segundos, 14 segu—

— Certo, Obrigado. Eu vou descansar um pouco, me avise de alterações. Apagar luzes.

— Sim, Senhor. – Tim cai no sono em questão de segundos.

São 4:30 da manhã, Tim já está acordado e com os olhos roxos de sono e resistindo ao frio da Bat-caverna úmida, ele faz flexões com uma só mão e com a outra segura a caneca de café enquanto espera os arquivos de voz gravados em seu celular estarem prontos para análise.

— A.D., me dê boas notícias – Ele desce da barra de flexão sem derramar uma única gota do café, enquanto a porta da Batcaverna se abre.

— A voz foi modificada com um dispositivo em fase beta quase irrastreável.

— A palavra “quase” é realmente animadora, significa que não é impossível. Talvez um aparelho de alguma organização secreta, o sotaque era um britânico italianizado, suíço, talvez. A.D., verifique no boletim secreto da Interpol por dispositivos em fase beta.

— Nada encontrado nos registros.

— É porque ainda não foi registrado, equipamento roubado antes do registro, foi feito ha pouco tempo. Apenas um alto escalão de agentes teriam acesso. A voz tinha sotaque italiano, A.D., verifique agentes da Interpol oriundos da Itália e naturalizados na Inglaterra.

— Um nome registrado: Henrico L’arpergiatta Matthews, 44 anos, serviu no exército britânico e hoje é analista pela Interpol.

— Claro, nunca divulgariam a ficha de um agente de campo, ou pelo menos, não seria o ideal. L’arpeggiata Mathews, pai italiano, mãe inglesa, carreira militar de prestígio, o que será que ele quis dizer com “Ele está vindo”?

— Se me permite, senhor Drake, creio que essa informação não possa ser perfeitamente fundamentada.

— Ele me conhecia, A.D., sabia da minha identidade secreta.- Tim leva as mãos ao rosto e esfrega os olhos cansados.- Henrico, se é que foi ele mesmo quem me telefonou, sabe quem eu sou, mas como ele poderia saber?

— Talvez não tenha sido ele, senhor. Talvez um outro agente com as mesmas especificações tenha mandado a mensagem. – O telefone da Bat-Caverna toca.

— Robin Vermelho.

— Bom dia, Timothy. É o Jim.

— Comissário, em que posso ser útil?

— Algo sobre o caso que lhe enviei na semana passada?

— O assassino é Joseph Grout, caucasiano, 35 anos. Por vingança. Canhoto, mas atirou com mão direita, o tiro não foi preciso, pra alguém que frequentava o clube de tiro ao alvo e possui mais de 10 medalhas na modalidade de pistola só poderia ter mirado com a mão que não era a dominante. A esposa de Grout há meses se encontrava com a vítima, seu amante. Contas telefônicas e extratos bancários caríssimos não simbolizam nenhum sinal de empréstimos ou financiamento de empresas e empreiteiras. As únicas transações que aconteceram em Gotham no mês passado foram das empresas Wayne, nem mesmo Cobblepot teve os colhões de colocar um único centavo em andamento depois de que eu comecei as investigações. Eles devem ter medo de mim.

— Brilhante, Tim, realmente, eles devem mesmo. Obrigado.

— De nada, comissário.

— Durma um pouco, garoto, está parecendo Bruce. Onde ele está, por sinal?

— Com o ombro dolorido, em reunião com a Liga em órbita. Teimoso como sempre- Tim se acomoda na cadeira e dá mais um gole no café. – Preciso ir, comissário.

Biblioteca da Gotham High, 15h.

— Acho que podemos começar com Matemática, álgebra, pra ser mais exato. – Tim observa sua nova aluna com o celular nas mãos.

— Tanto faz, Tommy.

— Timmy. Ah... Timothy.

— Tanto faz. – Ela continua a mexer no celular. – Jesus, eu odeio esse lugar, tem cheiro de livros velhos, credo. Será que encontro aqui alguma tomada pra carregar meu celular? – Quando Tim resolve levantar a voz, uma leve surpresa, um grupo de 3 garotas se aproxima da mesa.

— Ai meu Deus – Disse a mais alta, do meio. – Eu não acredito, você está tendo aulas de reforço com o Timmy Nerd. – Pelo menos ela sabe meu nome, pensou Tim. – Que hilário. – As outras riem baixinho.

— N-N-Não é o que parece. Eu—

— Ok, Karoline, já entendi, você é mesmo o fracasso que todos dizem que você é, além de tudo você é burra, a ponto de ter aulas de reforço com o maior nerd da escola. – Karoline não sabe para onde olhar e tenda esconder a expressão de choro. – Você é uma lesada mesmo, até amanhã, sua anta. – Elas riem em silêncio e saem, Karoline sente que levou com um soco no rosto, e Tim também. Ele se levanta.

— Ei. – Ele diz.

— Não fala comigo, nerd.

— Gostei das cirurgias nos joelhos. – Ela paralisa, não somente ela, as amigas e Karoline gelam suas espinhas, e olham diretamente para Tim.

— O que foi que você disse, nerd?

— Só me deixa a seguinte dúvida, uma cirurgia de precisão baixa igual a essa é encontrada em qualquer esquina onde se tenha um consultório dentário de baixo escalão. Sua carreira como jogadora de vôlei, fracassada nas seleções de olheiros no ano passado, somada às suas notas ruins em matérias de ciências humanas fizeram o possível para aumentar seu desespero, sendo que no momento você se esforça ao máximo para se manter bonita e segura, e controlando de forma invejável suas duas “amigas” que conseguem ser ainda mais feias e menos inteligente que você, e esse seu carregamento militar de maquiagem, se não me engano, holandesa, com um pó oriental provindo de Taiwan que esconde muito bem as espinhas e cravos, além de se parecer muito com pele de verdade. Percebi que era falso depois que notei sua recente reação alérgica a esse tipo de produto, suas orelhas e nariz estão mais vermelhos que o normal, excluí a possibilidade de gripe por não apresentar nenhum sintoma. Sobre as aulas de reforço, suas contas nas provas do semestre passado tinham a assinatura perfeita de Roger Masterson, do clube de Xadrez, do qual eu orgulhosamente faço parte. Ele me contou que você implorou pela ajuda dele para conseguir um 13,5 na média final, isso é matematicamente impossível, mas com um decote bem aberto você deve ter conseguido convencer o Dr. Pallhs, com todas as patologias ridículas de um solteirão desesperado de 40 anos, a te dar os pontos necessários. – Tim se aproxima dela, que agora também esconde o choro. – Saia agora... Da minha biblioteca. Fui claro?

A garota deixa o ambiente completamente enfurecida e suas amigas a seguem. Karoline sorri de orelha a orelha. Tim continua de postura firme e expressão vitoriosa, e vira de costas e volta ao seu acento para juntar suas coisas.

— Você me defendeu. – Ela diz.

— Não, eu estava me defendendo, ela me chamou de nerd. Mas de certa forma, sim, eu te defendi. Karoline, está mais do que claro que você não quer a minha ajuda, então boa sorte em conseguir esses pontos finais. Até logo. – Tim pega a mochila e se retira. – Se resolver que precisa de mim, você tem o meu número. – Karoline fica boquiaberta, ela nunca fora desafiada dessa forma, ninguém, muito menos algum menino a tratou assim antes. Ela era linda, morena de olhos verdes, qualquer garoto no mundo iria querê-la, mas Tim tinha preocupações maiores naquele momento além de auxiliar uma bela e mimada jovem a se dar bem nas notas finais.


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