Uma aleatoriedade de textos ao acaso escrita por Leite Moça


Capítulo 14
Sobre preencher o vazio




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Começo a escrever esse texto sem saber onde quero chegar. 

Lá fora, a noite escura, que me afrontava, já não me traz tanto medo. 

Olhar para o vazio é confortável agora. Não há mais monstros a temer. Todos os monstros estavam dentro de mim. Dentro da minha própria cabeça. Continuo enfrentando-os dia após dia. 

Já não tenho mais o ímpeto e a coragem que assomaram a mim quando pus minhas mãos nesse teclado. Tem dia em que a atividade da escrita se torna dolorosa. 

Não, não, não dolorosa não é a palavra certa. 

São dias em que a atividade da escrita se torna árida. 

É como arar um terreno cheio de pedras e mato, há muito tempo não revolvido. De início, os sonhos da mais bela paisagem se constrói, em seguida, após a iniciativa, vemos o quanto é difícil chegar ao resultado esperado. 

Faz tempo que não exercito com as palavras. Talvez esse texto não alcance as suas expectativas, leitor, e nem mesmo as minhas. Passei um tempo e tanto no "mute". 

A crença que tenho - ou desculpa - é que talvez estivesse esperando algo germinar em mim mesma. 

A verdade é que sinto que já germinei. Com dificuldades, me liberto da semente e já sinto que consigo vislumbrar o sol. 

Em algum momento dessa caminhada, me disseram que eu era um botão prestes a virar uma flor. Talvez eu estivesse pressa à síndrome do botão, à síndrome do quase-flor. Aquela que ainda não é, mas um dia será, mas ainda não é. Não é. Não é. 

Não é uma palavra tão limitante. Por que não o sou? Pergunto-me. 

Por que não o és? Seria o medo de caminhar em meio à escuridão?

A escuridão lá fora me remonta o vazio. Você tem medo do vazio? 

Não tema. O vazio traduz tantas possibilidades. Por que se fixar tanto no medo do desconhecido?

O medo do escuro nada mais é do que uma projeção da nossa mente de todas as possibilidades existentes - só que para o mal.

Bem, essa noite eu não pretendia me alongar muito. Nem sei aonde quero chegar, como já disse no começo, mas talvez eu tenha chegado a algum lugar, talvez tenhamos chegado a algum lugar, leitor. 

Convido-o a entrar no vazio do eu e a se descobrir para além de um botão, para além do quase. O vazio representa possibilidades... inúmeras possibilidades de se reinventar. Abra os olhos, não tenha medo. A escuridão lá fora não se demora, é só o tempo necessário para que floresça. 

É só o tempo necessário para que floresça. As noites  sombrias são necessárias assim como os dias ensolarados. Só peço que não tenha medo. Chore, se for necessário, mas não tenha medo de atravessar as escuridões do eu.  

É só um processo para aprender a enxergar nossa própria luz.

Ah, e sobre o título desse texto? Bem, sinto que enganei você, ou que ao menos falhei nessa missão. Não há como preencher o vazio. Ele já é cheio de possibilidades, basta abrir os olhos. Você é mais do que imagina. 

 

 


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