— Alô?— a voz feminina repetiu.

— B-Beatrice? A-amor? – gaguejou.

— Oh, desculpe. Meu nome é Gisele. Faço parte da equipe de resgate. Por um milagre esse celular está somente com a tela rachada, mas funcionando! – informou. – Vou deixá-lo com a companhia aérea e depois o senhor poderá retirá-lo.

Chorou novamente. Ligar havia sido uma péssima ideia. Agora, tinha total certeza que ela estava morta.

[x]

Mais uma semana se foi, os dias custavam a passar para Chris. Fora chamado para ir à companhia aérea buscar o único pertence encontrado de sua amada.

Assim que pegou o celular em mãos, mexeu nele e viu as fotos que tiraram juntos nos dias em que ela ficou no Rio de Janeiro. Aquilo só aumentou a dor aguda em seu peito.

Por algum motivo estranho, sentiu vontade de ler suas mensagens. Na caixa de rascunho, havia algo escrito para o contato dele, mas que não fora enviado.

[Rascunho salvo às 09:04 – 15/02/2018]

Para Chris ♥: “Oi Chris. Estou embarcando no voo agora. Queria dizer que estou com medo. Gostaria que estivesse aqui pra segurar minha mão novamente. Devido à depressão, sempre desejei a morte. Porém, agora que estou a desafiando, não quero que ela chegue. Você tem me ajudado a enfrentar essa escuridão dentro de mim, desde que te conheci. Agora, que estamos juntos oficialmente, sinto uma felicidade tão grande que há muito tempo não sentia. Sei que parece cedo pra isso, mas quero dizer que eu te amo. Obrigada por tudo que fez por mim. É bom ter no melhor amigo um namorado ❤”

— Também te amo, Bea... – sussurrou em meio às lágrimas constantes que percorriam seu rosto.

Após reler esta mensagem, provavelmente pela milésima vez, só conseguia questionar: “Por que ela não enviou? Por que não contou que estava com medo de viajar?”.

[x]

Já fazia mais de um mês que ela se fora. Estava difícil seguir a vida com todas essas incertezas e a amarga desolação. Sentado em sua mesa de trabalho, com o celular dela em suas mãos, decidiu-se.

Foi à grande janela de sua sala, escancarou-a o máximo que pôde. Apoiou-se no peitoral, em seguida abriu os braços.

— Preciso de você agora, Bea. – sussurrou. – Preciso de você!

Impulsionou seu corpo para frente, colocando a parte superior para fora. Fechou os olhos. Antes que fizesse qualquer coisa, ouviu uma voz suave chamando seu nome.

Ao olhar para trás, viu uma figura inesperada:

— Beatrice!?— expressou espantado.

Alcançando o telefone porque

Eu não consigo lutar mais

E eu me pergunto se eu já passei pela sua mente

Para mim isso acontece o tempo todo

São 1:15 da manhã

Estou completamente só e preciso de você agora

Disse que não ia ligar

Mas perdi todo o controle e preciso de você agora

E não sei como sobreviver

Eu só preciso de você agora

 

(Lady Antebellum – Need You Now)