Mermaid escrita por Semideusadorock


Capítulo 4
Acordo


Notas iniciais do capítulo

Hey cerejinhas, tudo bem?
Espero que gostem!
Boa leitura!



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Dois dias era muito pouco tempo, Thalia concluiu nadando o mais rápido que conseguia para o centro do oceano, indo o mais fundo que conseguia, sentia seu estomago implorar por comida, mas não tinha tempo para esse tipo de coisas, uma sereia comum levava mais de dois dias para chegar na toca do Kraken, isso se ele não a devorasse antes.

A Grace era a sereia mais rápida, era o que todos diziam, se ela se apressasse talvez conseguisse chegar antes. Pulou em um buraco de cabeça, girando seu corpo para impulsionar a velocidade que ela descia, sentindo sua cabeça latejar devido estar a usando para perfurar a pressão que a água fazia, batendo sua calda o mais rápido que conseguia.

Ela não tinha ideia do que fazer, do que poderia oferecer para o Kraken, como poderia salvar o reino das sereias e dos humanos, mas não parou para pensar, ela tinha que chegar lá primeiro, sabia que a cada minuto Nico teria menos ar.

Um dia e meio. Foi o tempo que ela conseguiu. Parou em frente a caverna, vendo as caveiras do que tinha sido a alimentação do Kraken um dia, um dos tentáculos roxos dele estava para fora, repousado sem se mexer. Suspirou, começando a adentrar a caverna, sentindo seu coração acelerar mais e mais de acordo com que entrava.

— Oi... — chamou hesitante.

Uma claridade verde tomou conta do local e logo ela se viu em uma grande caverna, o Kraken dormia tranquilamente, seus outros sete tentáculos enrolados debaixo de seu corpo ele não passava de uma lula gigante, com mais dentes do que qualquer um poderia contar, mas agora, naquele momento ele parecia inofensivo, apenas uma lula.

— Ora, ora — uma voz que parecia vir de todos os lugares, mas de lugar nenhum ao mesmo tempo surgiu no ouvido de Thalia, como um grande eco — uma sereia veio me visitar, o que traz uma sereia a minha casa? — a voz era feminina, o que fez a Grace girar entorno de seu próprio corpo, procurando.

Era melodiosa, quase como um canto, mas sem nenhum efeito real, logo seus olhos pararam em uma mulher, seu coração parou por uns segundos, corais estavam colados ao corpo dela, cheios de musgos, deformando a beleza que uma sereia poderia ter, mas definitivamente era uma sereia, a calda alaranjada tinha cortes abertos, de lá saiam algo nojento preto, os cabelos estavam emaranhados se embolando em algas, sua pele escura parecia acinzentada, ruça.

Thalia boquiabriu-se surpresa, com certeza não era isso que ela esperava, isto arrancou uma risada maligna da mulher, que fez com que uma sensação ruim subisse pelo corpo da Grace. Nadou lentamente, se aproximando da menina, avaliando-a da cabeça a calda, sorrindo ao notar a beleza que ela possuía.

— O que te traz aqui, princesa? — indagou, passando a mão no cabelo negro da garota.

— Nós temos um acordo e...— a menina começou, mas isso só irritou a mulher.

— Acordo! Acordos e acordos que vocês oferecem para quebrar um atrás do outro — ela grunhiu com raiva, a água estremeceu ao redor deles.

— Por favor! Eu preciso disso! — implorou, olhando-a nos olhos brancos, profundos.

Ela riu, parando de frente para Thalia, acariciando sua bochecha com as pontas do dedo.

— Seu pai falou a mesma coisa, ele me desafiou anos atrás — contou — se apaixonou por uma humana, largou o mar pelo máximo de tempo que conseguia e engravidou sua mãe, dois bebês, uma sereia e um humano, lembra do seu irmão?

A Grace assentiu, seu irmão tinha morrido a alguns anos atrás.

— Então seu pai veio desesperado até mim, tentando buscar a paz, sua mãe morreu no parto, você pequena demais para viver fora d’água e sobreviver, seu irmão não respirava debaixo d’água, ele era um só, então fizemos um acordo, Jason viraria metade tritão, até que ele fosse grande o suficiente e dado a mim — seus olhos foram para o animal atrás de Thalia, o Kraken que dormia tranquilamente — garanti que ele continuaria vivo e seguro, foi o suficiente para seu pai refazer o acordo.

O queixo de Thalia caiu, ela se virou para a lula que dormia, aquele era seu irmão?

— O Kraken precisa de uma casca, eles podem viver milênios assim, mas eu preciso trocar o coração dele algumas vezes — explicou levando a mão a cintura da sereia — você quer salvar seu amado, eu deixo, faço o acordo com você, mas virara um coração para um Kraken, preciso de uma fêmea...

Thalia engoliu em seco, ela sabia para que ela precisava de uma fêmea, reprodução, filhotes, um exército de Krakens.

— Vou salvar seu amado, uma bolha de ar vai surgir entorno da cabeça dele, pode nadar até ele, leva-lo para superfície, passar algumas horas com ele, comunique seu pai que a quantidade de entrega foi duplicada, mas tudo ficará bem e volte a mim, apenas isso, sua mente vai se apagar, não há nada a se preocupar, não vai sentir culpa, tristeza, nada, em poucas horas você não vai passar de um órgão, um coração, sem pensamentos e sentimentos e algo que eu controlarei — a mulher sorriu reconfortante, vendo-a ponderar sobre isso — é tudo que você quer, não é? Salva-los?

Assentiu triste, concordando com o acordo.

— Pode ir então, seu amado já está em segurança, apenas o tire da prisão — liberou-a.

Thalia saiu hesitante, pensando no que tinha aceitado, aquilo parecia um absurdo, ela morreria, seria basicamente isso que aconteceria quando ela voltasse, aquele seria o último dia de vida dela. A água parecia apressar a ida dela até a cidade, pois em pouco tempo ela já estava lá, o local todo submerso como normalmente ficava.

Caminhou até o tribunal, encontrando seu pai conversando com outros guardas, ambos irritados, Nico amarrado com uma bolha, seus olhos negros assustados, pois apenas aquela fina bolha transparente impedia ele de se afogar.

— Eu fiz o acordo! — se pronunciou, chamando a atenção dos homens do local — Vou leva-lo para superfície, ela disse que a coleta vai dobrar e apenas isso — mentiu.

— Não vai leva-lo — seu pai tentou impedir, mas as cordas que amarravam Nico se desfizeram.

— Ele está no acordo, ele vive e você não pode fazer nada contra isso — a Grace grunhiu, segurando os braços do Di Ângelo e começando a tira-lo dali.

Thalia o deixou na praia que ele morava perto, sorrindo e esticando a mão para ele, que já estava de pé.

Sorriu, a pegando no colo com delicadeza a tirando de debaixo d’água, automaticamente a água começou a formar uma roupa para cobrir o corpo nu, enquanto sua calda sumia.

Logo eles estavam na areia, Nico se sentou, com ela em seu colo, seus olhos se cruzaram e ela estava triste.

— Fica aqui, comigo — pediu, segurando sua mão, entrelaçando seus dedos.

— Você não me ama — Thalia disse sorrindo triste — é apenas o feitiço falando — acariciou seu rosto com delicadeza.

Nico segurou seu rosto a puxando com delicadeza, selando seus lábios com calma, sentindo o vento frio incomodar devido a estar encharcado, mas não se importou, tudo se esvaiu quando ela retribuiu o toque.

As mãos dela foram para seu cabelo, enlaçando os dedos ali, enquanto Nico puxava-a pela cintura, intensificando o beijo. Passou a perna uma de cada lado do corpo dele, ficando de frente e sentindo as mãos experientes dele descerem por sua cintura para suas pernas, explorando o local.

Os dois sabiam o que iria acontecer ali, ela sorriu o deitando na areia, sentindo-o subir o fino tecido feito de água e sal, que começou a se esfarelar na mão dele, mas nenhum dos dois se importou com isso.

Ela nunca tinha feito nada parecido, mas se sentia incrivelmente satisfeita por ter feito, uma risada escapou de seus lábios, os dois abraçados na areia, ele apenas usando a calça, ela usando a blusa dele já que seu vestido tinha se desfeito, os olhos dela vagando pelo mar, com um certo medo de voltar, mas ela tinha que voltar.

— Tem que ir embora mesmo? — questionou baixo, no ouvido dela, vendo-a assentir.

— Não vou apagar suas memórias de novo, você vai lembrar de tudo, então lembre — pediu triste o fitando — não entre novamente no mar, as coisas vão ficar mais perigosas a partir de agora.

Nico engoliu em seco e assentiu, beijando-a pela última vez. Thalia sorriu, ficando de pé e se livrando do pano, caminhando em direção a água, aos poucos as escamas começando a nascer em sua pele, então mergulhou sem olhar para trás.


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Notas finais do capítulo

- O que acharam?
Beijos e até!



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