Ela tinha um plano. O ótimo plano para ser sincera. Ninguém na face da terra teria um plano melhor do que aquele. Emma tinha armado tudo para que Caitlin e Barry tivessem um café da manhã magnífico e romântico, ela havia implorado para Caitlin a levar até o Jitters sabendo que Barry tomava o café lá quase toda a manhã, dia sim, dia não, seu pai seguia a mesma rotina desde de que ela se entendia por gente. Então Caitlin a levou e e elas realmente encontraram Barry lá, sozinho no canto tomando café com um bolinho e lendo o jornal. Emma notou como a postura de sua mãe mudou, ela tentou parecer mais séria, embora seu olhos mostrassem um encanto bem maior do que ela achava possível. Estava na cara o quão caída Caitlin estava por Barry, apenas ele não queria ver, e Emma, como a boa cupido que era, estava lá para dar uma forcinha no relacionamento deles, não iria interferir muito, pois alterar a linha do tempo estava fora dos seus planos, mas fazer seus pais notarem que nutriam um sentimento um pelo outro era um trabalho extra.

Porém Emma não contava com a única variável que ferrou com todo o seu plano. O tempo.

Barry não teve tempo para parar e conversar e Caitlin não teve tempo de sentar e tomar seu café, nenhum dos dois teve tempo para perceber que se apaixonar era como se dizia no cinema lenta e gradativamente, como alguém que cai em um sono calmo. Emma não contava que o tempo, que sempre cuidou de tudo para seus pais, agora seria o vilão da história.

Argh! Às vezes ela odiava o tempo.

Mas Emma era conhecida por não desistir tão fácil, Barry Allen iria perceber que o que sentia por Caitlin era muito mais do que apenas afeição. Ele a amava, mesmo ainda não tendo se tocado disso.

—Por que está tão agitada? - Cisco indagou chamado sua atenção. Emma parou de bater o pé contra o chão e o encarou.

—Por nada não. Mas me diga uma coisa, onde está tia Cindy? - perguntou mudando o foco da conversa.

—Tia Cindy? - Cisco a olhou confuso, então Emma se lembrou que eram poucas as pessoas que a chamavam Gypsy de Cindy, eram apenas pessoas que não tinham medo de morrer.

—Gypsy. - disse e ele soltou uma exclamação em compreensão.

—Gypsy está na terra dela, não sei quando virá, mas como nosso encontro semanal está perto logo ela estará aqui. - ele falou e questionou. - Ainda estamos juntos no futuro?

—Sim, ela é minha tia favorita. - declarou e é então acrescentou mentalmente: Tomara que tia Feli nunca escute isso.

Cisco sorriu com aquilo. Um relacionamento dele que durasse mais de um ano já era um grande avanço. Emma imaginava se ele soubesse sobre Camille e Leo.

—Emma, você ainda não me falou de que ano veio. - Cisco observou a encarando de maneira crítica. Emma suspirou.

—Não vou revelar o ano, mas posso dizer que tenho quinze anos e nasci dia 13 de junho, apenas isso.

—Nem o ano de nascimento? - ele indagou esperançoso, ela negou com a cabeça.

Harry entrou na sala com sua famosa cara fechada uma xícara de café na mão. Parece que todo Harrison Wells é viciado em café, seu pai havia dito uma vez e ela tinha que concordar com aquilo.

—Saía da mesa ou poderá quebrá-la. - ele ordenou e Emma pulou da mesa se fixando ao lado de Cisco.

—Por que você obedece a ele? - o engenheiro indagou. Emma deu de ombros, sempre considerou Harry como seu tio-avô, ele sempre a considerou sua neta favorita. - Se você obedece ele isso significa que Harry ainda está com a gente no futuro, então eu não me livrei dele, não é?

—Não mesmo. - murmurou se voltando para Harry. - Ô tio. - chamou vendo Harry fazer uma careta de desgosto com o adjetivo.

—O que é Emma?

—Você sabe onde está Caitlin? Eu não a vi desde de que chegamos.

—Ela deve estar com Barry. - ele disse sem dar muita importância para ela. - Eles estão passando muito tempo juntos ultimamente.

—Sério? - Cisco indagou realmente surpreso com o fato. - Não havia percebido.

—Às vezes você não enxerga nem um palmo à frente do seu nariz, Ramon. - Harry alfinetou.

—E às vezes você se mete demais na vida dos outros, Wells. - Cisco recrutou, Emma revirou os olhos e se jogou na cadeira se preparando para mais uma guerra fria de Wells X Ramon. Porém, desta vez a guerra foi interrompida pelo barulho alto do alarme. - Uma fenda interdimensional não autorizada.

—Para a sala de treinamento. - Harry disse se levantando da cadeira e pegando a arma debaixo da mesa. Emma olhou para ele surpresa, mas seguiu tanto ele quanto Cisco até o porão. A fenda azul brilhava intensamente, o vento bagunçou seu cabelo anunciando que Barry Allen está ali, a sala esfriou revelando Caitlin ao seu lado. Então da fenda surgiu um corpo, um mulher loira de óculos e uma blusa de tricô muito fofa. Emma sorriu lentamente ao notar Kara Danvers olhando assustada para as armas apontadas para ela.

—Uou! Que bela recepção. - ela brincou. Harry abaixou a arma e se retirou da sala sem surpreender a ninguém com sua atitude.

—Kara, o que faz aqui? - Caitlin indagou caminhando até ela e a abraçando.

—Vim ver vocês. - ela disse se afastando e abraçando Barry e Cisco, então encarou Emma. - Esta recrutando tão jovens assim.

—Quem sabe, Emma é poderosa. - Cisco disse entrando na brincadeira dela. Kara riu e abraçou Emma.

—Prazer Kara Danvers.

—Emma sobrenome desconhecido por hora. - falou sentindo a mão de Caitlin puxar seu ombro para se afastar da recém chegada.

—Então Kara, o que faz aqui? - Barry indagou, Kara olhou para Emma como pergunta-se se podia falar na frente dela, o velocista assentiu.

—Vim ver vocês e pedir ajuda.

—Para que?

—Um alien fugiu da DEO e atravessou uma fenda para cá. - ela explicou. - Ele é um metamorfo.

—Eu odeio metamorfos. - Caitlin grunhiu baixinho. Emma se segurou para nos rir, sabia muito bem como sua mãe odiava metamorfos.

—Mas o que ele quer? - Cisco indagou.

—O de sempre, tomar a cidade para ele. - Kara deu de ombros.

—Ok, vamos te ajudar. - Barry afirmou. Emma olhou para o pai e então para Kara, sabia que quando eles se juntavam apenas dava merda.

[...]

—Você fica aqui enquanto vamos lá. - Barry ordenou a empurrando contra contra a cadeira.

—Eu posso ajudar. - disse.

—Emma, admiro sua força de vontade, mas será melhor você ficar aqui com os outros. -  ele falou. - Você estará com Caitlin e Harry aqui. É mais seguro.

Emma jogou a cabeça pro lado de bufou.

“-Fique aqui com a sua mãe, é mais seguro. - ele disse tocando a face infantil da garotinha. - Cuide dela e de seus irmãos.

—Promete que volta papai. - pediu fazendo as lágrimas escorrerem.

—Eu sempre volto meu amor. - ele sussurrou beijando a testa dela e se apressando para acompanhar Oliver. Emma o observou partir sentindo o coração apertar. Ele tinha que voltar.”

—Promete que vai voltar. - pediu pegando Barry de surpresa. Ele a observou por um instante antes de assentir.

—Prometo.

Emma o observou se afastar novamente. Havia visto aquele mesmo roteiro muitas vezes durante sua vida, mas felizmente ele sempre tinha um final feliz. Barry sempre voltava.

—Emma, venha. - Caitlin pediu a puxando pela mão. Emma encarou as próprias mãos enquanto via seus pais seguindo caminhos diferentes.

—Por que este alien resolveu atacar justamente está empresa? - Harry indagou teclando rapidamente no computador. Emma cruzou as pernas na cadeira e os encarou, sabia que eles eram os melhores no que se faziam e que logo aquele criminoso iria ser pego. Cruzou os dedos mentalmente para aquilo acabar logo, então ouviu um barulho alto. Caitlin ergueu o rosto da tela do computador e se virou em busca do barulho.

—Fiquem aqui. - Caitlin ordenou caminhando para fora da sala, Emma pode ver o gelo se formar aos pés dela a cada passo dava. Então de repente ouviu o barulho de algo sendo arremessado para longe e corpo de Caitlin escorreu pelo chão do córtex.

Emma soltou uma exclamação enquanto Harry soltava um palavrão e corria para erguer Caitlin.

—O que houve? - ele indagou.

—Não é um, mas dois aliens. - Frost disse jogando o cabelo claro para trás e se soltando de Harry. Emma sempre foi fascinada na transformação de Caitlin. O jeito como Killer Frost aparecia do nada enquanto Caitlin se mantinha escondida.

—Temos que avisar aos outros. - Harry falou e Frost assentiu, foi então que tudo começou a dar errado.

Em conhecimento mundano, os alienígenas são verdes com anteninhas em suas cabeças, malditos filmes que não condizem com a realidade. Mas Emma sabia que os alienígenas poderiam ter várias formas, Kara era a prova disso, mas aquele metamorfo era diferente, ela não sabia dizer onde era a boca ou o nariz daquela coisa. Era estranho vê-lo assim. Ofegou assustada quando o alienígenas eu um passo à frente. Segurou o braço de Frost impedindo que a meta-humana avança-se sobre o monstro.

Harry puxou as duas para longe do alienígena que grunhiu em uma língua diferente.

—Porque essas merdas só acontecem aqui. - Frost resmungou e Emma teve que concordar com ela. O alienígena avançou e Frost lançou gelo contra ele o mandando para fora do córtex. - Harry a leve para longe.

O cientista assentiu e puxou empurrou Emma em direção a ventilação, a garota se encolheu para passar por dentro da tubulação até a sala vizinha, nem precisou olhar para trás para notar que Harry não a seguia. Bufou enquanto se arrastava e empurrava a grade para sair, de repente seu corpo foi erguido do chão.

—Mas que mer… - as palavras morreram em sua boca ao encarar a figura ao seu lado. Quantas porra de aliens existiam!?

Girou o corpo chutando o alienígena na lateral da barriga, ele a soltou de uma vez, usando os golpes que havia aprendido com o arqueiro, golpeou Emma o alien e correu para longe. Usou sua velocidade para correr até a sala de treinamento, parou com as mãos sobre os joelhos e o corpo inclinado para frente.

Respirou fundo.

—Ora. Ora. Ora. Veja se não é minha sobrinha preferida. - a voz ecoou pela sala, Emma ficou ereta. Puta que pariu duas vezes em menos de dois dias já era sacanagem. Suspirou e se virou para o homem elegante vestido que lhe sorria com aquele típico sorriso de canalha. - Onde está sua mãe?

—O que você está fazendo aqui? Não deveria estar com a sua laia tentando planejar a dominação da terra? Oh não, espera. Você já tentou isso, mas não consegui. - abriu um sorriso falso e riu quando o sorriso dele vacilou.

—Sempre tão afrontosa.

—Sempre tão chato. - resmungou. Ele riu.

—Soube que se encontrou com Aaron. O garoto nunca conseguiu ficar longe de você. Essa paixão doentia vai acabar prejudicando-o um hora ou outra.

—Você não o ensinou tão bem quanto pensava. - ironizou fazendo bufar irritado.

—Querida, não estou aqui para trocar farpas com uma criança. Estou aqui apenas para dar um aviso a aqueles que ousam nos enfrentar. - ele disse, Emma franziu a testa confusa e então sentiu uma forte pontada em sua barriga, olhou para baixo vendo a adaga alojada e o sangue escorrendo. Ela só podia ter jogado pedras na cruz para receber tanto azar em poucos dias.

Caiu de joelhos no chão e sentiu a vista escurecer, os passos apressados se aproximavam aos poucos e a voz ameaçadora dele ia diminuindo a intensidade até ela apenas ouvir.

—Fiquem longe ou será pior.