Recomeço escrita por darling violetta


Capítulo 11
A Luz, parte II


Notas iniciais do capítulo

“Não há despertar de consciências sem dor. As pessoas farão de tudo, chegando ao limite do absurdo, para evitar enfrentar a própria alma. Ninguém se torna iluminado por imaginar figuras de luz, mas sim por tornar consciente a escuridão.” Carl Jung



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Como que por mágica, uma porta destrancada estava no fim do corredor, em um lugar que não existia antes. Os dois foram até ela, e logo se encontravam do lado de fora. Diana em seu estado era difícil de correr, no entanto, Bruce não a deixaria para trás também. Agarrou-se à sua mão com força, e percorreram o caminho até estarem fora dos domínios de Arkham.

            Fora dos muros, uma caminhonete antiga os esperava. Wally, atento no exterior do veiculo, apertou as chaves em suas mãos quando viu os amigos.

            ─Cadê a Shay? ─Indagou quando Diana e Bruce se aproximaram mais. O casal parou e trocou um olhar culpado.

            ─Nós sentimos muito, Wally. ─Diana se desculpou. ─Ela quis ficar para dar-nos tempo de sair.

            ─E vocês deixaram minha esposa para trás? Preciso voltar e buscá-la.

            Bruce segurou-lhe o braço. Ao longe, eles viam os seguranças correndo como loucos na direção deles.

            ─Sinto muito por isso, mas não temos muito mais tempo.

            O ruivo relutou ainda alguns instantes. Ele não queria ir, contudo, se ficassem, todo o esforço que fizeram até aquele momento seria em vão. Assim, com um enorme peso no coração, ele assentiu. Bruce ajudou Diana a entrar no banco do carona, enquanto Wally entrou no lado do motorista. Eles já ouviam as vozes alteradas dos seguranças há menos de cem metros deles, ainda assim, Bruce parou e olhou ao redor.

            As paisagens ao redor pareciam morrer. As árvores estavam secas, não haviam flores e o céu tinha um tom escuro, no lugar aonde instantes antes havia alguma luz do sol e plantas sadias. Aquela realidade se deteriorava, ele logo percebeu. Seu tempo se esgotava, tanto naquele mundo como no outro.

            Acordou de seus devaneios com os gritos desesperados de Diana, implorando para que ele entrasse no carro. Bruce olhou de volta e via os seguranças cada vez mais perto. Ele pulou na parte de trás da caminhonete e partiram em toda velocidade. Os seguranças apontaram suas armas, e atiraram, enquanto eles se afastavam mais e mais.

*****

            Wally dirigiu pelo que pareceram horas. Para Bruce, era como se tivessem rodado pela mesma parte da cidade inúmeras vezes. Ou eles andavam em círculos, ou esta realidade era bem menor do que imaginava. Quando finalmente estacionaram, eles estavam na frente de um grande armazém. O local lhe era familiar.

            Atravessaram as portas corroídas e se trancaram no interior. Bruce deu uma boa olhada no lugar. Era o mesmo galpão onde seus inimigos armaram uma cilada contra ele. Aquele então era o marco zero. O lugar onde tudo começou. Existia um motivo para estarem ali. Deveria ter.

            ─Por que nos trouxe aqui? ─Bruce questionou, já desconfiado.

            ─Ei, eu só estou tentando ajudar... ─Ergueu as mãos. Eles então ouviram um barulho do lado de fora. ─Deve ser a Shay. Ela sabia onde encontrar a gente.

            O rapaz caminhou na direção da porta, porém Bruce o deteve. Colocou-se na frente dele, ainda preso na camisa de força.

            ─Não é ela.

            ─Como sabe?

            ─Ela jamais chegaria aqui tão depressa sem um veículo qualquer. Alguma coisa quer que você saia. Você e Diana são meus únicos aliados nesta realidade, se forem embora, eu perco.

            Como que para abalar as estruturas, o barulho novamente se fez presente, em seguida, a voz feminina chamando-os pelo nome. Wally jurava que era Shayera e correu para fora, mesmo sob os protestos de Bruce. Dois de seus aliados caíram. Agora, só lhe restava Diana. Bruce encarou a mulher. Ele nunca esteve tão perdido antes. Ela era seu único porto seguro.

            ─Por favor... ─Suplicou. ─Não me abandone.

            Diana correu até ele e o abraçou.

            ─Jamais o abandonaria, Bruce. Eu amo você.

            ─Também te amo.

*****

            Depois de uma eternidade, Diana conseguiu livrar Bruce da camisa de força. Ele esticou os braços, sentindo-os depois de dias preso. Os dois ainda estavam sozinhos e presos no galpão. Bruce não se atrevia a ir para fora, muito menos desejava que Diana o fizesse. Seja o que fosse, o galpão era o ultimo lugar seguro.

            ─Ele não vai voltar. ─Diana disse, se referindo ao amigo.

            ─Nunca pensei que ele voltaria. Meu tempo está se esgotando.

            Diana o encarou com o cenho franzido.

            ─O que quer dizer?

            ─Olhe.

            Mesmo que não se atrevesse a sair, atreveu-se a olhar por uma fresta. Indicou à mulher para se aproximar e ela o fez. Diana se abaixou e mesmo sem entender, obedeceu. Olhou e olhou, mas seus olhos não percebiam nada diferente. Havia um vazio disforme do outro lado. Tudo escuro, afinal a noite deveria estar avançada. Voltou a fitar o marido, com uma expressão questionadora.

            ─Não vejo nada, Bruce.

            ─Nem eu. Não há nada além dos limites deste galpão. Se sair, vai deixar de existir também. Quando não me restar mais nada, eu também desapareço.

            ─Isso não pode! O que vamos fazer?

            ─Eu estive pensando, e... isto é apenas um sonho. Um longo sonho do qual não consigo acordar naturalmente. ─Fez uma pausa. ─Mas talvez eu possa forçar meu corpo a acordar.

            ─Seja o que for, não me parece nada bom.

            O desespero de Diana só aumentava. Ele, contudo, parecia até calmo. Suas forças se esgotavam, e Bruce não conseguia pensar em mais nada. Mesmo com sua incrível mentalidade, naquele mundo era mais difícil de se concentrar. E, cansado como se encontrava, estava a ponto de desistir. Saindo ou não, aceitava seu destino. Mas ainda lhe restava uma cartada.

            Bruce caminhou um pouco, se afastando alguns metros. Voltou pouco depois, carregando um punhal velho e enferrujado. Talvez estivesse lá apenas para ele encontrar, ou talvez o objeto pertenceu a uma de suas fantasias, esquecido no fim.

            ─Encontrei isto enquanto examinava o local. Vai servir...

Os olhos de Diana aumentaram.

            ─Espera, Bruce. O que você vai fazer?

            ─Quando se morre em um sonho, você acorda. Se isto for um sonho, eu devo acordar no mundo real. É minha única chance de sobreviver.

            ─Tá, mas e se este for o mundo real?

            Ele parou por um momento, pensando. Valeria a pena? Na outra realidade, sua vida estava em risco, e agora, era um procurado nesta realidade também. De qualquer maneira, era um perseguido correndo risco de morrer, em ambas as realidades. Então, suas escolhas eram basicamente as mesmas. No entanto, sabia que não poderia ficar parado apenas esperando um resultado se manifestar. Ele sabia que nenhum resultado seria bom.

Apontou o punhal na direção do estômago, e lançou um olhar de adeus à Diana.

            ─Então é bom você chamar a emergência. Eu te amo...

            Diana gritou, e estendeu a mão, contudo era tarde. A dor atingiu seu estomago quando a lâmina fria cravou em sua pele. Ele caiu, sentindo a dor aguda. Diana se abaixou até ele, contudo, era tarde demais. A última coisa que Bruce ouviu foi o grito desesperado de Diana, antes do mundo ficar escuro.


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Notas finais do capítulo

Sim, isso foi meio baseado no Djin, em Supernatural. Qualquer semelhança não é mera coincidência. Ah, essa história está no fim, só mais um capítulo e um epílogo. Eu bem que queria escrever mais, só que achei que este era o essencial.
Gratidão e até a próxima!



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