She Wolf - Entre Deusas e Lobas escrita por Ell


Capítulo 4
Espíritos Selvagens não são domáveis.


Notas iniciais do capítulo

Espero que vocês gostem ♥



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Targonne de la Forêt observava o abismo branco aos seus pés nus. Seu cabelo solto dançava com o vento selvagem, em uma melodia muda. O frio doce arranhava de leve a sua face, mas ela não se importava, muito pelo contrário, era uma sensação boa, quase como uma felicidade há muito tempo escondida. Naquele momento ela conseguia ter sua mente limpa, ela se sentiu em paz como não sentia há várias luas, mesmo que, de uma maneira efêmera.

Seu longo vestido de linho nobre estava derramado pela grama virgem do penhasco, suas joias e outros pertences estavam posicionadas delicadamente do lado do tecido. A ninfa tinha guardado ele com cuidado antes de se transformar, para que o mesmo não rasgasse ou algo parecido. Era o último vestido que sua mãe tinha lhe dado antes da sua morte trágica, Targie limpou com os dedos algumas lágrimas que escaparam quando se lembrou do motivo de tudo aquilo. A festa de coroação oficial da sua irmã, Nalester.

Ela deu uma última olhada em tudo aquilo, sentia que uma parte de sim ia ficar para sempre naquelas colinas. Não sabia como seria dali para diante, faltava apenas mais um dia para a celebração do seu aniversário, se dependesse dela não teria nada, mas Bedéleia disse que la não podia quebrar a tradição, para as Ninfas de Ardenes, quando uma completa 15 voltas da Roda Viva, é tempo delas ganharem a profecia, e como filha da rainha, Targie sabia, ou melhor, sentia que uma tempestade estava por vir, mas não era hora de se preocupar com isso, ela aproveitaria o último dia sem responsabilidades, ela se permitiria ser feliz mais uma vez, era isso que sua mãe queria.

As licantropas não eram conhecidas como lobas só por causa da aparência bela e intimidadora, os olhos ferozes e amarelos e uma habilidade de luta assassina. Elas realmente eram lobas. Podiam passar dias e mais dias com uma aparência humana, mas, a verdadeira natureza delas sempre pedia para sair. Eram espíritos selvagens, e não negavam isso. E a loba interior da herdeira ansiava por sair. Não demorou para ela sentir toda aquela transformação dolorosa, mas tudo valia a pena, seria ela mesma. Suas garras lhe rasgaram os dedos enquanto sua mão já tomava forma de uma grande pata branca, seu rosto alongava para dar espaço as presas e sou corpo já estava acurvado como o de um animal .Ela correu, correu tanto que sentia-se fora do corpo, ela não era mais Targonne, era a Loba. Galopou na verde grama sem um destino certo, passava pelos mais diversos bichos e seres sem se importa, pois naquele momento se sentia livre, sentia como se o tempo tivesse parado ao seu redor, só restava ela, e era isso que importava, se sentia viva e uivava, uivava pedindo que a sabia Lua a conselha-se, a lhe desse força, lhe aclamasse a alma.

***

 

Não era novidade para a tribo que os romanos queriam conquistá-las, pois, se eles tivessem em suas mãos as lobas de Arduína, teriam uma posição privilegiada no bosque Centacres e assim conquistar os outros beltrões e galeses, e com isso se daria a ruína de todos os celtas. Alguns ataques já tinham acontecidos, mas há 20 invernos um acordo tinha sido selado. Um acordo que foi quebrado quando a rainha e um grupo de lobas foram caçar, sendo surpreendidas por soldados. As licantropas lutaram bravamente, quando uma delas consegui escapar, trouxe reforços, mas já era tarde demais. Os romanos sobreviventes tinham capturados as mulheres e tomado elas como escravas. Taegie e Nale, que tinham vindo com o novo grupo, ainda tinham esperança que encontrariam sua mãe. E elas encontraram, Frenhines estava sentada atrás de um grande carvalho, sua veste branca pintada de vermelho, seus olhos abertos mostravam uma tranquilidade assustadora, seu pescoço contado de uma ponta a outra, mostrava que ela jazia. Um uivo agudo atingiu toda a redondeza, a rainha estava morta. Todo esse passado, assustadoramente perseguia todos.

 

Quando Bedeléia, a anciã responsável pelo conselho, estendeu uma coroa com finos fios de ouro branco que se entrelaçavam formando algumas pequenas flores e em se meio um lobo uivando, para a mais nova rainha. Targonne, desabou-se em lágrimas no mesmo instante. Nale parecia muito com a mãe delas, e agora com a coroa em sua cabeça, era quase como Frenhines estivesse na frente de todos, era demais para Targonne. A mesma abandonou a cerimonia sem nem mesmo avisar sua saída. Sabia que as outras licantropas comentariam, conseguia até ouvir o cochicho das mesmas, mas ela não se importava. Nale como rainha deixava a morte da sua mãe real de mais, quase palpável, e a princesa não conseguia lidar com isso agora.

Nale queria ir atrás dela, queria abraçar a irmã mais nova, confortá-la, mas sabia que Bedeleia não deixaria ela sair do posto agora, e isso cortou o coração da nova rainha.

— Ela sabia que isso aconteceria minha senhora, sabia que a presença dela seria de suma importância agora, ela que devia estar do seu lado, lhe segurando a mão. O que as outras vão falara? — Bedeléia apesar de ser uma das ninfas mais velhas aparentava a idade de uma mortal de cerca de 50 anos, seus traços de sua beleza contrastava com o rancor que ela carregava em si.

— As outras estão de luto Bedeléia. Ou não se lembra que não foi somente minha mãe que faleceu? Metade das nossas guerreiras deram a vida naquela emboscada, elas eram nossas irmãs, mães, filhas — Nale não ia fingir um falso afeto, ela não confiava na conselheira, se dependesse dela, a mesma já estava banida há anos. — Não acho que isso as incomodará. Conheço minha tribo, todas aqui são bem compreensíveis. — A outra fechou a cara, sentia que aquilo era um ataque a sua pessoa, mas preferiu não responder. — Se Targonne não conseguiu ficar, é porque ela amava mamãe. — Um longo silêncio segui minutos a fio, nenhuma das duas queria quebrá-lo.

— Nale. — Uma voz ecoou da clareira logo atrás das duas. — Lamento por receber a coroa nessa situação. — Quem falava era Arduina, em uma das mãos trazia uma lança esculpida do mais forte carvalho, e na outra, flores silvestres. Estava observando tudo de longe, garantindo que nada desse errado com as suas protegidas, e tinha chegado a hora de intervir. Entregou as flores a nova rainha, que lhe agradeceu com um beijo na boceja. — Vá atrás dela, pode ir, não se preocupe.

— Obrigada minha deusa, eu vou.

***

— Mamãe sempre nos trazia aqui quando éramos mais novas, ainda me lembro de corrermos livres entre as árvores e banharmos no rio. — Nale surgiu de trás do grande carvalho. Não usava mais as roupas da celebração, apenas uma blusa de couro cru, e uma saia vermelha de lã. Seu corpo era decorado com vários acessórios de ouro e na sua cintura repousava uma pequena adaga, a mesma cujo o punhal lembrava uma pata de lobo, que pertencia a mãe das meninas. Seus cabelos negros e grossos dançavam com o vento. Apesar de não ser muito mais velha do que Targonne, sua expressão era rígida, o que contrastava com a maioria das suas atitudes. Seus olhos amarelados contrastavam com a sua pela mais oliva. Seu nariz anguloso tinha perfeita harmonia com o resto da sua face. Nalester sempre fora linda, uma beleza mais selvagem.

— Eu só precisava de um tempo, nas últimas horas sinto como não pertencesse mais ao meu corpo, tudo está acontecendo muito rápido ao meu redor, mas é como se eu não percebesse nada. A única coisa que está na minha cabeça é sobre a profecia de amanhã. Não foi assim que eu imaginava as coisas Nale, não vou mentir, a última coisa que eu quero, é ter essa maldita responsabilidade.

— E você acha que eu me sinto como com coroa sobre a minha cabeça. Mamãe fazia parecer tão fácil.

E as duas observaram o sol caindo no horizonte, sentiram a brisa mais forte. A mais nova se aconchegou na irmã, enquanto Nale, disfarçadamente, deixava correr algumas lágrimas dos seus olhos, não queria que amanhã chegasse nunca, não queria se despedir da irmã, sabendo que seria perigoso demais para ela, a missão que lhe seria dada. Mas, não se foge do destino


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Notas finais do capítulo

Olá novamente! Então, o que vocês acharam do capítulo?



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