Troublemaker escrita por Lily


Capítulo 11
11




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Barry

—Até quando você vai ficar com esse olhar de bobo? - Joe indagou, Barry desviou o olhar da janela e encarou seu pai adotivo.

—Eu não estou com cara de bobo. - retrucou tentando manter a formalidade. - Já teve alguma pista sobre o caso de Emma?

Joe riu sabendo que ele queria mudar de assunto.

—Nada. É como se essa garota nem existisse. - o detetive se lastimou, Barry sabia que ele havia se afeiçoado com a garota tanto quanto os outros.

—Talvez devêssemos encerrar o caso. Não sei se Emma se lembrará de algo e mesmo que se lembre com a nossa sorte acabaria levando a um beco sem saída. -disse dando de ombros, Joe assentiu.

—Então oficialmente o caso de Emma está fechado. - ele declarou um tanto frustrado. Barry não podia culpa-lo, queria poder ajudar Emma, mas não havia pista nenhuma sobre o paradeiro dos pais ou responsáveis por ela. Não havia nada que dissesse de onde ela havia vindo ou para onde está indo. Não tinha nada que indicasse se ela estava ou não mentindo sobre quem era.

Mordeu a ponta da caneta um tanto pensativo, já estava absorto em seus pensamentos quando Meena entrou no laboratório um tanto afobada. Ela tinha no rosto um sorriso de satisfação.

—Você está bem? - Barry se aprumou na cadeira olhando para ela.

—Ontem, sem querer, eu ouvi uma conversa sua com Joe. - Meena disse murmurando um desculpa ao final da frase. - E não pude deixar de ficar intrigada com uma coisa. - ela pegou um dos papéis em sua mão e estendo a ele, Barry observou o desenho do brasão que havia na palma da mão de Emma no papel. Então ergueu o olhar para Meena em busca de uma resposta, ela logo se apressou e explicou. - Esse brasão é um dos símbolos de uma antiga sociedade composta por familiar da alta classe. Eles se auto intitulavam Argonautas e tinham como objetivo a busca por um mundo melhor.  

—Como você descobriu isso? - indagou surpreso com aquilo tudo, principalmente com a parte dos Argonautas, era uma incrível coincidência ouvir aquele nome duas vezes em menos de dois dias em situação completamente diferentes.

Meena sorriu como se guardasse um segredo então se inclinou um pouco mais à frente deixando quase seu rosto colado com o dele.

—Fiz algumas pesquisas, não é para isso que fui contratada? Achar pista e lugares que ninguém mais acha. - ela deu de ombros levemente.

—Eu poderia te beijar agora. - murmurou em tom de brincadeira.

—Eu não vou me opor. - ela retrucou avançando em sua direção, Barry rapidamente afastou a cadeira e se colocou de pé.

—Vou atrás do Joe. - disse saindo apressado da sala, mas voltando para encarar a mulher ainda sentada de maneira sensual sobre a mesa. - Meena, você poderia por favor não contar a ninguém sobre os Argonautas.

—Minha boca é um túmulo. - ela falou fechando os lábios com um zíper invisível. - Já as minhas pernas...

Barry se afastou rapidamente antes dela completar a frase. Meena era um tanto atirada para o seu gosto. Ele até que gostava da companhia dela, não podia negar os quanto a mulher era engraçada e engenhosa, ela trazia uma certa leveza a delegacia, e essa opinião era compartilhada por quase todos na CCPD. Porém, diferente dos outros oficiais, Meena não causava um efeito devastador em Barry, ela não lhe fazia ter pensamento inapropriados, na verdade outra pessoa fazia.

Encontrou Joe já na saída do prédio, rapidamente explicou ao detetive o que Meena havia lhe dito e também falou sobre o que havia acontecido em Star City. Por fim mostrou o desenho do brasão, entretanto desta vez algo lhe chamou a atenção. Abaixo do desenho haviam as palavras em latim e ao lado suas traduções.

Statera (Equilíbrio), pacem (paz), ordinem (ordem), concordia (harmonia), vitae (vida) e Kairós.

Apenas a última palavra não havia sido traduzida, talvez até Meena não soubesse o que aquilo significava. Olhou para Joe esperando alguma reação do detetive, porém qualquer coisa que ele iria falar ficou para depois, pois Meena apareceu lhe estendo outro papel.

—Você saiu antes de eu terminar. - ela disse. - Aqui tem uma lista com algumas das famílias que participavam da sociedade, eles não era tão discretos quanto pensavam.

Os olhos de Barry percorreram a lista parando apenas no penúltimo sobrenome que lhe chamou a atenção. Tannhauser.

—Acho que já sei por onde começar a busca. - informou olhando para Joe.

—Então o caso de Emma está oficialmente reaberto. - o detetive disse e Barry confirmou com a cabeça.

[...]

Ele marcou de se encontrar com Caitlin fora do laboratório, não queria deixar Emma apreensiva com nada e talvez a pista não leva-se a lugar nenhum, mas ainda assim, aquilo era uma coincidência demais para deixar de lado.

Barry estava um tanto apreensivo em encontrar Caitlin sozinho. Eles não haviam falado sobre o beijo dentro do carro depois daquela noite. Embora fosse bastante visível a tensão entre eles, ninguém comentou nada. Havia uma certa atração entre eles, não era amor, definitivamente não era. Estava mais para um desejo incontrolável, algo guardado a muito tempo que apenas agora vinha a tona.

Barry a desejava, não sentimentalmente, mas fisicamente. E merda, aquilo o transformava em um babaca de primeira. Por isso decidiu que estava na hora de se afastar. Caitlin não merecia que ele apenas a usasse, ela merecia mais, muito mais do que ele atualmente poderia dar. Deixa-lá ir era muito melhor para os dois. Aquela definitivamente era uma decisão sábia.

Caitlin atravessou a porta de vidro da lanchonete trazendo consigo a leve brisa de fora. Seus saltos batiam contra o chão e um leve sorriso brincava em seu rosto.

—Por que quis me encontrar aqui? - ela indagou se sentando à frente dele.

—Queria conversar em particular. - disse, Caitlin arqueou as sobrancelhas.

—Será que pode ser mais claro? Estou ficando um pouco confusa e não quero entender as coisas erradas.

—Te chamei para falar sobre Emma. - informou e ela soltou um suspiro aliviado. - Achamos uma pista sobre ela. Na verdade foi Meena que achou.

O rosto de Caitlin se contorceu em uma careta irritada que tentou disfarçar em vão.

—E o que ela achou?

—Uma pista sobre o brasão na mão de Emma. Pertence a uma sociedade bastante antiga que se intitula Argonautas.

Caitlin franziu a testa surpresa.

—São os mesmos de Star City?

—Não sei, mas tem mais um coisa que me chamou a atenção. - disse e então acrescentou com cuidado. - As pessoas que fazem parte desta sociedade são linhagens de famílias muito antigas. Meena me deu uma lista com alguns sobrenomes e o de sua mãe está no meio.

A doutora piscou meio confusa e atordoada.

—Minha mãe?

—Sim. Sua família, os Tannhauser, aparentemente faziam parte desta sociedade como membros ativos. - explicou. - Você não se lembra de nada que tenha haver com os Argonautas?

Ela começou a negar com a cabeça, mas instantaneamente parou.

—Meus pais não faziam parte, mas minha avó sim. Me lembro de algumas reuniões estranhas quando ficava na casa dela, mamãe me proibia de descer toda vez que os carros chegavam e brigava com minha avó por ela ainda participar disso. Vovó dizia que fazia parte da história da nossa família e mamãe não podia negar isso. - Caitlin contou. - Nunca entendi o que ela queria dizer com isso, mas agora parece fazer um pouco de sentido. Se esse Argonautas forem os mesmo da minha avó, significa que estamos um passo à frente.

Barry queria muito concordar com ela, mas desde de que haviam enfrentado DeVoe, o velocista sabiam que nem sempre estar um passo à frente era boa coisa, até porque eles nunca realmente estavam um passo à frente. Observou Caitlin que lhe sorria com esperança e entusiasmo. Seu sorriso era tão lindo.

—Talvez eu pudesse falar com sua avó. - disse depois de alguns segundos em silêncio. - Para descobrir um pouco mais sobre os Argonautas.

—É, talvez fosse bom. Acho que podemos ir juntos. - Caitlin falou e Barry então se perguntou se ela não lembrava da noite do bar. - Faz um bom tempo que não a vejo.

Ele tentou pensar algo que não fosse grosseiro para dizer que ele preferia não ter a companhia dela ou seria incapaz de não beija-la. Porém tudo o que veio a sua cabeça foi.

—Pode ser. Podemos ir no seu carro se não for longe, acho que Cisco e Harry não se importaram em ficar com Emma por alguma horas.

—Eu tenho certeza que eles não se importariam.

[...]

Os raios do sol invadiam o para-brisa do carro iluminando o interior do veículo, a música baixa soava do rádio enquanto Caitlin tinha o rosto virado em direção a janela, Barry dirigia pela rodovia na velocidade máxima permitida, em sua cabeça os pensamentos se alternavam entre os novos inimigos que haviam se apresentado, contando com o prazo para devolver aquilo que nem eles tinham a menor ideia do que era, e bela mulher que ocupava o assento ao seu lado.

Atualmente, olhar para Caitlin era como olhar para um jardim com as flores mais belas, tentador demais para se tocar e fácil demais para se destruir. Ele queria muito beijá-la, tocá-la, mas sabia que se fizesse isso acabaria ferindo-a e destroçando o resto que existe da amizade deles. Desviou o olhar rapidamente da estrada e se fixou nela, seu corpo relaxado e encolhido contra o banco, o cabelo solto balançando levemente com a brisa que vinha da janela aberta, os óculos escuros cobrindo as íris em um castanho meio esverdeado. Tudo nela parecia feito sob medida, nada de exageros, apenas o necessário.

—Sua avó, ela é parecida com sua mãe? - indagou tentando puxar assunto.

—Não, ela doce e gentil. Muito carinhosa quando eu era pequena, mas faz alguns meses que eu não a vejo.

—Por que?

—O laboratório toma muito tempo da minha vida. - ela disse, não havia desgosto ou rancor em sua voz, mas algo naquela frase fez Barry pensar que talvez ela não tivesse tão feliz assim. - Você acha que minha avó pode ter algo relacionado aos Argonautas de Star City?

—Não sei, mas realmente temos que resolver isso logo, o prazo que eles deram está acabando e não temos o velocino em mãos.

—É, mas também não temos a menor ideia do que ele é. Então fica difícil saber o que temos que proteger. - ela disse um tanto frustrada. - É como andar em círculos, sempre voltamos a estação zero. Argh! Nunca estamos um passo à frente.

—Hey, se acalma. - ele pediu e sem desviar o olhar da estrada buscou a mão dela, entrelaçou seus dedos ignorado o formigamento que persistia e com calma disse. - Na maior parte do tempo estamos andando as cegas, mas no final sempre conseguimos vencer o vilão. Ou pelo menos impedir seu plano final.

—Somos o clichê de todos os filmes de heróis. - ela comentou rindo no final.

Barry também sorriu e assentiu lentamente. A  paisagem começou a ganhar mais forma, casas foram aparecendo e pequenos prédios de dois ou três andares davam o contorno a cidade. Caitlin o guiou até um bairro mais afastado do centro, ele estacionou em de frente para uma casa simples de dois andares pintada com um azul claro. Sendo sincero Barry esperava mais para uma membro ativo de uma sociedade tão antiga, na verdade ele esperava uma mansão antiga estilo anos 20.

Caitlin tocou a campainha e em segundos a adorável senhora abriu a porta. Seu sorriso era doce e seu cabelo grisalho estava amarrado em um coque.

—Oh Caitlin. O que faz aqui? - a senhorinha perguntou, Caitlin rapidamente beijou a bochecha da avó e lhe sorriu.

—Vim lhe fazer uma visita. - ela disse.

—E trouxe seu namorado.

Barry olhou para traz um tanto confuso até entender que a senhora estava se referindo a ele. Negou rapidamente com a cabeça enquanto Caitlin balbuciava uma série de respostas defensivas. A senhora apenas riu com as desculpas deles e logo os convidou para entrar. Ela se apresentou como Greta e começou um longo discurso sobre como Caitlin não lhe visitava mais. Barry ouvia tudo com atenção, enquanto observava os detalhes de toda a casa. Mas foi somente quando eles se sentaram no sofá que Caitlin finalmente perguntou.

—Vó, se lembra quando íamos para a casa de campo quando eu era pequena e você convidava alguns amigos para uma reunião, mamãe nunca me deixou ficar para ver, mas eu me lembro de ouvir coisas e de um nome. Argonautas.

—Oh, você era nova demais, como se lembra disso? - Greta indagou, Caitlin não respondeu. - Bem, nós Argonautas buscamos o bem estar de todos. Temos projetos com várias ONG’s e programas de educação, investimos em um mundo melhor. Quer dizer, era o que fazíamos antes, mas agora estamos sob nova direção, o novo presidente não é o que chamo de boa pessoa.

—Senhora Tannhauser, eu sou da polícia de Central City e temos um caso sobre uma garotinha que envolve os Argonautas, o nome Emma lhe diz algo? - Barry indagou, Greta parece pensar um pouco e então negou.

—Não, por que?

Barry puxou o celular do bolso e abriu uma foto de Emma, virou o aparelho para a senhora.

—Você conhece ela?

—Não, mas me é muito familiar. Ela parece um pouco com você, Caitlin, quando era mais nova. - a senhora observou e é então acrescentou como quem não quer nada. - Mas também se parece um pouco com Charlie.

—Charlie? Que é Charlie? - Caitlin indagou a avó. A velha senhora suspirou melancolicamente.

—Acho que já está na hora de você saber.

—Saber o que, vovó?

—Você tem um irmão, querida. Seu nome é Charlie e ele mais velho que você alguns anos, sua mãe o teve quando ainda era uma adolescente. Carla decidiu dá-lo a adoção. Não fui contra já que sua mãe ainda era uma criança na época. Charlie cresceu com uma prima minha, Carla nunca teve nenhum contato com ele depois da adoção.

—Por que mamãe nunca me contou isso? - Caitlin perguntou surpresa com a informação. - Por que ela nunca me disse que eu tenho um irmão?

—Acho que vergonha, você sabe como Carla é. Sua mãe não tem culpa do que Charlie é capaz. - Greta disse e Barry franziu a testa com aquilo, olhou para Caitlin, que ao invés de olhar para a avó parecia perdida em seus próprios pensamentos.

—Senhora Tannhauser, onde está Charlie agora? - Barry questionou e por um momento viu a hesitação no olhar da senhora.

—Não sei querido, mas acho que vou pegar um copo de água para Caitlin, você está um tanto pálida, criança. - Greta se levantou e se apressou em direção a cozinha. Barry se pois rapidamente de joelhos à frente de Caitlin.

—Você está bem? - indagou.

—Me tira daqui, por favor. - ela pediu. Barry assentiu passando o braço pelo ombro dela e a levantando. Greta entrou na sala com um copo na mão, mas Caitlin rapidamente a dispensou de forma educada, se despediram da avó dela e saíram.

O caminho de carro foi silencioso. Barry não conseguia parar de pensar no recém descoberto irmão de Caitlin e os Argonautas, na verdade ele havia esquecido de fazer muitas perguntas sobre a sociedade. Aquilo tudo era um tanto surreal.

—Por que você me beijou, Barry? - a pergunta o pegou desprevenido. Se virou para a mulher ao seu lado um tanto confuso, havia tanta coisa para si falar, coisas mais importantes que o Beijo compartilhado entre eles. - Naquela noite, por que me beijou?

—Eu não sei. - deu de ombros. Caitlin suspirou.

—Você está apaixonado por mim? - ela questionou. Barry respirou fundo, girou o volante e diminuiu a velocidade do carro até parar no acostamento. Tirou o cinto e se virou totalmente para ela.

—Eu não estou apaixonado por você. - a decepção surgiu no olhar dela e o coração dele apertou.

—Você pelo menos gosta de mim?

—Não do jeito como você quer. - falou, Caitlin fechou os olhos deixando as lágrimas escorrerem. Barry segurou o rosto dela entre as mãos, acariciou de leve a bochecha dela. - Sinto muito por não ser isso que você esperava ouvir. Apenas estou tentando não te magoar tanto.

—Então está falhando miseravelmente. - ela resmungou tentando se desfazer do gesto, mas Barry se manteve firme.

—Me ouça.

—Não. Apenas me leve para casa, por favor. - Caitlin pediu, a voz cansada e quebrada. Ele assentiu a soltando e voltando-se para a estrada.

Barry suspirou meio derrotado enquanto ouvia o silêncio vindo de Caitlin. Ele havia feito o que estava evitando a todo custo, magoar Caitlin. Ela definitivamente não merecia aqui. Ela não merecia ser quebrada novamente.

Porém o mais estranho de tudo era que vendo-a assim, o machucava mais do que ele podia imaginar.


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