Após deixar a pia ensaguentada com os hematomas em seu rosto, Tim entra no banho para se lavar. Ele só pensava em uma coisa, enquanto deixava a água quente cair sobre seu corpo. Ele precisava botar algumas coisas para fora.

Sem saber aonde ir, subiu em sua moto e saiu da batcaverna. Não teve coragem de olhar nos olhos de Bruce, que bebia café e esperava o batsinal de frente ao seu enorme computador. Tim tinha olhos vidrados na pista, estava a quase 80 quilômetros por hora. Em 15 minutos, chega a seu destino. Um cemitério.

Ele desce da moto e coloca seu capacete na moto. Ele vestia um agasalho do Gotham Gorgoyles por baixo de um sobretudo caro. Um homem se aproxima.

— Quer comprar flores, meu jovem? É sempre bom, sabe?  - O homem simpático era um senhor de idade, poucos cabelos no topo da cabeça, e roupas humildes de frio. - Mas os nossos entes que já se foram apreciam mais o gesto do que o presente em si. Pode acreditar.

— Eu acredito - respondeu Tim - E sim, claro. Quero as roxas. Ela gostava.

— Quem veio visitar, meu caro rapaz? - o homem se agacha para pegar as flores escolhidas pelo menino. - Mãe, avó?

— Ela era... o amor da minha vida. - O homem volta seus olhos idosos a Tim, que já tinha os seus marejados. Fica sem palavras. Entrega as flores, recebe e dinheiro e fica com o troco, por ordens de Tim.

O menino prodígio caminha pelo cemitério até achar a lápide de Stephanie Alexandria Brown. Amada filha e irmã.

— Oi, Steph. - Ele se senta a frente do túmulo. - Eu sei que não vim na semana passada. Sei que falhei com você nisso. Quebrei minha promessa - Ele tenta esboçar um sorriso descontraído - Me desculpe.

Muita coisa vem acontecendo essa semana, sabe? Escola, combate ao crime, missões mundo afora. Você estaria adorando. Está sendo difícil.

Eu briguei com Bruce hoje. Foi bem feio, se quer saber. Tomei uma baita surra. Parecia que estava em treinamento de novo. Cristo!

Temos gente nova na equipe. Gente muito boa. - Ele começa a se emocionar mais do que o esperado, sua expressão se fecha. - É duro ter que contar a eles o que houve com você. Mais duro ainda é mostrar a eles o que a sua falta fez comigo. O que fez com meu coração. Meu espírito. Você sabe. 

Bruce me disse há algum tempo. A gente acaba se acostumando com a dor. Com a perda. Digo, a dor nunca some, ela apenas passa a ser parte de nós, ela para de nos atrapalhar tanto. As vezes passa a ajudar, as vezes só fica ali parada, zombando de mim. Indiferente.

É assim que eu me sinto em relação a você, Steph. Em relação a meu pai. Eu sinto muito.

Se lembra da conversa que tivemos uma vez? Ah, quem estou enganando? Claro que se lembra... Você pode não ter memória fotográfica igual o seu namorado idiota. Mas se lembra bem de tudo. 

Falávamos a respeito de seguir em frente. Não importa o que iria acontecer. O mundo precisa que sejamos mais fortes que ele. O mundo, nosso velho e eterno inimigo.

Eu não sei se consigo, Steph.

Não sei se consigo ser mais forte. 

O que significa? Não discutimos o suficiente a respeito disso, não é?

Significa... Esquecer você? Deixar você pra trás?

Eu não poderia. Nem em mil vidas. 

Então... O que quisemos dizer com isso?

Tem essa garota, Karoline. Você não chegou a conhece-la. Uma menina legal, doce, e meio metida. E tem a Cass. Que, creio que ainda tem sentimentos por mim.

Eu minto pra mim mesmo o tempo todo em dizer que meu relacionamento com ela não deu certo porque ela teve que ir.

Não.

Não deu certo por que... É você, Steph.

Como eu posso pensar em outra pessoa? Outra garota? Você... - Ele derrama uma lágrima - Você me deu paz... - e a seca - em uma vida de guerra. 

Sem você, Steph. A guerra é a única coisa que resta. Pelo amor de Deus. Me dê um sinal. - Tim recebe uma mensagem.

"Base, agora, é urgente!

           - Connor" - Tim fecha o celular.

Preciso ir, Steph. Mas eu volto. Semana que vem. Eu prometo.

Acho que estamos mais unidos agora que você se foi, do que em tanto tempo juntos... Sinto que agora você vive em mim, e eu vivo POR você. É estranho, e até bom. Mas acima de tudo, é doloroso.