Meu ultimo ano escrita por Sauara


Capítulo 16
Revelações


Notas iniciais do capítulo

Maior capitulo até o momento!!
Espero que gostem ♥
Deixem seus comentários ^^



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Subo as escadas em direção ao andar superior e entro no quarto, tiro meu pijama, ficando só de calcinha e sutiã, e procuro uma roupa. Acabo por escolher um vestido xadrez muito fofinho que ganhei de uma amiga antes de viajar, ele me faz lembrar dela e de como tudo isso é injusto. Quando reencontro meus antigos amigos perco os novos, quando faço novos, perco os antigos, é realmente triste não poder conviver com todos ao mesmo tempo. Mas de qualquer forma não posso me deter a isso no momento, me visto, calço uma sapatilha e pego meu celular, desço as escadas rapidamente a abro a porta.

Jack está parado próximo do caminho do jardim e está usando uma calça jeans claro e uma blusa azul escura, muito bonita, devo dizer.

— Vamos? – Ele mexe a cabeça, pedindo para que eu me aproxime.

É o que faço, saímos do meu jardim e entramos na casa dele; a estrutura física, tanto por fora como por dentro, é igual a minha, a sala de visitas perfeitamente organizada e com uma quantidade significativa de moveis chama minha atenção. Andamos até a sala de jantar, me sento a mesa, onde os pratos e copos já haviam sido postos, enquanto tendo me acomodar, ele sai, em direção a cozinha, para pegar o jantar. Pouco tempo depois Jack volta com a caixa de pizza e uma jarra de suco, fico altamente constrangida de estar jantando a sós com ele, mesmo que isso não signifique nada demais.

Coloco um pedaço de pizza no meu prato e um pouco de suco no copo, não sei se devo começar a conversa ou se ele que deve tomar a iniciativa, penso em possíveis frases para quebrar o silencio, mas não digo nada. Por fim, ele resolve o problema:

— Essa pizza é a melhor da cidade.

— Eu não conheço essa marca, a pizzaria abriu agora? – Pergunto.

— Não faz muito tempo, foi esse ano ainda. – Ele responde assim que acaba de tomar um gole do suco.

— Ah! - Respondo. - Algum dia irei comer lá, mas ultimamente só tenho ido no Kane... falando nisso, você se lembra do Charles? 

— Lembro.

— Ele foi promovido.

— Sim, eu já sabia, foi a um ano, parece que ele vai se tornar o representante local do Kane.

— Serio? – Questiono, deixando transparecer minha surpresa.

— Sim.

— Eu fico tão feliz por ele...

 

 

— Reparou que o local quase não mudou!?

— Pois é, eu fiquei surpresa deles ainda terem minha conta.

— Eles resgataram a conta de todos os clientes, pelo que sei, uma das suas amigas deu seus dados para que eles conseguissem reativar a conta.

— Uma das minhas amigas!? Nenhuma delas me falou disso.

— Não é uma informação 100% confiável, foi o que ouvi dizer.

— Ah, sim, de qualquer forma vou perguntar a elas.

— Melhor mesmo; quer mais suco?

Balanço a cabeça positivamente e ele enche meu copo.

— Mei, eu ainda não sei para onde você se mudou?

— Roma, minha mãe tinha negócios e família lá, além disso, ela sempre foi louca para que eu conhecesse o local da infância dela.

— Não sabia que você tinha família fora do país.

— Isso porque poucas pessoas sabem.

— Mas você gostou de lá?

— Com certeza, amei o país, amei as pessoas, os lugares, tudo, o bom é que fica próximo de outros países, então, nas férias eu ia com a minha mãe visitar a França e a Inglaterra. Eu esperava o ano todo por isso.

— Sua mãe deve ter ficado feliz.

— Você não imagina o quanto.

— E o seu pai? Ele já tinha ido em Roma?

— Não, ele não foi com a gente. – Digo um pouco pensativa.

Ele pondera um pouco.

— Por que não? Se eu estiver sendo inconveniente não responda.

— Tudo bem, é que meus pais se divorciaram, esse foi o motivo de termos ido embora, ela me contou que um homem sempre dava em cima dela, meu pai achava que eles tinham um caso, mas na verdade, minha mãe odiava esse homem. Ela ficou revoltada pelo meu pai ter duvidado dela, uma vez esse homem tentou agarra-la na frente do meu pai. Ele ficou louco e tentou agredir o homem, minha mãe não fez nada, não defendeu nem um nem o outro, depois disso, a relação dos meus pais voltou a ser como antes, até minha mãe descobrir que estava sendo traída. Ela não suportou e pediu o divórcio, na época eu não sabia muito bem os motivos, agora eu entendo totalmente a posição dela.

— Ah! Sinto muito. – Ele diz, se comovendo com a situação.

— Não sinta, eu fiquei feliz com isso, minha mãe se libertou, agora ela pode estudar, trabalhar e se divertir, coisas que não fazia antes.  

— Realmente, ainda bem que ela teve coragem.

— Pois é, nunca vi minha mãe tão feliz como ela está agora, foi difícil no começo, mas agora estamos bem melhor.

— Que bom, fico feliz que você esteja bem.

Acho que fiquei corada, é realmente muito estranho receber toda essa gentileza, chega assusta, não sei se vou conseguir me acostumar com isso.

— Obrigada por se importar.

— De nada.

— Mas e quanto a você?

— Eu? Ah! Nada de mais, não saí da cidade, continuei na mesma escola até o ano passado, meus pais ficaram sabendo de uma escola nova...

— Academia de ciências? – Pergunto, interrompendo-o.

— Isso, eles me obrigaram a fazer o teste, acabei encontrando com a Melanie lá.

— Ela conhece você?

— Creio que não, mas eu a conheço, por sua causa, vocês sempre estavam juntas no intervalo.

— Verdade, éramos inseparáveis.

— Era ela que você ia encontrar naquele dia, não é?

— No dia do trem? Sim, eu estava indo pra casa dela, mas, você não disse se passou no teste.

— Sim, eu passei.

— Vamos estudar juntos então.

— Você vai para a AC também?

— Vou, minha mãe queria que eu pelo menos tentasse, como eu passei acabei sendo transferida.

— Entendi. – Ele diz sorrindo.

Meu prato já havia se esvaziado a uns minutos, o dele também, mas isso não impediu a nossa conversa de continuar.

— Enfim, eu continuei na escola, participei de olimpíadas e agora tenho o título de campeão nacional da olimpíada de matemática.

— Uau. – Deixo escapar um símbolo do meu encanto.

— Não é tão incrível, isso significa que eu tenho que participar de novo esse ano e é tão cansativo. – Ele faz uma pausa e olha pra mim, seriamente. – Nessa época eu mudei de turma, para uma sala que ficava ao lado da sala das suas amigas, tiveram muitos problemas envolvendo uma garota...

— Katarina? – Pergunto, mesmo já sabendo a resposta.

— Isso, ela é amiga da minha namorada...

— Você namora? – Pergunto de novo, mecanicamente, eu não esperava por isso, acabei por ficar perplexa.

— Sim, faz mais de um ano. – Ele continua tranquilamente. - A princípio eu não tinha problemas com essa amiga dela, mas Jen me falou que Katarina estava tentando leva-la para um lado ruim.

— Jen... – Eu repito, tentando assimilar a nova realidade, não sei porque, mas me sinto meio mal, eu não esperava sentir nada por ele. Achei que tinha superado, mas claramente não superei, e agora? Eu não posso depois de tanto tempo ainda sentir algo por ele, mas sei que sinto, por que só agora eu descobri isso? E o pior é que mesmo sabendo que gosto dele, não posso demonstrar nada, ele namora, com uma louca, mas, mesmo assim, namora. – Eu a conheço.

— Conhece?

— Ela estava no parque com a Katarina. – Digo sem demonstrar emoção.

— Pois é, fiz de tudo para que ela se afastasse dela, mas Jen diz que quer trazer Katarina para um lado bom, quer fazer dela uma pessoa melhor e eu acho isso muito incrível. – Incrível mesmo é a capacidade que você tem de não perceber quem ela é, desculpa, sei que não a conheço, mas confio na Melanie, mais do que confio nesse novo Jack e se ela me diz que Jennifer não é confiável é porque ela não é. O que ele diz não muda minha opinião.

— Eu não sei nada a respeito do que aconteceu com Katarina, as meninas não me contaram. -  Falo, sedenta por mais informação.

— Se não contaram é porque é melhor você não saber, são elas quem tem que dizer alguma coisa, não vou me meter.

— Eu entendo, você sabe quem é Chad?

— Sei, ele estava comigo ontem no parque, por que?

Aaaah! Tudo faz sentido, eu tinha esquecido que Jack estava lá, ele foi sair com o seu amigo que por acaso é namorado da minha ex-amiga que está sendo influenciada pela sua namora atual, que mente sobre ser alguém que não é. Finalmente o quebra-cabeças está sendo montado, mas ainda me falta conhecer algumas peças.

— Por nada, Melanie me disse que ele namora com Katarina.

— É, infelizmente, eu realmente não a suporto, sei que é sua amiga, mas ela fez a Jen fazer muitas coisas erradas.

— Ela não é mais minha amiga.

— Bom pra você então.

— Jen também vai para a AC? – Pergunto, fingindo interesse, realmente não entendo como ele pode defende-la dessa forma, me dói muito.

— Não, ela não fez o teste e não sabia que eu ia, se ela soubesse provavelmente teria feito. – Ele sorri. – Você também está em um relacionamento?

— No momento não, eu namorava antes de vir pra cá, mas como namoro a distância não ia dar certo eu terminei uns dias antes de viajar. – Resumo, afinal, ele não precisa saber que eu estava sendo traída.

— É compreensível, pelo menos evita inconvenientes e desconfiança.

— Exatamente.

— Durou muito tempo?

— Acredito que um ano ou um ano e alguns meses, os períodos em que demos um tempo contam?

— Hm... nessa classificação sim.

— Então foram quase dois anos.

— Bastante tempo, ele era italiano?

— Não, Antony era inglês, mas morava na Itália, frequentávamos a mesma escola, ele era um ano mais velho.

— No meu caso foi totalmente aleatório, conheci Jen em uma lanchonete, ela chamou minha atenção pelas roupas e depois pelo pedido, era sempre café, só café. Por muito tempo ela manteve esse pedido, um dia acabou sentando do meu lado e mudou seu pedido, começamos a conversar por causa disso.

— Que fofo. – Falo, mesmo que por dentro eu esteja morrendo. – Jack, foi realmente maravilhoso rever você, obrigada por me convidar pra jantar, me poupou tempo e dinheiro, além disso, conversar com você de novo foi muito bom, mas...

— Você tem que ir, não é!?

— Tenho, já está tarde e ainda tenho que arrumar algumas coisas. – Não deixa de ser verdade, mas, preciso de um tempo para organizar os meus pensamentos e tentar desembaraçar meus sentimentos.

— Eu entendo.

— Quer ajuda pra lavar as coisas? – Pergunto me levantando da cadeira.

— Não, você é convidada e convidados não lavam a louça. 

— Não custa nada ajudar. – Insisto.

Ele arqueou a sobrancelha e inclinou a cabeça.

— Tá bom. – Digo. – Já estou indo, boa noite.

— Boa noite.

Saio da casa dele e entro na minha, vou até o meu quarto e volto a vestir meu pijama, me sento na cama, pensativa. Será que meu subconsciente esperava poder reencontrá-lo e desenvolver alguma com ele? Será que durante esse tempo eu alimentei uma situação impossível? Continuo arrumando a estante enquanto penso sobre isso, o fato é: Jack me atrai, sempre me atraiu, mas só percebi agora, porque, infelizmente, tentei enganar a mim mesma. Mas a forma como me sinto confortável e segura perto dele é indiscutível, queria ter essa sensação sempre.

Meu celular vibra em cima da cama assim que termino de organizar todos os livros na estante, era uma ligação da minha mãe, atendo e após um tempo, o que acho ter sido uma meia hora, terminamos de conversar. São nove horas...

— Eu deveria mandar uma mensagem pra Melanie... – Digo baixinho para mim mesma.

Entro no nosso grupo e mando uma mensagem perguntando quando seria nosso próximo encontro, Faith responde primeiro, ela pergunta se não podemos sair amanhã pela manhã.

— Ah não, eu tenho médico as 8. – Melanie refuta.

— Pode ser a tarde? Também tenho compromisso de manhã. – Jay fala, entrando na conversa.

— Estou livre o dia todo, e você, Mei? – Faith me pergunta.

— Também, tudo o que eu tenho que fazer é terminar de arrumar algumas coisas. – Digo, essa frase parece ter sido proferida por mim umas mil vezes desde que cheguei.

— Tenho que ir no centro com a minha prima à tarde :/  – Jay continua.

— Hm, quem tá livre à noite? – Faith questiona.

— Eu to livre a partir do meio dia - Melanie escreve e em seguida envia um coração roxo.

Jay envia um áudio:

— Pra mim fica ótimo a noite, se vocês puderem, perfeito, a gente combina um ponto de encontro e depois vamos pra algum lugar.

— E a noite do pijama? – Pergunto, mudando o foco da conversa.

— Ainda temos duas semanas até o início das aulas, vamos deixar pra marcar mais pra lá. – Faith responde. – Inclusive, pode ser aqui em casa, é o mesmo endereço, Mei.

— Duas semanas não, minhas aulas já começam na próxima quarta. – Jay se opôs.

— Serio? Então vamos marcar pra segunda, eu estou livre. – Melanie continua.

— Pra mim, dá certo. – Jay concorda.  

— Pra mim também. – Faith se alia as outras meninas.

— Posso também. – Digo ao final.

— Então tá combinado, amanha a noite, mais ou menos umas seis horas vamos nos encontrar no parque perto da casa da Mei e de lá vamos para o shopping ou para o clube do meu pai. – Faith termina a discussão.

— Adorei ♥ – Melanie diz

— E por fim, próxima segunda na minha casa. – Faith conclui. -  Combinado?

— Combinado. -Respondo.

— Siiiim!! – Melanie responde

— Perfeito. - Jay se pronuncia

Conversamos mais um pouco, sobre outras coisas, não menciono o Jack em nenhum momento, nem mesmo falo sobre Jennifer ou Katarina, deixo a conversa fluir naturalmente. Depois de um bate papo consideravelmente demorado decido terminar de arrumar todas as coisas do meu quarto, não me dei conta da hora até perceber que tinha que colocar o celular pra carregar. Quase meia noite, estou cansada? Sim, com sono? Sim, mas pelo menos consegui finalizar um dos cômodos, amanhã tentarei ser bem mais rápida, preciso concluir isso logo.

Tomo banho e me deito para dormir, a cama parece mais confortável hoje que nos outros dias e a posição que encontrei está perfeita, não vou ousar me mexer. Acordo no outro dia, 10:29, o sol faz presença com sua forte luminosidade, levanto, vou no banheiro, tomo café da manhã: suco de caixinha e biscoito. Logo após já começo a arrumar a sala, antes do almoço consigo concluir tudo, vou ao Kane e peço um dos pratos mais elaborados: arroz, peixe com gergelim, salada verde, cebola frita, batata redonda frita, coentro e um pedaço de queijo quente. Como sempre o almoço estava perfeito, peço um suco natural de laranja quando a comida chega e saboreio. Volto para casa, arrumo a cozinha, depois coloco todas as caixas de papelão, uma dentro da outra, na frente de casa para que o caminhão de lixo possa pegar.

As três da tarde já tenho organizado toda a casa, faltando apenas comprar os itens extras, mas isso eu posso resolver depois. Me deito novamente e quando acordo já são seis horas:

— Droga! – Digo, me levantando apressadamente.

Eu já devia estar lá, me visto as presas, um short jeans claro, blusa colorida, sapato preto e a bolsa pequena, deixo o cabelo solto, mas para dar um toque diferente, coloco um laço vermelho pequeno. Faço minha maquiagem, pego o celular e saio de casa, o clima estava frio, mas de uma forma agradável, nada que me fizesse bater os dentes, além disso, o sol já havia sumido, restando apenas a luz dos postes. No meio do caminho, quando estou virando a esquina, próximo a uma loja, vejo um carro vermelho estacionado e um cara dentro. Ele está conversando com alguém, de forma bem íntima, por algum motivo, intuição talvez, aquilo me parece suspeito, paro e fico na esquina, por trás da parede, observando, e é nessa hora que uma garota desce do carro, a reconheço imediatamente: Jennifer.


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