Entre-Laços escrita por EsterNW, Biax


Capítulo 18
Chama o Xamu - Stelfs


Notas iniciais do capítulo

Stelfs
Oie o/
Dessa vez foi rápido, não é mesmo? :B
Bom, o que dizer dessa one? Acho que não vou dar pistas não… Vou deixar vocês curiosas para lerem ela logo -q. Ou melhor: vou dizer uma coisa. Eu tive que pesquisar bastante para escrevê-la. Pronto. Só digo isso. Boa leitura ♥

Ester
Alô, Samu? Precisamos de vocês aqui" ~desliga o telefone.
Hallo hallo, meu povo, como vão vocês? Mais relax depois da one de quarta? Pois preparem seus hearts, que temos muitas emoções pela frente... E dor também MUAHUAHUAHUA -qq
Boa leitura ;)
Ps: esqueci de avisar desde semana passada, mas... A fic já chegou na metade ~coro de aahhh ~. Sim, gente, infelizmente tá acabando. Mas ainda teremos muitas surpresas na fic e projetos futuros pra vocês, só stay atentos ;)

Bia
Oláááá gente! O capítulo de hoje é pura adrenalina -q Se preparem para sentir fortes emoções xD
Boa leitura!



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Contexto da one: Bom, galera. Essa one é um dia depois do reencontro entre elas. Pensamos no reencontro ter se passado 2 anos depois das meninas se formarem e o Arthur veio três meses depois da Stelfs e Castiel se casarem (sou rápida mesmo -q), então, essa one seria um ano depois do casamento deles [se não entenderem as contas, não se preocupem, eu também não entendo -q].

Bom, que eu pensei aqui? A Stelfs está prestes a ganhar o menino e vem pro Brasil pra fazer o parto. Castiel está de férias e vem acompanhá-la. Eles iriam pra cidade natal dela, até pra mãe dela ajudar nas primeiras semanas e tals, mas eles resolveram visitar as meninas e ficarem lá uns dias. Pronto, é esse o contexto. Stelfs e Castiel estão hospedados no apê da Bia.

***

Eu fui acordada com uma dor chata no “pé” da barriga. Era uma cólica forte e estranha.

Ah, meu Deus, será que...

Olhei no relógio e vi que ainda eram 5h da manhã.

Caramba.

Castiel tirou a mão dele de cima de mim, se virando na cama, enquanto murmurava. Suspirei. Era melhor não fazer alarde.

Ainda.

Puxei meus joelhos pra mais perto do abdômen, tentando aliviar aquela dor.

Como diria aquela música: “O tempo passou e eu sofri calado...”.

Então a dor cessou e respirei tranquila de novo. Comecei a me sentir apreensiva.

Será que era isso mesmo que eu tava pensando?

Suspirei, fechando os olhos e tentando dormir novamente. Mas não consegui. Dali há alguns minutos, mais uma dor e senti todos os meus instintos se alvoroçarem de uma vez: Arthur tava nascendo.

Aquilo me deixou ansiosa. Mas tentei me acalmar, enquanto sentia a dor.

Nas primeiras três horas, continuei ali, deitada, sentindo a dor ir e vir sem mudar de intensidade. Ainda escutei Nathaniel sair pro trabalho.

Me sentei na cama, tentando não acordar Castiel e me levantei, calçando meus chinelos e andando pelo quarto. Estava passando pela porta, quando outra contração me cortou de um lado a outro, me fazendo parar no batente e segurar o lugar da dor.

Calma, Stefany. Respira.

Continuei andando pelo corredor com calma, vendo que me movimentar um pouco ajudava e fui até a cozinha, beber água só pra me distrair. Tirei um copo do armário, enchendo ele com água e levei na boca, quando uma figura descabelada e com cara de sono apareceu no corredor, me olhando.

Castiel veio andando na minha direção, me olhando sério e sonolento, fazendo umas caras que, meu Deus! Eu comecei a rir, segurando um pouco a barriga, que ainda doía e deixei meu copo na pia. Ele se escorou na bancada, abrindo um bocejo grande, nem se dando ao trabalho de consertar os cabelos.

— Que que foi que você saiu da cama cedo?

Eu o olhei, tentando fazer uma cara razoável e esconder toda a minha ansiedade, mas não deu.

— As contrações chegaram, Castiel.

Ele arregalou os olhos em uma surpresa.

— O quê?! — Foi quase um tapa.

— Na verdade, — corrigi. — Desde às 5 da manhã.

Aí que ele me olhou com aquela cara mesmo.

— Você tá maluca?! — Quase gritou. — Vamos ligar pra mulher que te atende agora — falou decidido, saindo dali e caminhando pela copa.

Eu o detive.

— Não! — Castiel se voltou pra mim. — Você tá doido? Incomodar a mulher a essa hora?

Ele soltou uma risada incrédula e fez aquela cara de sarcástico que me dava nos nervos.

— E você quer esperar o moleque nascer pra poder ligar? — Foi irônico comigo. Quando ele começa assim, pode saber...

— Claro que não, né, Castiel, mas nã-

— Tem coisas que nunca mudam, não é mesmo? — Bia saiu na porta do quarto, com os braços cruzados nos encarando com uma cara que era de sono e graça ao mesmo tempo.

Ops.

Castiel bufou.

— Você não me venha com gracinha a essa hora da manhã que o rolo é sério — comentou, caminhando duro pelo corredor e indo até o quarto.

Mais um suspiro. E aquela sensação do Murphy: quando tu acha que não dá pra piorar, aí é que piora mesmo. Bia me olhou com uma cara de quem não tava entendendo nada.

— Qual o B.O dessa vez? — perguntou, vindo até a mesa e se sentando com um bocejo.

— O B.O é que tô sentindo algumas contrações e não quero ligar pra Mariana. — contei como se aquilo fosse a coisa mais cotidiana do mundo e ela arregalou os olhos.

— QUE? TEM CERTEZA? — Se levantou da cadeira em um tiro.

Concordei com a cabeça.

— MAS VOCÊ TÁ BEM? QUER ALGUMA COISA? QUER IR PRO HOSPITAL? — Me atropelou de perguntas.

Eu só consegui rir.

— Calma. — Segurei ela pelos ombros, falando entre risos. — A dilatação nem deve ter começado ainda. — Tentei tranquilizá-la.

— Tem certeza? — perguntou ainda receosa e eu balancei a cabeça, sentindo uma nova contração chegar.

— Você quer falar com ela? — Escutamos Castiel vindo no corredor e falando no telefone. — Tá.

Ele se aproximou de mim e me estendeu o celular.

— Toma — disse, ainda meio estressado e peguei o telefone, atendendo-o.

— Oi, Mariana.

Puxei uma das cadeiras e me sentei, franzindo as sobrancelhas de dor. Castiel estava à minha frente com os braços cruzados e a cara fechada e Bia tinha ido até a cozinha, mas tempos em tempos, me olhava.

— Como se sente? — Escutei ela perguntar.

— Com dor — brinquei com ela e escutei uma risada do outro lado da linha.

— Estava falando com Castiel que vou tentar arrumar uma equipe médica daí pra vocês. — Ela começou a me explicar. — Já que não esperávamos que Arthur viesse tão cedo assim e ainda por cima fora do lugar planejado. — Deu uma risadinha.

— Hum Hum. — Assenti, vendo Castiel dar meia volta e ir pra sala.

— Assim que conseguir fazer isso, eu aviso vocês e peço que uma das enfermeiras vá até o apartamento — explicou e concordei com a cabeça. — Enquanto isso, tente usar uma bolsa de água quente e continue checando a regularidade das contrações.

— Okay. — Assenti, estreitando os lábios de dor.

— Só me passe o endereço do apartamento que vocês estão — Mariana pediu.

— Certo. É Rua...

Eu dei o endereço pra ela e encerramos aquela conversa. Coloquei o celular do Castiel em cima da mesa, segurando a minha barriga por alguns instantes.

— E aí? — Bia perguntou, voltando da cozinha com a sua xícara de café com leite.

— Ela disse que vai arrumar outra equipe médica pra mim daqui e pediu pra ir usando uma bolsa de água quente enquanto isso. — Vi Bia se sentar numa cadeira ao meu lado, bebendo do seu café.

— Você não tem médico ainda? — perguntou surpresa, quase cuspindo a bebida em cima de mim.

Eu dei uma risada.

— Tenho. Só que como eu não planejava passar aqui antes de ir pra Caratinga, esperávamos que o Arthur nascesse por lá e não aqui — expliquei. — Aí a equipe é toda de lá.

Ela me olhou com uma cara de medo e eu fiz um bico.

— Mas não se preocupe, eu sei que a Mariana vai conseguir desenrolar isso. — Respirei fundo, me levantando da cadeira e Bia se levantou quase junto comigo, tentando me amparar. — Qualquer coisa, a gente vai pro Sus e é isso aí — falei a contra gosto, mas fiz um “hang loose” pro lado da Bia, fazendo ela rir. — Ah, eu vou me jogar ali na cama porque não to me aguentando de dor. — Comecei a me arrastar pela sala e Castiel também me olhou, ficando ele e a Bia de olho em mim até eu sumir no corredor.

Entrei no quarto e escorei a porta, respirando fundo e sentindo a dor cessar. Me deitei de novo, tampando meu corpo e percebendo que estava com sono, mas não conseguia dormir. Virei de lado, fechando os olhos e colocando a mão na minha barriga.

Nem tava acreditando que isso atava acontecendo...

Fiquei ali, pensando na vida, em como ia ser esse momento, no quanto doía esse negócio, quando escutei a porta abrir. Voltei o rosto pra lá, vendo Castiel entrar com uma bolsa de água quente na mão. Ele parecia meio de “mal” comigo.

— Toma. — Me estendeu o troço, se aproximando de mim e se sentando na beirada da cama.

Eu suspirei, tirando a bolsa da mão dele e olhei pra ela, tentando fugir dos olhos dele.

— Valeu — eu disse, me deitando de barriga pra cima e colocando a bolsa onde a dor acontecia.

Ele se levantou da cama, se preparando pra ir embora, quando o chamei:

— Castiel.

— Hum. — Se virou pra mim, me olhando com seu semblante fechado.

— Obrigada por ligar pra Mariana. Eu fui ridícula — me desculpei.

E Castiel amenizou as expressões, abrindo um riso debochado.

— Cabeça dura — me xingou.

— Olha só quem fala — rebati, fazendo ele continuar a rir.

E mais uma contração acabou comigo. Eu fiz uma cara de dor e Castiel voltou a ficar tenso de novo, sem saber o que fazer e nem como proceder. Eu respirei fundo.

— Que horas são, Castiel? — perguntei e ele catou meu celular de cima da escrivaninha, vendo o visor.

— Oito e meia — respondeu, largando o objeto de novo no mesmo lugar.

— Tá. — Soltei entre um suspiro e outro, encostando minha cabeça no travesseiro e fechando os olhos. — Guarda esse horário na cabeça — falei, pressionando a bolsa no lugar da dor. — Eu preciso ver o tempo desse troço.

Castiel deu uma risada soprada.

— Nesse estado? — rebateu em um deboche. — Deixa que eu faço isso — disse meio imperativo e senti um movimento na cama.

Abri os olhos, virando meu rosto pro lado e vendo que ele arredava pra mais perto de mim, colocando a mão na bolsa e pressionando ela com ainda mais força que eu, dando uma aliviada legal. Respirei mais uma vez, soltando o ar pela boca.

— Assim tá bom? — perguntou e concordei com a cabeça.

— Que fofo você — impliquei com ele, fazendo coraçãozinho com as mãos.

— Humpf. — Castiel virou o rosto, fechando as expressões e corando.

A porta se abriu, fazendo eu e ele olhar pro lado e Bia entrou no quarto.

— E aí, tá de boa? — perguntou engraçada, me fazendo rir.

— Hum hum. — Assenti com um murmúrio.

— É, tô vendo pela sua cara de morte — ela soltou e Castiel riu junto comigo, quase me matando por rir com dor.

E assim as horas se passaram...

As contrações oscilavam muito. Lá pelas 11h, Camila, a tal enfermeira, chegou. Ai, meu Deus. Eu já não me aguentava deitada naquela cama e jogava buraco com Castiel no sofá (perdendo descaradamente, óbvio!) pra distrair a mente, enquanto Bia fazia o almoço. Camila chegou e mediu minha dilatação: 5cm. Muito bom!

Ela decidiu ficar ali com a gente.

E o tempo foi passando... Almoçamos, eu nem tanto [sempre que tenho dor, tenho enjoos, melhor não arriscar] e eu continuei ali, parecendo uma bomba relógio, esperando o tempo de explodir. Ficamos checando as contrações. Às 13h, elas chegaram em um ritmo bom: 5 em 5 minutos.

Suspirei. Já tava sem paciência de estar ali e sentindo dor. Me larguei no sofá, enquanto todo mundo me olhava.

— Você prefere ficar sozinha? — Bia me perguntou, vendo que eu já tava ansiosa com aquilo.

— Ah, tanto faz... — respondi meio sem educação, colocando o braço em cima do olho. — Só quero que essa lenga lenga acabe logo — soltei.

— E quando que isso acaba? — Escutei Castiel perguntar pra Camila, que, no mínimo deve ter rido.

— Isso varia de mulher pra mulher — deu uma resposta técnica. — Mas a Stefany já está bem avançada.

Ai, que coisa chaaaata.

Ficamos por ali. Fui no quarto, voltei. Sentei na mesa, levantei. Eu tava inquieta. Bia foi pro quarto um pouco, Camila estava no outro quarto, pra me deixar mais “livre” e Castiel desistiu de ficar me seguindo pela casa, se sentando na bancada da cozinha, enquanto me seguia com os olhos de longe.

Mas, como toda aventura precisa de uma emoção, foi às 14h que o bicho pegou.

Eu estava voltando da cozinha com um copo de suco na mão, quando a contração veio. Tão forte, mas tão forte, que eu tremi toda, soltando o copo de uma vez e vendo ele se estilhaçar no chão. Castiel saiu do sofá em uma rapidez, vindo até onde eu tava com rapidez.

— Que que houve? — perguntou de uma vez, olhando pra mim, que me contorcia e me ajudou a sair de perto dos cacos, já que eu tava descalça.

— QUE ACONTECEU? — Bia saiu do quarto em um estrondo, correndo até a gente.

— Stefany? — Mariana veio do corredor junto com ela.

— Eu sei que tá complicado, mas não precisa quebrar minha casa. — Bia brincou comigo, falando engraçada e empurrei ela pelo ombro em uma brincadeira.

— Idiota, para com isso — disse engraçada, apesar de estar totalmente séria.

— Okay, eu vou me retirar depois de limpar isso aqui.

Eu fui tentar rir, mas, impossível.

— Ai, droga — xinguei e me apoiei na bancada. — Saco... — falei mais uma vez. — Tá doendo muito...

Camila sorriu.

— Acho que estamos entrando no trabalho de parto — disse toda calminha e doce, olhando pra mim.

— Entrando?! — Eu me exaltei, mas não muito porque doeu ainda mais aquele troço.

Fiz uma careta. E respirei fundo. Vamos lá.

15h, 16h, 17h... Eu já não tinha mais forças pra suportar aquela dor que parecia me rasgar de cima a baixo e de um lado pro outro. Eu chorava de tanta dor. Eu mandei todo mundo pastar, joguei um travesseiro na parede, enfim... eu fiz de tudo e... nada. Estava sentada bem na beirada da cama com as pernas abertas e totalmente deitada no colo de Castiel que estava sentado numa cadeira na minha frente. As contrações praticamente vinham a todo momento e a dilatação parecia não mudar em nada.

Ahhhhhhhhhhhhh, meu Deus. Eu vou ficar doida.

Senti ele acariciar minhas costas e tentei respirar, tremendo tanto a ponto de não aguentar mais meu próprio corpo.

Bia entrou no quarto, nos olhando.

— E aí, já tá saindo? — perguntou divertida e eu neguei com a cabeça, em silêncio.

Depois, chegou Camila.

— Vamos, Stefany? — me chamou pra mais um exame de toque e suspirei.

Me levantei com dificuldade, sendo ajudada por Castiel que tinha todas as expressões do mundo na cara. Ele me ajudou a chegar na porta e fomos pro banheiro. Dilatação: 8cm.

— Nossa. — Camila olhou pra mim. — Vamos agora pro hospital.

Aí que a movimentação começou. Era gente pra lá, gente pra cá. Pega isso, pega aquilo, enquanto eu continuava sentada no sofá, acompanhando aquela confusão.

— O carro tá lá embaixo — Bia anunciou depois de colocar o interfone no gancho.

Mais uma contração chegou, junto com o Uber. Segurei no sofá com força.

— Bora, então. — Escutei Castiel dizer pras pessoas no geral e veio caminhando no corredor, me encontrando ali, desolada.

Camila trazia a bolsa do Arthur e a minha mala de mão e Bia já abria a porta.

— E o moleque? — Ele me encarou sério, mas não aquele sério carrancudo dele. Só... preocupado.

E se agachou perto de mim, se apoiando nos meus joelhos.

Balancei a cabeça de maneira negativa e agarrei os ombros dele.

— Castiel.... eu não... aguento... mais... — E comecei a chorar de novo de tanta dor.

Ele levou um susto com a minha declaração e expirou com força.

— Vem — disse, puxando meu braço pelo pescoço dele.

E enfiou o braço debaixo das minhas pernas, me erguendo do sofá.

— Cas...Cas...

Eu tentei falar, mas nem tinha mais forças.

— Vamos embora. — Ele disse perto do meu ouvido, saindo da sala comigo no colo.

Encostei minha cabeça no ombro dele e apertei os braços no seu pescoço, tentando descansar. Eu nem vi quando chegamos no carro. Só fui perceber quando Castiel me colocou no banco de trás do carro, junto com Bia e Camila. Elas me olharam e tentei sorrir pra dizer que tava bem.

Ele também entrou no carro e o motorista deu a partida.

Estávamos no meio do caminho, quando uma nova contração veio e com ela...

— Ah, meu Deus! — exclamei assustada.

— O QUE FOI?! — Bia foi a primeira a se levantar do encosto, me olhando.

E Castiel se virou no banco dele, olhando pro desastre. O motorista também olhou pelo retrovisor, presenciando a maravilha no carro dele.

— Vamos ter que correr — Camila soltou a esmo.

— Cara, que... meleca... — eu soltei, olhando pra água que empoçava embaixo de mim no banco. — A bolsa estourou — declarei, batendo a testa no banco da frente.

Castiel soltou um palavrão, se virando logo. Bia se desesperou.

— Motorista, acelera, pelo amor de Deus! — Escutei a Bia dizer, olhando pra mim de segundo em segundo.

— Anda, cara, mete o pé! — Castiel também pareceu apreensivo.

Ele obedeceu. Ligando o pisca e acelerando o carro, quase me fazendo cair com tudo pra trás. Corremos pelas avenidas, ultrapassando os carros todos. Ai Jesus, que ninguém nos multe agora.

— A senhora tá bem, moça? — O motorista me perguntou depois, dirigindo rápido e desviando dos carros quase igual Velozes e Furiosos.

— Tô sim — respondi, sentindo as contrações darem uma aliviada.

— E meu carro? — Continuou o interrogatório, parecendo preocupado.

— Tá bem também. — soltei, aproveitando que a dor aliviava um pouco e ele riu. — Moço, desculpa, eu juro que eu pago uma limpeza pra isso depois.

Ele só riu.

— Esquenta com isso agora não, concentra aí — falou maior colegagem e eu abri um sorriso, respirando melhor.

Eu estava muito cansada e não me aguentava mais. A vontade era dormir pra ver se passava. Chegamos logo no hospital e Camila me ajudou a sair do carro, já acenando pra alguns dos plantonistas e pedindo uma cadeira de rodas. Bia também veio correndo, enquanto Castiel conversava com o motorista legal.

Logo um enfermeiro simpático veio com a cadeira e me sentei nela, sendo empurrada por Camila pra dentro do hospital. Olhei pra trás, vendo Bia me olhando.

— Vai dar tudo certo — disse pra mim, abrindo um sorriso incentivador.

— Vai sim — respondi, ainda fraca.

— Tô esperando o bebê — continuou. — Não demora.

E eu ri, sendo empurrada corredor adentro.

...

 

Eu entrei na sala de parto, sendo amparada pela Camila, porque minhas pernas já não tinham mais forças para se sustentarem sozinhas. E ela me sentou em uma das banquetas que tinham lá. Drª Luana veio me encontrar no meio da sala com um sorriso animador. Eu não conseguia nem rir. Mas dei um sorriso fraco, aproveitando aqueles segundos entre uma contração e outra.

— E então? — Ela se aproximou de mim — Vamos ver como está esse menino, hum? — perguntou com seu sorriso de mãe e eu concordei com um aceno de cabeça.

Camila me ajudou a me despi da cintura pra baixo, ficando com um topper e um blusão comprido e ela me analisou. Olhou pra mim com uma cara animadora.

— 10 cm, Stefany — disse, me fazendo um joinha com a mão. — Ele já está pronto. — Me indicou e eu respirei fundo. Pelo menos já estava chegando no fim. — Pelo visto a bolsa já estourou, não é mesmo? — falou mais uma vez analisando a situação.

Balancei a cabeça rápido, concordando com ela quando uma contração me pegou de supetão. Eu fechei os olhos automaticamente, agarrando a primeira mão que eu vi na frente que foi a de Camila. Comecei a arfar muito e tentei respirar fundo, enquanto fazia a tal da força. Era como se algo me rasgasse por inteira de baixo pra cima. Eu não tinha condições de raciocinar. Só queria isso acabasse logo.

— Stefany, quero que preste atenção: — Escutei drª Luana falar comigo e abri os olhos, tentando me concentrar nela — Quando a contração vir, preciso que faça força para baixo, certo? — ela me explicou e concordei. — Enquanto doer, continue fazendo força.

Mas que diacho é força pra baixo?

Concordei rápido com a cabeça, tentando seguir as instruções. E fiz toda força que podia, murmurando alto. Então escutei a porta da sala se abrir, mas nem dei confiança. Só percebi quem era quando Castiel se aproximou apressado, me olhando de maneira ansiosa. Quase destruí a mão da Camila, quase gritei, quase fiz um monte de coisa, mas nada de Arthur sair. A contração passou novamente, me deixando quase morta pra trás.

— Vamos lá, mamãe — Luana falou comigo de maneira impulsionadora, acariciando meus joelhos. — Tá quase.

Eu suspirei, começando a chorar de uma maneira que acho que nunca chorei na vida e soltei a mão da Camila, colocando as mãos no rosto.

— Eu não vou conseguir... — As lágrimas começaram a descer tanto pelo meu rosto que parecia que eu não chorava há meses. — Eu não tenho mais forças, eu...

— Ei, ei, ei, ei, ei. — Senti duas mãos segurarem meu rosto e o virar, me fazendo tirar as mãos dele e encarar aquela figura na minha frente.

Olhei pra Castiel. Pra aqueles olhos cinzentos. E pra sua expressão de preocupação no rosto. Ele estava com os cabelos semi presos como eu sempre gostei. E tentei esboçar um sorriso, apesar de não conseguir nem saber quem era eu.

— Para com isso. — Terminou a fala dele, me abraçando de repente e me assustando.

Senti aquele cheiro que tinha o cheiro de casa e consegui relaxar um pouquinho. Cerquei o pescoço dele também, afundando meu rosto no pescoço dele quando...

— Ai, droga — xinguei, agarrando na gola da jaqueta de Castiel e nem dando tempo dele se afastar de mim.

Fiz um barulho estranho, colocando toda a minha força junto com aquela dor, enquanto sentia meu corpo tremer. Castiel me amparou pela cintura, enquanto eu respirava forte no pescoço dele, soltando uns murmúrios de vez em quando. Ele segurou minha cabeça, acariciando meus cabelos. Parei de forçar, respirando fundo e fazendo ainda mais força (ou tentando).

— Ele está chegando, Stefany. — Escutei a doutora dizer. — E é muito cabeludinho. — Ri inconscientemente diante daquela afirmação e comecei a chorar de novo, curiosa pra ver o rosto do Arthur.

Percebi que Castiel moveu o rosto, tentando ver o que tava acontecendo.

Mais força, mais força e mais força, enquanto quase rasgava o couro da jaqueta do Castiel. Ele me juntou ainda mais contra ele e o apertei, quase me sufocando no pescoço dele, quando senti um movimento súbito de dentro de mim e Castiel soltou um palavrão sem querer.

A dor cessou.

E drª Luana começou a rir.

— Bem-vindo, Arthur! — ela falou de repente e só então tirei o rosto do pescoço do Castiel, olhando aquele pedacinho de gente que ela segurava nos braços.

Meu corpo todo tremia. Sentia como se um trator tivesse passado em cima de mim, dado ré e depois passado de novo. Mas quando vi aquela bolinha na minha frente, eu só conseguia chorar e rir ao mesmo tempo. Efeitos colaterais da maternidade, dizem.

— Toma, mamãe. — Ela me estendeu ele.

Soltei o pescoço de Castiel, me virando pra Luana e pegando Arthur dos braços dela. Eu dei uma risada gostosa ao olhar pra ele e virei meu rosto, vendo Castiel se levantar e se afastar com os olhos cheio de lágrimas. Eu ri um pouco mais, voltando a encarar aquele rostinho.

— Tá vendo, Arthur, você é o primeiro a conseguir fazer o papai chorar... — eu sussurrei pra ele, enquanto o arrumava no meu peito.

Fiquei observando os detalhes do rosto dele.

— Papai, venha cá — Luana pediu, fazendo Castiel dar a volta e vir ao nosso encontro.

Eu vi que ainda existia resquícios de umas possíveis lágrimas, mas fiquei em silêncio. O acompanhei com o olhar se aproximar da gente, enquanto a doutora buscava uma tesoura cirúrgica na mesa de apoio dela. E sorri pra ele, que me devolveu o riso com aquele que ele sempre fazia. Tocou o alto da minha cabeça, bagunçando meus cabelos como se eu fosse um cachorro e suspirou, se abaixando do nosso lado.

Seus olhos foram diretos em Arthur.

Olhei pra ele e depois pro nosso filho. E dei um beijinho delicado em seu rosto.

— Eu te amo — me declarei, fazendo ele me olhar e abrir um sorriso. Como aquele daquele dia. Alegre.

Ele escorregou os dedos por meu pescoço até minha nuca e mexeu em meus cabelos.

— Eu também, mocinha — disse, roubando meus lábios por alguns instantes.

Depois, começou a acariciar os cabelos de Arthur com a ponta dos dedos, enquanto olhávamos pra ele. O menino franziu as sobrancelhas, com a mesma expressão que Castiel fazia quando ficava bolado. Eu comecei a rir.

— Olha só, Castiel, seu filho já sabe te imitar direitinho — falei engraçada.

— Ora...Que palhaçada — disse divertido, mas riu, continuando o carinho no nosso filho.

Luana voltava com a tesoura e uma série de outras coisas médicas que nem faço ideia. Ela atou o cordão umbilical do Arthur e levantou a tesoura, a mostrando pro Castiel:

— Quer fazer as honras, papai? — perguntou divertida, abrindo um sorriso.

Ele olhou pra doutora e depois pra mim, meio surpreso com aquilo. As duas riram pra ele como incentivo. Então, pegou a tesoura e cortou o cordão, parecendo apreensivo à princípio.

— Bem, eu preciso terminar os procedimentos com ele, Stefany — a doutora me falou, enquanto Castiel devolvia o instrumento pra ela.

Fiz um bico.

— Já? — perguntei contrariada.

— Vai ser rápido, eu juro — completou brincalhona e eu entreguei Arthur pra ela de novo. — Se quiser vir comigo, papai — Ela olhou pra Castiel — Pode vir. Vamos medir esse meninão aqui — Se levantou com Arthur no colo.

Eu levantei a cabeça junto, rindo feito uma abestada. Que coisa, né?

O senti tocar meus lábios mais uma vez com rapidez e se levantou, seguindo a drª Luana e o Arthur pra salinha do lado.


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Notas finais do capítulo

Stelfs
AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH ~insira aqui uma palavra.
Sempre morro com essa one, meu Deus :’) Pois é, gente… Castiel e Stelfs foram os últimos a se enroscarem e os primeiros a serem papais ♥ [será porque né? ~assovia]. Enfim… pausa pra esse momento emossaum do Castiel vertendo lágrimas :3 Espero que tenham gostado! Beijão pra vocês!

Ester
Quem aí se emocionou com esse final, levanta a mão o/ Vocês não queriam uns pest.... Pequetuxos na fic? Pois agora temos xD Demos às boas vindas ao menino Arthur ~clap clap
Até quarta, meu povo, com mais desse menino que mal conhecemos e consideramos pacas o/

Bia
Ai gente :33
Essa Stelfs quebrando minha casa, onde já se viu? Kkkk
Apesar de toda a dor, foi algo muito lindo :')
Espero que tenham chorado um pouquinho! Nos vemos quarta o/



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