As Redfield: O Leão, A Feiticeira e O Guarda-Roupa escrita por LadyAristana


Capítulo 8
Capítulo 8




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Uma vez que entraram no dique dos castores, as meninas se prontificaram em ajudar a colocar a mesa, deixando a Sra. Castor completamente encantada.

Foram servidos bolo, torradas, geleia, manteiga, chá e a Sra. Castor continuava trabalhando para fazer ainda mais gostosuras.

— Não há nada a fazer para ajudar Tumnus? – Pedro perguntou enquanto Susana trazia o bule de chá e Sofia o leite quente antes de se sentarem lado a lado.

— Foi levado para a casa da Feiticeira, e você sabe o que dizem: poucos são os que passam pelo portão e voltam de lá. – o Sr. Castor respondeu em um tom grave.

— Peixe com batatas? – ofereceu a Sra. Castor em um tom animado dispondo à mesa uma travessa do típico prato britânico numa tentativa de aliviar o clima pesado diante das carinhas tristonhas de Clarissa e Lúcia e colocando uma pata no ombro da Pevensie numa tentativa de conforto. – Mas há esperança, queridas! Esperança?

Diante do olhar incisivo e da cutucada que levou da esposa, o Sr. Castor cuspiu a cerveja que tinha na boca de volta na caneca antes de declarar muito mais animado:

— Ah sim! Muito mais esperança! – e se aproximou como se fosse contar um segredo. – Aslam está a caminho!

Aí aconteceu uma coisa muito engraçada: quando o castor falou o nome de Aslam, cada um deles se sentiu de uma maneira diferente.

Era como se o significado do nome reverberasse nos ossos de cada um à sua maneira, pois é assim que o poder de Aslam trabalha: de forma individual e íntima, porque Ele conhece o mais profundo do coração de cada um.

Lúcia sentiu toda a animação e esperança de quem acorda na primeira manhã de férias.

Clarissa sentiu um calor seguro muito similar à sensação de um abraço de mãe.

Pedro se sentiu cheio de coragem, pronto pra fazer o que fosse necessário para ajudar quem precisasse.

Susana se sentiu como se uma linda aria musical pairasse pelo ar ou como se um aroma maravilhoso tomasse o ambiente.

Sofia sentiu uma enorme certeza de que tudo daria certo e que eram capazes de trabalhar para que isso acontecesse.

Já Edmundo sentiu algo misterioso e horrível do qual não gostou nada, e fez questão de interromper aquele momento quase mágico ao se aproximar e perguntar:

— Quem é Aslam?

O Sr. Castor explodiu em uma alta gargalhada como se o menino tivesse contado a mais engraçada das piadas.

— “Quem é Aslam?” Ele é muito engraçado! – ria-se o castor até receber outra cutucada da esposa, pois mais ninguém estava achando graça. – Que foi? Vocês não sabem, não é?

— Bom, não estamos aqui há muito tempo. – respondeu Pedro,

— Ele é só o Senhor dos Bosques. O maioral. O Verdadeiro Rei de Nárnia! – explicou o Sr. Castor muito animado.

— Ele está fora há algum tempo. – disse a Sra. Castor.

— Mas ele voltou! – continuou o Sr. Castor cada vez mais animado. – E aguarda vocês na Mesa de Pedra?

— Oi? – perguntou Clarissa totalmente confusa.

— Ele nos aguarda? – repetiu Lúcia também sem entender nadinha.

— Só pode ser brincadeira! Eles nem conhecem a profecia! – Sr. Castor falou para a Sra. Castor sem acreditar.

— Bem, então... – a Sra. Castor incentivou.

— Escutem: o retorno de Aslam, a prisão de Tumnus, a polícia secreta... – enumerou o Sr. Castor. – Está acontecendo por causa de vocês!

— M-mas não fizemos absolutamente nada! – protestou Sofia.

— Está nos culpando? – perguntou Susana totalmente chocada.

— Não! Culpando não! – Sra. Castor apressou-se em dizer. – Agradecendo.

— Existe uma profecia. – falou o Sr. Castor antes de recitar o seguinte:

Quando a carne de Adão

Quando o osso de Adão

Em Cair Paravel no trono sentar

Então há de chegar ao fim a aflição

E quando o fim da aflição chegar

O tempo das Filhas de Eva virá

De com sabedoria e coragem guiar

Os quatro que irão governar

— Essa rima não é muito boa. – falou Susana.

— Eu sei que não é boa, mas... Será que não percebem? – perguntou o Sr. Castor totalmente indignado.

A Sra. Castor, sabendo que o marido não era muito paciente, tomou a dianteira:

— Há muito tempo foi previsto que dois Filhos de Adão e quatro Filhas de Eva derrotariam a Feiticeira Branca e trariam paz a Nárnia.

Pedro, Susana e Sofia se entreolharam assustados.

— E vocês acham que somos nós? – Pedro perguntou assustado.

— É melhor que sejam! Aslam já preparou o exército de vocês! – exclamou o Sr. Castor.

— Nosso exército?! – Lúcia repetiu de novo entendendo cada vez menos aquela história toda.

— Tipo um exército inteirinho? – os olhos de Clarissa brilharam.

— Mamãe nos deixou para não nos envolvermos numa guerra! – Susana apelou para o irmão mais velho.

— Acho que vocês se enganaram. Não somos heróis! – falou Pedro assustado.

— Somos de Finchley! – disse Susana como se aquilo explicasse muita coisa.

Os castores se entreolharam confusos.

— Escutem... Obrigada pela hospitalidade, mas nós temos mesmo que ir! – continuou a Pevensie mais velha se levantando.

— Mas não podem sair assim! – argumentou o Sr. Castor.

— Ele tem razão! – Lúcia falou finalmente entendendo alguma coisa naquela conversa sem pé nem cabeça. – Temos que ajudar o Sr. Tumnus!

— Não podemos fazer nada! – retrucou Pedro.

— Exatamente! Não podemos simplesmente ficar parados fazendo nada! – exclamou Clarissa e olhou para a irmã. – Diga a ele, Sofia!

— Clare, o que eu mais quero fazer é ajudar o Sr. Tumnus, mas isso tudo soa muito perigoso. – Sofia ergueu os olhos para a irmã e eles estavam cheios de lágrimas. – Já perdi a mamãe e o papai. Não posso perder você também. Somos crianças, não generais.

— Desculpem, mas está na hora de irmos pra casa. Ed! – declarou Pedro e virou para chamar o irmão. – Ed?

Acontece que Edmundo não estava lá e a porta do dique estava entreaberta.

— Oh! Ele finalmente fez o truque de mágica pelo qual desejei o tempo todo e sumiu! – Clarissa cochichou com Sofia.

— Ora, shiu! – ralhou Sofia contendo uma risadinha da qual se arrependeria.

— Eu mato ele! – Pedro ameaçou furioso.

— Talvez não precise. – falou o Sr. Castor em um tom sombrio. – O Edmundo já esteve em Nárnia antes.

— Como você sabe? – Lúcia perguntou intrigada.

— O olhar dele... Tinha jeito de quem já provou dos manjares encantados da feiticeira. – ele respondeu. – Certamente foi atrás dela.

— Na casa dela? – Clarissa inquiriu e o Sr. Castor acenou positivamente. Ela se virou para os outros. – É, acho que a gente vai ter que largar o Edmundo aqui, já que quem entra lá não sai.

— Eu falei pra gente voltar! – disse Susana com um gemido de frustração.

— Era o que eu estava prestes a fazer! – devolveu Pedro.

— Ei! Ei! Calma! – falou Sofia se levantando. – Alguém acha que sabe a hora que o Edmundo saiu? Talvez dê pra alcançá-lo.

— Eu acho que depois que falamos de Aslam porque ele não falou mais nada depois disso. – falou Lúcia, a testa franzida de concentração.

— Ele provavelmente não vai querer voltar, mas eu me ofereço pra nocauteá-lo se precisar! – exclamou Clarissa erguendo a mão.

— Clarissa, fique quieta! – ralhou Sofia. Ela podia não gostar muito de Edmundo, mas respeitava a dor dos outros três.

— Talvez consigamos alcançar o Edmundo se formos bem rápido! – exclamou o Sr. Castor já indo em direção à porta. – Eu mostro o caminho!

— Vamos! – assentiu Pedro.

— Vocês vêm, Sofia? – perguntou Susana se enfiando em seu casaco.

— Vamos Clare! – Sofia chamou jogando o casaco na irmã e saindo com o seu ainda meio colocado.

— Esse casaco é do Edmundo! Eca! – Clarissa jogou o casaco longe e fechou a fila de gente saindo porque pegou o próprio casaco e foi vestindo enquanto corria atrás dos outros.

— Rápido! – chamava Pedro para as meninas que vinham mais atrás.

Já estava escuro lá fora e incrivelmente mais frio, e era difícil seguir o senhor Castor pela subida na neve.

Chegaram ao topo da colina esbaforidos e bem a tempo de ver Edmundo prestes a passar pelas portas do palácio de gelo da Feiticeira.

Em um impulso diante do estarrecimento dos mais velhos, que encaravam a beleza aterradora e fria do castelo, Lúcia berrou a plenos pulmões:

— EDMUNDO!

— Shh! Vão ouvir você! – ralhou o Sr. Castor meio sussurrando.

Após o choque inicial, determinado em trazer o irmão de volta, Pedro voltou a correr em direção ao palácio e Sofia teria ido atrás se não tivesse que amparar Clarissa, que respirava com dificuldade e tossia um pouco após a corrida morro acima. Felizmente, o Sr. Castor conseguiu alcançá-lo com um sonoro e preocupado:

— Não!

— Me larga! – esbravejou Pedro empurrando o castor para longe.

— Está fazendo o que ela quer! – Sr. Castor contra-argumentou.

— Não podemos deixá-lo entrar! – protestou Susana com um fundo de choro na voz.

— É o nosso irmão! – acrescentou Lúcia que já havia perdoado Edmundo simplesmente porque não queria perdê-lo como perdera o Sr. Tumnus.

— Ele é isca! A Feiticeira quer vocês seis! – falou o Sr. Castor ainda em um tom dividido entre a bronca e o pânico.

— Pra quê? – perguntou Pedro querendo nada mais que ir arrastar Edmundo de volta pela gola da camisa.

— Para impedir que a profecia se realize! – exclamou o Sr. Castor e algo clicou na cabeça de Sofia, que terminou a frase por ele em um murmúrio que todos ouviram muito bem:

— Ela quer nos matar. É o único jeito não é? – a menina olhou para o Sr. Castor e então para cada um dos Pevensie. Todos pareciam mortalmente chocados e Clarissa abraçou a irmã sentindo um arrepio amedrontado passar por seu corpo. – Se ela quisesse matar só o Edmundo, teria feito isso quando o viu pela primeira vez. E então ele falou de nós...

— Então foi aquele boca aberta quem delatou o Sr. Tumnus! – Clarissa exclamou furiosa, seu fôlego e sua coragem voltando. – Eu deveria ter-lhe metido a mão na fuça quando tive a chance!

Mais adiante, no castelo, os portões fecharam-se às costas de Edmundo e Susana lançou ao irmão mais velho um olhar mortal:

— Isso é tudo culpa sua. – ela acusou dando um passo a frente.

— Minha culpa?! – Pedro protestou indignado.

— PRA COMEÇAR NADA DISSO TERIA ACONTECIDO SE TIVESSE ME ESCUTADO! – Susana gritou, cada vez mais farta daquele lugar.

— Ah e você sabia o que ia acontecer? – o rapaz respondeu com sarcasmo evidente.

— Eu não sabia o que ia acontecer! – respondeu Susana em um tom mais calmo antes de voltar a gritar. – NÓS DEVÍAMOS TER SAÍDO ENQUANTO PODÍAMOS!

— PAREM! – Lúcia gritou também chamando a atenção de todos. – Isso não vai ajudar o Edmundo.

— E não sabemos se o Edmundo simplesmente não teria resolvido ir sozinho se tivéssemos saído. E então, ninguém saberia onde ele está e ninguém poderia fazer nada para ajudá-lo. – acrescentou Sofia em apoio à pequena.

— Edmundo foi porque ele quis. – Clarissa cruzou os braços.

— Elas têm razão. – concordou o Sr. Castor em um tom mais solidário. – Só Aslam pode ajudar seu irmão agora.

— Nos leve até ele. – disse Pedro, os ombros caídos e a expressão derrotada.

— Devemos nos apressar. Não vai demorar nadinha antes que a Polícia Secreta venha atrás da gente. – falou o Sr. Castor começando a guiá-los de volta para o dique, colina abaixo.

— É claro que ele vai dar com a língua nos dentes! – Clarissa bufou acompanhando e choramingou alto quando voltaram a correr.

Ao menos descer era mais fácil, mesmo assim, Clarissa detestava correr.

Dessa vez, Sofia liderava a fila junto com Pedro, Susana ficou no meio com uma careta azeda e Lúcia ficou mais atrás junto com Clarissa.

— Você e Clarissa provavelmente vão querer voltar, então tenham cuidado tá? – falou Pedro um pouco sem fôlego enquanto corriam. – Acha que consegue cobrir pra nós com o professor enquanto tentamos resgatar o Ed?

— Eu estava atrás de uma desculpa para ir até Aslam e tentar resolver o problema do Sr. Tumnus, então acho que o professor vai ter que ficar se perguntando onde fomos parar. – Sofia respondeu no mesmo tom. – E é melhor eu estar por aqui pra impedir que você e Susana acabem se matando.

— Tem certeza? – o rapaz perguntou com um pequeno sorriso triste.

Sofia abriu a boca para responder, mas todos pararam derrapando na neve quando ouviram um alto uivo atrás deles. Então, em vez da resposta, o que saiu faz:

— Questione menos e corra mais!

Com a perspectiva dos lobos da feiticeira em seus calcanhares, até mesmo Clarissa conseguiu se superar e passar na frente de Susana, puxando Lúcia consigo e todos chegaram ao dique em tempo recorde com o Sr. Castor quase derrubando a porta ao abri-la.

— Rápido, mãe! Estão atrás de nós!

— Oh! Está bem! – exclamou a Sra. Castor andando com suas patas espalmadas em direção às prateleiras da cozinha.

— O quê ela está fazendo? – perguntou Pedro de olhos arregalados enquanto o Sr. Castor respondia com um menear de cabeça frustrado. Precisavam sair dali o quanto antes.

— Vão me agradecer mais tarde! – exclamou a Sra. Castor voltando cheia de pacotes nos braços. Susana e Sofia não perderam tempo em ir ajudar. – É uma longa viagem e o Castor fica de mau humor quando tem fome!

— Eu já estou! – exclamou o Sr. Castor, não deixando muito claro se estava de mau humor ou se estava com fome. Provavelmente ambos.

— Levamos o casaco do Edmundo? – Lúcia perguntou recolhendo o casaco do irmão.

— Eu não vou carregar! Eca! – Clarissa fez careta ao manifestar-se.

— Os lobos provavelmente já sabem o cheiro do Edmundo. Se levarmos o casaco conosco, vão nos achar mais rápido. – respondeu Sofia cortando pães e passando para Susana colocar fatias de presunto e queijo ou mortadela dentro, que os passava para a Sra. Castor embrulhar e enfiar em pequenas sacolas de pano junto com cantis de água e uma ou duas maçãs.

— Vamos precisar de geleia? – Susana questionou ajudando a Sra. Castor a embrulhar os últimos sanduíches.

— Só se a feiticeira servir torradas! – Pedro respondeu impaciente.

Susana estava prestes a ralhar com o irmão quando ouviram latidos e rosnados lá fora.

Sofia bufou e enfiou o pote de geleia na sacola que tinha mais espaço, entregando as menores para Lúcia e Clarissa e empurrando a mais pesada no peito de Pedro.

— Para onde agora, Sr. Castor? – ela perguntou amarrando a própria sacola nas costas por baixo do casaco como uma mochila enquanto os outros faziam o mesmo.

O Sr. Castor os guiou para uma porta que mais cedo haviam tomado por um armário enquanto os lobos começavam a cavocar o dique.

A porta se abriu para revelar uma corda de escalar pendurada no teto que descia por um buraco no chão.

— Genial. – Clarissa sorriu de canto sendo a primeira a se pendurar na corda com as mãos sob as mangas do casaco e escorregar até lá embaixo.

Depois dela, quem desceu foi Lúcia, então a Sra. Castor, Susana, Sofia, Pedro e o Sr. Castor fechou a porta atrás deles. Por alguns segundos ficaram no escuro até a Sra. Castor entregar para Sofia e Susana lamparinas e para Lúcia e Clarissa tocos de vela em suportes.

A respiração de Sofia se tornou errática quando Pedro e o Sr. Castor acenderam tochas.

Fogo em lugares fechados: aquele era o pior medo de Sofia Redfield.

Começaram a correr túnel adentro, Sofia seguindo só por impulso, pois sua cabeça não estava no presente.

— O Texugo e eu cavamos! Vai sair perto da toca dele! – informou o Sr. Castor correndo em todas as quatro patas para ir mais rápido.

— Vamos, Sofia! Rápido! Ande, ande, ande! – apressou Charles Redfield empurrando a filha mais velha pelo buraco que abrira na parede com o taco de críquete que usavam para brincar. – Saia logo!

— Você disse que íamos sair na igreja! – protestou a Sra. Castor já curta de fôlego.

— Sofia, segure sua irmã! Tem que cuidar dela tudo bem? Cuide de Clarissa! – pediu Valerie Plummer-Redfield guiando a bebê de dois anos para os braços da irmã mais velha. – Assim que pegar Clarissa, corra para o outro lado da rua e peça que a Sra. Crowley chame os bombeiros. Estaremos logo atrás de vocês!

Lúcia tropeçou em uma raiz e caiu, Sofia acabou cometendo o mesmo erro.

— Lúcia! Sofia! – exclamou Susana indo ajudar a irmãzinha a levantar.

Sofia puxou a irmãzinha para si e começou a correr dizendo a si mesma que os pais estavam logo atrás dela quando ouviu um estalo alto e pode sentir o ar ao seu redor tremer. Charles e Valerie Redfield tinham metade dos corpos pra fora da casa quando o teto desabou sobre eles. Valerie tinha os olhos fixos no nada e não se movia. Charles tossia sangue e olhava para as filhas.

— Sofia acorde! – Clarissa estalou os dedos diante da irmã e então o eco de latidos soou.

— Estão no túnel! – Lúcia cochichou.

— Corra, Sofia. Faça como mamãe mandou. Eu amo vocês! Vá! – tossiu Charles Redfield antes de ficar exatamente como a esposa.

— Rápido! Por aqui! – gritou o Sr. Castor após um momento de silêncio e todos se colocaram em ação.

Pedro puxou Sofia por um braço. O rapaz podia ver que ela não estava bem por algum motivo, talvez em outro momento perguntasse. Susana foi empurrando as costas da amiga com uma mão enquanto com a outra apressava as pequenas: ela sabia sobre o incêndio e tinha noção de que Sofia não deveria ter nenhuma memória boa envolvendo túneis e fogo.

— Rápido! – apressava a Sra. Castor.

— Corram! – Pedro gritou para as meninas que vinham atrás, ainda puxando Sofia consigo.

Todos correram a esmo pelo túnel, mais preocupados em ir rápido. O túnel era baixo, então Pedro, Susana e Sofia tinham que correr abaixados, o que não ajudava nada, sem falar que Sofia não conseguia respirar propriamente por conta da claustrofobia e das memórias ruins.

E o pânico de todos só cresceu quando se depararam com o que parecia um beco sem saída.

— Devia ter trazido um mapa! – esbravejou a Sra. Castor.

— Era o mapa ou a geleia! – devolveu o Sr. Castor escalando a pequena parede e jogando para eles uma escada de corda que subiram um a um apressados.

A situação de Sofia não melhorou muito quando o buraco pelo qual saíram se assemelhou em muito ao buraco na parede pelo qual ela havia saído de casa no dia do incêndio, e a primeira coisa que ela fez foi encher os punhos de neve e esfrega-los no rosto.

— Venham meninas! – chamou Susana puxando Lúcia e Clarissa para fora.

Com rapidez, Sr. Castor e Pedro fecharam o buraco com um barril ao tempo que Lúcia tropeçava outra vez, levando Clarissa junto no tombo dessa vez.

O tombo das pequenas trouxe a atenção de todos para aquilo em que haviam tropeçado: eram estátuas de pedra extremamente precisas de uma família de esquilos.

Pelo caminho para a toca do amigo do Sr. Castor, perceberam que não era apenas a família de esquilos.

Havia também dois sátiros, um anão e um casal de texugos, todos de pedra.

Sr. Castor olhou desolado para o texugo e foi amparado pela esposa:

— Eu sinto muito, querido.

— Meu melhor amigo... – Sr. Castor sacudiu a cabeça.

Por lá havia também um buldogue, um javali e vários outros bichinhos sem falar em uma mesa cheia de comida, tudo da mais sólida e fria pedra.

Todos com as carinhas mais amedrontadas e de dar dó possíveis.

— Que tipo de coisa horrível é essa? – murmurou Sofia com o choro preso na garganta.

— O que houve aqui? – Pedro perguntou mais alto.

— É o que acontece com quem brinca com a feiticeira. – uma nova voz se fez presente e imediatamente todos se juntaram assustados, Susana e Sofia ficando atrás de Pedro e empurrando Clarissa e Lúcia para trás delas.

Diante da porta da casa do Sr. Texugo estava uma raposa de pelagem acobreada e um belo colar de pelo do mais puro branco em seu pescoço.

A vivacidade da cor da raposa fez Clarissa perceber que tudo ali havia sido transformado em pedra escura: portas, lamparinas e até mesmo alguns pingentes de gelo.

 


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Notas finais do capítulo

***

Ok, o Coronavirus é horrível, mas ficar de quarentena não pode ser tão ruim assim se me faz atualizar essa fanfic com mais frequência, certo?

Admito que esse foi um capítulo um pouquinho difícil para mim, visto que eu tive que coordenar a escrita com a faculdade – eu realmente AMO o curso que faço, mas nada como aula online pra estragar até aquilo que a gente ama cursar, e olha que quem me conhece sabe que eu faço uma panfletagem danada do curso de Relações Internacionais.

Never the less, aqui vai um capítulo onde eu finalmente dou vazão à toda a maldade de escritora que puxei de titias Sarah J. Maas, Cassandra Clare e Holy Black e dou uma leve traumatizadinha em vocês.

Todo o meu amor nesse capítulo vai pra @__metamorphosis__ que tem me ajudado horrores com tudo que escrevo. Façam uma visitinha ao perfil dela e leiam sua nova história Seabound que é um spin-off de As Redfield e conterá MUITOS SPOILERS!!!!!!

Fora isso pessoal, fiquem em casa, mantenham-se seguros, não deem sorte pro azar, lavem as mãos, usem máscara e luvas e principalmente mantenham a fé de que vai dar tudo certo no final. Minhas orações estão com vocês e espero que vocês e toda a sua família estejam bem. Não esqueçam de exaltar e dar muito biscoito pros nossos profissionais da saúde e pra galera que trabalha em serviços essenciais que têm sido mais gentis que a Susana e destemidos como a Lúcia.

Beijinhos de Luz, Shazi!



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